segunda-feira, 10 de abril de 2023

Foi-se o tempo em que apelidos eram aceitos no futebol

Recentemente, integrantes de um veículo de comunicação ficaram abismados ao constatarem que um grande clube escondeu até resultado de jogo-treino, quanto mais permitir acesso a treinos. A rigor, nas últimas décadas muita coisa mudou no futebol, algumas delas positivamente como a implantação do VAR, para dirimir dúvidas sobre lances polêmicos, mas outras por pura frescura.

Hoje, se o atleta chega ao clube identificado pelo apelido, cartolas imploram para que seja chamado pelo nome, preferencialmente composto. Imaginem se hoje mandatários do Flamengo admitiriam um quarto-zagueiro pelo apelido de Onça, como foi o caso do baiano Mário Filipe Pedreira, que lá jogou entre 1968 e 1971, numa defesa que tinha, entre outros, o goleiro Ubirajara e o lateral-esquerdo Paulo Henrique. Onça morreu em setembro de 2017, aos 74 anos de idade.

Nos anos 60, a Ferroviária de Araraquara tinha mania de abastecer grandes clubes de São Paulo. O ponta-de-lança Maritaca, nascido em 1948, chama-se Wilson de Almeida, e registrou passagens por Corinthians, Botafogo (SP) e XV de Piracicaba. Já o lateral-esquerdo Fogueira, que morreu em setembro de 2021, aos 79 anos de idade, acusou passagem pelo Corinthians, e nos seus documentos constavam o nome real de Wanderley Nonato.

Mesma posição e época atuavam os saudosos Ademar Ribeiro, conhecido apenas por Dé, nas passagens por Portuguesa Santista, Palmeiras, Santos e São Paulo, morto em abril de 1992; enquanto o lateral-esquerdo Tenente, titular do São Paulo até 1970, teve nome de nascimento como Valdir Izaú Pereira, falecido em maio de 1996. Ele perdeu espaço no Tricolor com a profissionalização de Gilberto.

Imaginem qual seria a repercussão para um atleta chamado de Sapatão, na atualidade. Pois no Bahia dos anos 70 isso foi visto com naturalidade. Ele morreu em junho de 2020, vítima da Covid-19. No mesmo clube, o recordista de partidas, com 448 aparições, foi o meio-campista Baiaco, nada a ver com o nome Edvaldo do Santos, com carreira encerrada em 1981, no Leônico (BA).

Diferente dos citados, Lance não é apelido do então meia-direita do Corinthians na década de 70. Seu nome é Ernesto Luís Lance, que em janeiro passado completou 74 anos de idade, e teve participação efêmera como treinador. Embora cursasse Educação Física e Jornalismo, tomou rumo empresarial.

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