segunda-feira, 3 de julho de 2023

Oito anos sem o volante e fazendeiro Zito

O 14 de junho passado marcou o oitavo ano da morte do então volante Zito, aos 82 anos de idade, em decorrência de ACV (Acidente Vascular Cerebral). Ele surgiu no Santos na década de 50, e em 1957, como capitão da equipe, adotava o estilo mandão. Se preciso fosse, encararia até Pelé com dedo em riste. Naquele ano o time era formado por Manga; Nilson e Feijó; Ramiro, Formiga e Zito; Tite, Del Vechio, Pagão, Jair (Pelé) e Pepe.

Zito tinha bom passe e de vez em quando fazia alguns golzinhos, três deles na Seleção Brasileira nos exatos 50 jogos que participou. O mais importante foi na virada de placar contra a Tchecoslováquia, na final da Copa do Mundo de 1962, no Chile, no bicampeonato, em time dirigido pelo saudoso treinador Aimoré Moreira, e com Nilton Santos como único remanescente da defesa titular de 1958. O quarteto defensivo de 1962 tinha Djalma Santos, Mauro, Zózimo e Nilton Santos.

Zito foi um colecionador de títulos paulistas no Santos, única camisa que clubes que vestiu. Em 1968 pendurou as chuteiras, após o Santos ter descoberto o seu sucessor: Clodoaldo. E nas histórias sobre a sua trajetória revelava o estilo raçudo, boa marcação e projeção com bola ao ataque, características que possibilitaram ganhar a posição de Dino Sani na terceira rodada da Copa do Mundo de 1958, na Suécia, na histórica vitória por 2 a 0 sobre a então União Soviética, jogo em que Pelé e Garrincha também assumiram a titularidade nos lugares de Dida e Joel, respectivamente.

Zito tinha uma fazenda de 50 alqueires em Pindamonhangaba (SP). E, como pecuarista, calçava botas sete léguas para acompanhar o gado no pasto, antes de o dia clarear. E quando enjoava do cheiro de mato voltava à residência em Santos, e aproveitava a ociosidade para jogar conversa fora no Posto do Lalá, ex-goleiro santista, reduto de boleiros do Peixe das décadas de 50 e 60.

Naquelas conversas torcia o nariz quando o assunto era o surgimento do volante de contenção criado pelo Fluminense em 1964, com Denílson. A moda pegou e hoje é comum os clubes adotarem até três pegadores no setor.

Além de bois e imóveis, a bola deu-lhe uma empresa de artefatos de borracha, com cerca de 100 funcionários, administrada pelo filho Júnior. Zito foi supervisor e diretor do Santos, mas por fim preferiu sombra e água fresca. Afinal merecia.


Nenhum comentário: