segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Adeus ao goleiro Gilmar e lateral De Sordi

 Mais da metade daquele time titular da Seleção Brasileira campeã do mundo de 1958, na Suécia, integra o selecionado do céu. Os últimos ‘reforços’ foram o lateral-direito De Sordi e o goleiro Gilmar, que morreram nos dias 24 e 25 de agosto, respectivamente.

 Gilmar dos Santos Neves ganhou mais notoriedade porque foi bicampeão mundial pelo selecionado em 1958 e 1962.  Devido aos caprichos do futebol, ele chegou ao Corinthians em 1951 como contrapeso na transferência do centro-médio Ciciá, ambos saídos do Jabaquara. E nos dez anos de Timão foi campeão do IV Centenário da cidade de São Paulo em 1954, e não esperava deixar o clube magoado com acusações do então presidente Wadih Helou de simular contusão para facilitar a saída.

 No Santos ele colecionou mais conquistas, como o bi da Libertadores e do mundial interclubes no biênio 1962/63, quando o time tinha um quinteto ofensivo com Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. Na época - acima dos 30 anos de idade - ele foi tido como o melhor goleiro do país. Por fim em 1966, já no final de carreira, Gilmar ainda participou da terceira Copa do Mundo, na Inglaterra, quando dividiu a posição com Manga.

 Quanto ao lateral-direito Nilson de Sordi, foi castigado pelo Mal de Parkinson e teve falência múltipla dos órgãos. E quando gozava de plena saúde havia optado pelo sossego na fazenda da família em Bandeirantes - interior do Paraná - e posteriormente pela vida pacata em João Pessoa, capital da Paraíba, cidade fundada em 5 de agosto de 1585, a segunda mais verde do planeta, superada apenas por Paris, capital da França.

 No futebol, sua aparição deu-se no XV de Piracicaba (SP), onde saiu em 1952 para jogar no São Paulo, aos 18 anos de idade. E aquilo que sempre o intrigou foi ter que repetir a história da final da Copa do Mundo de 1958, quando ficou de fora do time e da foto oficial do título mundial brasileiro em decorrência de uma contusão muscular na fase semifinal, contra os franceses. “Teve gente que falou que eu amarelei. Na verdade levei em conta a temeridade de entrar em campo machucado. Na época, a Fifa não permitia substituição de jogador. Caso arriscasse, podia prejudicar o time”, explicou.

 Terminava ali a trajetória de De Sordi na Seleção Brasileira, com 25 jogos. Depois, ficou no São Paulo até 1965, onde comemorou os títulos do Paulistão de 1953 e 1957, após vitória por 3 a 1 sobre o Corinthians, num time formado por Poy; De Sordi e Mauro; Sarará, Vitor e Ribeiro; Maurinho, Amauri, Gino, Zizinho e Canhoteiro.

 De Sordi sobressaía na marcação. Pouco se atrevia passar da linha demarcatória do meio de campo. Com vigor físico invejável, ganhava a maioria dos duelos com ponteiros e adicionava ainda coberturas no miolo de zaga. Apesar da estatura de 1,71m de altura -, explorava a boa impulsão para rebater bolas de cabeça.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Denílson, um fim de carreira no Vietnã

 O Denílson comentarista de futebol da TV Bandeirantes marcou um estilo sarrista, sem deixar de ser sério. O mesmo Denílson ponteiro-esquerdo que surgiu no São Paulo nos anos 90 foi um driblador só superado pelo lendário Canhoteiro da década de 50, na história do clube. E ele encerrou a carreira de jogador em junho de 2009 da forma mais estranha possível: no Vietnã.

 O contrato com Xi Mang Hai Phong teria duração de seis meses, no entanto se resumiu a um mês. E nada de holerite mensal. O acordo previa pagamento exclusivo de US$ 12 mil por partida disputada e US$ 5 mil por gol marcado. Foi exatamente isso que ele recebeu do clube oriental, justificado por ter realizado uma partida. Ou melhor: menos de 45 minutos, porque deixou o campo contundido.

 O gol marcado foi um delírio para o torcedor vietnamita. Na cobrança de falta a bola teve ‘endereço’ do ângulo, indefensável. Mesmo assim o contrato teve que ser rescindido por causa da lesão, e provavelmente a curta permanência impediu que ele se encorajasse de provar a exótica culinária daquele país, que varia de carne de cachorro a inseto. Logo, preferiu o habitual arroz - produzido em abundância por lá - e frutos do mar com temperos apimentados, prato típico de uma cidade costeira como Hai Phong, com mais de 1,8 milhão de habitantes, que apenas há 13 anos convive com o futebol profissional, a exemplo de todo Vietnã.

 Este 24 de agosto marca o 34º aniversário de Denílson de Oliveira Araújo, que iniciou a trajetória futebolística no São Paulo em 1994, temporada em que conquistou o título da Copa Conmebol em alto estilo, com a goleada por 6 a 1 sobre o Peñarol do Uruguai, num time formado por Rogério Ceni; Pavão, Nelson, Bordon e Ronaldo Luís; Mona, Pereira, Denílson e Catê; Caio e Toninho.

 A Seleção Brasileira entrou na vida dele em 1996 e a imagem mais repetida com a camisa amarela foi num jogo da Copa do Mundo de 2002, quando ficou cercado por sete jogadores da Turquia, exatamente porque havia entrado para prender a bola.

 Quis o destino que Denílson participasse do segundo tempo da partida do penta mundial contra a Alemanha, na vitória por 2 a 0, gols de Ronaldo. Eis o time da época: Marcos; Lúcio, Edmilson e Roque Júnior; Cafu, Gilberto Silva, Kléberson, Ronaldinho Gaúcho e Roberto Carlos; Rivaldo e Ronaldo (Denílson).

 A experiência no exterior começou no Real Betis da Espanha em 1998, na transferência mais cara de jogador brasileiro até então, de US$ 32 milhões, e desgraçadamente ele não teve participação de um centavo daquele negócio, lamentando ter sido ludibriado. E no Betis participou do time rebaixado à segunda divisão espanhola no ano seguinte.

 Fora do país Denílson jogou no Bordeaux da França, Al Nassr da Arábia Saudita e Dallas dos Estados Unidos. Aqui defendeu Flamengo, Palmeiras e Itumbiara de Goiás.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Paulo Emílio, treinador aos 26 anos de idade

 O que difere um treinador que começa a comandar times de futebol aos 26 anos de idade da grande maioria em sua atividade? De certo dirão falta de experiência, mas no caso específico do profissional Paulo Emílio, que precocemente ganhou espaço para treinar times, a resposta é destemor para lançamentos de jogadores jovens.

 O atacante Careca e o meia Gersinho foram exemplos de jogadores que ele lançou no time principal do Guarani aos 16 anos de idade. Isso depois de dar camisa de titular para o lateral Rodrigues Neto também aos 16 anos, o meio-campista Carlos Alberto Barbosa aos 17 e o lateral-direito Rosemiro aos 18 anos de idade.

 Na adolescência, o sonho do mineiro Paulo Emílio era ser jogador de futebol. E a reprovação em teste no juvenil do Atlético Mineiro não o desestimou do objetivo. Com a mudança da família para o Rio de Janeiro, chegou a realizar amistosos na zaga do time principal do Bonsucesso, mas teve que encerrar precocemente a carreira por causa da asma.

 O jeitão bem falante e habilidade para influenciar amigos foi preponderante para que Paulo Emílio cavasse espaço como treinador. Desde então percorreu de Norte a Sul do país durante os 30 anos na função. Tanto esteve em Manaus (AM) dirigindo o Nacional, como comandou o Criciúma (SC). Sair do Paysandu (PA) para aceitar convite de clubes do interior de São Paulo, como Noroeste de Bauru, era coisa normal.

 O auge na carreira de Paulo Emílio foi em 1975, quando comandou a máquina do Fluminense montada pelo então presidente Francisco Horta. De certo o treinador aposentado, de 77 anos de idade, ainda detalha aos vizinhos do bairro Ipanema, no Rio de Janeiro, como aquele timaço do Flu conquistou a Taça Guanabara em 1975, com gol de falta do meia Roberto Rivellino, na prorrogação da decisão contra o América (RJ), com vitória por 1 a 0.

 Qual o time da época? Félix; Toninho, Silveira, Edinho e Marco Antonio; Zé Mário, Cléber e Rivellino; Gil, Manfrini e Zé Roberto. E o público daquele jogo no Estádio do Maracanã foi de 96.035 pagantes.

 Paulo Emílio tinha habilidade para contornar problemas de indisciplina de jogadores através do bom papo. Das jogadas ofensivas ensaiadas, duas foram bem executadas: escanteio de mangas curtas, que consistia em troca de bola na linha de fundo e cruzamento à área adversária, com a natural deslocação de seus jogadores visando o cabeceio. Outra opção era levantamento de bola no primeiro pau, para que alguém a escorasse de cabeça visando o segundo pau, para a complementação de um companheiro.

 Nos últimos anos de carreira, em meados da década de 90, Paulo Emílio trabalhou na Arábia Saudita e Japão. Depois escreveu o livro ‘Futebol, dos Alicerces ao Telhado’, com abordagem de técnicas e metodologia de treinadores, com prefácio do jogador e hoje cronista Tostão.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Miranda, campeão brasileiro pelo Guarani


 
 Neste período de vacas magras do Guarani, enfrentando uma terceira divisão do futebol nacional, seu torcedor se apega na conquista do título inédito do Campeonato Brasileiro em 1978, que ocorreu exatamente no dia 13 de agosto. Portanto, lá se vão 35 anos. Eis os heróis da época: Neneca; Mauro, Gomes, Edson e Miranda; Zé Carlos, Renato e Zenon; Capitão, Careca e Bozó, coordenados pelo treinador Carlos Alberto Silva e professor Hélio Máfia na preparação física.

 Aquele time titular só não contou com Zenon, suspenso, na segunda e decisiva partida no Estádio Brinco de Ouro, com repetição de vitória bugrina por 1 a 0, gol do atacante Careca. Na ocasião ele cedeu lugar para o meio-campista Manguinha, mas na primeira partida da final foi ele quem converteu o pênalti que deu a vitória ao Guarani, no dia 10 de agosto, no Estádio do Morumbi, para um público superior a 100 mil pagantes. Apitou aquele jogo o hoje comentarista de arbitragem Arnaldo César Coelho, que expulsou o goleiro Leão ao desferir cabeçada em Careca, após ter sido provocado.

 O Palmeiras, treinado pelo finado Jorge Vieira, tinha como time base Leão (Gilmar); Rosemiro, Marinho (Beto Fuscão), Alfredo Mostarda e Pedrinho; Ivo (Jair Gonçalves), Toninho Vanusa e Jorge Mendonça; Sílvio, Toninho (Escurinho) e Nei.

 De certo muito dos bugrinos que se ‘digladiam’ com pontepretanos nas redes sociais evocam este título histórico como justificativa da grandeza do clube, e ironicamente usam o bordão de ‘nunca serão’ para provocar os eternos rivais, hoje na elite do futebol brasileiro.

 E quando se recorda daquele time, obrigatoriamente tem-se que destacar o lateral-esquerdo Miranda. Além da boa condição técnica e segurança na marcação, ele tinha a particularidade de desanuviar o ambiente nos momentos desconfortantes com o seu estilo sarcástico. Não havia quem escapasse de suas sacadas.

 Talvez a maioria desconheça dois aspectos ligados ao jogador. Seu nome é Donizete Manuel Onofre e a identificação como Miranda se deu porque foi trazido para treinar no juvenil do Guarani pelo irmão Miranda, que havia passado pelo clube na década de 60, e depois transferiu-se para Corinthians, Fluminense e Botafogo (RJ).

 O Miranda de 1978 era originariamente ponta-direita, e por circunstâncias o treinador Paulo Emílio o improvisou na lateral-direita. Como ele se encaixou tão bem à função, e posteriormente teve que ceder a vaga ao titular Mauro, o jeito foi o remanejamento à lateral-esquerda.

 A passagem de Miranda pelo Galo mineiro, a partir de 1983, foi marcada pela conquista do hexa estadual já na primeira temporada, num time formado por João Leite; Nelinho, Oliveira, Luizinho e Miranda; Toninho Oliveira, Heleno e Marcus Vinícius; Catatau, Reinaldo e Éder. Na sequência, Miranda jogou na Lusa, Avaí, Atlético Paranaense e União de Mogi das Cruzes.