segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Seis astros de seleções morreram em 2013

 Chegada de dezembro é marcada como reflexão dos meses que se passaram ao longo do ano. Sim, mas façamos diferente. Que tal retroagir dez anos, época com registro de mortes de seis astros que integraram seleções de países, como os uruguaios Pedro Virgílio Rocha, 71 anos de idade, vítima de AVC (Acidente Vascular Cerebral), e o goleiro Muzurkievcz, 67 anos de idade.

Pedro Rocha, mostrou no São Paulo facilidade para conduzir a bola, chute certeiro de média e longa distância, e visão para o cabeceio. Ele disputou quatro Copas ininterruptas de 1962 a 1974. Mazurkievcz, 1,80m de altura, foi vítima de complicações renais e insuficiência respiratória. Será sempre lembrado como o melhor goleiro da Copa do Mundo de 1970 e com passagem pelo Atlético Mineiro.

Já os bicampeões brasileiros Gilmar, Djalma Santos, De Sordi e Nilton Santos morreram no segundo semestre daquele 2013 e deixaram páginas louváveis no selecionado e clubes que atuaram. Então lateral-esquerdo Nilton Santos, que morreu aos 88 anos de idade, foi homenageado pelo clube que atuou - caso do Botafogo (RJ) - com o nome do estádio em que o clube manda jogos. Estiloso, arrancava com a bola ao ataque em época que atletas da posição basicamente defendiam. Foi identificado como a ‘enciclopédia do futebol’ ao atuar ininterruptamente, das Copas de 1950 a 1962.

Djalma Santos, que morreu aos 84 anos de idade, deixou história de longevidade até na Seleção Brasileira, dela se despedindo quando havia completado 37 anos e cinco meses, com participação de 1952 a 1966. Na competição da Suíça, em 1954, foi titular num time formado por Castilho; Djalma Santos e Nilton Santos; Pinheiro, Brandãozinho e Bauer; Julinho Botelho, Didi, Humberto Tozzi, Índio e Maurinho.

Goleiro Gilmar e lateral-direito De Sordi morreram em intervalo inferior a 24 horas, em agosto aquele 2013. Gilmar ganhou notoriedade pelo bi da Libertadores e do Mundial Interclubes conquistado pelo Santos, no biênio 1962/63. Nilson de Sordi, que se sobressaía na marcação no time são-paulino, foi castigado pelo Mal de Parkinson e teve falência múltipla dos órgãos.

Aquilo que sempre o intrigou foram acusações de que teria amarelado na final da Copa de 1958, quando ficou de fora do time e da foto oficial do título mundial brasileiro contra a Suécia, em decorrência de contusão muscular na fase semifinal contra os franceses.

Adeus ao ex-treinador Rubens Minelli

Treinador de futebol conquistar títulos nacionais consecutivos durante três anos, em clubes diferentes, é uma raridade. Foi o que ocorreu com Rubens Francisco Minelli, profissional aposentado que morreu no último 23 de novembro, na capital paulista, aos 94 anos de idade.

Ao comandar o timaço do Inter portoalegrense no biênio 1975/76, no Brasileirão, foi bicampeão. Posteriormente num time que poucos apostavam, como o São Paulo de 1977, na decisão contra o Atlético Mineiro. Isso, além de ser campeão do Torneio Roberto Gomes Pedrosa - o Robertão - pelo Palmeiras, em 1969.

Naquele mesmo ano, quando o Guarani serviu de vitrine para a sua projeção, mostrou personalidade ao manter as suas convicções, mesmo contrariando posição da imprensa de Campinas, à época. É que o então goleiro Tobias, que havia sido contratado do Noroeste de Bauru (SP), cometeu falhas gritantes nos dois sofridos pelos bugrinos, na derrota por 2 a 1 para o extinto Saad, de São Caetano do Sul, e Minelli, contraiando quem sugerisse que o barrasse, optou por mantê-lo. E a história mostrou que estava correto, pois posteriormente o atleta foi transferido ao Corinthians.

Minelli participou da época que paradoxalmente treinador saía de grande clube para ingressar em outro de menor expressão. Foi assim do Sport Recife à Francana (SP). Saiu do Grêmio para comandar, meses depois, o Rio Branco de Americana (SP). Ao deixar o Santos, teve passagens, incontinenti, por XV de Piracicaba e Ferroviária, ambos no interior paulista.

Também dirigiu o Al-Hilal da Arábia Saudita, ocasião em que conquistou título naquele país, além da Copa do Rei, ambos em 1980. Aquilo sugeriu que comandasse o selecionado da Arábia, sempre com capacidade para distinguir o melhor esquema tático a ser adotado com os atletas disponíveis, conforme experiência adquirida ainda nos tempos de jogador, como ponteiro-esquerdo do Ypiranga e Nacional, ambos da capital paulista, na década de 50.

Na região Sul do País conquistou quatro títulos gaúchos em 1974, 1975 e 1976 pelo Inter, além de 1985 pelo rival Grêmio. Outros quatro do Campeonato Paranaense, de 1994 a 1997, foram no Paraná Clube. Ele ainda treinou Corinthians, Ponte Preta, Coritiba e Atlético Mineiro, assim como foi coordenador de futebol do São Paulo, Atlético Paranaense, Paraná e Avaí. Em 2008, foi comentarista da Rádio Jovem Pan.


Fernando Prass, de 'goleiraço' a analista de futebol

Quem não tem o hábito de acessar o canal de televisão ESPN há de questionar aonde anda o ex-goleiro Fernando Prass, que até anos atrás atuava pelo Palmeiras? A informação é que renovou contrato como comentarista esportivo da emissora até o final de 2025, a exemplo do ocorrido com o ex-meia Silas do São Paulo e Seleção Brasileira.

Fernando Büttenbender Prass, natural de Viamão (RS), que em julho passado completou 45 anos de idade, jogou até dois anos atrás no Ceará, clube que recentemente cogitou contratá-lo à função de executivo de futebol, considerando que ele tem formação em Administração e cursos na Gestão Estratégica de Esportes, Gestão Técnica no Futebol, Gestão de clubes-empresa e supervisor de futebol. Todavia, a preferência dele foi se manter na comunicação.

O ciclo de sete anos de Palmeiras se encerrou em 2019, com a chegada de Weverton, ocasião em que entrou para a história do clube como o oitavo goleiro com mais partidas disputadas, totalizando 274, e tornando-se o segundo que mais atuou no século XXI, atrás apenas de Marcos.

A história dele no futebol começou nas categorias de base do Grêmio, mas com espaço encurtado, devido ao titularíssimo e ídolo Danrlei, foi emprestado à Francana em 2000. Depois passou pelo Vila Nova, como goleiro menos vazado no título Goiano de 2001, assim como foi ídolo do Coritiba durante quatro anos, tanto que os direitos econômicos dele foram negociados com o União de Leiria, de Portugal, onde igualmente caiu no agrado da torcida.

Em 2009, na volta ao Brasil, foi atuar no Vasco. E dois anos depois participou da conquista da Copa do Brasil, como também se destacou naquele Brasileirão, ganhando o prêmio Bola de Prata como melhor goleiro do Brasil, concedido pela revista Placar, em conjunto com o canal ESPN. E o seu vínculo no clube se estendeu até 2013, rejeitando a renovação ao manifestar insatisfação com atrasos de salários.

À época, já participava do movimento Bom Senso F.C., que reivindicava melhor estrutura e condições para os profissionais de futebol no Brasil. Foi aí que decidiu pela transferência ao Palmeiras, quando manteve a elasticidade para prática de defesas difíceis, assim como ficou marcado como 'pegador' de pênaltis.

Em 2016, convocado para a Seleção Olímpica, como um dos três atletas acima dos 23 anos, acabou cortado devido à lesão no cotovelo.


domingo, 12 de novembro de 2023

Roger Flores, um craque nos gramados e microfones

A mesma autoconfiança para expor detalhadamente as suas opiniões enquanto analista de futebol nas emissoras do grupo Globo, o canhoto ex-meia Roger Galera Flores transportava aos gramados na trajetória de atleta que se estendeu de 1996 a 2012, com vínculo em grandes clubes brasileiros, no exterior e selecionado. Durante aquele período colocou em prática toques de bola refinados, privilegiada visão de jogo e histórico de gols por onde passou.

Para alguns, foi taxado de jogador 'chinelinho', ao permanecer por relativo período no 'estaleiro', em decorrência de seguidas lesões. Todavia, invariavelmente a resposta aos desconfiados era em campo, Em 2005, na passagem pelo Corinthians, foi eleito o melhor meia do Campeonato Brasileiro, ano da conquista do título do clube naquela competição, em equipe que contava, entre outros, com o também meia argentino Carlito Tevez e centroavante Nilmar. E foi naquela final de temporada que ele quebrou a perna e desfalcou a equipe nas últimas rodadas.

No Grêmio, em 2008, foi considerado o destaque do Campeonato Gaúcho, sendo eleito o melhor meia da competição, fato que se repetiu no final de trajetória, pelo Cruzeiro, em 2011, no título mineiro, ao ser considerado o 'craque da galera'. Logo, poderia ter dado continuidade à carreira, mas na temporada seguinte optou pelo encerramento.

A trajetória dele, iniciada com destaque no Fluminense, foi marcada por passagens nos clubes citados, com singularidade no empréstimo ao Flamengo em 2007, pois ao final do contrato os dirigentes recusaram prorrogá-lo, devido ao alto salário. Havia cláusula prevendo salário de R$ 43 mil por cada partida que realizasse.

Roger também brilhou no exterior, com vínculos no Sport Lisboa e Benfica, de Portugal, além do Qatar Sports Club e Al-Sailiya Sports Club - também daquele país -, além de ter passagem pelo selecionado nacional durante quatro anos, a partir de 2000. Hoje, aos 45 anos de idade completados em agosto passado, é um dos apresentadores do programa 'Boleiragem', multiplataforma no SporTV e GE. 

Na vida pessoal, foi casado com a atriz global Deborah Secco, que confessou ainda ter relacionamento amigável com ele. Após namorarem por cerca de quatro anos, ficaram casados apenas durante dez meses, com a separação ocorrida em 2009. A justificativa foi desgaste natural de casais.


Mauro Galvão, carreira estendida até os 41 anos de idade

Numa 'live' feita pelo canal do eterno craque Zico, o maior atleta do Flamengo de todos os tempos, a pergunta ao ex-zagueiro Mauro Galvão, então convidado, foi feita na 'lata': zagueiro técnico também que dar chutão? E sem titubear, o entrevistado respondeu 'claro que sim'. E justificou: “Zagueiro precisa ter o necessário discernimento quando tem que limpar a jogada de qualquer jeito”.

E Mauro Galvão até poderia esnobar na resposta, pois pode ser inserido no seleto grupo dos melhores zagueiros de todos os tempos do futebol brasileiro pela capacidade para desarmar jogadas, na maioria das vezes sem recorrer às faltas. Para isso, tinha o tempo adequado para antecipação, velocidade para acompanhar arrancadas de atacantes adversários, e, sem que fosse dotado de corpanzil nas disputas ombro a ombro, se superava neste quesito.

Chutão apenas quando necessário, pois a apurada qualidade técnica permitia que conduzisse a bola desvencilhando-se de adversários antes da precisão no passe. Logo, esses atributos serviram para que fosse reservada vaga entre relacionados à Seleção Brasileiro a partir de 1986, foi titular absoluto na Copa do Mundo de 1990 da Itália, ocasião em que o então treinador Sebastião Lazaroni adotava formato com três zagueiros, com a equipe eliminada pela Argentina ainda nas oitavas-de-final.

A história dele no futebol começou com título do, Brasileirão pelo Inter (RS) em 1979, clube que ficou durante cinco anos, com a transferência ao Bangu. Na passagem seguinte pelo Botafogo quando sabareou o título do Torneio Rio-São Paulo. Assim, em 1990 foi contratado pelo Lugano da Suíca, onde ficou durante cinco anos. E no retorno ao País, já no Vasco, conquistou o titulo do Brasileirão de 1996. E engantou, dois anos depois, a comemoração da Libertadores no Vasco. E a sequência de título só encerrou em 2002, quando decidiu pelo encerramento da carreira no Grêmio aos 41 anos anos de idade.

No ano seguinte, Mauro Galvão iniciou a carreira de auxiliar-técnico do Vasco. Incontinenti passou por Botafogo (RJ) e Náutico e, ao não prosperar na função, migrou ao cargo de diretor executivo, a começar pelo Grêmio, Vitória e Avaí, também sem sucesso. Em 1998, ele lançou a sua biografia intitulada 'Mauro Capitão Galvão - Lições de Vida, Lições de Futebol', que mostra imagens, histórias, estatísticas e curiosidades da sua carreira.




domingo, 29 de outubro de 2023

Mané Garrincha, 90 anos

Se vivo fosse, o lendário ponteiro-direito Mané Garrincha completaria 90 anos neste 28 de outubro. O site oficial da CBF bem descreveu que 'se a obra de arte requer beleza e harmonia em sua expressão maior, o legado de Garrincha não deixa dúvidas: foi um dos gênios do futebol-arte'. Ele explodiu na Copa do Mundo na Suécia, em 1958, pois, de reserva do flamenguista Joel, entrou na terceira partida, contra a extinta União Soviética, e seguiu até a conquista do título.

Dizem que, em meio à comemoração, teria murmurado ao zagueiro Belini: “Eta torneinho curto e sem graça. Não tem nem segundo turno!”. E com os seus dribles também foi protagonista no bicampeonato mundial de 1962, com passagem no selecionado estendida até 1966, quando totalizou 60 jogos, 17 gols, 52 vitórias, sete empates e uma derrota.

Garrincha é tido como um dos dez melhores jogadores do planeta de todos os tempos. No Botafogo foram 614 jogos e 245 gols, nas décadas de 50 e 60. Foi quando debochava de seus marcadores ao chamá-los de João. Em situações que poderia progredir com a bola, insistia em mais um drible. Consequência disso, raivosos adversários deixaram marcas das travas de botinas nas pernas tortas dele, a esquerda 5cm mais curta que a direita.

Sem consciência dos malefícios de jogar com joelho lesionado, a queda de rendimento foi sintomática. E quando as pernas já não obedeciam ao cérebro, teimava entrar em campo e era anulado com facilidade. No final de carreira, Corinthians e Flamengo tentaram reabilitá-lo, porém sem sucesso.

Nos tempos áureos de Botafogo, Manoel Francisco dos Santos não se importava com o amanhã. Sem apego a bens materiais, gastava seu dinheiro sem dó. Sustentava pais, irmãos, parentes e torrava o resto com amigos em noitadas, bebedeiras e mulheres. Durante a farra, contava piadas e sorria à-toa. De vez em quando, abandonava treinos para caçar passarinhos e tomar cachaça com amigos de infância em Magé, interior do Rio de Janeiro, onde nasceu.

Após encerramento da carreira, ainda participou de jogos festivos de ex-atletas, da equipe Milionários. No final dos anos 70, refugiado no álcool, testemunhei um dos incontáveis pileques dele em balcão de bar, na cidade paulista de Pirassununga. Assim, foi destruindo a vida até a morte, em dia 20 de janeiro de 1983, aos 49 anos de idade, vítima de cirrose hepática.

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Goleiro Bruno cumpriu pena por assassinado da parceira

Quando se fala no então goleiro Bruno, raramente se lembra que teve carreira promissora no futebol, no início do século, tido como um dos responsáveis pela conquista do título brasileiro do Flamengo em 2009, num time que contava com essa formação: Bruno; Léo Moura, Ronaldo Angelim, David Braz e Juan; Willians, Aírton, Toró e Petkovic; Zé Roberto e Adriano.

Com 1,90m de altura, Bruno mostrava elasticidade para praticar defesas - algumas em cobranças de pênaltis - e coragem para saída da meta. Poucos lembram que entrou para a história do clube como quem marcou dois gols, como desconhecem que discutiu asperamente com Andrade, quando ele era técnico do Flamengo, durante rachão dos jogadores, ao citar que o comandante ainda não havia ganhado nada na função.

Também afirmou estar se lixando para o que a torcida do Flamengo pensava a seu respeito, quando foi criticado por falhas numa derrota por 3 a 2 para a Universidad de Chile, no Estádio do Maracanã, pela Libertadores, quando também se desentendeu com o meia Petkovic, de sua equipe. E a trajetória dele se desenvolvia no clube até que em 2010 foi acusado de ter planejado e participado do sequestro e assassinato da modela Eliza Samudio, de um relacionamento iniciado um ano antes, que resultou no nascimento do filho Bruno Samudio, só reconhecido por ele em 2012.

Aquela acusação resultou em encarceramento, reafirmado em 2013 ao ser julgado e condenado a 22 anos e três meses de prisão, cumprida inicialmente até 2017, quando conseguiu liminar do então ministro Marco Aurélio Mello, do STF. Na sequência, com o processo julgado por demais membros da instituição, ficou decidido pelo retorno dele à prisão, até que dois anos depois conseguiu progressão de pena para o regime semiaberto.

Ele ainda jogou no Rio Branco do Acre e Atlético Carioca, ficando o histórico de início da trajetória no Tombense em 2002, e ascensão rápida no futebol, com transferência ao Atlético Mineiro. Na sequência, a efêmera passagem dele pelo Corinthians, quando caiu em desgraça com o então treinador Emerson Leão, por ausência em treino. Aquele episódio precipitou a saída dele do clube, com transferência ao Flamengo.

Mineiro de Ribeirão das Neves, nascido em dezembro de 1984, Bruno Fernandes das Dores de Souza teve carreira marcada por desavenças e principalmente o assassinato de Eliza Samudio.

domingo, 15 de outubro de 2023

Búfalo Gil unia velocidade e força no Fluminense

 Que tal uma viagem no tempo há cerca de 50 anos? Aí você depara com o veloz, caixa torácica avantajada e dádiva para fazer gols como o ponteiro-direito Búfalo Gil, que marcou época no Fluminense durante o biênio 1975/76, batizado de 'Máquina Tricolor'. Foi um período em que homens da mídia colocavam apelidos em jogadores, como a citada colocação búfalo para caracterizar força.

 Quando aprovado em treino-peneira da cateria juvenil do Cruzeiro, no final da década de 60, o mineiro Gilberto Alves, nascido em Nova Lima (MG), projetou fazer carreira no futebol, mas, no acesso ao profissional, ouviu do grosseiro treinador Yusrick, já falecido, comunicado que soava como ofensa: “Aqui você não vai ter espaço. Trate de procurar outro time”.

 Emprestado ao Uberlândia, recomeçou a empreitada. Depois passou por Vila Nova (MG) e Comercial (MS), até chegada no Fluminense em 1973, quando defensores do lado esquerdo de quipes adversárias não conseguiam contê-lo nas rápidas e manjadas investidas. Lançamentos de 40 metros, geralmente feitos pelo então meia Rivellino, permitiam que fizesse a diagonal, explorasse o porte avantajado para ganhar jogadas de adversários na disputa corpo a corpo, e aí mostrar facidade para enfrentar goleiros. Essa característica originou o apelido de Búfalo.

 No segundo ano de Fluminense foi o quarto maior artilheiro do Campeonato Carioca, com 11 gols. Aí, no final da temporada de 1976, com histórico de 75 gols em 172 partidas, se desligou do clube, pois o revolucionário presidente Francisco Horta ousou fazer troca com o Botafogo (RJ), ao ceder, além de Gil, Paulo Cezar Caju e Rodrigues Neto, para receber o já falecido lateral-esquerdo Marinho Chagas. 

 No rival carioca, Gil ficou mais de três anos. As outras passagens foram no Corinthians, Real Murcia (ESP), Coritiba, America (RJ), São Cristóvão e Farense (POR) até 1983, quando migrou à função de treinador daquele clube. Depois treinou Botafogo (RJ), clubes médios brasileiros e outros de menor expressão como Marília e Portuguesa Santista.

 Agora, aos 72 anos de idade e radicado em Niterói (RJ), tem histórico de 49 jogos pela Seleção Brasileira, com 13 gols. O auge na equipe foi durante o Torneio Bicentenário dos EUA, em 1976. Na vitória da final contra a Itália, por 4 a 1, marcou dois gols. Também participou da Copa do Mundo de 1978. 

segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Ronaldão, muito mais zagueiro do que lateral

Convenhamos que um atleta de 1,90m de altura, porte físico avantajado, 'casaria' mais como zagueiro do que lateral. Pois o canhoto Ronaldo atuou na ala-esquerda do São Paulo até 1991, quando o saudoso treinador Telê Santana teria que buscar alternativa para cobrir a lacuna deixada pelo zagueiro Ricardo Rocha, que havia se transferido ao Real Madrid, da Espanha.

E a solução prática foi o deslocamento do atleta, então identificado como Ronaldo, para a posição. Aí, em 1994, já no futebol japonês, vinculado ao Shimizu, ele foi chamado às pressas para integrar a Seleção Brasileira na Copa do Mundo dos EUA, com o corte do lesionado Ricardo Gomes. Como na equipe havia outro Ronaldo, o Fenômeno, ficou mais familiarizado identificá-lo como Ronaldão, e assim ficou. E no selecionado participou de 14 jogos de 1991 a 1995.

Embora tenha nascido em São Paulo, agora com 58 anos de idade, o zagueiro Ronaldo Rodrigues de Jesus começou a carreira no Rio Preto, interior paulista, em 1985. Já na temporada seguinte, foi contratado pelo São Paulo e habitualmente arrancava com a bola ao ataque, clube em que ficou até 1993, ao se transferir ao Japão, já como zagueiro. O regresso ao Brasil deu-se dois anos depois, com passagens por Flamengo, Santos, Coritiba, até o ingresso na Ponte Preta em 1998, onde ficou durante quatro anos.

Desses clubes, a passagem marcante foi no São Paulo, com dois títulos do Brasileirão, quatro do Paulistão, dois deles tanto na Libertadores da América como Mundial de Clubes nas temporadas de 1992/93, Recopa Sul-Americana de 1993/94 e a Super Copa da Libertadores de 1993. Isso abrangendo o histórico de 294 partidas, sem que marcasse um gol sequer.

No título do Mundial de Clubes de 1992, em partida disputada no Japão, o Barcelona era o tido como franco favorito pela imprensa mundial, mas com dois gols do meia Raí o time venceu por 2 a 1, no dia 13 de dezembro daquela temporada, contando com essa formação: Zetti; Vítor, Adílson, Ronaldão e Ronaldo Luís; Pintado, Toninho Cerezo (Dinho), Raí e Cafu; Palhinha e Müller.

Por onde passou, prevaleceu em Ronaldão aquele zagueiro decisivo no desarme a adversários, explorando a caixa torácica avantajada. No Flamengo, formou dupla de zaga com Júnior Baiano. E ao se aposentar, passou a ser gerente do futebol da Ponte Preta, cargo que ocupou até 2005.


segunda-feira, 2 de outubro de 2023

André Cruz, zagueiro técnico do século passado

Outrora, jovens atletas com potencial para servir selecionados de base do Brasil muitas vezes vestiam mais a camisa amarelinha do que propriamente de seu clube de origem. E um dos exemplos típicos foi André Cruz, quarto-zagueiro formado na categoria juvenil da Ponte Preta, porém com restrita participação no elenco principal durante a década de 80, pois frequentemente era requisitado para defender as seleções.

Nos cinco anos subsequentes a 1983, participou de torneios de Toulon, Montaigu e Cannes da França, e Qatar em 1986, além da Copa TDK do Japão. Em 1987, ele conquistou o título dos Jogos Pan-Americanos. E, na temporada seguinte, a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Seul, ano em que igualmente participou do Torneio Bicentenário da Austrália, até que em 1989 integrou a Seleção Brasileira principal na conquista da Copa América, disputada no Brasil.

André Cruz passou a ser referência na Seleção Brasileira porque se diferenciava dos tradicionais zagueiros rebatedores. Canhoto de 1,82m de altura, tinha o tempo de bola para antecipação nas jogadas, e desfilava nos gramados o estilo clássico de valorização em saída de bola e excelência em cobranças de faltas. Logo, dirigentes da Ponte Preta frequentemente recebiam sondagens de grandes clubes para contratá-lo, até que em 1987 o Flamengo ganhou a disputa com o Vasco, e na Gávea ele ficou durante dois anos, saindo para jogar no futebol europeu.

Inicialmente defendeu o Standard de Liège da Bélgica, para posterior passagens por Napoli e Torino da Itália, Paris Saint-Germain da França e Sporting de Portugal. O regresso ao Brasil deu-se após 12 anos, ao intercalar passagem pelo Inter (RS) nas duas vezes em que esteve vinculado ao Goiás, clube que encerrou a carreira em 2004, mesmo com a cobiça do Napoli para que retornasse ao futebol italiano.

E saiu de cena com histórico de 33 jogos pela Seleção Brasileira principal, em convocações durante dez anos a partir de 1988, sendo a Copa do Mundo da França o último estágio, quando foi chamado para ocupar o lugar do zagueiro Márcio Santos, que havia se lesionado.

Natural de Piracicaba, interior de São Paulo, 55 anos de idade completados no último 20 de setembro, André Alves da Cruz optou por fixar residência na vizinha cidade de Santa Bárbara d'Oeste, mas há décadas mantém uma escolinha de futebol em Campinas


domingo, 24 de setembro de 2023

Adeus ao então zagueiro Marinho Peres

A morte do ex-zagueiro Marinho Peres neste 18 de setembro, vítima de complicações do desdobramento de AVC (Acidente Vascular Cerebral), remete a três ganchos a serem dissertados: alerta para os sintomas da doença, reviver o período em que a Portuguesa Desportos servia de trampolim para atletas de qualidade se transferirem a grandes clubes e tempos que se produzia beques de qualidade para o desarme.

Marinho Peres sofreu AVC em julho de 2019 e, de lá para cá, a saúde dele ficou debilitada, ultimamente com pneumonia e complicações cardíaca e renal. O AVC decorre da alteração do fluxo de sangue ao cérebro. Os sintomas comuns da doença são dor de cabeça muito forte, vômitos, fraqueza ou dormência na face, nos braços ou pernas, e até incapacidade para se movimentar. Podem ocorrer, ainda, perda da fala e visão.

Revelado pelo São Bento de Sorocaba, ele chegou na Portuguesa em 1967, clube que servia de transição para transferência de atletas a outros de maior projeção. O saudoso goleiro Félix foi para o Fluminense; lateral Zé Maria, meia Basílio e atacante Ivair no Corinthians; saudoso ponteiro-direito Ratinho no São Paulo; ponta-de-lança Leivinha no Palmeiras; enquanto ele (Marinho) acabou contratado pelo Santos em 1972.

Natural de Sorocaba, 76 anos de idade, Marinho se destacou no São Bento pela capacidade de desarme e antecipação nas jogadas à adversários. Por onde passou foi sempre elogiado. O ano de 1974 foi marcante na carreira dele. Atuações convicentes pela Seleção Brasileira na Copa do Mundo da Alemanha serviram para despertar interesse do Barcelona (ESP), que veio buscá-lo, mas dois anos depois, de volta o Brasil, fez parte do lendário time do Inter (RS), ocasião que ocupou o lugar de Hermínio e formou dupla de zaga com o chileno Figueroa no título brasileiro daquela temporada, de um time que já o havia conquistado a competição no anterior, comandado pelo técnico Rubens Minelli.

A carreira de atleta prosseguiu até 1981 no América (RJ), mas antes passou pelo Palmeiras. Incontinente, exerceu o cargo de treinador, com passagens em clubes brasileiros como Santos, Botafogo (RJ), Juventude, América (RJ) e Guarani. Também trabalhou no futebol português e conquistou o título da Taça de Portugal pelo Belenenses, em 1989, além de passagens por Vitória de Guimarães e Sporting de Lisboa.

Ronaldinho Gaúcho

 Ronaldinho gaúcho

domingo, 10 de setembro de 2023

Wagner Mancini, de atleta razoável para treinador disputado

Diferentemente da maioria da boleirada que se vale basicamente de frases feitas nas entrevistas, o então meia-direita Wagner Mancini, lançado na equipe do Guarani em 1988, mostrava repertório abrangente sobre jogos em questão, em claro indício de 'leitura do cenário'. Logo, quando a carreira de atleta se findou em 2004, no Paulista de Jundiaí (SP), soube aproveitar a oportunidade na função de treinador, no próprio clube.

Sempre 'antenado' nas orientações de seus comandantes, ele soube extrair o máximo possível de cada um deles nos aspectos táticos, técnicos, disciplinar e psicológico. Foi assim na trajetória em clubes como Guarani, Portuguesa, Bragantino, Grêmio, Honda FC do Japão, Coritiba, Ponte Preta, Sãocarlense, Ceará, Figueirense, Sport Recife, Ituano e Paulista de Jundiaí.

E mesmo cotado como jogador apenas razoável, a próspera carreira de treinador não poderia ter sido melhor, ao levar o Paulista à conquista do inédito título da Copa do Brasil de 2005, o que reservou vaga ao clube na Copa Libertadores e abriu-lhe as portas até do futebol dos Emirados Árabes, no Al-Nasr.

Nas andanças por clubes brasileiros, só no Vitória (BA) trabalhou quatro vezes, com conquista do acesso ao Brasileirão de 2016 e título de competição regional. Em outros clubes médios participou de conquistas estaduais no Ceará e Chapecoense (SC), clube que assumiu após a tragédia aérea que provocou mortes de quase toda delegação e do treinador Caio Júnior.

Na passagem pelo Guarani em 2010, foi rebaixado à Série B do Brasileiro, como também trabalhou em outros clubes médios como Sport Recife, Náutico, Athletico Paranaense, Atlético Goianiense, América Mineiro e Ceará. Entre os grandes, esteve duas vezes no Grêmio, assim como treinou Santos, Vasco, Cruzeiro, Corinthians, além do Botafogo (RJ), onde foi rebaixado à Série B do Brasileiro de 2015. Também foi coordenador técnico do São Paulo e treinador interino com o afastamento do comandane Cuca, por problema de saúde.

Natural de Ribeirão Preto (SP), 56 anos de idade, Wagner Mancini faz parte de uma família de boleiros. Seu filho é o zagueiro Matheus Mancini, hoje no Criciúma e 'rodado' no Santo André, Vila Nova, Inter de Limeira, Ituano e Confiança. Seu pai, Vastinho Mancini, falecido em 2018, jogou nos rivais Comercial de Botafogo de Ribeirão Preto.

domingo, 3 de setembro de 2023

Juninho Paulista participou de dois jogos na mesma noite


Devido à truculência do futebol de hoje, um garoto franzino de 1,65m de altura, que ousa se apresentar voluntariamente para se submeter aos treinos peneiras nas categorias de base de clubes, de certo já encontra
resistência de gestores, que arrumam alguma desculpa esfarrapada para que sequer seja avaliado, pois subjetivamente projetam que não vai vingar e pronto.

O ex-meia-atacante Juninho Paulista, com esse perfil, fez parte de uma geração que entrou na bola há mais de 30 anos, quando o talento do atleta era prioridade. E como demonstrava isso no futebol de salão no Juventus da capital paulista, a combinação de habilidade e velocidade ganhou mais proporção nos gramados, e por isso o Ituano o acolheu na categoria juvenil nos anos 90.

O processo de profissionalização foi rápido e assim, ora finalizava as jogadas criadas, ora fazia assistências a companheiros. Logo, o saudoso treinador Telê Santana, que comandava o São Paulo, mandou que fossem buscá-lo para inicialmente integrar o chamado expressinho, comandado pelo técnico Muricy Ramalho e criado para, juntamente com o elenco principal, cumprir extensa agenda de jogos.

Juninho participou do título da Supercopa Libertadores de 1993 e no ano seguinte, na noite de 16 de novembro, vivenciou algo inusitado em seu clube: cumprir agenda de dois jogos no Estádio Morumbi: às 20h contra o Sporting Cristal (PER), pela Copa Conmebol, quando atuou 32 minutos pelo expressinho e marcou um gol; como na partida subsequente, diante do Grêmio pelo Brasileirão, estando em campo por 20 minutos. Assim, entrou para a história como único jogador requisitado em rodada dupla de jogos oficiais no Brasil.

Em 1995, ao integrar a Seleção Brasileira, trocou o São Paulo pelo Middlesbrough (ING). Depois passou pelo Atlético de Madrid (ESP), Celtic (ESC), Sydney (AUS), Vasco, Flamengo, Palmeiras, até o encerramento da carreira no Ituano em 2010, onde assumiu a gestão administrativa do clube, que comemorou o título do Paulistão de 2014.

Natural de São Paulo, nascido em 1973 e registrado como Oswaldo Giroldo Júnior, se desligou do Ituano em 2019 para ingressar na função de coordenador de futebol da CBF, entidade que participou como atleta, na Seleção, de 1995 a 2003, totalizando 50 jogos, cinco gols e do penta mundial em 2002, quando só perdeu a vaga de titular para Kléberson nas quartas-de-final.


domingo, 27 de agosto de 2023

Danilo, cabeça pensante do Corinthians no Mundial

No futebol, há ex-jogadores que tiveram performances apenas regulares em seus clubes, mas por circunstâncias diversas tiveram e ainda têm espaços até exagerados na mídia, cotados para entrevistas, etc. Isso contrasta com o ex-meia Danilo, o cabeça pensante daquele Corinthians campeão da Libertadores de 2012, com histórico de três gols e participação elogiada na competição.

Danilo também foi decisivo na conquista do Mundial de Clubes, naquela mesma temporada, no Estádio Internacional de Yokohama, na vitória sobre o Chelsea da Inglaterra por 1 a 0, gol anotado pelo peruano Guerrero, durante o segundo tempo, e relembrou a jogada. “Começou lá de trás, foi passando de pé em pé e a bola acabou sobrando para mim que finalizei, houve o rebote do goleiro, com complemento do Guerrero”.

Pela carreira de destaque, até que teve discretas aparições nos meios de comunicação, mas o presidente do Corinthians, Duílio Monteiro Alves, apostou no trabalho dele para iniciar a carreira de treinador da categoria sub-20 a partir de 21 de janeiro de 2022, para que possa transmitir aos seus comandados o aprendizado durante a trajetória enquanto atleta.

Este mineiro Danilo Gabriel de Andrade, de São Gotardo, canhoto de 1,85m de altura, que completou 44 anos de idade em junho passado, iniciou a carreira de atleta em 1996 no Goiás, só saindo em 2004 para jogar no São Paulo, onde ficou por dois anos, período que sagrou-se campeão e vice da Libertadores, antes de transferir-se ao Kashima Antlers do Japão, onde conquistou três títulos.

De regresso ao Brasil em 2009, foi jogar no Corinthians, como partícipe dos dois principais títulos na história do clube: Libertadores e Mundial de Clubes. Foi quando mostrou a sua técnica refinada na organização de jogadas ofensivas, principalmente como assistente em jogadas de gols da equipe.

Na ocasião, em uma das entrevistas, lamentou não ter participado de uma partida sequer da Seleção Brasileira. E continuou em evidência no Corinthians até 2016, quando sofreu grave lesão em treinamento, que implicou em afastamento dos gramados por mais de um ano. E ao passar por cirurgia, teve riscos até de amputar a perna. Na volta, perdeu a condição de titular e ficou no clube até 2018, quando se transferiu ao Vila Nova (GO), com encerramento da carreira de atleta no ano seguinte.

domingo, 20 de agosto de 2023

Há 47 anos, Geraldo morria em cirurgia de amigdalite

Em tempo que se descobre medicamento para baixar a glicemia a níveis normais de diabéticos tipo dois; quando estudos mostram progresso no tratamento da doença de Parkinson; se há avanços no rastreamento de combate a cânceres do colo uterino e de próstata, um giro no tempo, para 26 de agosto de 1976 - portanto há 47 anos -, constata-se tremendo contraste de realidade.

Naquela data morria o ponta-de-lança Geraldo do Flamengo, aos 22 anos de idade, quando se submetia a cirurgia para extrair as amígdalas. Ele foi vítima de choque anafilático, devido à reação de medicamento composto na anestesia, enquanto hoje é possível controle clínico de infecções das amígdalas através da prescrição de antibióticos eficazes e seguros.

Localizada no fundo da garganta, as amígdalas são grandes aliadas do sistema imunológico, pois criam anticorpos e combatem bactérias e vírus que entram no organismo pelo ar, ou pelos alimentos ingeridos. Por serem a primeira barreira de proteção do corpo, estão suscetíveis a infecções, como a amigdalite - inflamação nas amígdalas caracterizada por dores de garganta, dificuldade de engolir e febre.

Mineiro de Barão de Cocais (MG), Geraldo Cleofas Dias Alves foi revelado na base do Flamengo, na geração de ouro do clube comandada por Zico. Ele sequer precisava olhar para a bola para conduzi-la com sabedoria, quer no drible, quer no passe. À época, cronistas cariocas até extrapolaram com projeções do surgimento de um novo Pelé. O defeito incorrigível foi a falta de ambição para finalizar contra metas adversárias. Preferia o passe a companheiro, e isso reflete no retrospecto de apenas 13 gols nas 168 partidas, segundo o almanaque do Flamengo.

Consta do histórico dele o título carioca de 1974, em época que contabilizava-se dois pontos por vitória, e que o Flamengo teve essa formação: Renato; Júnior, Jayme, Luiz Carlos e Rodrigues Neto; Zé Mário, Geraldo e Zico; Paulinho, Édson e Julinho. O auge da carreira foi no biênio 1975/76, com chegada à Seleção Brasileira e disputa da Copa América de 1975, tido como promessa à Copa do Mundo de 1978, na Argentina, mas não deu tempo.

Irônico, tinha o hábito de assoviar quando fazia jogadas de efeito. Logo, o vício lhe rendeu o apelido de Geraldo do Assovio. A família também sofreu desconforto com a morte do irmão dele, sentado numa cadeira de dentista.

domingo, 13 de agosto de 2023

Marcial trocou a função de goleiro pela medicina

O dois de agosto passado marcou o quinto ano da morte do goleiro Marcial que, além de passagens por grandes clubes, também atuou pela Seleção Brasileira. Ele foi vítima de infarto, aos 77 anos de idade, e é lembrado por aspectos curiosos na curta carreira, talvez o principal deles a decisão de abandoná-la aos 26 anos, para completar os estudos na Faculdade de Medicina, se especializando em anestesiologista.

Foi um fato raríssimo na década de 60, época de atleta avesso à escolaridade, e ele se destacava como um dos principais da posição, tanto que em 1963, já no Flamengo, praticou defesa fantástica no empate sem gols com o Fluminense, resultado que garantiu o título estadual ao seu clube, no confronto marcado pelo maior público de todos os tempos do futebol mundial entre equipes, com 177.656 pagantes e 194.063 torcedores no Estádio do Maracanã (RJ).

Era o primeiro ano dele no clube carioca, e a citada defesa foi descrita pelo saudoso jornalista Nelson Rodrigues como passe de mágica: “Ele fez a bola marrom, chutada à queima-roupa por Escurinho, sumir”. Anos depois, em entrevista à Revista Placar, Marcial disse: "Ele [Escurinho] já comemorava o gol quando mostrei a bola à torcida".

Naquele título do Flamengo, ele discordou do valor da premiação aos atletas, postura que resultou em clima constrangedor com dirigentes, mas lá permaneceu até 1965, com 87 atuações, a maioria marcada pela elasticidade nas defesas e precisas saídas da meta.

Aí, seguiu a carreira no Corinthians até o final de 1967, com retrospecto de 83 partidas, 53 vitórias, 13 empates e 17 derrotas. Foi quando decidiu largar a bola para concluir o curso de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, iniciado em 1961 e interrompido ao aceitar convite para defender o Atlético Mineiro, temporada em que saboreou a conquista do título estadual.

Em 1963 fez parte do selecionado mineiro que faturou o Campeonato Brasileiro de Seleções e foi convocado pela primeira vez à Seleção Brasileira, ocasião que atuou em sete partidas pelo Torneio Sul-Americano daquela temporada. Natural de Tupaciguara, interior mineiro, nascido no dia 3 de junho de 1941, Marcial de Mello Castro foi descoberto para o futebol na equipe amadora do Sete de Setembro Futebol Clube, de Belo Horizonte, o que despertou atenção do Atlético Mineiro.

domingo, 6 de agosto de 2023

Corinthians colocou Tite no patamar do futebol brasileiro

O Corinthians foi divisor de água na carreira do treinador Adenor Leonardo Bachi, gaúcho de Caxias do Sul, conhecido na bola apenas como Tite. Foi lá que ele quebrou a barreira de jejum de títulos da Libertadores do clube, quando em confrontos decisivos contra o lendário Boca Junior, da Argentina, empatou em Buenos Aires e ganhou no Estádio do Pacaembu em 2012.

Se o caneco da Libertadores já o havia colocado no pedestal, ele foi além com a conquista do Mundial de Clubes, naquela mesma temporada, ao vencer o Chelsea por 1 a 0 em Yokohama (JAP), ocasião em que surgiram os primeiros rumores para assumir o comando da Seleção Brasileira, fato que ocorreu apenas em 20 de junho de 2016, com confiança da CBF para as Copas do Mundo de 2018 na Rússia e 2022 no Catar, sem que sequer chegasse às finais.

De atleta marcado por seguidas lesões e carreira abreviada em 1989 no Guarani, aos 29 anos de idade, o obstinado Tite procurou se preparar para o desafio na carreira de treinador, e o primeiro passo foi cursar a Faculdade de Educação Física em Campinas. No regresso à cidade natal de Caxias do Sul (RS), se colocou à disposição do mercado e iniciou a trajetória no Grêmio Atlético Guarany, da cidade de Garibaldi.

Depois passou por Caxias do Sul e Grêmio em 2001, que lhe abriu mercado em outros grandes clubes, como o Atlético Mineiro, porém com saída antes da queda do clube, em 2005, à Série B do Brasileiro, substituído por Marco Aurélio Moreira e Lori Sandri. Nem por isso perdeu cotação no mercado, contratado por Palmeiras e posteriormente Al Ain, dos Emirados Árabes, e a partir de 2010 no Corinthians.

Tite iniciou a carreira de atleta no interior gaúcho em 1978, no Caxias, passou pelo Esportivo, até chegada na Portuguesa e Guarani, com trajetória de 1985 a 1989, marcada como volante voluntarioso, 1,84m de altura, de bom desarme, quando encerrou a carreira aos 29 anos de idade, devido às seguidas lesões no joelho, que colocaram-no mais no Departamento Médico que no gramado.

Chegou no Guarani como reserva, mas assumiu a titularidade nas oitavas de final do Brasileiro de 1986, que se estendeu até o início da temporada seguinte, na final contra o São Paulo em Campinas, com empate por 3 a 3 no tempo normal da segunda e decisiva partida, e vantagem são-paulina nas cobranças de pênalti por 4 a 3.

Um outro Zé Maria também fez sucesso no futebol

Há histórias de jogadores que demoram a se deslanchar no futebol, e um deles foi o lateral-direito José Marcelo Ferreira, que o então diretor de futebol da Portuguesa Mário Carvalho insistiu para que ele fosse identificado como Zé Maria, provavelmente projetando, ao sair das categorias de base ao profissional, em 1991, estivesse surgindo um outro Zé Maria, o batizado 'Super Zé' nos tempos de Corinthians.

Só que o piauiense Zé Maria, natural da cidade Oeiras, que neste 23 de julho completou 50 anos de idade, teve carreira oscilante até 1994, nos empréstimos discretos ao Sergipe e Ponte Preta. No retorno à Lusa, começou a mostrar a sua verdadeira identidade futebolística, pela facilidade de arrancar com a bola ao ataque, precisão nos cruzamentos e até finalizações, virtudes que renderam-lhe o prêmio de melhor lateral-direito do Campeonato Brasileiro de 1995, ano do vice-campeonato da Lusa.

Logo, foi aberto o caminho para chegada à Seleção Brasileira, com histórico de 43 partidas até 2001, e conquista da medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, ano que se transferiu ao Flamengo, em tempo de sagrar-se campeão estadual daquela temporada, mas, cobiçado pelo Parma da Itália, 'bateu asas' rapidinho, familiarizando-se com o futebol europeu, embora tenha acusado efêmera passagem pelo Vasco em 1998, com retorno em seguida no Perugia (ITA), até 2004.

O vaivém Brasil/Europa implicou em ainda ter jogado no Palmeiras e Cruzeiro, sem que repetisse o mesmo rendimento. E ainda passou por Internazionale (ITA), Levante (ESP) e Sheffield United (ING).

Em gratidão à Portuguesa, que abriu-lhe as portas, planejou o encerramento no clube em 2008, mas, devido à lesões, só atuou no Paulistão. Aí, com indecisões sobre o rumo a tomar, escolheu a cidade de Campinas (SP) para montar uma rede de lanches rápidos, a ‘Mister Zio’, que não prosperou. Dois anos depois 'bateu o arrependimento' e ele decidiu fechar as portas do estabelecimento.

Logo, decidiu retornar à Itália, fixando residência em Perugia. Abriu uma escolinha de futebol, e colocou em prática o sonho de se transformar em treinador, ao se submeter a um dos mais importantes cursos de formação no mundo. E as primeiras oportunidades surgiram em clubes de divisões inferiores da Itália, a fim de se preparar para desafios maiores.


segunda-feira, 24 de julho de 2023

Adeus ao artilheiro e irreverente Palhinha

Como o futebol produziu 'dois' Palhinhas, é prudente esclarecer que a morte registrada no último 17 de julho foi de Vanderlei Eustáquio de Oliveira, 73 anos de idade, que fez história no final da década de 60 a meados de 80, principalmente no Cruzeiro, Corinthians e Atlético Mineiro, embora também tenha passado pelo Santos, Vasco e América (MG). Cabe esclarecer que o Palhinha bicampeão da Libertadores e Mundial Interclubes, ambos no biênio 1992/93, pelo São Paulo, goza de plena saúde.

A história do primeiro Palhinha começa pela curiosidade do apelido, repetido incontáveis vezes. Como o irmão dele era identificado por 'Palha de Aço', os amigos 'colaram' esse jeito pejorativo para difirenciá-los. A trajetória de atacante veloz e talentoso foi iniciada no Cruzeiro em 1968, porém fixado como titular só após a saída de Tostão para o Vasco da Gama, quatro anos depois.

No Cruzeiro, Palhinha participou da campanha do título da Libertadores de 1976, ao anotar 13 gols em dez partidas, marca imbatível de maior artilheiro brasileiro naquela competição. A carreira de sucesso prosseguiu no Corinthians em 1977, quando ficou marcado por ter feito um gol de 'cara' em um jogo na final do Paulistão contra a Ponte Preta, ocasião em que os corintianos quebraram jejum de títulos que se aproximava dos 23 anos.

No Corinthians, até o final de 1980, teve retrospecto de 148 jogos e 44 gols, com consequente volta ao futebol mineiro no Atlético, e participação no polêmico vice-campeonato brasileiro de 1981 contra o Flamengo, quando o árbitro José Roberto Wright expulsou cinco atletas de seu time, o que provocou interrupção da partida aos 37 minutos, com placar em branco.

Em entrevista ao jornalista Milton Neves, Palhinha confessou a irritação pela arbitragem após as expulsões de Reinaldo e Éder Aleixo. “Aí eu mandei ele (Wright) tomar naquele lugar, e disse para também me expulsar. E fui expulso”.

Na Seleção Brasileira, marcou seis gols no período de seis anos, em 16 jogos, ocasião que participou da Copa América de 1979, com derrota para o Paraguai na etapa semifinal. E ao ingressar na carreira de treinador, dirigiu Cruzeiro, Atlético Mineiro, Rio Branco de Andradas (MG), Corinthians, União São João, Ferroviária, Inter de Limeira, Cruzeiro, Vila Nova (MG) e o Al-Tai da Arábia Saudita, seu último trabalho na função, em 2002.

segunda-feira, 10 de julho de 2023

Mário Tilico, carreira no país e exterior

Nos tempos em que árbitros faziam 'vista grossa' para algum tipo de comportamento não permitido a atleta, pelo menos dois jogadores deles não hesitavam dar piques ultrapassando a linha lateral do gramado, em duelos contra adversários. Coincidentemente ambos foram ponteiros-direitos: Edu Bala, de São Paulo e Palmeiras; e Mário Tilico, principalmente na passagem pelo São Paulo. Para não trombar com laterais-esquerdos à sua frente, de vez em quando procurava escapadinha fora dos gramados, no chamado drible da vaca, e assim levava a bola ao fundo de campo, para posterior cruzamento.

Ele foi um velocista revelado na base do Vasco, com passagens por América de Rio Preto (SP), CSA (AL) e Náutico antes de desembarcar no Morumbi. Usava preferencialmene o corredor, mas sabia fazer a diagonal e até marcar uns golzinhos. E ao apostar nas características dele, o saudoso treinador Cilinho o indicou ao São Paulo, com chegada ao clube em setembro de 1988, e atribuição de substituir Müller, que havia se transferido ao Torino (ITA).

O início incerto dele, no Tricolor, provocou desconfiança da torcida e companheiros do elenco. No segundo ano de clube, foi duramente questionado pelo ex-goleiro Gilmar. Até na campanha do título do Brasileirão de 1991 começou na reserva, porém quis o destino que marcase o único gol das finais contra o Bragantino, no jogo de ida.

Trajetória relevante foi alcançada no empréstimo ao Cruzeiro, ao marcar dois dos três gols que deram o título ao clube da Supercopa da Libertadores, diante do River Plate, da Argentina. Se no jogo de ida os mineiros foram derrotados por 2 a 0, se prevaleceram na volta, com goleada por 3 a 0.

Findado o empréstimo no Cruzeiro, veio a experiência na Espanha pelo Cádiz, Marbella e Atlético de Madrid. Em 1994, após breve passagem pelo Fluminense, novo rumo ao exterior, no Sporting Braga e União Leiria - ambos de Portugal -, Leon do México e Al-Ittihad da Arábia Saudita, até que em 1998, de volta ao Brasil, foi jogar no Juventude.

Após isso, as portas se abriram na carreira de treinador. Dirigiu o Al-Ahli da Arábia Saudita, assim como clubes do Norte e Nordeste, como Remo, Ríver do Piauí, Sampaio Corrêa (MA) e CSA de Alagoas, sem se firmar. Atualmente, o professor Mário de Oliveira Costa, que em março passado completou 58 anos de idade, comanda o Olímpia Futebol Clube (SP).

sábado, 8 de julho de 2023

Dedé, vencido pelas lesões, sai de cena

Uma antiga e marcante propaganda da empresa Freios Vargas era concluída assim: 'e precisava de tudo isso?' Pois a interrogação cabe ao agora ex-zagueiro Dedé, que nesta primeira semana de julho anunciou definitivamente o encerramento de sua carreira de atleta, aos 35 anos de idade, após a insistente teimosia em tentar voltar aos gramados, mesmo submetido a quatro cirurgias no joelho.

O então atleta fez uso de suas redes sociais para publicação do texto de despedida: “Estou encarando com muita maturidade, consciência e tranquilidade. Amadureci esta ideia por muitos meses. Pensei, refleti e entendi que era o momento de agradecer, por respeito a todos que acompanharam minha carreira, batalhas e superação”, escreveu, sem deixar pistas sobre novos rumos no futebol, ou outra atividade.

A triunfal carreira dele no Cruzeiro, enfileirada de títulos e cotado à Seleção Brasileira, foi freada em outubro de 2019. Aí enfrentou o calvário, na tentativa de retorno aos gramados. Esperou 1.729 dias na convicção de recomeço, pela Ponte Preta, mas bastaram duas partidas, totalmente fora de forma, para ser marcado por erros crassos em jogos contra Inter de Limeira e Água Santa, pelo Paulistão de 2022.

E persistindo a lesão, tomou a iniciativa de se desligar da Ponte Preta, sem que aquilo significasse renúncia à luta para prosseguir a carreira. E acreditou que ao se abrirem as portas no Athletico Paranaense pudesse ser a última chance de prolongamento, mas lá só atuou 45 minutos de partida contra o Tocantinópolis, pela Copa do Brasil, dispensado na sequência pelo treinador Luiz Felipe Scolari, o Felipão, em agosto de 2022.

Apesar disso, ainda acreditou se encaixar em outro clube, mas oportunidades não surgiram, e agora sai de cena definitivamente com histórico de quem foi revelado na base do Volta Redonda (RJ) em 2008, transferência ao Vasco na temporada seguinte, quando já mostrava aproveitamento ofensivo de 12 gols até 2011, ano em que chegou à Seleção Brasileira e cravou histórico de onze partidas até 2018 e um gol marcado.

Todavia, a partir de 2011 já defensor do Cruzeiro, onde encaminhou trajetória até 2019, ano do rebaixamento da equipe à Série B do Campeonato Brasileiro. Lá ele participou das conquistas de dois títulos da Copas do Brasil no biênio 2017/18, dois Brasileirão em 2013/2014 e três Campeonatos Mineiros.

segunda-feira, 3 de julho de 2023

Adeus a José Aparecido de Oliveira!

Por vezes, a vida é cruel com certas pessoas, uma delas o ex-árbitro José Aparecido de Oliveira, que morreu no último 20 de junho, aos 72 anos de idade, em decorrência de um câncer no estômago diagnosticado em 1995. Submetido a cirurgia, com 28 pontos no local da doença, fez quimioterapia, e quando presumia-se que tivesse curado, se aproximava da idade limite da profissão, de 45 anos, o que provocou o afastamento dele do futebol.

O estilo rigoroso no aspecto disciplinar o colocou em polêmicas durante jogos com envolvimento de clubes paulistas. Em 1991, o então meia Neto, pelo Corinthians, que o havia acusado de sacanagem em jogo que o Palmeiras ganhou por 2 a 1, acabou expulso após entrada violenta sobre o volante César Sampaio. Inconformado, o jogador confessou ter pensado em agredi-lo com soco no rosto, mas optou por cusparada que, relatada, resultou-lhe em suspensão de quatro meses.

Claro que posteriormente 'bateu' o arrependimento de Neto, que rogou-lhe perdão e foi perdoado. Todavia, novas polêmicas estavam por vir na carreira do árbitro, como em 1993, ao ser escalado para apitar a segunda e decisiva partida da final do Paulistão, ocasião em que expulsou três jogadores do Corinthians e um do Palmeiras. Com vitória e título do Verdão, restou a ira de corintianos, que passaram a ameaçá-lo nas ruas, no trabalho de bancário e sequer seus familiares foram poupados.

Pior: levaram em conta uma denúncia anônima de que ele teria se vendido para a Parmalat, parceira do Palmeiras, e, segundo versão dele, quebraram o seu sigilo bancário. E se provas não foram encontradas, o estrago estava feito, pois até colegas do banco começaram a boicotá-lo e uma sindicância foi instaurada para apurar se teria desviado dinheiro de clientes.

Publicação do jornal Folha de São Paulo citou que teria recebido ordens do ex-presidente da Comissão de arbitragem da CBF, Ivens Mendes, para favorecer o Brasil em amistoso contra o México, ano de 1993, assinalando o já falecido Mendes como suspeito de comandar esquema de corrupção das arbitragens e manipulação de resultados.

Na prática, Zé Oliveira teria ignorado recomendação e marcou pênalti existente favoravelmente ao México, naquele empate por 1 a 1, o que teria resultado em ameaça de Ivens Mendes para afastá-lo do quadro da FIFA, o que se concretizou cerca de três meses depois.


Carlos Alberto Torres mudou postura dos laterais

Há cinco décadas, quando a missão do lateral-direito se restringia essencialmente à marcação, e raramente se aproximar da área adversária, o saudoso Carlos Alberto Torres quebrou 'aquela escrita' por abuso de chegar ao fundo do campo, quer para assistência a companheiros de ataques, quer para finalizações, característica premiada com a marcação do quarto gol da Seleção Brasileira na goleada sobre a Itália por 4 a 1, na finalíssima da Copa do Mundo de 1970, na conquista do tricampeonato brasileiro.

A rigor, no selecionado ele registrou passagens de 1964 a 1977, totalizando 61 partidas e nove gols. A lamentação ficou por conta da postura do saudoso treinador Vicente Feola que, ao taxá-lo de indisciplinado, não o levou à Copa do Mundo de 1966, optando pelo veterano Djalma Santos.

Carlos Alberto atuou em época que atleta era identificado basicamente pelo pré nome, sendo exceção ao chamá-lo por nome e sobrenome. Carioca do bairro de São Cristóvão, 1,82m de altura, sua trajetória foi iniciada no Fluminense em 1963, com transferência ao Santos dois anos depois, incumbido de substituir Ismael. E fez isso com personalidade e técnica, tido como um dos melhores laterais de todos os tempos.

No Santos acusou duas passagens. Inicialmente por seis anos e, no retorno, em 1975, já havia trocado a lateral-direita pela zaga central. No clube atuou 443 partidas e marcou 40 gols, a maioria em cobranças de pênaltis, período que conquistou dez títulos oficiais. Também teve passagens por Botafogo (RJ), novamente Fluminense, Flamengo e desfecho da carreira no New York Cosmos, California Surf e New York Cosmos dos EUA até 1982, quando decidiu ingressar na função de treinador, dirigindo 16 equipes do Brasil e do exterior até 2005, no Flamengo, quando se orgulhou do filho primogênito Carlos Alexandre Torres ter se destacado como zagueiro de Fluminense, Vasco e Nagoya Grampus do Japão.

Em seguida migrou à carreira política, se elegeu vereador da cidade do Rio de Janeiro pelo PDT (Partido Democrático Trabalhista) em 1989, e em seguida tentou vaga de vice-prefeito na chapa de Paulo Ramos, porém sem sucesso, o que implicou em aceitar convite como comentarista do canal SporTV, onde atuou até a morte no dia 25 de outubro de 2016, aos 72 anos, vítima de infarto fulminante em sua casa, quando fazia palavras cruzadas.

Oito anos sem o volante e fazendeiro Zito

O 14 de junho passado marcou o oitavo ano da morte do então volante Zito, aos 82 anos de idade, em decorrência de ACV (Acidente Vascular Cerebral). Ele surgiu no Santos na década de 50, e em 1957, como capitão da equipe, adotava o estilo mandão. Se preciso fosse, encararia até Pelé com dedo em riste. Naquele ano o time era formado por Manga; Nilson e Feijó; Ramiro, Formiga e Zito; Tite, Del Vechio, Pagão, Jair (Pelé) e Pepe.

Zito tinha bom passe e de vez em quando fazia alguns golzinhos, três deles na Seleção Brasileira nos exatos 50 jogos que participou. O mais importante foi na virada de placar contra a Tchecoslováquia, na final da Copa do Mundo de 1962, no Chile, no bicampeonato, em time dirigido pelo saudoso treinador Aimoré Moreira, e com Nilton Santos como único remanescente da defesa titular de 1958. O quarteto defensivo de 1962 tinha Djalma Santos, Mauro, Zózimo e Nilton Santos.

Zito foi um colecionador de títulos paulistas no Santos, única camisa que clubes que vestiu. Em 1968 pendurou as chuteiras, após o Santos ter descoberto o seu sucessor: Clodoaldo. E nas histórias sobre a sua trajetória revelava o estilo raçudo, boa marcação e projeção com bola ao ataque, características que possibilitaram ganhar a posição de Dino Sani na terceira rodada da Copa do Mundo de 1958, na Suécia, na histórica vitória por 2 a 0 sobre a então União Soviética, jogo em que Pelé e Garrincha também assumiram a titularidade nos lugares de Dida e Joel, respectivamente.

Zito tinha uma fazenda de 50 alqueires em Pindamonhangaba (SP). E, como pecuarista, calçava botas sete léguas para acompanhar o gado no pasto, antes de o dia clarear. E quando enjoava do cheiro de mato voltava à residência em Santos, e aproveitava a ociosidade para jogar conversa fora no Posto do Lalá, ex-goleiro santista, reduto de boleiros do Peixe das décadas de 50 e 60.

Naquelas conversas torcia o nariz quando o assunto era o surgimento do volante de contenção criado pelo Fluminense em 1964, com Denílson. A moda pegou e hoje é comum os clubes adotarem até três pegadores no setor.

Além de bois e imóveis, a bola deu-lhe uma empresa de artefatos de borracha, com cerca de 100 funcionários, administrada pelo filho Júnior. Zito foi supervisor e diretor do Santos, mas por fim preferiu sombra e água fresca. Afinal merecia.


Quatorze anos sem o goleiro Zé Carlos

Deveriam ter pensado lá atrás que atleta identificado pelo nome composto de Zé Carlos poderia ser citado só pelo sobrenome, tantos são os homônimos espalhados em clubes por esse Brasil afora. O Cruzeiro produziu um deles nos anos 60/70 que, de meia-armador foi transformado em volante na chegada ao Guarani e já falecido, em trajetória compensada com a conquista do inédito título no Campeonato Brasileiro de 1978.

Seleção Brasileira já abrigou dois 'Zés Carlos', um deles convocado à Copa do Mundo de 1998, na França, sem jamais ter jogado uma partida sequer pelo selecionado. E, naquela ocasião, esse lateral-direito acabou escalado para substituir o titular Cafu contra a Holanda, pela semifinal, com empate por 1 a 1 no tempo normal, e Brasil 4 a 2 nos pênaltis.

Esse foi Zé Carlos de Almeida, então atleta do São Paulo, a exemplo do outro, o regularíssimo goleiro do Flamengo, reserva de Taffarel na Copa do Mundo da Itália de 1990, campeão da Copa América de 1989, que atuou apenas três vezes na equipe principal e dez na olímpica. Vitimado por um câncer no abdômen, ficou bastante debilitado, teve quadro clínico considerado irreversível pelos médicos, e morreu aos 47 anos no dia 24 de julho de 2009, no Rio de Janeiro.

O carioca José Carlos da Costa Araújo, 1,92m de altura, apelidado de Zé Grandão, começou a carreira no Americano (RJ) e atuou no Rio Branco (ES) antes de chegar ao Flamengo em 1984. Dois anos depois, ao assumir a titularidade, mostrou a envergadura dos grandes goleiros e entrou na galeria daqueles que conquistaram títulos representativos pelo clube, como a Copa União de 1987 e a Copa do Brasil de 1990.

Dois anos depois já estava no Cruzeiro, onde foi campeão da Supercopa Libertadores. Na passagem por Portugal, jogou no Vitória de Guimarães, Farense e Filgueiras. Retornou ao Flamengo em 1996, e na temporada seguinte tornou-se o segundo goleiro do clube a marcar gols. Foi em cobrança de pênalti na goleada de 6 a 2 sobre o Nacional-AM, pela Copa do Brasil. Antes havia sido Ubirajara Alcântara. As últimas passagens dele em clubes foram por Vitória (BA), XV de Piracicaba, América (RJ) e Tubarão (SC), onde encerrou a carreira em 2000, aos 38 anos de idade, mas ainda integrou a comissão técnica do América (RJ) em 2006. Ele também participou do time de veteranos do Flamengo.


quarta-feira, 14 de junho de 2023

Higuita, goleiro que saía driblando adversários

O mundo inteiro ficou perplexo quando o ex-goleiro colombiano René Higuita praticou defesa inusitada em jogo amistoso de sua seleção contra a Inglaterra, em Wembley, no dia seis de setembro de 1995, que terminou empatado sem gols. Na ocasião, em chute do adversário, deixou a bola passar sobre os longos cabelos cacheados, impulsionou os dois pés para trás e, em gesto de calcanhar, para acertá-la.

Na prática, Higuita tinha convicção que o lance estaria impugnado por posição de impedimento de atacante adversário, mas o árbitro interpretou como válido, e o comportamento do colombiano foi batizado como 'defesa escorpião'. Todavia, diferente do imaginário, aquela defesa não foi executada por acaso, como se fosse impensada maluquice de um destemperado. Cinco anos antes, ele já havia ensaiado insistentemente esse malabarismo para gravação de um comercial de televisão.

E quem imaginou que aquilo jamais se repetiria, se enganou. No jogo que marcou a despedida da carreira dele aos 43 anos de idade, no Deportivo Pereira, em 2010, contra a seleção de Antioquia, o show se repetiu com a 'defesa escorpião', ocasião que igualmente marcou o último dos seus 41 gols da carreira, 37 deles de pênaltis e quatro de faltas.

Higuita era isso e muito mais. Com 1,75m de altura, uniformes estranhos, tinha elasticidade e defendia pênaltis. Abusado, ao interceptar jogadas com os pés, de adversários, driblava-os como se fosse jogador de 'linha', e até aplicou chapéu no alemão Rudi Voeller, em jogo contra a extinta Iugoslávia. Porém, ao ignorar o risco de ser desarmado, provocou a eliminação da Colômbia na Copa do Mundo de 1990, ao perder a bola para o atacante Roger Milla, de Camarões, que marcou o gol da vitória por 2 a 1.

No histórico da carreira, consta o envolvimento em caso de sequestro com Pablo Escobar e o traficante Carlos Molina, em 1993. Segundo ele, a ação teria ocorrido 'por causas humanitárias'. Em decorrência, ficou preso por seis meses, mas acabou inocentado pela Justiça e recebeu indenização de R$ 29 mil na época. Contudo, ficou fora da Copa do Mundo de 1994.

Nascido em 27 de agosto de 1966, na cidade de Medellín, na Colômbia, o início da carreira dele foi em 1985 no Milionários de Bogotá. Na curta passagem pela Espanha, não se adaptou e voltou à Colômbia, com posterior ingresso em clubes do México, Equador e Venezuela. Em 2017 ele retornou ao Atlético Nacional da Colômbia como preparador de goleiros, descartando as maluquices.

domingo, 4 de junho de 2023

Quatorze anos sem o goleiro Zé Carlos

Deveriam ter pensado lá atrás que atleta identificado pelo nome composto de Zé Carlos poderia ser citado só pelo sobrenome, tantos são os homônimos espalhados em clubes por esse Brasil afora. O Cruzeiro produziu um deles nos anos 60/70 que, de meia-armador foi transformado em volante na chegada ao Guarani e já falecido, em trajetória compensada com a conquista do inédito título no Campeonato Brasileiro de 1978.

Seleção Brasileira já abrigou dois 'Zés Carlos', um deles convocado à Copa do Mundo de 1998, na França, sem jamais ter jogado uma partida sequer pelo selecionado. E, naquela ocasião, esse lateral-direito acabou escalado para substituir o titular Cafu contra a Holanda, pela semifinal, com empate por 1 a 1 no tempo normal, e Brasil 4 a 2 nos pênaltis.

Esse foi Zé Carlos de Almeida, então atleta do São Paulo, a exemplo do outro, o regularíssimo goleiro do Flamengo, reserva de Taffarel na Copa do Mundo da Itália de 1990, campeão da Copa América de 1989, que atuou apenas três vezes na equipe principal e dez na olímpica. Vitimado por um câncer no abdômen, ficou bastante debilitado, teve quadro clínico considerado irreversível pelos médicos, e morreu aos 47 anos no dia 24 de julho de 2009, no Rio de Janeiro.

O carioca José Carlos da Costa Araújo, 1,92m de altura, apelidado de Zé Grandão, começou a carreira no Americano (RJ) e atuou no Rio Branco (ES) antes de chegar ao Flamengo em 1984. Dois anos depois, ao assumir a titularidade, mostrou a envergadura dos grandes goleiros e entrou na galeria daqueles que conquistaram títulos representativos pelo clube, como a Copa União de 1987 e a Copa do Brasil de 1990.

Dois anos depois já estava no Cruzeiro, onde foi campeão da Supercopa Libertadores. Na passagem por Portugal, jogou no Vitória de Guimarães, Farense e Filgueiras. Retornou ao Flamengo em 1996, e na temporada seguinte tornou-se o segundo goleiro do clube a marcar gols. Foi em cobrança de pênalti na goleada de 6 a 2 sobre o Nacional-AM, pela Copa do Brasil. Antes havia sido Ubirajara Alcântara. As últimas passagens dele em clubes foram por Vitória (BA), XV de Piracicaba, América (RJ) e Tubarão (SC), onde encerrou a carreira em 2000, aos 38 anos de idade, mas ainda integrou a comissão técnica do América (RJ) em 2006. Ele também participou do time de veteranos do Flamengo. 


segunda-feira, 29 de maio de 2023

Tabaco dominava boleiros décadas passadas

Dia Mundial de Combate ao Fumo, criado pela OMS (Organização Mundial de Saúde), é comemorado em 31 de maio. Há uma década, foi divulgado que morrem cerca de 200 mil pessoas a cada ano por causa do cigarro, e felizmente houve conscientização entre atletas sobre os malefícios da preparação física para viciados. Hoje, são raríssimos aqueles que contrariam o indicativo.

Substâncias maléficas do cigarro caem na corrente sanguínea e facilitam acúmulo de gordura, que impedem a circulação correta do sangue no organismo. Consequências: gangrenas - que resultam em amputação de membros - e falta de oxigenação nos órgãos.

Embora alertado até com figuras no formato de caveiras, em invólucros de cigarros, o fumante desafia o risco, como se fosse algo glamoroso de propaganda de televisão do passado. O ex-meia Gerson Nunes de Oliveira, tricampeão mundial pela Seleção Brasileira no México em 1970, então fumante inveterado, gravou comercial da marca de cigarro Vila Rica com slogan que induzia o fumante a levar vantagem em tudo. Ele jamais previa que aquilo se transformaria na ‘Lei do Gerson’, atribuída aos espertões.

O cerco ao tabagismo no Brasil começou em 1971, com proibição de fumar em aviões, ônibus, restaurantes e locais de aglomerações de pessoas. Apesar disso, boleiros como o já falecido atacante Servílio - emérito cabeceador do Palmeiras - assistia parte de jogos preliminares com cigarro entre os dedos.

Seu companheiro e ex-meia Américo Murolo fumava até em intervalos de partidas, no banheiro. O saudoso Sócrates, num jogo do Corinthians em Americana (SP), contra o Rio Branco, apanhou um cigarro do bolso de um amigo, e só após três tragadas o atirou num canto do fosso que dá acesso aos vestiários do Estádio Décio Vitta.

Ex-atletas do Corinthians como os meias Zenon, Douglas e Neto e atacante Casagrande abusavam do tabagismo, assim como o ex-goleiro Marcos, do Palmeiras, em tempo que convivia-se com 'serrotes', como o saudoso meia são-paulino Benê. O ex-lateral-direito Deleu, companheiro de clube e avesso ao fumo, bronqueava quando alguém acendia cigarro perto dele. E nas caronas avisava: “Fedô de cigarro não entra no meu carro”.

Treinadores já falecidos como Oswaldo Brandão, Ênio Andrade e Ébua de Pádua Lima, o Tim, davam mau exemplo ao provocarem fumaceira nos bancos de reservas.

domingo, 21 de maio de 2023

Onze anos sem o treinador Chico Formiga

Se o Corinthians situa-se na zona do rebaixamento do Brasileirão, nesta última semana do mês de maio de 2023, a história mostra que incontáveis vezes soube reagir à crises e dar a volta por cima. Um dos exemplos claros foi em 1987, quando terminou o primeiro turno do Paulistão na antepenúltima colocação, à frente de Bandeirantes de Birigui e Novorizontino, e disparou na pontuação do segundo turno, chegando à final daquela competição, mas se rendendo ao São Paulo, que ficou com o título.

A árdua missão de fazer o time corintiano pontuar coube ao saudoso treinador Chico Formiga, que embalou sequência de vitórias. A rigor, ele havia enfrentado e vencido situação igualmente desconfortante ao assumir pela primeira vez o comando dos profissionais santistas em 1978, após noite de quebradeira no Estádio do Pacaembu, quando cerca de 20 mil santistas se revoltaram na derrota por 2 a 1 para o Operário de Campo Grande (MS), pelo Campeonato Brasileiro, e tiveram ousadia de enfrentar policiais.

Ainda naquela temporada, ao apoiar a garotada batizada de 'Meninos da Vila', como Pita, Juary, Nílton Batata e João Paulo, entre outros, levou a equipe à conquista do título paulista. E o sucesso se estendeu no São Paulo em 1981, quando conquistou o título paulista, num timaço com Waldir Peres; Getúlio, Oscar, Dario Pereyra e Marinho Chagas; Almir, Heriberto e Renato Morungaba; Paulo César Capeta, Serginho Chulapa e Mário Sérgio.

Logo, a recompensa do trabalho foi um contrato em ‘petrodólares’ na Arábia Saudita, até que em 1983 já estava novamente no Santos, e 'andança' por outros clubes, como o América Mineiro no título regional de 1993, Palestra de São Bernardo e Catanduvense. Isso associado à carreira vitoriosa de jogador, a partir de 1950 no Santos, quando de volante clássico foi adaptado à zaga. Sete anos depois foi jogar no Palmeiras, e participou da vitória por 7 a 6 contra o ex-clube em 1958, com 43.068 pagantes no Estádio do Pacaembu.

De volta ao Santos em 1960, o mineiro de Araxá Francisco Ferreira Aguiar participou do período áureo da era Pelé, com títulos da Libertadores e Mundial de Clubes em 1962 e 63, quando deu por encerrada a carreira de atleta. Logo, coube essa recapitulação porque ele levantou um Corinthians em situação idêntica à atual, e que em 22 de maio de 2012, aos 81 anos de idade, o coração dele parou de bater.

domingo, 14 de maio de 2023

Corinthians influencia no símbolo de porco ao Palmeiras

De certo, parte significativa dos palmeirenses desconhece a origem do 'porco' ter se transformado no mascote do clube. Há duas versões para a história. A primeira, sem a devida ressonância, remonta os tempos da Segunda Guerra Mundial, de 1939 a 1945, quando italianos eram chamados sarcasticamente de porcos, e por extensão isso foi associado ao Palmeiras, devido à forte influência daquela colônia no clube.

O segundo e principal motivo foi decorrente da recusa do Palmeiras em abrir exceção ao Corinthians para inscrições de dois jogadores, visando reposição do elenco em fase decisiva do Campeonato Paulista de 1969, devido à perda dos titulares Lidu e Eduardo, mortos em acidente de automóvel no dia 28 de abril daquele ano, na Marginal Tietê, capital paulista.

À época, ambos voltavam de um restaurante após jogo contra o São Bento, quando o veículo Fusca, dirigido pelo então lateral-direito Lidu, recém habilitado, trafegava em trecho de precária iluminação, colidiu em guias jogadas no asfalto, resultando em capotamento. Em consequência, ambos foram arremessados para fora do veículo, vitimados com traumatismo craniano, e tiveram mortes instantâneas. Além disso, pessoas 'desalmadas' que passaram pelo local, mesmo com vítimas estendidas no chão, saquearam relógios, carteiras e demais objetos, antes da chegada da equipe de socorro.

Na ocasião, apesar de os clubes quase que unanimemente concordarem com precedente para abertura de novas inscrições ao Corinthians, o Palmeiras, através de seu presidente Delffino Facchina, foi contra. E aquela postura irritou o saudoso mandatário corintiano Wadih Helu que, ao desabafar, chamou o rival de porco, seguido pelos seus torcedores que, no confronto seguinte entre esses rivais, soltaram um porco no Estádio do Morumbi antes do jogo, e aí o apelido pegou, mas só reconhecido pelo Palmeiras em 1983, quando o símbolo do animal foi adotado devido à adesão de torcidas organizadas do clube, aposentando-se, consequentemente, o anterior: o periquito.

Em outubro de 1986, pela primeira vez foi ouvido na arquibancada da torcida palmeirense o grito 'dá-lhe porco', em duelo contra o Santos. O entusiasmo aumentou na partida subsequente diante do São Paulo, no Estádio do Morumbi, ocasião que torcedores levaram um porco vivo ao gramado, e desfilaram com fantasias e bandeiras do novo mascote.

domingo, 7 de maio de 2023

Valdivia, um craque com a pecha de indisciplinado

Quando o craque tem a sua imagem associada à encrencas, dizem que a carreira dele vai ser encurtada. Todavia, o naturalizado chileno Jorge Luis Valdivia Toro - ídolo no Palmeiras -, também conhecido como El Mago, está aí para desmentir, pois esteve vinculado a clubes por 19 anos, a partir de 2003. Nascido em Maracay, na Venezuela, onde moravam seus pais chilenos, aos três anos de idade a família se mudou para Santiago. E quando completou 18 anos usufruiu da legislação daquele país, para optar pela nacionalidade chilena e brilhar nos juniores do Colo Colo.

Em 2002, o temperamento explosivo dele implicou em agressão a árbitro, que resultou numa suspensão de 16 partidas. Foi quando o seu clube decidiu emprestá-lo a agremiações daquele país e posteriormente ao Rayo Vallecano da Espanha e Servette da Suíça, até que em 2005 fosse reaproveitado.

Na temporada seguinte, já vinculado ao Palmeiras, que desembolsou cerca de R$ 8 milhões pelos direitos econômicos, repetiu o brilhantismo nas jogadas, acompanhado de problemas no gramado. Se durante o processo de ambientação no Brasil passou por período de oscilação, o futebol dele explodiu na temporada seguinte, tanto que ganhou o prêmio Bola de Prata da revista Placar.

Se irritava adversários quando chutava o ar - em vez da bola -, muito pior quando revidava agressões deles, que resultavam em expulsões. Pavio curto, criava atrito com treinadores quando substituído, um deles Luiz Felipe Scolari, o Felipão, quando havia retornado ao clube em 2010, após passagem de dois anos pelo Al-Ain FC da Arábia Saudita, ocasião que recebeu resposta à altura do comandante. “Olhe para mim e veja se estou preocupado. Ele faz o dele e eu faço o meu. Se não está satisfeito, tem duas portas: uma que entra e outra que sai”.

Naquela segunda passagem pelo clube passou apuros em 2012, ao ser vítima de sequestro-relâmpago em São Paulo. Ele e a esposa Daniela Aranguiz ficaram traumatizados, voltaram imediatamente ao Chile, mas foram convencidos a retornar. O desligameno do Palmeiras deu-se em 2015, quando passou a alternar passagens por clubes chilenos e mexicanos, até que em 2022, aos 39 anos de idade, no Necaxa do México, encerrou a carreira e ingressou na função de comentarista esportivo, enquanto se prepara visando a transformação em treinador.


Fabão, zagueiro colecionador de títulos

José Fábio Alves Azevedo, o baiano e ex-zagueiro-central Fabão, foi mais um daqueles boleiros que 'chegavam arrepiando' nas jogadas. Por vezes era até violento, para se impor em seu setor. Assim, colecionou títulos desde o início da carreira em 1998 no Bahia, e posteriormente nas passagens por Flamengo e Goiás. Todavia, foi no São Paulo que participou das conquistas mais expressivas, como Copa Libertadores e Mundial de Clubes de 2005.

Quando foi jogar no Bétis da Espanha, em 2000, e fez companhia ao pentacampeão mundial Denílson - hoje comentarista da TV Bandeirantes - lembra da encrenca com o atacante argentino Gabi Amato, parceiro do próprio time, que só não terminou em pancadaria porque o gringo 'afinou', após mostrar-se valentão. Ele desferiu cotovelada no zagueiro, com consequente revide. Isso gerou áspera discussão e agendamento de briga pra valer no vestiário, ocasião em que Fabão ensaiava partir pra cima, mas o argentino recuou.

Curiosamente, após três anos de São Paulo, a partir de 2004, Fabão disse ter presenciado comportamento inusitado de seu treinador (não revelou o nome) no Kashima Antlers, do Japão. “Em um intervalo de jogo, ele dava tapas nas cabeças dos jogadores, e torci para não chegar do meu lado, e não chegou”.

Após passagem pelo Santos no biênio a partir de 2008, chegou ao Guarani como a principal contratação para o Campeonato Brasileiro da Série A, competição que o clube não disputava havia seis anos, após ter sido rebaixado.

E como a defensiva bugrina capengava naquele primeiro semestre, com retrospecto de 40 gols sofridos em 25 jogos, a projeção era que ele pudesse equilibrar o setor.

A trajetória seguinte foi em clubes médios e pequenos, como Henan Jianye da China, Comercial de Ribeirão Preto, Sobradinho (DF) e Goianésia (GO), para a disputa da Série D do Brasileiro em 2014, aos 38 anos de idade.

Diferentemente daqueles jogadores que migram para outros setores no futebol, Fabão preferiu mudança no ramo de atividade, com justificativa que 'o futebol faz com que você dependa muito dos outros, e isso não me agrada'. Por isso preferiu abrir empresa de construção civil, para edificações de casas e apartamentos. Pelo menos até 2018, disse que para se desestressar praticava a modalidade de artes marciais Kickboxing em Goiânia, cidade que escolheu para fixar residência.

domingo, 23 de abril de 2023

Hernanes, destro que marcou gol de falta com a canhota

De certo o próximo dois de maio será lembrado com dor no coração para o meio-campista Hernanes, pois foi nessa data, em 2022, que anunciou a despedida do futebol com a camisa do Sport Recife (PE), clube que não conseguiu evitar o rebaixamento na temporada anterior, e atuando em sua cidade natal. Em maio, quando completa 38 anos de idade, cabe citação que foi um dos raros destros a abusar em cobrança de falta com a canhota, e ser bem-sucedido. Foi na passagem pela Inter de Milão, em 2013, na vitória por 2 a 1 sobre a Lazio (ITA).

Evidente que aquilo não ocorreu por acaso. Treinava exaustivamente cobranças de faltas com a perna esquerda, em claro indicativo que é possível o aprimoramento do atleta em finalizações com o chamado pé 'bobo'. Com a perna direita, neste quesito, foi um terror para goleiros adversários, quer em cobranças nas proximidades da área, quer de média distância, pois usava o jeito apropriado para as duas situações.

Na base do São Paulo a partir de 2004, desempenhava a função de volante de contenção, e apenas três anos depois se firmou como titular, após saídas dos volantes Mineiro e Josué. Como mostrava habilidade, característica de condutor de bola e assistência a companheiros, foi transformado em meia-atacante e desfrutou do bicampeonato brasileiro em 2007/08, quando foi premiado com a Bola de Prata.

Dois anos depois começou a trajetória em clubes europeus, a começar pela Lazio, quando chegou a ser comparado ao ex-meio-campista Paulo Roberto Falcão. Ainda na Itália, passou por Inter de Milão e Juventus, até que em 2017 foi jogar no Hebei da China, mas por insistência do São Paulo voltou ao clube por empréstimo, até que na sequência fosse efetivada a negociação em definitivo. E no clube ficou até 2021, quando decidiu pela última passagem na bola pelo Sport Recife.

Anderson Hernanes de Carvalho Viana Lima chegou à Seleção Brasileira em 2008, mas não foi levado à Copa do Mundo de 2010. Voltou a ser chamado quando Luiz Felipe Scolari reassumiu o comando e o levou ao Mundial de 2014, no Brasil. E como fazia questão de fugir do padrão convencional das respostas de jogadores nas entrevistas, optando por linha diferenciada de conduta, recebeu o apelio de 'Profeta', dado pelo então apresentador do 'Globo Esportes' Tiago Leifert. Se a princípio se viu incomodado, depois absorveu a brincadeira.

domingo, 16 de abril de 2023

Gino Orlando, o grosso e valente centroavante do passado

Pode até ser entediante ao leitor na faixa etária abaixo dos 50 anos de idade conferir histórias de atletas que fizeram carreiras entre as décadas de 50 e 60, do século passado. Todavia, quando se trata do lendário e saudoso centroavante Gino Orlando, aspectos peculiares recomendam recapitulação, pois foi um grosso assumido e protagonizou história inusitada com o atacante Luizinho, o Pequeno Polegar do Corinthians, em jogo contra o São Paulo dele.

Em 1957, ambos discutiram asperamente no gramado e a briga continuou na rua, no dia seguinte. Como se encontraram casualmente, Luizinho acertou-lhe uma tijolada na cabeça, resultante de corte profundo e perda de muito sangue. Aquilo sugeriu que o saudoso apresentador de televisão Manoel da Nóbrega provocasse reencontro dos desafetos em seu programa, colocando-os frente a frente, para que se desculpassem e reatassem a amizade.

Nos onze anos de São Paulo, a partir de 1952, Gino Orlando mostrou o estilo rompedor e destemido no enfrentamento aos zagueiros. Se necessário fosse, deixava a perna nas jogadas divididas. Repartia a bola com adversários e a empurrava às redes, como faziam o também saudoso Vavá, de Palmeiras, Vasco e Seleção Brasileira; Flávio Minuano de Inter (RS), Corinthians e Fluminense; César Maluco, ex-Palmeiras e Dadá Maravilha do Atlético Mineiro e Colorado gaúcho, entre outras agremiações.

O biotipo de Gino Orlando era de caixa torácica avantajada, 1,79m de altura, apropriada para o 'trombador', o que fez dele um jogador temido por zagueiros adversários, pela proporção de gols que marcava. No São Paulo, campeão paulista em 1953 e 1957, foi transformado no segundo maior artilheiro na história do clube com 233 gols, apenas nove atrás de Serginho Chulapa, da mesma posição.

De origem italiana, Gino jogou pouco no Palmeiras. Foi 'canchado' no XV de Jaú e extinto Comercial da capital paulista, antes da chegada ao Tricolor, e complemento de carreira na Portuguesa e Juventus, em 1966, tendo integrado a Seleção Brasileira no biênio 1956/57, com três gols em oito partidas, um deles de bicicleta, em vitória sobre a seleção portuguesa, o primeiro no gênero em território lusitano.

Três anos após ter pendurado as chuteiras, voltou ao São Paulo para ocupar o cargo de administrador do Estádio do Morumbi, onde ficou até a sua morte em 2003, aos 74 anos de idade.

segunda-feira, 10 de abril de 2023

Foi-se o tempo em que apelidos eram aceitos no futebol

Recentemente, integrantes de um veículo de comunicação ficaram abismados ao constatarem que um grande clube escondeu até resultado de jogo-treino, quanto mais permitir acesso a treinos. A rigor, nas últimas décadas muita coisa mudou no futebol, algumas delas positivamente como a implantação do VAR, para dirimir dúvidas sobre lances polêmicos, mas outras por pura frescura.

Hoje, se o atleta chega ao clube identificado pelo apelido, cartolas imploram para que seja chamado pelo nome, preferencialmente composto. Imaginem se hoje mandatários do Flamengo admitiriam um quarto-zagueiro pelo apelido de Onça, como foi o caso do baiano Mário Filipe Pedreira, que lá jogou entre 1968 e 1971, numa defesa que tinha, entre outros, o goleiro Ubirajara e o lateral-esquerdo Paulo Henrique. Onça morreu em setembro de 2017, aos 74 anos de idade.

Nos anos 60, a Ferroviária de Araraquara tinha mania de abastecer grandes clubes de São Paulo. O ponta-de-lança Maritaca, nascido em 1948, chama-se Wilson de Almeida, e registrou passagens por Corinthians, Botafogo (SP) e XV de Piracicaba. Já o lateral-esquerdo Fogueira, que morreu em setembro de 2021, aos 79 anos de idade, acusou passagem pelo Corinthians, e nos seus documentos constavam o nome real de Wanderley Nonato.

Mesma posição e época atuavam os saudosos Ademar Ribeiro, conhecido apenas por Dé, nas passagens por Portuguesa Santista, Palmeiras, Santos e São Paulo, morto em abril de 1992; enquanto o lateral-esquerdo Tenente, titular do São Paulo até 1970, teve nome de nascimento como Valdir Izaú Pereira, falecido em maio de 1996. Ele perdeu espaço no Tricolor com a profissionalização de Gilberto.

Imaginem qual seria a repercussão para um atleta chamado de Sapatão, na atualidade. Pois no Bahia dos anos 70 isso foi visto com naturalidade. Ele morreu em junho de 2020, vítima da Covid-19. No mesmo clube, o recordista de partidas, com 448 aparições, foi o meio-campista Baiaco, nada a ver com o nome Edvaldo do Santos, com carreira encerrada em 1981, no Leônico (BA).

Diferente dos citados, Lance não é apelido do então meia-direita do Corinthians na década de 70. Seu nome é Ernesto Luís Lance, que em janeiro passado completou 74 anos de idade, e teve participação efêmera como treinador. Embora cursasse Educação Física e Jornalismo, tomou rumo empresarial.