segunda-feira, 7 de novembro de 2011


Edson Cegonha, um ex-mulherengo



O maldito Alzheimer castigou e originou mortes dos ex-jogadores Ramos Delgado, Waldemar Carabina, Francisco Sarno, Urubatão e Washington, ex-atacante de Guarani e Corinthians. Agora, desde o dia 20 de outubro, apaga de vez a memória do ex-boleiro Edson Cegonha, que não sabe voltar para a sua casa em Bonsucesso, no Rio de Janeiro.

Na maioria das vezes o drama do Alzheimer começa com a procura de um objeto mantido no lugar costumeiro. Remédio é apenas paliativo para retardar o agravamento da doença.

Mas quem é esse Edson Cegonha? Edson de Souza Barbosa nasceu no dia 20 de junho de 1943, e foi amigo de figurões do meio artístico, entre eles o cantor Roberto Carlos. Décadas passadas, ambos atuaram juntos como atores de cinema.

Boa pinta, elegantemente vestido e 1,85m de altura, despertava atenção da mulherada e havia reciprocidade.

Foi um mulherengo incorrigível. E fruto de relacionamento com a intérprete de samba Beth Carvalho teve uma filha - a atriz Luana Carvalho -, uma dos 11 herdeiros de relacionamentos conjugal ou não. A caçula tem seis anos de idade. Daí o apelido de cegonha.

Originalmente lateral-esquerdo, Edson Cegonha transferiu-se do São Cristóvão ao Corinthians na década de 60. E adaptado como volante, formou notável dupla de meio-de-campo com Rivelino naquele time de 1968 que venceu o Santos por 2 a 0 no Estádio do Pacaembu e quebrou um jejum de 12 anos de títulos. Eis a equipe: Diogo; Osvaldo Cunha, Ditão, Luiz Carlos e Maciel; Edson e Rivelino; Buião, Paulo Borges, Flávio e Eduardo.

No ano seguinte se transferiu ao São Paulo. E com Teodoro absoluto na cabeça-de-área, retornou à lateral-esquerda. Depois, jogou ao lado de Gérson e Pedro Rocha.

CARACTERÍSTICAS

Edson Cegonha desarmava com classe, passava bem a bola, arriscava chutes de longa distância e tinha aceitável aproveitamento no jogo aéreo. Chutão? Nem pensar. Pressionado por adversário, usava as pernas compridas para esconder a bola.

Como bom malandro, nas disputas descaradamente acertava meio gomo da bola e, por extensão, pés de adversários. E com a maior ‘cara de pau’ dizia: “Fui na bola”.

Quando entrava mais duro, virava às costas e saía de perto da jogada, despistando a arbitragem.
Também era dos tais que ‘apitavam’ partidas. Na final do Campeonato Paulista de 1971, jogando pelo São Paulo, induziu o árbitro Armando Marques ao erro, ao citar que Leivinha, do Palmeiras, havia usado a mão em gol legítimo de cabeça. Conclusão: o Tricolor venceu por 1 a 0 e foi bicampeão.
Em 1972 os cartolas do Tricolor optaram por ‘limpeza’ no elenco e Edson entrou na lista de dispensa, ocasião em que se transferiu ao Palmeiras.

Edson Cegonha ainda tentou ser treinador, porém sem sucesso. Também já ‘empresariou’ jogadores.