domingo, 27 de agosto de 2023

Danilo, cabeça pensante do Corinthians no Mundial

No futebol, há ex-jogadores que tiveram performances apenas regulares em seus clubes, mas por circunstâncias diversas tiveram e ainda têm espaços até exagerados na mídia, cotados para entrevistas, etc. Isso contrasta com o ex-meia Danilo, o cabeça pensante daquele Corinthians campeão da Libertadores de 2012, com histórico de três gols e participação elogiada na competição.

Danilo também foi decisivo na conquista do Mundial de Clubes, naquela mesma temporada, no Estádio Internacional de Yokohama, na vitória sobre o Chelsea da Inglaterra por 1 a 0, gol anotado pelo peruano Guerrero, durante o segundo tempo, e relembrou a jogada. “Começou lá de trás, foi passando de pé em pé e a bola acabou sobrando para mim que finalizei, houve o rebote do goleiro, com complemento do Guerrero”.

Pela carreira de destaque, até que teve discretas aparições nos meios de comunicação, mas o presidente do Corinthians, Duílio Monteiro Alves, apostou no trabalho dele para iniciar a carreira de treinador da categoria sub-20 a partir de 21 de janeiro de 2022, para que possa transmitir aos seus comandados o aprendizado durante a trajetória enquanto atleta.

Este mineiro Danilo Gabriel de Andrade, de São Gotardo, canhoto de 1,85m de altura, que completou 44 anos de idade em junho passado, iniciou a carreira de atleta em 1996 no Goiás, só saindo em 2004 para jogar no São Paulo, onde ficou por dois anos, período que sagrou-se campeão e vice da Libertadores, antes de transferir-se ao Kashima Antlers do Japão, onde conquistou três títulos.

De regresso ao Brasil em 2009, foi jogar no Corinthians, como partícipe dos dois principais títulos na história do clube: Libertadores e Mundial de Clubes. Foi quando mostrou a sua técnica refinada na organização de jogadas ofensivas, principalmente como assistente em jogadas de gols da equipe.

Na ocasião, em uma das entrevistas, lamentou não ter participado de uma partida sequer da Seleção Brasileira. E continuou em evidência no Corinthians até 2016, quando sofreu grave lesão em treinamento, que implicou em afastamento dos gramados por mais de um ano. E ao passar por cirurgia, teve riscos até de amputar a perna. Na volta, perdeu a condição de titular e ficou no clube até 2018, quando se transferiu ao Vila Nova (GO), com encerramento da carreira de atleta no ano seguinte.

domingo, 20 de agosto de 2023

Há 47 anos, Geraldo morria em cirurgia de amigdalite

Em tempo que se descobre medicamento para baixar a glicemia a níveis normais de diabéticos tipo dois; quando estudos mostram progresso no tratamento da doença de Parkinson; se há avanços no rastreamento de combate a cânceres do colo uterino e de próstata, um giro no tempo, para 26 de agosto de 1976 - portanto há 47 anos -, constata-se tremendo contraste de realidade.

Naquela data morria o ponta-de-lança Geraldo do Flamengo, aos 22 anos de idade, quando se submetia a cirurgia para extrair as amígdalas. Ele foi vítima de choque anafilático, devido à reação de medicamento composto na anestesia, enquanto hoje é possível controle clínico de infecções das amígdalas através da prescrição de antibióticos eficazes e seguros.

Localizada no fundo da garganta, as amígdalas são grandes aliadas do sistema imunológico, pois criam anticorpos e combatem bactérias e vírus que entram no organismo pelo ar, ou pelos alimentos ingeridos. Por serem a primeira barreira de proteção do corpo, estão suscetíveis a infecções, como a amigdalite - inflamação nas amígdalas caracterizada por dores de garganta, dificuldade de engolir e febre.

Mineiro de Barão de Cocais (MG), Geraldo Cleofas Dias Alves foi revelado na base do Flamengo, na geração de ouro do clube comandada por Zico. Ele sequer precisava olhar para a bola para conduzi-la com sabedoria, quer no drible, quer no passe. À época, cronistas cariocas até extrapolaram com projeções do surgimento de um novo Pelé. O defeito incorrigível foi a falta de ambição para finalizar contra metas adversárias. Preferia o passe a companheiro, e isso reflete no retrospecto de apenas 13 gols nas 168 partidas, segundo o almanaque do Flamengo.

Consta do histórico dele o título carioca de 1974, em época que contabilizava-se dois pontos por vitória, e que o Flamengo teve essa formação: Renato; Júnior, Jayme, Luiz Carlos e Rodrigues Neto; Zé Mário, Geraldo e Zico; Paulinho, Édson e Julinho. O auge da carreira foi no biênio 1975/76, com chegada à Seleção Brasileira e disputa da Copa América de 1975, tido como promessa à Copa do Mundo de 1978, na Argentina, mas não deu tempo.

Irônico, tinha o hábito de assoviar quando fazia jogadas de efeito. Logo, o vício lhe rendeu o apelido de Geraldo do Assovio. A família também sofreu desconforto com a morte do irmão dele, sentado numa cadeira de dentista.

domingo, 13 de agosto de 2023

Marcial trocou a função de goleiro pela medicina

O dois de agosto passado marcou o quinto ano da morte do goleiro Marcial que, além de passagens por grandes clubes, também atuou pela Seleção Brasileira. Ele foi vítima de infarto, aos 77 anos de idade, e é lembrado por aspectos curiosos na curta carreira, talvez o principal deles a decisão de abandoná-la aos 26 anos, para completar os estudos na Faculdade de Medicina, se especializando em anestesiologista.

Foi um fato raríssimo na década de 60, época de atleta avesso à escolaridade, e ele se destacava como um dos principais da posição, tanto que em 1963, já no Flamengo, praticou defesa fantástica no empate sem gols com o Fluminense, resultado que garantiu o título estadual ao seu clube, no confronto marcado pelo maior público de todos os tempos do futebol mundial entre equipes, com 177.656 pagantes e 194.063 torcedores no Estádio do Maracanã (RJ).

Era o primeiro ano dele no clube carioca, e a citada defesa foi descrita pelo saudoso jornalista Nelson Rodrigues como passe de mágica: “Ele fez a bola marrom, chutada à queima-roupa por Escurinho, sumir”. Anos depois, em entrevista à Revista Placar, Marcial disse: "Ele [Escurinho] já comemorava o gol quando mostrei a bola à torcida".

Naquele título do Flamengo, ele discordou do valor da premiação aos atletas, postura que resultou em clima constrangedor com dirigentes, mas lá permaneceu até 1965, com 87 atuações, a maioria marcada pela elasticidade nas defesas e precisas saídas da meta.

Aí, seguiu a carreira no Corinthians até o final de 1967, com retrospecto de 83 partidas, 53 vitórias, 13 empates e 17 derrotas. Foi quando decidiu largar a bola para concluir o curso de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, iniciado em 1961 e interrompido ao aceitar convite para defender o Atlético Mineiro, temporada em que saboreou a conquista do título estadual.

Em 1963 fez parte do selecionado mineiro que faturou o Campeonato Brasileiro de Seleções e foi convocado pela primeira vez à Seleção Brasileira, ocasião que atuou em sete partidas pelo Torneio Sul-Americano daquela temporada. Natural de Tupaciguara, interior mineiro, nascido no dia 3 de junho de 1941, Marcial de Mello Castro foi descoberto para o futebol na equipe amadora do Sete de Setembro Futebol Clube, de Belo Horizonte, o que despertou atenção do Atlético Mineiro.

domingo, 6 de agosto de 2023

Corinthians colocou Tite no patamar do futebol brasileiro

O Corinthians foi divisor de água na carreira do treinador Adenor Leonardo Bachi, gaúcho de Caxias do Sul, conhecido na bola apenas como Tite. Foi lá que ele quebrou a barreira de jejum de títulos da Libertadores do clube, quando em confrontos decisivos contra o lendário Boca Junior, da Argentina, empatou em Buenos Aires e ganhou no Estádio do Pacaembu em 2012.

Se o caneco da Libertadores já o havia colocado no pedestal, ele foi além com a conquista do Mundial de Clubes, naquela mesma temporada, ao vencer o Chelsea por 1 a 0 em Yokohama (JAP), ocasião em que surgiram os primeiros rumores para assumir o comando da Seleção Brasileira, fato que ocorreu apenas em 20 de junho de 2016, com confiança da CBF para as Copas do Mundo de 2018 na Rússia e 2022 no Catar, sem que sequer chegasse às finais.

De atleta marcado por seguidas lesões e carreira abreviada em 1989 no Guarani, aos 29 anos de idade, o obstinado Tite procurou se preparar para o desafio na carreira de treinador, e o primeiro passo foi cursar a Faculdade de Educação Física em Campinas. No regresso à cidade natal de Caxias do Sul (RS), se colocou à disposição do mercado e iniciou a trajetória no Grêmio Atlético Guarany, da cidade de Garibaldi.

Depois passou por Caxias do Sul e Grêmio em 2001, que lhe abriu mercado em outros grandes clubes, como o Atlético Mineiro, porém com saída antes da queda do clube, em 2005, à Série B do Brasileiro, substituído por Marco Aurélio Moreira e Lori Sandri. Nem por isso perdeu cotação no mercado, contratado por Palmeiras e posteriormente Al Ain, dos Emirados Árabes, e a partir de 2010 no Corinthians.

Tite iniciou a carreira de atleta no interior gaúcho em 1978, no Caxias, passou pelo Esportivo, até chegada na Portuguesa e Guarani, com trajetória de 1985 a 1989, marcada como volante voluntarioso, 1,84m de altura, de bom desarme, quando encerrou a carreira aos 29 anos de idade, devido às seguidas lesões no joelho, que colocaram-no mais no Departamento Médico que no gramado.

Chegou no Guarani como reserva, mas assumiu a titularidade nas oitavas de final do Brasileiro de 1986, que se estendeu até o início da temporada seguinte, na final contra o São Paulo em Campinas, com empate por 3 a 3 no tempo normal da segunda e decisiva partida, e vantagem são-paulina nas cobranças de pênalti por 4 a 3.

Um outro Zé Maria também fez sucesso no futebol

Há histórias de jogadores que demoram a se deslanchar no futebol, e um deles foi o lateral-direito José Marcelo Ferreira, que o então diretor de futebol da Portuguesa Mário Carvalho insistiu para que ele fosse identificado como Zé Maria, provavelmente projetando, ao sair das categorias de base ao profissional, em 1991, estivesse surgindo um outro Zé Maria, o batizado 'Super Zé' nos tempos de Corinthians.

Só que o piauiense Zé Maria, natural da cidade Oeiras, que neste 23 de julho completou 50 anos de idade, teve carreira oscilante até 1994, nos empréstimos discretos ao Sergipe e Ponte Preta. No retorno à Lusa, começou a mostrar a sua verdadeira identidade futebolística, pela facilidade de arrancar com a bola ao ataque, precisão nos cruzamentos e até finalizações, virtudes que renderam-lhe o prêmio de melhor lateral-direito do Campeonato Brasileiro de 1995, ano do vice-campeonato da Lusa.

Logo, foi aberto o caminho para chegada à Seleção Brasileira, com histórico de 43 partidas até 2001, e conquista da medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, ano que se transferiu ao Flamengo, em tempo de sagrar-se campeão estadual daquela temporada, mas, cobiçado pelo Parma da Itália, 'bateu asas' rapidinho, familiarizando-se com o futebol europeu, embora tenha acusado efêmera passagem pelo Vasco em 1998, com retorno em seguida no Perugia (ITA), até 2004.

O vaivém Brasil/Europa implicou em ainda ter jogado no Palmeiras e Cruzeiro, sem que repetisse o mesmo rendimento. E ainda passou por Internazionale (ITA), Levante (ESP) e Sheffield United (ING).

Em gratidão à Portuguesa, que abriu-lhe as portas, planejou o encerramento no clube em 2008, mas, devido à lesões, só atuou no Paulistão. Aí, com indecisões sobre o rumo a tomar, escolheu a cidade de Campinas (SP) para montar uma rede de lanches rápidos, a ‘Mister Zio’, que não prosperou. Dois anos depois 'bateu o arrependimento' e ele decidiu fechar as portas do estabelecimento.

Logo, decidiu retornar à Itália, fixando residência em Perugia. Abriu uma escolinha de futebol, e colocou em prática o sonho de se transformar em treinador, ao se submeter a um dos mais importantes cursos de formação no mundo. E as primeiras oportunidades surgiram em clubes de divisões inferiores da Itália, a fim de se preparar para desafios maiores.