domingo, 26 de março de 2023

Jardel: artilharia, droga e curta carreira política

Estrelato no futebol e salário mensal nas 'nuvens' mexeram com a cabeça do então centroavante Jardel, um dos maiores cabeceadores do futebol brasileiro de todos os tempos, explorando com sabedoria a estatura de 1,88m de altura. Assim, por cinco vezes foi artilheiro do Campeonato Português, com histórico que variou entre 26 a 42 gols em cada temporada. Logo, fez jus ao prêmio Chuteira de Ouro da UEFA como maior artilheiro do futebol europeu em 1999 e 2002, ocasião em que foi identificado como 'Super Mário'.

Paralelamente à glória, o cearense Mario Jardel de Almeida Ribeiro, 50 anos de idade, natural de Fortaleza, ignorou letra da música da música 'Cabeça que não tem juízo o corpo paga', do então conjunto musical Originais do Samba, pois entrou de cabeça nas drogas e, em entrevista à TV Record, fez confissão que quase morreu de overdose após consumo de cocaína, quando vinculado ao Sporting, de Portugal.

Foi o Vasco quem o descobriu ainda nos juvenis do Ferroviário cearense em 1993, e a partir daí o Brasil começou a conferir o excelente aproveitamento dele no cabeceio, situação igualmente desfrutada pelo Grêmio (RS), quando foi artilheiro com 12 gols, durante a campanha do título da Libertadores de 1995.

Transferido ao Porto (POR) na temporada seguinte, foi tricampeão português entre 1996/99. Em 2001, no Galatasaray da Turquia, marcou 24 gols em 22 partidas naquela temporada. De volta a Portugal, já no Sporting, também fez história com registro de 42 gols em 30 jogos na temporada 2001/2002, ocasião que esperava disputar a Copa do Mundo do Japão e Coréia do Sul, mas acabou preterido e aí enfrentou período depressivo.

Entre idas e vindas do exterior, o final de carreira reservou-lhe participação no Ferroviário (CE), Flamengo (PI), até o encerramento da carreira em 2011, no Rio Negro do Amazonas. E pela passagem marcante por Porto Alegre, foi eleito deputado estadual em 2014, com 41.227 votos, mas a sua trajetória parlamentar foi conturbada, ao ser denunciado pelo Ministério Público (RS) por extorquir funcionários e desvio de verbas em benefício próprio.

Desencadeando o processo disciplinar, o mandato dele foi cassado em 2016, pela Comissão de Ética da Assembleia Legislativa Gaúcha. Depois disso voltou a ser notícia ao participar do reality show Big Brother Portugal do ano passado, quando ficou em quinto lugar.

domingo, 19 de março de 2023

André Santos, lateral de grandes clubes e Seleção

No mundo do futebol, se há ex-atletas sempre lembrados pelos feitos em grandes clubes, outros até de maior sucesso caem no esquecimento. Ou melhor: são lembrados em comportamento estranho à maioria, como foi o caso do então lateral-esquerdo André Santos, flagrado quando fazia sexo durante o reality show 'A Fazenda', da TV Record, em 2022, em uma cama de casal, embaixo de um edredom, ao se relacionar com a atriz e modelo Suzi Sassaki, segundo publicação do portal www.mg.superesportes.com.br.

Desinibição à parte, no futebol André Santos, que completou 40 anos de idade no último oito de março, fez carreira de sucesso em clubes como Corinthians, Flamengo, Atlético Mineiro, Grêmio, agremiações européias e Seleção Brasileira de 2009 a 2013, porém sem espaço quando Dunga foi o treinador, e outras novas chamadas pelo sucessor Mano Menezes. Embora paulistano, quis o destino que ele iniciasse e encerrasse a carreira de 16 anos no futebol catarinense, pelo Figueirense, com 'aposentadoria' em 2018.

A técnica apurada para levar a bola ao ataque rendeu-lhe passagens pelas citadas equipes, principalmente o Corinthians a partir de 2008, com ápice na temporada seguinte, na conquista da Copa do Brasil, em ano da chegada do centroavante Ronaldo Fenômeno ao clube.

Na etapa semifinal, o Corinthians arrancou empate por 1 a 1 com o Vasco, no Rio de Janeiro. Como foi registrado zero a zero no jogo da volta, o regulamento o premiou por ter marcado gol no campo do adversário. Já na finalíssima, contra o Internacional, com gols de Jorge Henrique e Ronaldo, o Corinthians venceu por 2 a 0 a partida de ida, em São Paulo, e ficou no empate por 2 a 2 em Porto Alegre, com gols de Jorge Henrique e André Santos, resultado que lhe garantiu o título.

Ainda naquele ano, o Timão foi campeão paulista sobre o Santos, em ocasião que André Santos foi anunciado como reforço do Fenerbahçe da Turquia, que teria pago seis milhões de euros. Depois foi jogar no Arsenal da Inglaterra, e na sequência provocou um vaivém Brasil-exterior, com passagem na Índia pelo FC Goa em 2014, à época treinado pelo ex-craque Zico. Entretanto, na temporada seguinte iniciou a estrada da volta no futebol, com vínculo no Botafogo de Ribeirão Preto (SP) e equipes de segunda divisão do exterior, como o FC Wil 1900 Suíça e Boluspor da Turquia.

domingo, 12 de março de 2023

Adeus ao ex-árbitro Romualdo Arppi Filho

 A morte de Romualdo Arppi Filho no dia quatro de março, ex-árbitro que atuou nas décadas de 60 a 80, remete à reflexão sobre o perfil diferente para se conduzir arbitragem. Ele foi tido como o 'rei dos empates' pela perícia em segurar o jogo, preferencialmente na zona morta do campo, ao anotar faltas hoje desconsideradas pela safra de apitadores que aí está.

Naqueles tempos, era primordial que o árbitro tivesse 'jogo de cintura' para conduzir partidas, pois não eram raros os casos de atletas que partiam para agressão, segurança em estádios era relativa, e histórico de torcedores que invadiam gramados para ameaçá-los foi numeroso.

À época, até dirigentes de clubes os pressionavam assim que chegavam aos estádios, sem segura proteção policial durante o percurso até os vestiários específicos. E trabalhavam num período em que não havia proibição para acesso de rojões aos campos, por vezes atirados em direção deles.

Em 1967, por exemplo, Romualdo passou por apuros e chegou a ser afastado do quadro da Federação Paulista, ocasião em que até optou por desistência da arbitragem, porém com retorno quatro anos depois, e vítima de agressão pelo saudoso treinador João Avelino, então na Portuguesa, em partida contra a Ponte Preta.

Após driblar inconvenientes e avaliar cada circunstância que cercava os jogos, retomou a confiança no apito. Nos clássicos mostrava precisão em lances capitais e autoridade para aplicar cartões, recompensado com elogios. Logo, além de integrar o quadro da Federação Paulista de Futebol, atuou na CBF e participou das decisões do Brasileirão em 1984 e 1985, mas desde 1968 foi árbitro Fifa nos Jogos Olímpicos da Cidade do México, posteriormente de Moscou em 1980 e Los Angeles na temporada de 1984, ano que apitou a final do Mundial Interclubes, com vitória do Independiente sobre o Liverpool por 1 a 0.

No auge da carreira internacional apitou a decisão da Copa do Mundo de 1986, no México, ocasião em que a Argentina, do saudoso Diego Maradona, sagrou-se campeã ao derrotar a Alemanha Ocidental por 3 a 2. E ainda naquela competição, apitou no empate por 1 a 1 entre França e União Soviética e a vitória por 2 a 0 do México sobre a Bulgária.

Romualdo já estava com saúde debilitada e fazia tratamento de problema renal. Ele morreu aos 84 anos de idade, no litoral paulista onde residia, e antes de adoecer trabalhava no ramo imobiliário.

domingo, 5 de março de 2023

Caçapava, volante forte que tinha medo de injeção

Uma das particularidades no futebol do passado era jogador manter ou ganhar apelido. Quando o saudoso volante Luís Carlos atuava pelo juvenil no E.C. Gaúcho de Caçapava do Sul, e foi descoberto em jogo contra o Inter (RS), acharam mais fácil identificá-lo apenas pelo nome da cidade de origem, Caçapava, e assim prosseguiu durante toda carreira de 15 anos, a começar por 1972.

Curioso é que embora fosse atleta de estatura média, de 1,75m de altura, tinha caixa torácica avantajada, cujo estilo de jogo predominante era 'caça' a adversários, por vezes até rústico, mas extremamente emotivo e chorão. Foi assim quando se despediu de seus companheiros de Inter (RS) para jogar no Corinthians, com repetição da experiência ao ser apresentado no novo clube pelo saudoso presidente Vicente Matheus.

No Inter, ninguém entendeu como um atleta tão forte fosse ter medo de tomar injeção, e procurava evitá-la. No clube formou trio de meio de campo com Falcão e Carpeggiani, e posteriormente Batista. Lá também desfrutou do bicampeonato brasileiro no biênio 1975/76, ano em que caiu nas graças da torcida pela implacável marcação sobre Rivellino, na semifinal contra o Fluminense.

Ainda no Inter, participou de quatro títulos regionais, foi chamado pelo falecido treinador Oswaldo Brandão para defender a Seleção Brasileira no biênio 1976/77, até que, ao se transferir ao Corinthians, em 1979, participou da comemoração do título paulista. Em seguida, a pedido de seu ex-treinador do Inter, Rubens Minelli, topou assinar vínculo contratual com o Palmeiras, todavia seguidas lesões e propensão para engordar encurtaram a vida dele por lá. Por ter sido atleta de visibilidade, fez contratos no Vila Nova (GO), Ceará, Novo Hamburgo (RS), até a aposentadoria no Fortaleza (CE).

Registrado como Luís Carlos Melo Lopes, nascido em 26 de dezembro de 1954, Caçapava ingressou na função de treinador e por sete anos, na década de 90, comandou clubes piauienses, entre eles o River e Flamengo-PI, ocasião em que transferiu aos comandados experiência de vida como a dele, que havia herdado do pai a profissão de pintor, e ampliou a dedicação ao se tornar jogador de futebol.

Ele morreu no dia 27 de junho de 2016, aos 61 anos de idade, em sua cidade natal, vítima de infarto, no período em que exercia função de funcionário do Inter e havia engordado bastante.

Roger, ex-lateral que se posiciona politicamente

Há profissionais do futebol que cultivam engajamento político e defendem intransigentemente as suas concepções. É o caso do treinador Roger, que durante eleição à Prefeitura de Porto Alegre de 2020 fez questão de apoiar a campanha da candidata Manuela d'Ávila (PCdoB), que representava ampla frente de esquerda, mas acabou derrotada no segundo turno pelo emedebista Sebastião Melo.

Um ano antes, Roger Machado Marques, natural de Porto Alegre, ainda no comando do Bahia, promeveu o Observatório de Discriminação Racial no Futebol, para promoção da igualdade racial no esporte, assim como recebeu a Medalha Zumbi dos Palmares da Câmara de Vereadores de Salvador (BA), pelo enfrentamento ao racismo.

Se o Juventude (RS) abriu-lhe as portas à função de treinador, há registro de duas passagens pelo Grêmio na função, assim como trabalhou Atlético Mineiro, Palmeiras, Bahia e Fluminense, demitidos em todos eles. Antes, como atleta, a carreira foi iniciada no Grêmio em 1994, na lateral-esquerda, lançado pelo então treinador Luiz Felipe Scolari, em companhia de Danrlei, Emerson, Carlos Miguel e Arilson.

Na base, chegou como ponteiro-esquerdo, mas foi adaptado à nova função para evitar concorrência na posição, em período de turbulência no clube, devido ao rebaixamento à Série B do Campeonato Brasileiro em 1991. E por lá Roger permaneceu por nove anos, identificado como um dos melhores do País naquela década, quer pela eficiência na marcação, quer na desenvoltura de apoiou ao ataque.

Durante o período como titular absoluto até 2003, registrou 404 jogos, quatro gols e títulos do Gaúcho e Libertadores da América em 1995, Campeonato Brasileiro de 1996, Copa do Brasil e Recopa Sul-Americana de 1997, Gaúcho e Copa Sul de 1999, participando de quarteto defensivo formado pelo paraguaio Arce, Rivarola e Adílson Batista e ele, Roger.

Em 2004, justamente quando o treinador Tite se desligou do clube, ele também foi transferido ao Vissel Kobe do Japão, onde ficou durante duas temporadas, porém não escondeu a dificuldade de adaptação, o que provocu retorno ao Brasil em 2006, vinculado ao Fluminense, até que em 2009 assinou contrato com o D.C United dos Estados Unidos, mas problema na região lombar acusado logo na chegada implicou em retorno ao Brasil e encerramento da carreira de atleta. Em abril ele vai completar 48 anos de idade.