sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Paulinho Massariol preferia reserva à improvisação

 Se um treinador optar pela improvisação de um subordinado em outra posição, muito provavelmente a resposta será ‘sim senhor’. E para se resguardar, o dito cujo antecipará justificativa à imprensa que está colaborando, que é um jogador de grupo, etc., etc.

 Que tal uma viagem no tempo e constatar o contraste. Em 1978 o então centroavante Paulinho Massariol, artilheiro daquele Campeonato Brasileiro com 19 gols pelo Vasco, acabou adaptado à ponta-esquerda com o retorno do intocável centroavante Roberto Dinamite, que havia participado da Seleção Brasileira na Copa do Mundo da Argentina.

 Pois Paulinho usou de franqueza no diálogo com o saudoso treinador Carlos Froner, ao recusar improvisação. “Prefiro ficar no banco aguardando a minha vez. Jogando fora de minha posição sei que estou prejudicando a minha carreira, pois não rendo nem 50% de meu futebol. Um ponta-esquerda precisa ir à linha de fundo e essa não é a minha especialidade”.

 Antes da trajetória em Palmeiras e Grêmio, Paulinho passou o segundo semestre de 1980 pela Ponte Preta, quando inicialmente não conseguiu se firmar como titular sob o comando do saudoso treinador Zé Duarte, mas posteriormente acabou efetivado quando Jair Picerni saiu do comando dos juniores para ser efetivado no profissional. E ficou no lucro ao marcar dois gols na goleada por 3 a 0 sobre o Guarani.

 Paulinho não era centroavante rápido, mas sabia proteger a bola de adversários. Aí girava e arriscava finalização de média e longa distância. Explorava o chute forte e pontaria aceitável para fazer seus golzinhos.


 Natural de Piracicaba, interior de São Paulo, ele seguiu os passos do saudoso pai Idiarte Massariol ao vestir a camisa do XV local. O diferencial é que na passagem de três anos de Paulinho, a partir de 1974, foi cobiçado por grandes clubes brasileiros, enquanto Idiarte entrou para a história dos quinzistas como recordistas em partidas: 539, com ênfase nas conquistas do bicampeonato do interior, em 1947 e 1948, e do Torneio Início de 1949.


 Paulo Luiz Massariol, que em abril próximo vai completar 60 anos de idade, radicado em Piracicaba, cuida de sua escolinha de futebol, após tentativa de ingresso na função de treinador. Consta no currículo dele volta ao XV no biênio 1986/87, após experiência no futebol mexicano no Estudiantes Tecos. O encerramento da carreira ocorreu no Vila Nova (GO) em 1989. 

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Brandão, um vencedor sem conhecer tática




Décadas passadas dois perfis de treinadores prevaleceram: estrategista que encaixava as suas equipes e comandante que sabia se impor até sobre jogadores talentosos. O saudoso Oswaldo Brandão, que se encaixava na segunda opção, fez sucesso, mas na passagem pela Ponte Preta em 1978 foi contestado pelo jornalista Brasil de Oliveira - também falecido -, de O Estado de São Paulo, que o acusou de desconhecimento tático.

 Críticos de futebol que reverenciavam Brandão só descobriram posteriormente que as virtudes dele se restringiam à capacidade de motivar comandados, a partir de meados da década de 80. Com o êxodo natural de craques ao exterior e redução de novos talentos, aumentou a exigência de observação do treinador e Brandão começou a sucumbir.

 Difícil foi ele admitir a decadência. Ao ser demitido pelo Palmeiras, num elenco que não ‘decolava’, tentou justificar preconceito por causa dos 65 anos de idade. “Algumas pessoas colocam o velho como algo imprestável. E estão completamente enganadas. Talvez eu seja velho cronologicamente, mas tenho vigor para continuar trabalhando como treinador, e é exatamente o que farei”, disse à época.

 Projeção errada. Perdeu espaço à beira dos gramados para nova geração de profissionais que surgia, e migrou à função de comentarista da TV Record, na equipe do narrador Sílvio Luiz, até adoecer e morrer aos 73 anos de idade em 1989.

 Quando os craques decidiam campeonatos, Brandão conquistou cobiçados títulos. Foi bi do Campeonato Brasileiro no Palmeiras em 1972-73. No São Paulo de 1971 foi campeão estadual. No Corinthians será lembrado pelo título do IV Centenário da Cidade de São Paulo e fim de 23 anos de jejum de título do Campeonato Paulista. Adepto do kardecismo, entrou no quarto do ex-meia Basílio, na finalíssima contra a Ponte, e falou que ele faria o gol do título. Premonição ou psicologia, o certo é que Basílio foi o herói do jogo.

 Ascendência indistintamente sobre comandados propiciou a chegada de Brandão à Seleção Brasileira no Campeonato Sul-Americano em 1957 e Eliminatórias à Copa do Mundo de 1978, em época de rivalidade acirrada de paulistas e cariocas. Ao escalar o lateral-esquerdo Wladimir contra a Colômbia, em Bogotá, no empate sem gols, foi duramente criticado pela mídia do Rio de Janeiro. Depois não resistiu às pressões e caiu.

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Capitão vê a sua Portuguesa no fundo do poço

 Os onze anos como jogador da Portuguesa - durante três passagens - fez do ex-volante Capitão um admirador do clube. A postura de quem deixava o gramado com a camisa ensopada de suor contrasta com a morosidade da equipe atual.

 Reflexo destrutivo do clube é ter que ficar de fora da Série D do Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil de 2018, visto que até na Copa Paulista o time naufragou. Eis aí um triste cenário para quem já foi reconhecido como um dos mais tradicionais clubes de São Paulo.

 Capitão é atleta recordista em atuações com a camisa da Portuguesa, ao totalizar 496 jogos. E fez jus aos aplausos pela típica marcação ‘carrapato’, explorando o vigor físico para desarmar adversários. A liderança nata igualmente permitia ascendência sobre os companheiros.

 Ele participou daquela campanha em que o time foi vice-campeão brasileiro em 1996, com derrota para o Grêmio no Estádio Olímpico. Eis o time: Clemer; Carlos Roberto, Emerson, Marcelo Miguel e Zé Roberto; Capitão, Alexandre Gallo, Caio e Zinho; Rodrigo Fabri e Alex Alves.

 Dois anos depois, no São Paulo, adaptado como quarto-zagueiro, conquistou o seu primeiro título como profissional: o Paulistão. Outro título estadual foi conquistado na temporada seguinte no Grêmio portoalegrense, mas a carreira de quase 20 anos foi marcada por altos e baixos. Na passagem de quatro meses pelo Guarani, em 2000, já não mostrava aquela vitalidade dos tempos de Portuguesa, e seus últimos jogos foram como reserva.

 Da carreira iniciada no Cascavel, inclui passagens ainda pelo Verdy Kawasaki-JAP, Portuguesa Santista, Botafogo (SP), Sport, CSA-AL e Grêmio Mauaense aos 38 anos de idade, quando decidiu encerrá-la.

 Mineiro de Conselheiro Pena, registrado com o nome de Oleúde José Ribeiro, o ex-atleta conta que o apelido de Capitão advém de tentativa frustrada de seus pais homenagearem a capital mundial do cinema, Hollywood.

 Nos tempos de Muricy Ramalho como treinador do São Paulo, ele fez questão de fazer um estágio de comandante de elenco no gramado, e por isso ainda não sepultou os planos de voltar ao futebol como treinador.


 Enquanto isso não acontece, administra sua fazenda em Santa Lúcia, pequena cidade do Paraná, que lhe garante rentabilidade suficiente para seguir com vida confortável. A dedicação ao setor agropecuário passou a ocorreu três anos depois de pendurar chuteiras.

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Alex, craque com personalidade fora de campo

 O curitibano Alexsandro de Souza, o meia Alex, 40 anos de idade, foi singular no anúncio para pendurar as chuteiras: usou o twitter no dia 1º de dezembro de 2014, data que antecedia ao jogo do Coritiba contra o Bahia pela última rodada do Campeonato Brasileiro.

 No comunicado, fez montagem vestindo camisas de Coritiba, Palmeiras, Cruzeiro, Flamengo e Fenerbahçe da Turquia. Pela deferência ao Palmeiras, em março de 2015 realizou jogo de despedida entre amigos no Allianz Parque.

 A singularidade de Alex transcendia os gramados e persiste como comentarista da ESPN. Líder do Bom Senso F.C. - grupo de atletas que reivindicava direitos e melhoria no futebol brasileiro - ousou criticar desmandos da CBF e de se submeter à TV Globo.

 Sem papas na língua, deixou claro que jamais jogaria no Atlético Paranaense, rival do Coritiba. E sobraram críticas a dois treinadores: “Marco Aurélio Moreira foi o pior com quem trabalhei”, comentou, sem esconder a mágoa por ter sido dispensado do Cruzeiro por telefone.

 Outro visado foi o treinador Aykut Kocaman, do Fenerbahce de 2012, que, quando atleta do clube, atingiu 140 gols. Como Alex era substituído seguidamente no segundo tempo, o acusou de receio que o ultrapassasse na artilharia no clube, visto que ele já havia atingido 136 gols. Por fim, após totalizar 185 gols em 378 jogos nos oito anos de futebol turco, Alex foi dispensado.

 Profissionalizado no Coritiba em 1995, Alex marcou 422 gols em 1.034 partidas nos 17 anos de carreira como exímio cobrador de faltas, precisão nos passes, dribles e chutes calibrados. O palmeirense começou a desfrutar dessas virtudes na goleada contra o Fluminense por 4 a 1, em julho de 1997, ratificadas nas conquistas das copas do Brasil e Mercosul em 1998, e Libertadores de 1999 e 2000.

 Em 2000 ele ainda conquistou o Torneio Rio-São Paulo, e saiu por empréstimo ao Flamengo. No retorno, ficou até 2002, em tempo de marcar gol antológico contra o São Paulo, pelo Torneio Rio-São Paulo, Estádio do Morumbi, após ‘chapelar’ Emerson e Rogério Ceni.


 No Parma da Itália não repetiu o desempenho e o Cruzeiro o acolheu em contrato de dois anos, deixando histórico de 121 partidas, 64 gols, e títulos mineiro, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro. A frustração foi ter sido preterido pelo treinador Felipe Scolari na Seleção Brasileira que disputou a Copa do Mundo de 2002.