segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Dez anos sem lateral Ismael e ponta Friaça


 Por outras razões, janeiro de dez anos atrás foi igualmente bravo. Não bastasse a desumanidade de Israel ao matar dezenas de civis - mulheres e crianças - com estúpido bombardeio a palestinos na Faixa de Gaza, o mundo esportivo ficou enlutado com trágico acidente do ônibus que conduzia a delegação do Brasil de Pelotas (RS), provocando três vítimas fatais.

 Naquele mesmo dia 15 de 2009 morreu o ex-lateral-direito Ismael, bicampeão mundial pelo Santos em 1963, e três dias antes o ponteiro-direito Friaça, autor do gol da Seleção Brasileira na fatídica derrota para o Uruguai por 2 a 1, na final da Copa do Mundo de 1950, no Estádio do Maracanã.

 Em Pelotas, comoção pelas mortes do atacante uruguaio Cláudio Milar, ex-Botafogo (RJ); zagueiro Régis, ex-Fluminense; e treinador de goleiros Giovani Guimarães. A delegação retornava a Pelotas após jogo amistoso contra o Santa Cruz, quando o ônibus capotou.

 Em 1949, trágico acidente aéreo matou jornalistas, 18 jogadores e membros da comissão técnica do Torino, da Itália, quando retornavam de Portugal, após jogo amistoso contra o Benfica. Ingleses choraram mortes de integrantes do Manchester United em 1958 em acidente aéreo. O meio-campista Bobby Chalton, sobrevivente, foi um dos destaques da Inglaterra na conquista da Copa do Mundo de 1966.

 Em 1987, o Alianza de Lima (PER) perdeu seu elenco também em acidente aéreo. Em 1993 o Zâmbia ficou sem time às Eliminatórias da Copa do Mundo de 1994, com a explosão do avião. E em novembro de 2016, acidente aéreo vitimou quase toda delegação da Chapecoense.

 A morte do veloz ponteiro-direito Friaça foi diagnosticada por falência múltipla dos órgãos. Ele passou por Vasco, Seleção Brasileira, São Paulo, Ponte Preta e Guarani.

 Naquele janeiro, santistas lamentaram a morte do lateral Ismael Mafra Cabral, jogador de razoável, visto que a defesa santista ficava exposta à época. O estilo do time era atacar, fazia muitos gols, e também sofria.
 Ismael, que morava em Santo André, tinha 70 anos de idade, e começou no Palmeiras em 1956. Depois passou por Ferroviária de Araraquara (SP), Santos, Fluminense, São Paulo e Coritiba. No Santos, chegou a perder a posição para o coringa Lima.

domingo, 27 de janeiro de 2019

Ronaldão se inspirou na música de Jorge Bem Jor

De certo o ex-zagueiro Ronaldão se inspirou na composição do intérprete Jorge Bem Jor intitulada ‘Zagueiro’, para praticá-la nos tempos de São Paulo, décadas passadas. Na música, sugere-se ‘arrepia zagueiro, limpa a área zagueiro. Tem que ganhar todas as divididas, e não deixar a sobra pra ninguém. Tem que ser dono da área nessa guerra de 90 minutos’.

 O paulistano Ronaldo Rodrigues de Jesus seguiu à risca a orientação, e por isso se sobressaiu no memorável time são-paulino dos anos 90, que conquistou o bi da Libertadores e Mundial de Clubes, nas decisões contra Milan e Barcelona, respectivamente.

 Foi o período de o São Paulo tido como campeão dos campões, pois em cinco anos ‘papou’ ainda quatro Campeonatos Paulistas, duas Copas do Brasil, duas Recopa Sul-Americana e um Campeonato Brasileiro, tendo time base - com pequenas alternâncias - formado por Zetti; Cafu, Válber (Adilson), Ronaldão e Ronaldo Luís (André Luís); Pintado (Doriva), Dinho, Cerezo e Raí (Leonardo); Muller e Palhinha (Juninho).

 Como os ventos sopravam favoravelmente para Ronaldão, teve sorte de ser chamado - de última hora - para integrar a Seleção Brasileira à Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, com o corte do então zagueiro Ricardo Gomes, lesionado. E com a valorização dos jogadores após a conquista do tetracampeonato, ele foi integrar o Shimizu S-Pulse do Japão naquele mesmo ano, retornando na temporada seguinte, no Flamengo.

 Ronaldão fazia uso da caixa torácica avantajada para se impor em duelos com atacantes. No jogo aéreo era quase intransponível ao aliar boa impulsão à estatura de 1,87m de altura. Por isso ainda teve espaço no Santos, Coritiba, e por fim a Ponte Preta, com carreira alongada até 2002, ocasião em que fixou residência em Campinas, se identificou com o clube, e por duas vezes atuou como coordenador de futebol, a última no primeiro semestre do ano passado.

 Equilibrado, soube encaminhar o futuro com compra de imóveis, além de atuar como empresário no ramo de látex em fazenda de 20 alqueires na região de São José do Rio Preto.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Douglas ‘rouba’ a cena preparada para Pelé


 O futebol é uma fonte inesgotável de casos curiosos. Quando da inauguração do Estádio Rei Pelé, em 1970, em Maceió (AL), quando o time santista goleou a seleção alagoana por 5 a 0, o árbitro indicado foi o saudoso Armando Marques.

 Tudo estava preparado para que Pelé balançasse as redes pela primeira vez no local, mas o atacante Douglas, do Santos, contou que a bola teimava em não entrar em finalizações do companheiro. “Aí eu fiz o gol, mas o Armando Marques anulou. Na segunda vez não teve jeito. Eu marquei, só que a placa do gol não ficou comigo. Ficou com o ‘rei’, mas tudo bem. Ele merece mais do que eu”.

 Esse paulista Douglas da Silva Franklin em questão raramente desperdiçava chances surgidas, assim como foi considerado um dos melhores atletas dos anos 70 para assistência a goleadores.

 Na trajetória de quatro anos no Santos, inicialmente foi reserva de Toninho Guerreiro, mas, com a transferência dele ao São Paulo, assumiu a titularidade no Peixe, com histórico de 111 gols, além das incontáveis vezes que colocou Pelé na ‘cara’ do gol adversário.

 Apesar de adicionar às virtudes drible seco e arrancadas em velocidade, perdeu espaço no Santos em 1972, com participação ativa na vitória sobre a Ponte Preta por 1 a 0, em Campinas, dois anos antes, quando foi autor do gol em jogo que registrou recorde de público no Estádio Moisés Lucarelli: 28.992 pagantes e 4.236 menores.

 Santos da época? Joel Mendes; Carlos Alberto Torres, Ramos Delgado, Joel e Rildo; Clodoaldo e Lima; Manoel Maria, Douglas, Pelé e Edu.

 No Bahia, seu segundo clube, ainda é considerado ídolo dos torcedores, ao se transformar no segundo maior artilheiro da história com 211 gols, atrás de Carlito com 253. À época formou dupla de ataque com o centroavante Beijoca, com passagem estendida até 1979, após atrito com o saudoso treinador Carlos Froner.

 Depois passou pela Portuguesa, Vitória, Leônico (BA) e Barretos em 1988, quando encerrou a carreira e foi dar aula de educação física em escolas do município. Agora está radicado na Bahia.

Kazu, recordista em longevidade no futebol


 Medicina esportiva indica que massa muscular é feita de proteínas, e à medida que as pessoas envelhecem a capacidade do organismo produzi-las diminui. Todavia, como toda regra tem exceção, pode-se dizer que nipônico atleta Kazu enquadra-se no conceito de raridade.

 Kazuyoshi Miura quebrou todos os recordes imagináveis sobre longevidade no futebol. Em fevereiro de 2017, ele entrou para a história da modalidade como o jogador profissional mais velho em atividade, ao superar o inglês Stanley Matthews, que atuou durante cinquenta anos e cinco dias.

 Stanley foi um ponteiro-direito que integrou o selecionado britânico em 54 jogos, com retrospecto de onze gols. Em 1956, aos 41 anos de idade, participou de partida amistosa contra o Brasil, ocasião em que o saudoso lateral-esquerdo brasileiro Nilton Santos errou na previsão de que não teria dificuldade para marcá-lo, e penou. Stanley morreu em 2000.

 Mais dois recordes foram quebrados por Kazu: atleta mais velho a marcar gol, quando já havia completado 51 anos de idade. Foi em março de 2018, pelo Yokohama, no empate por 1 a 1 com V-Veren Nagasaki. Seis anos antes, aos 45 anos de idade, liberado pelo seu clube para disputar o Mundial de Futsal na Tailândia, superou o japonês Satoru Noda - 44 anos - em longevidade na competição.

 Como o futebol não havia se difundido no Japão em 1982, Kazu veio ao Brasil e participou na base do Juventus. Profissionalizado, rodou por clubes brasileiros como Santos, Palmeiras, XV de Jaú e Coritiba - entre outros -, tido como primeiro jogador japonês a marcar gol no futebol brasileiro.

 Kazu retornou ao Japão em 1990, quando o mercado futebolístico daquele país ficou aquecido com chegada de atletas e treinadores estrangeiros, o principal deles o meia Zico. E durante tentativas do Japão em se classificar à Copa do Mundo - o que ocorreu apenas em 1998 - ele foi protagonista com jogadas de habilidade, velocidade e gols, que o colocaram como maior artilheiro do selecionado com 56 gols em 91 partidas. Ele ainda jogou no Genoa da Itália e Dínamo Zagred da Croácia. Agora ele dá palestra e é comentarista de televisão.

Adílio

Adílio