domingo, 30 de maio de 2021

Conca, argentino que fez sucesso no Brasil

Em 2019, aos 38 anos de idade, no clube americano Austin Bold F.C., o meia argentino Darío Conca decidiu pendurar as chuteiras, terminando trajetória que no futebol brasileiro foi marcada no Fluminense e Vasco. Depois disso, passou a se dedicar a eventos, palestras, consultoria na gestão da carreira pós-futebol e entretenimento no golfe. Também ficou viciado em redes sociais, e quis o destino que através do twitter fosse criado alvoroço com falsa divulgação de que teria reconsiderado a decisão de aposentadoria e acertado contrato com o Itumbiara, de Goiás.

Até torcedores se darem conta que tratava-se de um primeiro de abril, muitos sonharam em rever aquela técnica refinada para construção de jogadas com a perna esquerda, através dos dribles, condução de bola em velocidade, passes e precisão em cobranças de faltas. Edson Vieira, treinador do São Bento antes do início do Paulistão, também tentou convencê-lo ao desafio, mas a recusa foi sintomática.

Com 1,63m de altura e 63 quilos, o início de carreira de Conca nos argentinos Tigre e River Plate foi de reconhecimento e convocação à seleção nacional de seu país no biênio 2002-2003. E ganhou mais notoriedade quando atuava pelo Universidad Católica do Chile em 2005, na Copa Sul-Americana. Isso despertou interesse do Vasco, que o trouxe dois anos depois. Todavia, na temporada seguinte, quis o destino que se transferisse ao Fluminense, clube em que passou o melhor momento na carreira, culminando com a conquista do título do Brasileirão em 2010, ocasião em que foi premiado como melhor jogador daquela temporada, na Bola de Ouro da Revista Placar.

Na sequência, a carreira de Conca passou a tomar novos rumos, ao intercalar passagens no futebol brasileiro e chinês. Quando chegou no Guangzhou Evergrande em 2011, foi considerado o jogador de terceiro maior salário do planeta, atrás apenas do argentino Lionel Messi, do Barcelona, e o português Cristiano Ronaldo, na ocasião vinculado ao Real Madrid.

A justificativa para se desligar do Shanghai SIPG da China, em 2017, foi falta de estrutura para que se submetesse a cirurgia de joelho e processo de fisioterapia, tendo que arcar com os custos. Por isso concordou em fazer tratamento no Flamengo, clube em que jogou muito pouco, pois em seguida optou por finalizar a carreira no futebol dos Estados Unidos.


segunda-feira, 24 de maio de 2021

Lateral Léo Moura, 22 anos de carreira

 

De Botafogo para Botafogo foi a trajetória de 22 anos de carreira do lateral-direito de Léo Moura, natural de Niterói (RJ). Se os seus primeiros passos no profissionalismo foram no Botafogo do Rio de Janeiro, o encerramento deu-se no final do ano passado no 'foguinho' da Paraíba, aos 42 anos de idade.

Maior parte no futebol foi ligada a clubes do Rio de Janeiro, dez deles no Flamengo, com histórico que supera 500 jogos na agremiação, com registro em duas situações marcantes na temporada de 2009. Inicialmente quando, contrariado pelas vaias da torcida toda vez que pegava na bola, em jogo contra o Náutico no Estádio do Maracanã, evitou comemoração ao marcar o gol de empate por 1 a 1. Ou melhor: aos berros dirigiu-se aos torcedores com palavrões.

Na segunda foi só alegria, pois a equipe havia contrariado todas as expectativas e conquistado o título do Campeonato Brasileiro, na ocasião comandada pelo treinador interino Andrade, e contava, entre os destaques, com o meia iugoslavo Petkovic, de 37 anos de idade, e o centroavante Adriano Imperador, em grande forma.

Ainda no clube, ele foi pentacampeão carioca e conquistou o título da Copa do Brasil. Em 2016, já desligado, ingressou com ação na Justiça Trabalhista, com cobrança de dívida calculada por ele em cerca de R$ 10 milhões, considerando-se horas-extra, adicional noturno e direitos de arena no período de 2011 a 2015. Segundo informações, os cálculos teriam sido feitos com base no salário de R$ 260 mil que recebia.

Além de Botafogo e Flamengo, clubes cariocas como Vasco e Fluminense também desfrutaram do futebol dele, de transição rápida ao ataque e capacidade de infiltração em diagonal em defesas adversárias. Igualmente também fazia recomposição à defesa, e mostrava segurança na marcação.

Em clubes paulistas acusou passagens por Palmeiras e São Paulo. E quando presumia-se que o futebol dele estivesse em decadência pela idade avançada para jogador, foi titular do Grêmio (RS) no triênio a partir de 2017. No Brasil, ainda jogou no Linhares (ES), Santa Cruz (PE), Metropolitano (SC) e integrou a Seleção Brasileira em 2008.

Léo Moura teve experiência internacional até na Índia, com a camisa do GOA, no segundo semestre de 2015. Antes chegou a jogar no Lauderdale dos Estados Unidos, mas fora do Brasil enfrentou dificuldade de adaptação.



segunda-feira, 17 de maio de 2021

Nove anos sem o jogador-treinador Chico Formiga

Este 22 de maio marca o nono ano da morte do jogador-treinador Chico Formiga, aos 81 anos de idade. Quer como zagueiro de Cruzeiro, Palmeiras, Santos e Seleção Brasileira a trajetória foi vitoriosa, e isso se prolongou enquanto treinador de Santos, São Paulo e Corinthians.

Natural da cidade mineira de Araxá, Francisco Ferreira Aguiar iniciou a carreira de atleta no Cruzeiro em 1946, e quatro depois já vestia a camisa do Santos. Em 1955 participou da quebra de jejum de títulos de 20 anos, num time cuja média de gols foi de 3,42 por partida, e formado por Manga; Hélvio e Sarno; Zito, Formiga e Urubatão; Alfredinho, Álvaro, Del Vecchio, Vasconcelos e Pepe.

Já em 1957, transferiu-se ao Palmeiras, em troca que envolveu as idas do meia Jair da Rosa Pinto e o goleiro Laércio Milani ao Santos. Quis o destino que vestisse a camisa palmeirense naquela derrota de 7 a 6 para o Santos, no dia 6 de março de 1958, com 43.068 pagantes no Estádio do Pacaembu.

Eis o Palmeiras da época: Edgar (Vitor); Edson e Dema; Waldemar Carabina, Waldemar Fiúme e Formiga (Maurinho); Paulinho, Nardo (Carabalo), Mazola, Ivan e Urias. Já o Santos contava com Manga; Hélvio e Dalmo; Ramiro, Urubatão e Zito; Dorval, Jair, Pagão (Afonsinho), Pelé e Pepe.

Em 1960, de volta ao Santos, comemorou títulos da Libertadores e Mundial de Clubes em 1962, e a carreira foi encerrada no ano seguinte. Depois, como treinador, fez história no próprio Santos ao conquistar o primeiro título após a ‘era Pelé’ em 1978, como responsável pela formação da geração ‘Meninos da Vila’, como os atacantes Juari, Nilton Batata e João Paulo, e o meia Pita. Eles se juntaram aos experientes meio-campistas Ailton Lira e Clodoaldo.

No São Paulo, em 1981, outro título paulista, com esse time: Waldir Peres, Getúlio, Oscar, Dario Pereyra e Marinho Chagas; Almir, Heriberto e Renato Morungaba; Paulo César Capeta, Serginho Chulapa e Mário Sérgio. Logo, a recompensa com contrato em ‘petrodólares’ na Arábia Saudita, mas como o dinheiro não era tudo, em 1983 voltou ao Santos e em 1987 topou o desafio de dirigir o Corinthians em crise e levá-lo à disputa do título com o São Paulo.

O último gostinho de título foi no América Mineiro, na competição regional de 1993. Depois caiu no ostracismo em clubes como Palestra de São Bernardo e Catanduvense.

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Luvanor, Zé Teodoro e Cacau são astros do passado do Goiás

Quem diria que o E.C. Goiás, que foi quarto colocado do Campeonato Brasileiro de 1996, hoje sequer consegue vaga à fase semifinal do Campeonato Goianos, etapa daquela competição disputada por Aparecidense, Vila Nova, Atlético Goianiense e Grêmio Anápolis. Pois esse mesmo Goiás foi rebaixado no Campeonato Brasileiro da Série A, válido pelo temporada de 2020, e agora vai enfrentar a segunda divisão do futebol nacional.

Quem recuar no tempo e recordar a temporada de 1983 vai constatar um Goiás que arrancava aplausos com time bem ajeitado, quinto colocado no Brasileirão. Daquela leva, quem mais se destacava era o meia Luvanor, estilo clássico e objetivo, que despertou interesse dos italianos do Catânia, sem que lá tivesse a adequada adaptação.

De volta ao Brasil, rodou em equipes como Santos, Bahia, Flamengo, Atlético Mineiro e Inter (RS), antes de voltar ao estado de Goiás e jogar no Vila Nova e Anapolina até 1994. Depois entrou em cena o empresário e pecuarista Luvanor Donizete Borges, até porque a experiência como treinador nas categorias de base no próprio Goiás - e efêmera no profissional - mostraram que não tinha aptidão para comandante de grupo.

Naquele Goiás de 1983 registro para a ala direita através do lateral Zé Teodoro e ponteiro Cacau. O primeiro, de estilo fogoso, tinha facilidade para chegar ao fundo de campo, e por isso transferiu-se ao São Paulo, integrando um quarteto defensivo com Oscar, Dario Pereyra e Nelsinho. Na sequência ainda jogou no Guarani, Fluminense e Criciúma.

Como treinador, Zé Teodoro ainda não conseguiu se firmar, apesar de longa trajetória. Após rápida ascensão em equipes do interior de Goiás, e elogiada trajetória pelo Rio Branco de Americana (SP), projetava-se que pudesse dar um salto na carreira, mas não repetiu a performance quando dirigiu Guarani e Portuguesa.

Cacau foi um ponteiro-direto que chegou ao Corinthians em 1986, aos 23 anos de idade, sem repetir atuações anteriores. À época não conseguiu se adaptar às exigências do então treinador Rubens Minelli, para que acompanhasse avanços de laterais adversários. Assim, prosseguiu a carreira no Athletico (PR), Grêmio e Fluminense, antes de voltar ao Goiás e encerrar a carreira, mas continuou ligado ao futebol na função de analista em rádio e televisão. Além disso, concilia o trabalho de corretor imobiliário.

segunda-feira, 3 de maio de 2021

Nei, ponteiro-esquerdo que entortava laterais

No futebol moderno, equipes adotam marcação atrás da linha da bola, com atacante de beirada canhoto posicionado no lado direito, para que faça a diagonal e finalize com o chamado pé 'bom'. O mesmo se aplica ao destro no lado oposto, procedimento que tolhe as tradicionais jogadas de fundo de campo, no passado executadas por autênticos ponteiros, genuinamente dribladores e velozes, tidos como garçons de centroavantes artilheiros.

Eles eram incumbidos do cruzamentos pra trás, de forma que encontrassem seus companheiros de frente para a bola, visando o cabeceio. E o ponteiro-esquerdo Nei, que marcou época na segunda fase da 'academia do Palmeiras', na década de 70, comemorou títulos do Campeonato Brasileiro, Paulistão, Torneio Mar Del Plata (Argentina), Taça Laudo Natel e Taça dos Invictos em 1972, num time formado por Leão; Eurico, Luís Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu e Ademir da Guia; Edu, Leivinha, César e Nei.

Dono de habilidade rara, Nei entortava marcadores com dribles desconcertantes, principalmente o uruguaio Pablo Forlan, lateral-direito do São Paulo, que rosnava e cuspia nele, para intimidá-lo. E assim, destemido, chegou a Seleção Brasileira em 1976, mas não esconde a frustação de ter ficado de fora da Copa do Mundo de 1974.

A estreia no Palmeiras ocorreu em janeiro de 1972, na goleada por 4 a 0 sobre o Santos, e por lá permaneceu até 1979, com histórico de 490 partidas, 70 gols, e nono atleta com mais jogos na história do clube.

Após isso, foi envolvido em troca com o ponteiro Osni do Botafogo, mas permaneceu apenas três meses em Ribeirão Preto. Aí seguiu para o Grêmio Maringá (PR), com encerramento da carreira em 1983, diagnosticado com problemas na coluna vertebral.

Nei não é o nome dele. Passou a ser usado na juventude devido à semelhança física com o famoso atacante Nei Oliveira do Corinthians. O nome de registro de nascimento é Elias Ferreira Sobrinho, nascido em 15 de agosto de 1949, em Nova Europa (SP), local que trabalhou em padaria e cortador de cana.

Descoberto pelo treinador Vail Motta, Nei ficou apenas quatro meses na categoria juvenil na Ferroviária de Araraquara, quando o saudoso comandante Diede Lameiro o lançou na equipe principal em 1969, para disputar posição com Pio, ponta-esquerda que na sequência foi contratado pelo Palmeiras, que posteriormente também tratou de levá-lo.