segunda-feira, 26 de junho de 2017

Zózimo, um bicampeão

 Caso seja vasculhado em cartórios de registro de nascimento neste país afora, difícil será encontrar no século XXI alguém que tenha sido batizado com o prenome Zózimo. Pois alguém com esse nome integrou a Seleção Brasileira na conquista do bicampeonato Mundial no Chile de 1962, no Estádio Nacional de Santiago, contra a poderosa e já extinta Tchecoslováquia.

 O Brasil ganhou por 3 a 1, de virada, com gols de Amarildo, Zito e Vavá, e contava com esse time comandado pelo saudoso treinador Aimoré Moreira: Gilmar, Djalma Santos, Mauro, Zózimo e Nilton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vavá, Amarildo e Zagalo. Pelé estava machucado e o ponteiro Mané Garrincha carregou o time nas costas naquela competição.

 Bons tempos em que as equipes adotam o esquema tático 4-2-4 e o ponta-de-lança atuava como atacante. Tempos igualmente em que a Tchecoslováquia não havia sido desmembrada em República Tcheca e Eslováquia, e contava com um selecionado forte: Schroif; Lala, Populhar, Pluskal e Novak; Masopust e Scherer; Popichal, Kadrabra, Kvasnok e Selinek. O talentoso daquele time era o meio-campista Masopust, autor do gol que assustou milhões de brasileiros naquela final de competição.
 Bons tempos também em que o Clube Atlético Bangu - do Rio de Janeiro - cedia jogadores à Seleção Brasileira, como Zózimo. O Bangu foi um time respeitado na década de 60. Disputava títulos do Campeonato Carioca.

 Tempos em que ainda se admitia goleiros de estatura mediana como Ubirajara, com pouco mais de 1,70m de altura. A compensação era refletida na boa colocação e agilidade. Naquela época, o Bangu contava com atacantes como Paulo Borges, Ladeira, Parada e Aladim.

 Quis o destino que em 1977 Zózimo morresse precocemente, aos 45 anos de idade, vítima de acidente de automóvel, deixando uma história de quem ganhou a posição de Orlando no selecionado, ao exibir característica elegante de cabeça erguida, nada de chutões para o lado em que o nariz estivesse virado, porém postura de zagueiro forte e estilo ‘carrapato’ na marcação, sem apelar.


 Apesar da estatura de 1,74m de altura, Zózimo ganhava jogadas pelo alto devido à excelente impulsão. Do Bangu ele se transferiu à Esportiva de Guaratinguetá (SP), basicamente como ponte para posterior negociação com o Flamengo. O encerramento de carreira de atleta ocorreu no Sport Boys do Peru, em 1968.

domingo, 25 de junho de 2017

Dois anos sem o volante Zito, do Santos

 Quando o ídolo morre faz-se tremendo estardalhaço. Anos depois ele cai no esquecimento, e o caso não é diferente com José Eli de Miranda, o Zito, volante bicampeão brasileiro pela Seleção e de mundial de clubes no Santos, onde também atuou como supervisor e diretor. Dia 14 de junho passado foram completados dois anos da morte dele, e raríssimas referências foram feitas.

 Zito morreu em Santos aos 82 anos de idade, em decorrência de um ACV (Acidente Vascular Cerebral). Antes de adoecer foi pecuarista que calçava botas sete léguas e acompanhava o gado no pasto em sua fazenda de 50 alqueires em Pindamonhangaba (SP).

 Quando enjoava do cheiro de mato voltava à residência em Santos, para administrar imóveis e empresa de artefatos de borracha, com cerca de 100 funcionários, gerenciada pelo filho Júnior. Igualmente aproveitava a ociosidade para jogar conversa fora no Posto do Lalá, ex-goleiro santista, reduto de boleiros do Peixe das décadas de 50 e 60. Naquela roda, resmungava do surgimento do volante de contenção criado pelo Fluminense em 1964, com Denílson, e copiada pela maioria.

 Claro que exaltava o Santos respeitado mundialmente e vangloriava-se do estilo raçudo para marcação e projeção com a bola ao ataque, virtudes determinantes para ganhar a posição de Dino Sani na terceira rodada da Copa do Mundo de 1958 na Suécia, na histórica vitória por 2 a 0 sobre a então União Soviética.

 Naquele jogo o saudoso treinador Vicente Feola também trocou o ponteiro-direito Joel por Garrincha e Dida por Pelé. Antes, no empate sem gols com a Inglaterra, já havia optado por Vavá no lugar de Mazola, num time que terminou a competição com Gilmar; Djalma Santos, Belini, Orlando e Nilton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vavá, Pelé e Zagallo.

 Zito surgiu no Santos na década de 50, e em 1957 já era o capitão do tipo mandão. Se preciso fosse, encararia até Pelé com dedo em riste. Naquele ano o time era formado por Manga; Nilson e Feijó; Ramiro, Formiga e Zito; Tite, Del Vechio, Pagão, Jair (Pelé) e Pepe. Aquela foi sua única camisa de clube, deixada em 1968 para o sucessor Clodoaldo.


 Ele participou de 50 jogos e três gols pela Seleção Brasileira, o mais importante na virada sobre a Tchecoslováquia, na final da Copa do Mundo de 1962, no Chile. Aos 25 minutos do segundo tempo, Amarildo cruzou e ele, de cabeça, fez 2 a 1.

Marcelo Vitta do Guarani, Vasco e Inter (RS)

 Se hoje clubes de futebol buscam centroavantes como se procura agulha no palheiro, em meados da década de 80 o Guarani se dava ao luxo de contar com Marcelo Vitta na condição de reserva de luxo de Careca, ou em frequentes convocações à Seleção Brasileira de Juniores.

 Na temporada de 83, quatro meses depois de Careca se transferir ao São Paulo, Marcelo também deixou o elenco bugrino após proposta financeira irrecusável. Na época, pessoas endinheiradas contratavam jogadores e repassavam a clube. O industrial Márcio Papa adquiriu o passe de Marcelo, tinha intenção em repassá-lo por empréstimo ao Palmeiras, mas a transação foi vetada. Assim, a transferência foi para o Vasco, ocasião em que ficou como artilheiro da Taça Rio no primeiro ano de clube.

 Na temporada seguinte, Marcelo participou do time vascaíno no triangular final do campeonato estadual, com título conquistado pelo Fluminense, e com participação também do Flamengo. Na época, o time cruzmaltino era formado por Acácio; Donato, Daniel Gonzales, Nenê e João Luiz; Dudu, Giovani e Mário; Mauricinho, Roberto Dinamite e Marcelo.

 Em seguida, após passagem pela Udinese da Itália, ficou cinco anos no Inter (RS), com o bi estadual em 1986-87. No primeiro ano, na vitória por 3 a 1 sobre o Grêmio na final, marcou dois gols e atuou em time formado por Taffarel; Luís Carlos Vinck, Pingo, Mauro Galvão e André Luiz; Ademir, Ademir Alcântara e Ruben Paz; Jussiê, Marcelo e Silvinho.

 A partir de 1991, Marcelo trilhou trajetória descendente em equipes do interior paulista, com encerramento quatro anos depois no Pelotas (RS), já sem intromissão do pai Aristides Vitta, uma pedra no sapato da diretoria bugrina nos anos 80, pois saía frequentemente de Mococa (SP) e chegava de surpresa no Estádio Brinco de Ouro para cobrar reajuste salarial ao filho.


 Marcelo chegou nos juniores do Guarani no início da temporada de 1980 e, ao se destacar, o saudoso treinador Zé Duarte puxou-o aos profissionais. A estreia ocorreu no dia 28 de setembro daquele ano, na vitória sobre o Comercial de Ribeirão Preto em Campinas por 4 a 2, pelo Campeonato Paulista, quando substituiu o finado Jorge Mendonça, num time formado por Birigui; Chiquinho, Júlio César, Edson e Miranda; Edmar, Henrique e Jorge Mendonça (Marcelo Vitta); Capitão (Roldão), Careca e Bozó.

sábado, 3 de junho de 2017

Fio Maravilha, nós gostamos de você

 O cantor, compositor e flamenguista Jorge Ben Jor estava no Estádio Mário Filho, o Maracanã, se deliciando com o seu Flamengo em partida amistosa contra o Benfica de Portugal, em 1972, e engrossou o coro dos rubro-negros que pediram a entrada do atacante Fio Maravilha, na reserva.

 O treinador Zagallo ouviu a massa e mandou o dentuço se aquecer. Conclusão: Fio fez jogada de Pelé e inspirou o compositor - na época conhecido como Jorge Ben - a fazer melodia intitulada ‘Fio Maravilha’, que alcançou as paradas de sucesso das emissoras de rádio do País.

 Veja a letra: ‘Novamente ele chegou, com inspiração. Com muito amor, com emoção, com explosão. Sacudiu a galera aos 33 minutos do segundo tempo. Depois de fazer uma jogada celestial. Tabelou, driblou dois zagueiros. Com um toque driblou o goleiro. Só não entrou com bola e tudo porque teve humildade. Foi um gol de ouro, verdadeiro gol de placa. Que a galera assim cantava. Fio Maravilha, nós gostamos de você. Fio Maravilha, faz mais um pra gente ver’.

      

No Flamengo desde 1966, Fio ficou lisonjeado com a homenagem, e por mais um tempo continuou no clube. E quando a música já não era tão executada, seguiu conselhos de um advogado e processou Jorge Ben Jor, exigindo direitos autorais.

 “Quando um oficial de Justiça chegou em minha casa com a notificação para que comparecesse no Fórum, quase não acreditei”, recordou o cantor, que, com sentença favorável, exigiu que o jogador pagasse honorários de seu advogado.

 Durante tramitação do processo, Fio ouviu duas mulheres cochicharem a seu respeito. “Tá vendo este cara aí atrás”, apontou uma delas. “É o mau caráter que processou o Jorge Ben”.

 Radicado nos Estados Unidos há três décadas, Fio confessou arrependimento e até prestigiou show do artista em San Francisco, em 1996. “Soube que ele ficou na moita”, ironizou Jorge Ben Jor.


 Aos 72 anos de idade, esse mineiro de Conselheiro Pena trabalhou como entregador de pizza nos Estados Unidos antes da aposentadoria. Seu irmão Germano, ponta-esquerda na década de 60, igualmente no Flamengo, se casou com a condessa Giovanna, da Itália, quando foi jogar no Milan, e provocou revolta da família dela, contrária a união de um negro com uma branca. O matrimônio não prosperou, e ele veio jogar no Palmeiras. A morte dele ocorreu em 1997.