domingo, 23 de junho de 2019

Vasco registra novo acidente com morte de atleta


 Há 24 anos a comunidade vascaína despedia-se do talentoso meia Dêner, emprestado pela Portuguesa, 23 anos de idade e três filhos. Neste 22 de junho os cruzmaltinos choraram a morte de um 'cria' da casa, caso do atacante Talles, vinvulado por empréstimo à Ponte Preta, pai pela quarta vez, e 24 anos de idade.

 Em comum, foram vítimas de acidente no Rio de Janeiro. Dêner, no banco de passageiro de seu automóvel, teve o pescoço estrangulado nas imediações da Lagoa Rodrigo de Freitas. A morte de Talles foi decorrente de choque de motos, quando era um dos motoristas.

 Mortes de atletas no transcorrer de carreiras geralmente são associadas a acidentes, e tem abalado mais vascaínos. Em 1985, no terceiro ano de clube, o zagueiro uruguaio Daniel Gonzales teve o veículo Monza atingido e, aos 32 anos de idade, morreu.

 Há 50 anos o lateral-direito Lidu e ponteiro-esquerdo Eduardo, do Corinthians, perderam a vida em colisão de carro na Marginal do Tietê, enquanto no São Paulo há registro de pelo menos dois casos de atacantes que por lá passaram e acidentados. Ponteiro-esquerdo Edivaldo, vinculado de 1987 a 90, morreu três anos depois, aos 31 anos de idade, quando jogava pelo Taquaritinga (SP), em acidente na Rodovia Castelo Branco. Já o ponteiro-direito Catê, então 'aposentado do futebol', 38 anos de idade, transitava em estrada do interior gaúcho no momento da fatalidade.

 Futebol é tão traiçoeiro que, no momento em que o ponteiro-direito Roberto Batata ganhou posição no time do Cruzeiro, contra o Aliança, em Lima (PER), ninguém podia prever que faria a última partida pelo clube: morreu em acidente na Rodovia Fernão Dias, na iminência de completar 27 anos de idade, na temporada em que o clube conquistou a Libertadores.

 Tão ou mais dolorosa é a morte de atleta no exercício de sua atividade. São os casos dos laterais Carlos Alberto Barbosa, do Sport (PE), pela direita; e Serginho, do São Caetano, pela esquerda. Ambos passaram mal, caíram nos gramados, foram socorridos e não resistiram. Carlos Alberto em jogo contra o XV de Jaú, em 1982; Serginho diante do São Paulo, no Estádio do Morumbi, em 2004.



 Zagueiro Vágner Bacharell - ex-Palmeiras e Guarani - atuava pelo Paraná Clube quando ficou desacordado após choque de cabeça. Diagnosticaram fratura no crânio, e ele morreu em 20 de abril de 1990.

segunda-feira, 17 de junho de 2019

Lazaroni saiu desgastado da Seleção Brasileira



 O sonoro apelido Tião já esteve incorporado ao futebol décadas passadas. Um deles foi companheiro de meio de campo de Roberto Rivellino no Corinthians, e atuava como volante. Mesma posição, procedente do Botafogo (RJ), chegou ao Guarani Tião Macalé, já falecido.

 Hoje, raros são os filhos registrados com prenome Sebastião, cujo sufixo da palavra decorre o apelido. Todavia, há quase 69 anos nascia o carioca Sebastião Barroso Lazaroni, que galgou o cargo de treinador da Seleção Brasileira em 1989, sem que fosse identificado como Tião, mas acabou amaldiçoado por torcedores brasileiros com a perda da Copa do Mundo de 1990, na Itália.

 Ano anterior, o saudoso presidente do Vasco, Eurico Miranda, persuadiu o recém-empossado presidente da CBF, Ricardo Teixeira, a colocar Lazaroni como treinador da Seleção Brasileira, mesmo com raso currículo de cinco anos na função. Havia pesado na balança conquistas de três títulos regionais nas passagens por Flamengo e Vasco.

 Se a indicação teve respaldo dos cariocas, enfrentou resistência em outros Estados brasileiros, a começar pelos baianos, indignados pelo centroavante Charles, do Bahia, ter sido relegado da convocação à Seleção Brasileira, à Copa América de 1989.

 Como o país sediou aquela competição, paradoxalmente a estreia ocorreu no Estádio da Fonte Nova, em Salvador, com vaias na vitória por 3 a 1 diante da Venezuela. Aí, a conquista do título referendou continuidade do trabalho e aflorou a arrogância de Lazaroni, que ignorou clamores da mídia paulistana pela convocação do meia Neto àquela Copa, justamente no período em que ele atravessava a melhor fase da carreira, atuando pelo Corinthians.

 Como a Seleção Brasileira jamais convenceu naquele Mundial, foi despachada pela Argentina na derrota por 1 a 0, nas oitavas-de-final, a demissão de Lazaroni foi sintomática. Cobrado por ter preterido Neto, a justificativa do treinador foi tida como inconsistente: “Não atendia aos requisitos exigidos de comportamento”.

 Natural que o bocudo Neto respondesse com aspereza, e o treinador ficasse com a pecha de fracassado, com consequente 'encurtamento' no mercado de trabalho nacional. Restou, então, articulações para abrir portas no exterior. Comandou as seleções do Catar e Jamaica, assim como, entre outros clubes, Fiorentina (ITA), Fenerbahçe (TUR), e Yokohama (JAP).

segunda-feira, 10 de junho de 2019

Paulo Vítor marcou época no Fluminense


 No Grêmio (RS) há um goleiro de nome Paulo Victor, com o ‘c’ mudo antecedendo a consoante ‘t’. Integra o elenco do Volta Redonda outro Paulo Victor, também goleiro. No universo desses xarás da mesma posição nada se compara ao goleirão Paulo Vítor - sem o ‘t’ - nos anos 80, com a camisa do Fluminense.

 Pois esse paraense Paulo Vítor Barbosa de Carvalho - de Belém e criado no Distrito Federal - não perde a arrogância. Perguntado quem é o melhor goleiro que conheceu, a resposta é curta e grossa: “Eu”. Claro que nem no Fluminense, clube que defendeu de 1981 a 1988, foi melhor que antecessores como Veludo e Castilho.

 Apesar disso, entrou para a história do Fluminense como o segundo goleiro que mais atuou no clube, com 361 partidas, atrás do saudoso Carlos Castilho com 697 vezes. Paulo Vítor mostrava elasticidade para praticar defesas, coragem na saída da meta, agilidade na reposição de bola, e liderança no comando do sistema defensivo. Isso foi preponderante para ingresso na seleção olímpica do Brasil, e posteriormente no selecionado principal, com ápice ao ser relacionado à Copa do Mundo de 1986 no México, como reserva direto de Carlos Ganso.

 No Fluminense ele conquistou o tricampeonato carioca a partir de 83, e o Campeonato Brasileiro da temporada seguinte, com esta formação: Paulo Vítor; Aldo, Duílio, Ricardo Gomes e Branco; Jandir, Delei e Romerito; Assis, Washington e Tato. A boa fase da equipe propiciou-lhe bons contratados salariais, de forma que comprasse e desfrutasse de chácara paradisíaca na Barra da Tijuca. Ali pode cultivar horta e explorar criação de patos, galinhas, codornas e porcos.

 Hoje, radicado em Brasília (DF), na iminência de completar 62 anos de idade, não perde a mania de pentear os cabelos para que caiam na testa. Politizado, até disputou eleição distrital, mas não se elegeu. Pela facilidade de comunicação, se transformou em comentarista de futebol naquela capital, e explora o vasto conhecimento da modalidade que começou no extinto CEUB (DF) em 1974, com prosseguimento nas passagens - além do Fluminense - por Operário de Várzea Grande (MS), Vila Nova (GO), Goiás, Vitória (ES), Atlético Mineiro, América (RJ), Santos, Grêmio Maringá (PR), Remo, Paysandu (ambos do Pará) e Volta Redonda (RJ), onde encerrou a carreira em 1994.

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Adeus ao artilheiro Luisinho, do América


 Família dos artilheiros cariocas Lemos está de luto com a morte do então atacante Luisinho com 's' e não 'z' como a mídia impressa grafou quando ele fez sucesso nos anos 70 e 80. E foi no campo, como treinador do América (RJ), em jogo contra o Nova Cidade, em Nilópolis, que passou mal, foi internado, e diagnosticado com avc (acidente vascular cerebral). Neste dois de junho, aos 66 anos de idade, não resistiu à enfermidade.

 Luís Alberto da Silva Lemos viu os irmãos centrovantes César Maluco e Caio Cambalhota, no Palmeiras e Flamengo respectivamente, quando arriscou carreira na base do Verdão paulistano, na mesma posição. Como recomendável em início de carreira, foi 'canchado' na Ferroviária de Araraquara (SP) em 1972, quando revelou 'apetite' daquele finalizador que reparte a bola com a 'becaiada', e a empurra à rede.

 Ao apostar nessas virtudes, no biênio 1973/74, o América (RJ) se deu bem. Quando locutores de plantão esportivo de rádio anunciavam gol do 'Diabo', o ouvinte logo esperava o complemento da informação de que o autor seria Luisinho. Bidú! Afinal, tratava-se de um goleador por vocação, apesar da estatura mediana. Assim, está situado como principal artilheiro da história do clube com 311 gols, considerando-se mais duas passagens na década de 80.

 Na totalização de gols em clubes brasileiros alcançou 434, computando-se passagens por Palmeiras, Inter (RS), Flamengo, Botafogo (RJ) e Americano (RJ). No exterior jogou no Leon (MEX), Alnakra e Al Saad do Catar, e Las Palmas (ESP). Discretamente ingressou na função de treinador, com registro na Espanha e futebol árabe, antes de solidificar a carreira no América carioca.

 César Maluco foi o mais famoso dos irmãos. Maluquice na comemoração de gols do Palmeiras, nervosismo em campo, e até ofensa moral ao árbitro Renato de Oliveira Braga, que resultou em suspensão de nove meses.
O irmão mais velho, José Carlos da Silva Lemos, ficou mais conhecido pelas cambalhotas após cada gol, de que pelo futebol que apresentava. Caio Cambalhota não prosperou no Flamengo e rodou por vários clubes brasileiros e do exterior, um deles o Amora, de Portugal.

Adãozinho ficou de fora da foto

 O meia-esquerda Adãozinho, que morreu em junho de 2011, aos 59 anos de idade, foi um dos exemplos enigmáticos no futebol. O período de quatro anos como reserva de Roberto Rivellino no Corinthians, até 1974, foi compreensivo. Afinal, ambos atuavam na mesma posição. Claro que Adão Ambrósio sempre entrava no segundo tempo, ou às vezes até iniciava partidas.

 Com a transferência de Rivellino ao Fluminense, era voz corrente que Adãozinho iria explodir no Timão. Na prática, ficou lembrado apenas pela atuação memorável em 1971, na virada corintiana sobre o Palmeiras por 4 a 3, quando marcou um gol antológico.

 Fixado como titular, a cobrança por título foi intensificada. Aí, o cantor-compositor Bebeto o homenageou com a música ‘Adão, você pegou o barco furado’. Eis a letra: ‘Você está com tudo garoto, e não tá prosa. Camisa dez, chuteira, meia e calção! Como é que é Adão? A galera não é mole não. Largaram uma bomba em suas mãos. Você sente a falta do velho Tião. O meio-campo anda russo, preocupado. Você lamenta e fica triste com razão. Mas de nada você é culpado. Você já pegou o barco furado’.

 Na época, era modismo fazer música associada ao futebol. O sambista Luiz Américo, preocupado com a falta de substituto para Pelé na Seleção Brasileira à Copa do Mundo de 1974, na Alemanha, compôs a música Camisa 10: ‘Desculpe seu Zagallo, mexe nesse time que tá muito fraco. Levaram uma flecha, esqueceram o arco...’

 No vínculo com o Corinthians até 1979, Adãozinho ficou de fora da foto na invasão de 70 mil corintianos ao Estádio do Maracanã, na semifinal do Campeonato Brasileiro de 1976, no empate em 1 a 1 com o Fluminense, num time formado por Tobias; Zé Maria, Moisés, Zé Eduardo e Wladimir; Givanildo, Ruço e Neca; Vaguinho, Geraldão e Romeu Cambalhota.

 Ano seguinte, marcado pelo desjejum de título, Adão só enfrentou a Ponte Preta na primeira partida da final do Campeonato Paulista. Na chamada negra - terceira partida - só assistiu a festa. Em 1979, no reencontre do Timão com a Ponte, na final de Campeonato Paulista, novamente não foi escalado.