domingo, 23 de setembro de 2018

Éder, o canhão, trabalha no Galo mineiro


 Éder Aleixo de Assis honrou a tradição dos antigos ponteiros-esquerdos que pegavam forte na bola, como Pepe e Edu Jonas. No auge da carreira, na década de 80, soltava cachões do ‘meio da rua’, metáfora que caracterizava chute de longa distância ao gol adversário.

 Éder colocava efeito na bola, e assim os seus chutes eram mortíferos. Sem velocidade, raramente ia ao fundo de campo, porém tinha bom domínio de bola, escapava de marcadores, e arrancava aplausos ao esticar bola de 40m a outro companheiro. Assim, o colocava na ‘cara’ do gol.

 Esse rico histórico do futebol ele contou à garotada dos juniores do Atlético Mineiro quando participou do departamento, e ensinou segredos para bater na bola. Aí, chamado de professor, a correção era imediata. “Sou apenas o Éder. Nada de seu Éder”.

 Recentemente, promovido aos profissionais na função de auxiliar-técnico permanente, transmite experiência à boleirada que transcende o gramado. Narra seu temperamento explosivo, que resultou em 25 expulsões, a mais danosa em amistoso da Seleção Brasileira, às vésperas da Copa do Mundo de 1986. Na ocasião agrediu injustificadamente um adversário, foi cortado da relação dos convocados, e ficou de fora daquele Mundial, contrastando com a participação de 1982 quando foi titular absoluto e marcou gols na vitória por 2 a 1 sobre a extinta União Soviética e goleada por 4 a 1 diante da Escócia.

 Outra bobeira confessada foi quando ousou enfrentar ladrões armados de revólveres, em defesa de amigo assaltado, e foi vitimado por dois disparos no braço.

 Se hoje ele se rotula um ‘poço’ de humildade, capaz de pegar bola ou chuteira para ser levada a um jogador, no passado nem sempre acompanhava a delegação de retorno à cidade do clube em que estava vinculado. Amigos o esperavam em portas de estádios com o carro importado dele.

 Foi o período de descontrolável assédio das fãs, que o obrigava a se desvencilhar de agarrões. Afinal, além de craque era boa pinta, vestia-se elegantemente, e isso se repetiu nas passagens por Grêmio, Atlético, Palmeiras e Inter (SP). Foi mais discreto quando esteve no Santos, Sport (PE), Botafogo, Cerro Porteño (PAR), Fenerbach (TUR), União de Araras (SP), Monte Claro (MG), Atlético (PR) e Cruzeiro.

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Tostão II fez sucesso no Cruzeiro e Coritiba



Outrora, pessoas exageravam ao caracterizar semelhança de estilos de jogadores revelados com ídolos do passado. Insere-se nesse contexto Luís Antônio Fernandes, 59 anos de idade, natural de Santos, ponta-de-lança comparado erroneamente ao lendário cruzeirense Tostão, advindo, portanto, o mesmo apelido.

 Como o Tostão mineiro havia abandonado o futebol em meados da década de 70, não havia inconveniente chamar o garotão revelado pelo Peixe pelo mesmo apelido. Todavia ele não se firmou no clube e foi repassado ao Catanduvense, Goiás e Mixto de Cuiabá em 1980, despertando interesse do Cruzeiro dois anos depois.

 Dribles em progressão, visão de jogo e facilidade para enfrentar goleiros rendeu-lhe artilharia em dois anos consecutivos no Campeonato Mineiro. Por isso não se explica a transferência ao Coritiba, onde continuou com rendimento aceitável, com declínio na sequência em Atlético Paranaense, Inter de Limeira, XV de Piracicaba, Caldense, Inter de Lages, Rio Branco e Foz do Iguaçu.

 No Coritiba não faltam histórias singulares. O saudoso treinador Urubatão Calvo Nunes proibia atleta de tomar banho antes das partidas, com argumento que atrapalhava o aquecimento. Paradoxalmente, nas primeiras nove partidas na competição regional, o clube perdeu cinco.

 Diferente foi a terapia de grupo do treinador Valdir Espinosa: “Ele botou todo mundo em volta de uma mesa, mandou servir cerveja e perguntou o que estava havendo. Dissemos que estávamos estourados pelo excesso de exercícios físicos, e o ritmo dos treinos físicos diminuiu”, contou.

 No clima de guerra preparado pelo Guarani, na final do Campeonato Brasileiro da Série B de 1991, em Campinas, Tostou relatou que o ônibus do Coritiba foi parado uns 200m do Estádio Brinco de Ouro. “Enfrentamos pressão de seguranças e tivemos que arrombar a porta do vestiário. Lá dentro havia um cheiro insuportável de formol, e nos vestimos perto do túnel. Quando iríamos subir ao gramado, nos deparamos com grade fechada e tivemos que arrombá-la”.

 O Guarani vencia por 1 a 0 quando a arbitragem de José Roberto Wright foi contestada, ao anular gol considerado legítimo do atacante Chicão. Se confirmado, o Coritiba se beneficiaria do empate. Na definição através de cobranças de pênaltis, o Guarani venceu e garantiu acesso ao Brasileirão.

Dez anos sem o zagueiro Moisés


 O pensador Antonio Gomes Lacerda citou que ‘na estrada da vida uns passam deixando saudade; outros, alívio. Pois o saudoso zagueiro Moisés Matias de Andrade deixou saudade aos familiares, porém esquecimento do mundo esportivo quando dos dez anos da morte dele dia 26 de agosto passado.

 A causa da morte, aos 59 anos de idade, foi câncer no pulmão. Nem por isso houve detalhamento se a doença foi decorrente do tabagismo, embora haja registro de que em 90% dos casos as vítimas sejam fumantes. Por sinal, 29 de agosto é o ‘Dia Nacional de Combate ao Fumo’, sem que se registrassem campanhas propagando os malefícios do cigarro.

 Carioca de Rezende, Moisés justificava o apelido de xerife: viril e às vezes violento. Descia o ‘sarrafo’, e raramente era expulso. Ao matar a jogada no nascedouro, atingia meio gomo da bola e tornozelo do adversário. E para ludibriar a arbitragem, o grito era ‘fui na bola’, convencendo condescendentes árbitros a aplicarem cartão amarelo, na maioria das vezes. 
“Zagueiro que se preza não pode ganhar o Belfort Duarte”, referia-se ao prêmio instituído pelo Conselho Nacional de Desportos em 1945, e entregue a atleta que passava dez anos sem ser expulso de campo.

 Nas passagens por Bonsucesso, Vasco, Corinthians, Fluminense, Flamengo, Bangu, Paris Saint-Germain, Belenense, Atlético (MG) e América (RJ) preponderava-se no jogo aéreo. No Timão, de 1976 a 1978, participou da quebra de jejum de títulos de 22 anos em 1977, na final contra a Ponte Preta, neste time: Tobias; Zé Maria, Moisés, Ademir Gonçalves e Wladimir; Ruço, Luciano e Basílio; Vaguinho, Geraldão e Romeu.

 No Vasco, foi campeão brasileiro em 1974. Um ano antes atuou pela Seleção Brasileira no dia 21 de junho contra a União Soviética. E como treinador, a única passagem destacada foi no Bangu em 1985: vice-campeão brasileiro, perdendo a decisão para o Coritiba, nos pênaltis.

 Ele chegou a trabalhar nos Emirados Árabes, mas nos últimos anos de vida preferiu curtir caça submarina e participação mais ativa no Carnaval, ao criar o ‘Bloco dos Piranhas’, com jogadores desfilando vestidos de mulheres pelas ruas da zona norte do Rio de Janeiro.

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Zagueiro Gomes, um exemplo de superação


 Quando desistiu da função de auxiliar técnico - com histórico no Guarani em 2006 - o ex-zagueiro Gomes fixou residência em Campinas, e passou a atuar como representante comercial. Édson Gomes Bonifácio, que neste nove de setembro vai completar 62 anos de idade, é um exemplo de superação, pois da desconfiança inicial chegou à Seleção Brasileira em 1979, durante a Copa América.

 A trajetória de atleta desse capixaba de Vitória foi de 14 anos foi marcada por títulos, os principais do Campeonato Brasileiro de 1978 e 1985 no Guarani e Coritiba, respectivamente.

 No Guarani, a responsabilidade foi substituir Amaral, que havia se transferido ao Corinthians. Ele chegou em 1977 conhecido pelo apelido de ‘Nega’, mas o pedido para identificação pelo nome foi aceito. O segundo desafio foi se aplicar nos treinamentos e ser recompensado pela melhoria considerável de rendimento. Pelo clube ele disputou a Libertadores da América, desligando-se em 1980.

 No Coritiba, não se cansa de elogiar o trabalho do saudoso treinador Ênio Andrade, que extraiu o máximo possível da equipe com aquela formação: Rafael; André, Gomes, Heraldo e Dida; Almir, Marildo e Tobi; Lela, Índio, e Édson.

 Após empate por 1 a 1 no tempo regulamentar e prorrogação, a definição se estendeu às cobranças de pênaltis. Com acerto na primeira sequência de cinco para cada lado, o ‘Coxa’ teve aproveitamento na cobrança alternada através de Gomes, enquanto o Bangu desperdiçou com Ado.

 A carreira foi iniciada no extinto Saad de São Caetano do Sul em 1975 e prolongada até 1989 no Goiás, onde conquistou três títulos do regional goiano. Ele repetiu conquista regional no Sport (PE), assim como constam curtas passagens por Santos, Bragantino e Uberlândia.

 Contratado pelo Corinthians em 1981, o período na reserva recomentou empréstimo ao Criciúma (SC), mas no retorno participou do título paulista da temporada seguinte. Segundo o Almanaque do Corinthians, de Celso Dario Unzelte, ele disputou 71 partidas pelo clube, obtendo 36 vitórias, 24 empates e 11 derrotas. Marcou apenas um gol contra a Portuguesa de Desportos, em 1981.