domingo, 31 de janeiro de 2021

Lateral Vitor, ganhador de quatro títulos da Libertadores

Palmeiras e Santos protagonizaram uma das mais fracas decisões da Libertadores, em jogo que palmeirenses comemoraram o título. E na história dos clubes brasileiros nessa competição, o recordista em conquistas é o ex-lateral-direito Vitor: duas vezes pelo São Paulo, uma no Cruzeiro e outra com o Vasco, durante a década de 90.

Claudemir Vitor Marques não foi devidamente observado quando se submeteu a treinos-peneiras em Ponte Preta e Guarani. Por isso, seu início de carreira ocorreu em período áureo do São Paulo, comandado pelo saudoso treinador Telê Santana.

Longe de ser craque, Vitor compensava pela firmeza na marcação e força física para rápida transição ao ataque. Foi assim que no terceiro ano de clube chegou a deixar o titularíssimo Cafu na reserva, até que Telê o deslocasse ao meio de campo, como nas partidas decisivas da Libertadores de 1993, quando o time já havia colocado uma mão na taça ao aplicar goleada por 5 a 1 sobre a Universidad Católica, na primeira partida da final, em São Paulo.

Foi o jogo em que Vitor marcou um dos gols, nesse time: Zetti; Vitor (Toninho Cerezo), Válber, Gilmar e Ronaldo Luís; Pintado, Dinho, Raí e Cafu; Palhinha e Muller. Assim, o título foi confirmado mesmo com derrota por 2 a 0 no Chile.

Vitor marcou passagem no tricolor paulista com sete títulos: paulistas 91 e 92, Brasileiro de 91, Mundial de 92, Libertadores 91 e 92 e Recopa Sul-Americana 94, período que, emprestado ao time B do Real Madrid, teve curta passagem por não ter convencido.

Em 1995 o São Paulo topou emprestá-lo ao Corinthians, ocasião em que totalizou 50 jogos e participou das conquistas do paulista e Copa do Brasil. Como o São Paulo não cogitou reaproveitá-lo, topou realizar pacotaço de negociação com o Cruzeiro quando, para receber os laterais Belletti e Serginho, aceitou liberar zagueiro Gilmar, lateral Ronaldo Luís, volante Donizete, meia Palhinha e atacante Aílton.

Pelo clube mineiro, além da Libertadores, Vitor foi bicampeão estadual, mas em 1998, já no Vasco, participou da conquista da maior competição sul-americana. Na sequência, passagens em clubes de menor expressão como Juventus, até que a carreira fosse encerrada em 2008 na Inter de Limeira.

Radicado na cidade natal de Mogi Guaçu, 48 anos de idade, ele cuida de seus negócios e se diverte jogando futvôlei em sua chácara.

Clemer, goleiro do título mundial do Inter (RS)

Os últimos 15 anos tem sido marcado com muitas emoções aos torcedores do Inter (RS). Por duas vezes o time participou do Mundial de Clube. Se conquistou o título em 2006, foi eliminado precocemente em 2010, na derrota por 2 a 0 para o Mazembe por 2 a 0, nos Emirados Árabes. Tragicamente foi rebaixado à Série B do Campeonato Brasileiro em 2016, mas retornou à elite já na temporada seguinte. E a reorganização da equipe a coloca na briga direta pelo título do atual Brasileirão.

Daquele Inter que venceu o Barcelona (ESP) por 1 a 0 e foi campeão mundial de 2006, o treinador era o mesmo Abel Braga. Entre os atletas, o centroavante Fernandão morreu em acidente aéreo e o goleiro foi o maranhense Clemer Melo da Silva, nascido em 20 de outubro de 1968, com histórico de oito temporadas pelo clube, 354 jogos, e considerado um dos maiores ídolos da história do clube.

Clemer se valia da elasticidade, reflexo e era destemido nas saídas da meta em bolas cruzadas. Ele conta que durante a disputa da Libertadores de 2006 o Inter havia abolido regime de concentração, com promessa de comprometimento de seriedade do elenco fora de campo. Em certo momento o treinador Abel Braga teria proposto a volta do regime, mas o grupo havia pedido um voto de confiança, com garantia que nada se modificaria. “Com aquilo, ele [Abel] colocava responsabilidade na gente. Nós bancamos e fomos campeões", lembrou Clemer, que sequer pagava conta em restaurante. “Eu ia pagar e o dono não deixava", contou.

A partir de 1987 Clemer foi galgando degraus na carreira iniciada no Moto Clube (MA), com passagens por Ferroviário (CE), Remo (PA), Guaratinguetá (SP), Santo André, Goiás, até que a carreira decolasse ao chegar na Portuguesa, quando ficou marcado entre os melhores da posição no País, tanto que o então treinador Zagallo o convocou à Seleção Brasileira. Incontinenti, despertou interesse do Flamengo, clube que atuou de 1997 até 2002.

Em 2010, aposentou-se como jogador e virou preparador de goleiros do Colorado. Na temporada seguinte começou a atuar como treinador da categoria juvenil, até que em 2015, no Glória de Vacaria (RS), começou a trajetória como treinador de equipe profissional. Aí passou por Sergipe e Brasil de Pelotas em 2017, desligado do clube após sequência de maus resultados na Série B do Campeonato Brasileiro.


domingo, 17 de janeiro de 2021

Tim, de driblador a treinador estrategista

Saudoso Élba de Pádua Lima, o Tim, foi uma lenda no futebol brasileiro. Marcou época, nos anos 30 e 40 do século passado, como driblador cheio de ginga, e dizia ter prazer de apavorar os seus marcadores. Aliava o drible desconcertante à visão de jogo, assim como fazia os seus golzinhos. Ele jogou nos principais clubes do Rio de Janeiro e Seleção Brasileira.

Em 1936 foi campeão do Sul-Americano realizado em Buenos Aires, quando a mídia Argentina o apelidou de 'El Peon'. Na Copa do Mundo de 1938, na França, participou apenas do jogo contra os checos, pois o técnico Ademar Pimenta preferiu escalar a ala esquerda formada por Perácio e Patesko, por causa da fama de Tim de farrista, que pulava janelas de hotéis para fugir de concentração. O melhor momento dele como atleta foi no tricampeonato carioca do Fluminense de 1936 a 38.

Tim passou pelo São Paulo antes de encerrar a carreira no Olaria (RJ), onde conciliou as funções de atleta-treinador, até se fixar na nova função. Aí, expunha a sua tática com uso de mesa de jogo de botões, e mostrava o devido posicionamento dos jogadores. Por isso foi considerado um dos maiores estrategistas no comando de grandes equipes do futebol brasileiro. No exterior, comandou o San Lorenzo da Argentina e seleção peruana na Copa do Mundo de 1982, na Espanha.

Na passagem pelo Coritiba, teve sabedoria para administrar frequentes atrasos do polêmico e saudoso atacante Zé Roberto. Questionado pela imprensa sobre indisciplina do então jogador, ironicamente respondeu: “Zé Roberto, craque do meu time atrasado? Vocês estão enganados. Esses outros apressadinhos [referência aos demais jogadores] que chegaram cedo demais para trabalhar”.

Certa ocasião, durante treino-peneira, um rapaz lhe disse que não bebe, não fuma e nem farreia. Tim mirou no postulante à vaga e debochou. “Pois aqui vai aprender a fazer tudo isso”. O treinador intercalou passagens em agremiações do interior paulista como São José, Guarani, Ponte Preta e Inter de Limeira.

Nascido em fevereiro de 1916, em Ribeirão Preto (SP), começou a carreira de atleta como meia-esquerda do Botafogo, em 1931, e três anos depois transferiu-se à Portuguesa Santista. Além da bola, dizem ter sido um excelente cozinheiro, que caprichava na panelada de dobradinha. Ele morreu no Rio de Janeiro em sete de brail de 1984.

sábado, 9 de janeiro de 2021

Lateral Júnior, um colecionador de títulos

A primeira curiosidade de quem pesquisar detalhes sobre a carreira do lateral-esquerdo Júnior, campeão da Libertadores tanto no Palmeiras como no São Paulo, seria questionar por que foi identificado assim se não tem Júnior incorporado ao nome, cujo registro de nascimento aponta como Jenílson Ângelo de Souza, natural de Santo Antonio de Jesus, no recôncavo baiano?

Entre dezenas de vídeos e publicações consultados, comunicadores sequer fizeram correlação de nome e apelido. Também o lapso em questão provavelmente deva ser desconsiderado, para se abrir espaço à divulgação de uma carreira de sucesso, com participação na conquista do pentacampeonato mundial da Seleção Brasileira em 2002, no Japão e Coreia do Sul, quando, na reserva de Roberto Carlos, pôde atuar na goleada por 5 a 2 sobre a Costa Rica, ocasião em que marcou um dos gols, o único em 22 jogos nos oito anos intercalados em que foi convocado.

Júnior foi o típico lateral que aplicava dribles curtos e progressivos em adversários, virtudes que implicavam em facilidade para levar a bola ao ataque. Por isso pôde dar um salto no futebol quando o lateral Roberto Carlos se transferiu do Palmeiras ao Internazionale (ITA). Foi quando o clube foi buscá-lo no Vitória (BA).

A escolha para reposição da vaga do ídolo deu certo, pois logo no primeiro ano de clube, em 1996, já conquistou o título paulista, que se somou à Copa do Brasil e Mercosul em 1998, e a tão perseguida Libertadores na temporada seguinte, nos quatro anos vinculados ao Verdão.

Na crista da onda, foi jogar na Itália durante os primeiros quatro anos do século, vinculado ao Parma, intercalado a curto período de empréstimo ao Siena. Foi quando confessou dificuldade inicial de adaptação, pois os treinadores daqueles clubes priorizavam o lateral marcador.

Exatamente porquê já havia se familiarizado a guarnecer o setor, inicialmente estranhou a obrigatoriedade de atacar quando o São Paulo o resgatou ao futebol brasileiro a partir de 2004. Como quem sabe não desaprende, o rendimento no clube foi tão bom quanto no Palmeiras. E gaba-se das conquistas do tri no Brasileirão e levantar o caneco na Libertadores e Mundial de Clubes, quando o esquema são-paulino em questão era o 3-5-2, que lhe dava liberdade para atacar. Ele ainda jogou no Atlético Mineiro e Goiás, quando pendurou as chuteiras os 37 anos de idade.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Tato era dos tempos dos autênticos ponteiros

Essência do futebol de décadas passadas retratava dois ponteiros com características de buscar o fundo de campo, visando cruzamentos. O centroavante se encarregava de completar jogadas. Meias, denominados ponta-de-lança e armador, pisavam na área adversária para conclusões.

Depois desapareceram os autênticos ponteiros com surgimento de alas, que são laterais com liberdade de avanço, por vezes com jogadas de fundo de campo e cruzamentos visando dois atacantes centralizados, em esquema tático denominado 4-4-2.

Na última década reapareceram atacantes de beirada, não necessariamente com características dos antigos, pois priorizam a diagonal. Assim, o canhoto se posiciona do lado direito e o destro vice-versa. Outra atribuição é ajuda na marcação, para se frear avanços dos laterais adversários.

Na década de 80, quando treinadores ainda escalavam pelo um dos autênticos ponteiros, o Fluminense pôde usufruir de Tato pelo lado esquerdo. Driblador por excelência, ele envolvia marcadores, chegava ao fundo de campo, erguia a cabeça e os cruzamentos visavam o centroavante Washington e meia Assis, dupla de área conhecida como 'Casal 20', encarregada da maioria dos gols da equipe.

Foi assim que o Fluminense conquistou o tricampeonato carioca de 1983 a 85, ocasião em que o clube quebrou hegemonia do Flamengo na competição estadual. O time, com o treinador Carlos Alberto Parreira, também conquistou o Campeonato Brasileiro de 1984 com essa formação: Paulo Victor; Aldo, Duílio, Ricardo Gomes e Branco; Jandir, Delei e Romerito; Assis, Washington e Tato.

Como ponteiros daquela época eram tidos como assessores de goleadores, a maioria quase não ia às redes, e Tato foi um deles. Dos 242 jogos pelo Fluminense até 1988, marcou apenas 18 gols. Também não foi titular absoluto durante aquele período. Por vezes se revezava com Paulinho Carioca na função.

A experiência no futebol espanhol, no Elche, não foi a desejada, o que precipitou retorno ao Brasil, no Vasco, assim como passou pelo Sport, Santos e encerramento da carreira no Coritiba em 1992, clube que se profissionou e seguiu ao Inter (RS) antes da transferência ao Fluminense.

Hoje, aos 59 anos de idade, radicado na cidade natal de Curitiba, é funcionário da Unimed local e identificado pelo nome de nascimento Carlos Alberto de Araújo Prestes.