sábado, 25 de janeiro de 2020

Adeus a Mário Juliatto, discípulo de Cilinho e Rubens Minelli


Adeus a Mário Juliatto, discípulo de Cilinho e Rubens Minelli

 Aos 75 anos de idade, morreu em Valinhos, neste 24 de janeiro, o ex-treinador Mário Juliatto, que convivia com um câncer, mas a saúde ficou debilitada após acidente doméstico, com fratura de fêmur.
Registros sobre a precoce carreira dele enquanto atleta, travada por lesão no joelho, foram feitos pela mídia. Espaços foram ampliados pra mostragem como treinador que fez escala nos juniores até passagem pelo profissional da Ponte Preta.

 O segundo estágio foi como auxiliar técnico do São Paulo, até que surgisse a oportunidade na equipe principal. Juliatto foi auxiliares-técnicos no São Paulo de 1974 a 1979. A promoção ao time principal deu-se após o treinador Rubens Minelli ter aceitado convite para dirigir a seleção da Arábia Saudita. Cogitou-se que o saudoso Oswaldo Brandão pudesse ser o substituto, mas o cargo ficou com Juliatto, que venceu o Guarani por 2 a 0, na estreia.

 Apesar da capacidade de extrair ensinamentos quer de Minelli, quer do saudoso Cilinho - quando trabalharam juntos na Ponte Preta -, Juliatto não suportou pressões após campanha razoável do Tricolor no Paulistão, atrás de Ponte Preta e Ferroviária, e acabou demitido em 1979. Isso abriu espaço para a chegada no Tricolor do então treinador bugrino Carlos Alberto Silva.

 Coube a Juliatto, então, rodagem neste país afora, com finalidade de se firmar como treinador. Do Nordeste ao Sul do país, foi no Inter (RS) que colocou em prática experiências extraídas de Cilinho para mudar jogadores de posições. Em jogo contra a Ponte Preta, com vitória do Inter por 4 a 2, ele decidiu fixar o quarto-zagueiro Mauro Galvão como meia de armação. A justificativa foi o estilo clássico e visão privilegiada de jogo do atletam que gostou da experiência, mas na sequência não foi fixado ali.

 Ainda no Colorado, Juliatto recuou o meia Ademir - vindo do Toledo (PR) - à função de volante. Também havia prometido ao recém-promovido juniores Paulo Santos, ponteiro-direito, 20 jogos seguidos como titular na equipe principal, com justificativa que estava prestando serviço ao futebol brasileiro.

 Se a promessa foi cumprida não se tem a informação, mas esse fatos chamaram atenção da imprensa gaúcha. Mesmo não rompendo a barreira do seleto grupo dos principais treinadores, ele trabalhou em Portugal e Arábia Saudita.

sábado, 18 de janeiro de 2020

Denílson Show, drible no campo e alegria na TV


 Além da língua portuguesa, qual outro idioma o ex-atacante Denílson Show domina relativamente? De certo os seis anos no Betis serviu para falar fluentemente o espanhol. Quando ele deixou o São Paulo, em 1998, a transferência ao clube europeu foi considerada a maior até então, no valor de 32 milhões de dólares, correspondente à época em cerca de R$ 13,2 milhões.

 Em 2003, foi diagnosticado com problema na cartilagem do joelho, com previsão de vida útil como atleta por mais cinco anos. Logo, surgiu o temor de escassearem aqueles dribles estonteantes com mudança de percurso, que deixavam adversários estatelados no gramado. Foi aí que ele confessou ter se preocupado em fazer contratos compensadores, independentemente do país em que estivesse empregado.

 Assim, em 2005 se transformou num cigano da bola, com repasse em clubes europeus e asiáticos. O mínimo indispensável das línguas francesa e inglesa ele falava nas passagens pelo Bordeaux (FRA), Maldlesbrough (ING) e Dallas (EUA). Contudo, quando esteve no Al Nassr teve que recorrer a intérprete árabe.

 No Palmeiras em 2008, imaginou repetir lampejos de dribles, mesmo que nada significasse aquela imagem da Copa do Mundo de 2002, no Japão e Coréia do Sul, que correu o mundo. À época, quatro jogadores turcos tentaram cercá-lo para desarmá-lo, mas apenas o barraram quando um deles cometeu falta.

 Se no Verdão a demonstração já era de jogador decadente, logo previu encaixe no Itumbiara de Goiás. Por sorte, a fama de craque do passado ainda reabriu-lhe portas do exterior como no Kavala da Grécia e vínculo curtíssimo no Xi Máng Phòng do Vietnã, em 2010, quando atuou em apenas um jogo e marcou gol de falta.

 No mesmo ano desligou-se da carreira de atleta, e seu estilo brincalhão casou bem à função de comentarista da TV Bandeirantes durante a Copa do Mundo da Espanha, ao integrar equipe em questão.

 Como caiu no agrado do telespectador, ganhou contrato de integrante fixo no programa 'Donos da Bola', quando divide a bancada com a jornalista Renata Fan. E as frequentes aparições em outros canais permitiu que revelasse a sofrida infância em São Bernardo do Campo (SP), sua cidade natal, e frustração de ter sido proibido de entrar no CT do São Paulo, para se recuperar de lesão. Ele ainda espera que o cantor Beto pague-lhe dívida de R$ 5 milhões, após sentença judicial de 2017.

domingo, 12 de janeiro de 2020

Adeus a Valdir de Morais, goleiro de 1,70m de altura


 Mídia esportiva de décadas passada era menos crítica e mais ufanista. Tinha olhos para realçar virtudes de boleiros e posicionamento discreto aos defeitos. Assim, no bojo do procedimento dos homens de comunicação, o goleiro Valdir Joaquim de Morais entrou para a história com um dos principais da posição de todos os tempos de Palmeiras, entre as décadas de 50 e 60.

 Ele é o foco em questão porque morreu neste 11 de janeiro aos 88 anos de idade, vítima de falência múltipla dos órgãos. Após o AVC sofrido em 2016, ele ainda foi vitimado por fratura no fêmur. Portanto, a família enlutada recebeu condolência de clubes como São Paulo e Corinthians, além do Palmeiras, por ter atuado como preparador de goleiros, função em que foi pioneiro no país em 1973, época em que os clubes raramente admitiam goleiros baixinhos como ele, de 1,70m de altura, e o saudoso argentino José Poy, do São Paulo dois centímetros a mais.

 Que Valdir tinha elasticidade, reflexo e posicionamento invejável, não se questiona. Todavia, como ter confiança para sair da meta socando a bola como o seu pupilo Marcos, nos tempos de Palmeiras? Como esperar que o braço curto de Valdir chegasse à bola para defesas como goleiros da safra acima de 1,90m de altura?

 Nos anos 50 elasticidade contava favoravelmente a goleiros. Por isso o Palmeiras foi buscá-lo no Rener de Porto Alegre em 1958, para que na temporada seguinte sagrasse campeão paulista neste time: Valdir; Djalma Santos, Waldemar Carabina, Aldemar e Geraldo Scotto; Zequinha e Chinesinho; Julinho Botelho, Américo Murolo, Romeiro e Nardo.

 Quatro anos depois, quando o Palmeiras voltou a conquistar título do Paulistão, Valdir sequer ocupou a meta na derradeira partida diante do Noroeste, na goleada por 3 a 0, num time modificado: Picasso; Djalma Santos, Djalma Dias, Waldemar Carabina e Vicente Arenari; Zequinha e Ademir da Guia; Julinho Botelho, Servilho, Vavá e Gildo.

 O último momento gratificante como atleta foi ter integrado o time que três anos depois voltou a conquistar tútulo do Paulistão, na goleada sobre o Comercial por 5 a 1, em Ribeirão Preto: Valdir; Djalma Santos, Djalma Dias, Minuca e Ferrari; Zequinha e Ademir da Guia; Gallardo, Servilho, Ademar Pantera e Rinaldo.

 Também neste janeiro foi registrada a morte de Luís Moraes, o goleiro Cabeção do Corinthians, nos anos 50 e 60, maior parte como reserva.


domingo, 5 de janeiro de 2020

Adeus a Zuíno, do Botafogo goleado por 11 a 0


 Passou despercebido até dos desportistas da velha guarda a morte do ponteiro-direito Zuíno, do Botafogo de Ribeirão Preto (SP) da década de 60, em decorrência de infarto no dia 17 de dezembro passado. Ele estava radicado em Goiânia, tinha 82 anos de idade, e como um fato desencadeia outro, cabe recordar que esteve em campo na estrondosa goleada por 11 a 0 que a sua equipe sofreu para o Santos F.C, quando o seu treinador era o saudoso Oswaldo Brandão.

 Por incontáveis vezes Jesuíno Alberto de Almeida, o Zuíno, teve que descrever a tarde de sábado de 21 de novembro de 1964, pelo Campeonato Paulista, no Estádio da Vila Belmiro, em Santos, quando o endiabrado Pelé marcou oito gols, e ele foi literalmente anulado pelo eficiente marcador Geraldino, lateral-esquerdo.

 Quatorze anos depois, o feito de Pelé foi igualado pelo saudoso ponta-de-lança Jorge Mendonça, no Náutico, na goleada por 8 a 0 sobre o Santo Amaro, que pelo Campeonato Pernambucano perdeu por 14 a 0 do Sport Recife, ocasião em que o centroavante Dario - Peito de Aço - marcou dez gols. E com hábito de se referir a si mesmo na terceira pessoa do singular, o artilheiro justificou a facilidade. “Dadá teria que aproveitar. No time deles os jogadores trabalhavam o dia todo para jogar à noite, tadinhos. Eles comiam sanduíche para jogar. Marcamos sobre pressão, deu câimbra neles, estavam com fome, e aí eu fiz dez gols”, revelou com característico bom humor.

 São raros os cartórios de registro de nascimento que emitem documento com nomes do tipo Abelardo, Boaventura, Raimundo, Benedito, Virgílio e Jesuíno, esse com grafia de Zuíno, em troca do 's' pelo 'z'. Além do Botafogo, ele jogou na Prudentina (SP), América (RJ) e Atlético Goianiense nas décadas de 50 e 60.
Zuíno foi ponteiro-direito que usava velocidade e habilidade para transpor marcação de laterais-esquerdos, levar a bola ao fundo do campo, e se especializar em cruzamentos com efeitos na bola, para cabeceios de centroavantes. No Botafogo, integrou o que muitos consideram o melhor ataque da história do clube, ao lado de Laerte, Antoninho, Henrique Sales e Geo.

 Após encerrar a carreira de atleta em 1969, foi treinador por três anos, quando faturou o título goiano de futebol, para em seguida exercer funções administrativas no Atlético Goianiense até o ano de 1992, quando se aposentou do futebol.