segunda-feira, 26 de setembro de 2011


Dois pontos por vitória



 Desde que a dona Fifa mudou o critério de pontuação por vitória de clube para três pontos, e o futebol brasileiro o adotou em 1995, os prognósticos descartando essa ou aquela agremiação das primeiras posições ou rebaixamento são arriscados. Vejam que em determinado momento do atual Campeonato Brasileiro da Série B o Bragantino ganhou 19 dos 21 pontos disputados e deu uma arrancada legal.

 Antes da mudança prevaleciam dois pontos em caso de vitória e um ponto para empate, exceto experiências esporádicas que FPF (Federação Paulista de Futebol) e CBF (Confederação Brasileira de Desportos) fizeram.
 Até 1970 contabilizava- se pontos perdidos para efeito de classificação. Os campeonatos estaduais eram disputados no formato de turno e returno, com contagem de pontos corridos. Na época, grandes clubes entremeavam excursões internacionais e competição regional. Santos e Botafogo (RJ) buscavam dólares no exterior e ficavam com jogos atrasados nos campeonatos Paulista e Carioca.

 Claro que não se usava o formato detalhado de número de vitórias, empates, derrotas, gols pró e contra nas tabelas de classificação. Convencionava-se caracterizar que duas ou mais equipes dividiam a liderança ou segundo e terceiro lugares.
 Na década de 70, os chamados clubes pequenos abusavam de retrancas para evitar derrotas em disputas desiguais com os grandes. O Juventus (SP), do técnico Milton Buzetto, abdicava totalmente do ataque. Fixava jogadores em seu campo defensivo e comemorava empate sem gols. Foi uma década de poucos gols e dizia-se que quem fazia o primeiro gol vencia as partidas.
 A escassez de gols preocupou a CBF que, em 1976, decidiu premiar equipes que ganhassem por três gols de diferença, uma goleada. Hoje, a nova escola do jornalismo esportivo tenta mudar esse conceito, considerando goleada até vitória por diferença de dois gols, bastando que o placar seja 4 a 2.
 Não bastasse isso, naquela época as regras do futebol não penalizavam recuo de bola aos goleiros e abuso da "cera". O último homem da defesa tinha recomendação para "matar" as jogadas. Eram as chamadas faltas necessárias e sem punição. Lembra-se?
 A CBF repetiu a experiência de bonificação de pontos no Campeonato Brasileiro de 1978 e isso encorajou o então presidente da Federação Paulista de Futebol, Eduardo Farah, a também buscar alternativas diferenciadas no Campeonato Paulista dez anos depois. Vitória valia três pontos. Empate com gols provocava disputa de pênaltis e o vencedor ficava com o segundo ponto.
 Em 2001, Farah extrapolou. Nenhum jogo poderia terminar sem vencedor. Em caso de empates, a definição seria nos pênaltis. No zero a zero, o vencedor nos pênaltis ganhava um ponto e o perdedor nenhum. Nos empates com gols quem ganhava nos pênaltis levava dois pontos, enquanto o perdedor somava um.