segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Fidélis, o ‘Touro Sentado’

Fidélis, o                      Talvez uma minoria fez citação ao primeiro ano da morte do lateral-direito José Maria Fidélis dos Santos, que morreu no dia 28 de novembro do ano passado em São José dos Campos (SP), aos 68 anos de idade, após um câncer de estômago durante sete meses.
        Fidélis media, se muito, 1,70m de altura, e esticava o cabelo com brilhantina, um cosmético em forma de pomada, de aspecto gorduroso, usado em larga escala até nos anos 70. E vejam que a brilhantina inspirou até o músico Raul Seixas - já falecido - em letra de composição intitulada ‘Teddy Boy, Rock e Brilhantina’. Eis a citação da primeira estrofe: “Eu quero avacalhar com toda turma de esquina, com meu cabelo cheio de brilhantina”.
                    Fidélis, lateral-direito dos anos 60 e 70, tinha limitações técnicas quando passava do meio de campo. Dele não se esperava um passe alongado, drible ou cruzamento com efeito. Valia-se da força física. Era um implacável marcador, estilo exigido para quem atuasse naquela época na posição, com incumbência de anular antigos ponteiros.
                    Isso foi preponderante para que o treinador Vicente Feola o relacionasse entre os 22 jogadores da Seleção Brasileira à Copa do Mundo de 1966 na Inglaterra. E se lá chegou como reserva de Djalma Santos, saiu como titular quando o treinador modificou toda defesa na terceira partida da primeira fase contra Portugal, escalando Manga, Fidélis, Brito, Orlando e Rildo. As modificações foram infrutíferas e o time perdeu por 3 a 1.
                    Natural de São José dos Campos, nascido em 13 de março de 1944, Fidélis integrou o melhor time do Bangu de todos os tempos em 1966. Aquele elenco protagonizou inesquecível final de Campeonato Carioca, com goleada por 3 a 0 sobre o Flamengo até os 25 minutos do 2º tempo. Uma confusão generalizada entre jogadores, com o flamenguista Almir Pernambuquinho como pivô, resultou no encerramento antecipado da partida.
                  Na época o Bangu mandava jogos até contra grandes clubes do Rio de Janeiro no Estádio Proletário Guilherme da Silva, chamado de Moça Bonita. Se lá já se espremeram 17 mil pessoas no jogo contra o Fluminense em 1949, hoje, por medida de segurança, a lotação não excede 9,5 mil pessoas.
                  Fidélis, que chegou ao Bangu em 1963, estranhou a generosidade do bicheiro Castor de Andrade, patrono do clube e já falecido, que pagava bichos aos atletas até em treinos coletivos. Também assimilou bem o apelido de ‘Touro Sentado’, referência a Tatanka Iyotake, índio norte-americano chefe da tribo dos sioux hunkpapa, que viveu entre os anos 1834 e 1890.
              Em fevereiro de 1969 Fidélis trocou o Bangu pelo Vasco, e foi recompensado com a conquista do título brasileiro de 1974, após vitória por 2 a 1 sobre o Cruzeiro, no Estádio do Maracanã, com 112.993 torcedores presentes.



Em fe

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Seis astros de seleções morrem em 2013


 O ano de 2013 vai embora e deixa a marca de mortes de seis ídolos dos selecionados brasileiro e uruguaio, o caso mais recente do meia Pedro Virgílio Rocha, que morreu no dia 2 de dezembro, sem tempo de completar 71 anos de idade no dia seguinte, vítima de um AVC (Acidente Vascular Cerebral). O também uruguaio Muzurkievcz morreu no dia 2 de janeiro deste 2013.
 Já os bicampeões brasileiros Gilmar, Djalma Santos, De Sordi e Nilton Santos morreram neste segundo semestre e deixaram páginas impagáveis na Seleção Brasileira e clubes que atuaram.
 Pedro Rocha, jogador uruguaio de maior sucesso no futebol brasileiro, disputou quatro Copas ininterruptas, de 1962 a 1974. Ele tinha facilidade para conduzir a bola, o chute era certeiro de média e longa distância, e sabia cabecear.
 Mazurkievcz, 1,80m de altura, o melhor goleiro da Copa do Mundo de 1970, morreu vítima de complicações renais e insuficiência respiratória, após uma semana hospitalizado em Montevidéu. Ele tinha 67 anos de idade, e deve ser lembrado pela elasticidade nos tempos de goleiro, participando das Copas de 1966, 1970 e 1974, e com passagem pelo Atlético Mineiro.
 Em 27 de novembro foi anunciada a morte do lateral-esquerdo Nilton Santos, aos 88 anos de idade. Ele entrou na seleção do século XX - em votação feita por jornalistas no mundo inteiro - por causa de seu estilo clássico, arrancadas ao ataque e eficiência na marcação. Assim, foi identificado como a ‘enciclopédia do futebol’, tendo participado das Copas de 1950 a 1962, e atuou por um só clube: o Botafogo do Rio.
 Djalma Santos morreu no dia 23 de julho aos 84 anos de idade, e deixou uma história marcada pela longevidade no futebol. Jogou na Seleção Brasileira até quando havia completado 37 anos e cinco meses, numa história contada de 1952 a 1966, em 111 jogos.
 Na competição da Suíça, em 1954, foi titular num time formado por Castilho; Djalma Santos e Nilton Santos; Pinheiro, Brandãozinho e Bauer; Julinho Botelho, Didi, Humberto Tozzi, Índio e Maurinho.
 O mês de agosto foi marcado pelas mortes de Gilmar no dia 24 e De Sordi menos de 24 horas depois. Gilmar dos Santos Neves também ganhou notoriedade pelo bi da Libertadores e do Mundial Interclubes no biênio 1962/63, pelo Santos.

 Quanto ao lateral-direito Nilson de Sordi, que se sobressaía na marcação, foi castigado pelo Mal de Parkinson e teve falência múltipla dos órgãos. Aquilo que sempre o intrigou foram acusações de que teria amarelado na final da Copa do Mundo de 1958, quando ficou de fora do time e da foto oficial do título mundial brasileiro contra a Suécia, em decorrência de contusão muscular na fase semifinal contra os franceses. “Levei em conta a temeridade de entrar em campo machucado numa época em que a Fifa não permitia substituição de jogador. Caso arriscasse, podia prejudicar o time”, explicou.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Yustrich, o ‘homão’ encrenqueiro

 Os berros de técnicos de futebol que ecoam pelos gramados são ‘fichinhas’ se comparados aos estilos de disciplinadores como Flávio Costa, Osvaldo Brandão e Yustrich, já falecidos. Num jogo do Vasco contra o América-RJ em 1950, pelo Campeonato Carioca, o meia vascaíno Ipojucan se dirigiu a Flávio Costa, no intervalo, e pediu para sair, com alegação de que não passava bem. Diz a lenda que Flávio Costa, irritado com a derrota parcial por 1 a 0, esbofeteou o jogador e exigiu que continuasse em campo. Conclusão: o Vasco virou o placar para 2 a 1 e Ipocujan ‘deitou e rolou’.

 Dorival Knipel, o Yustrich, teve rico histórico como goleiro do Flamengo nas décadas de 30 e 40, quando conquistou os títulos em 1939 e 1942, o que lhe abriu portas como treinador nos principais clubes do Rio de Janeiro.

 Metido a valentão, Yustrich comprava brigas com jogadores, imprensa e até companheiros de profissão. Ganhou o apelido de ‘homão’ porque era alto e forte. Se inovou ao exigir mesa farta de frutas para boleiros após treinos e jogos, impunha contestável estilo militar no comando dos grupos e arrumava encrencas.

 Em 1971, por exemplo, quando era treinador do Flamengo, barrou o talentoso argentino Doval - já falecido - porque não admitia jogadores de cabelos compridos. Yustrich desconsiderou habilidade, velocidade, boa impulsão e gols daquele ponteiro-direito, um gringo loiro, olhos azuis e que fazia sucesso com a mulherada nas boates da zona sul do Rio de Janeiro. Acreditem: Doval voltou ao futebol argentino por empréstimo e Yustrich - que também tinha ojeriza por barbudos - ficou na Gávea.

 Dois anos antes, Yustrich só escapou da ira do técnico João Saldanha porque não estava na concentração do Flamengo, time que treinava. Saldanha comandava a Seleção Brasileira e já estava desgastado devido ao temperamento igualmente explosivo. E entre o bombardeio de críticas somava-se a de Yustrich, que o caçoou após derrota num amistoso por 2 a 0 para o Atlético Mineiro. E não é que Saldanha, com revólver na cinta, invadiu a concentração do Mengo, em São Conrado, para ajuste de contas! Sorte que o ‘homão’ não estava lá.

 O pior, para Yustrich, estava reservado na década de 70, quando era treinador do Cruzeiro. Peitudo, decidiu substituir Brito durante uma partida e o irado zagueiro tricampeão mundial, ao se aproximar do banco de reservas, atirou a camisa suada no rosto do treinador.

 Claro que Brito saiu correndo! Seria suicídio enfrentar aquele brutamente, mesmo envelhecido. O objetivo de humilhar o ‘homão’ estava consumado.

 Apesar dos métodos rigorosos e polêmicos, Yustrich sempre colocou as equipes que dirigiu nas primeiras posições em diferentes competições. Por isso era requisitado por grandes clubes, sendo que o Atlético-MG foi aquele em que mais se identificou e foi campeão regional em 1977.