segunda-feira, 29 de maio de 2023

Tabaco dominava boleiros décadas passadas

Dia Mundial de Combate ao Fumo, criado pela OMS (Organização Mundial de Saúde), é comemorado em 31 de maio. Há uma década, foi divulgado que morrem cerca de 200 mil pessoas a cada ano por causa do cigarro, e felizmente houve conscientização entre atletas sobre os malefícios da preparação física para viciados. Hoje, são raríssimos aqueles que contrariam o indicativo.

Substâncias maléficas do cigarro caem na corrente sanguínea e facilitam acúmulo de gordura, que impedem a circulação correta do sangue no organismo. Consequências: gangrenas - que resultam em amputação de membros - e falta de oxigenação nos órgãos.

Embora alertado até com figuras no formato de caveiras, em invólucros de cigarros, o fumante desafia o risco, como se fosse algo glamoroso de propaganda de televisão do passado. O ex-meia Gerson Nunes de Oliveira, tricampeão mundial pela Seleção Brasileira no México em 1970, então fumante inveterado, gravou comercial da marca de cigarro Vila Rica com slogan que induzia o fumante a levar vantagem em tudo. Ele jamais previa que aquilo se transformaria na ‘Lei do Gerson’, atribuída aos espertões.

O cerco ao tabagismo no Brasil começou em 1971, com proibição de fumar em aviões, ônibus, restaurantes e locais de aglomerações de pessoas. Apesar disso, boleiros como o já falecido atacante Servílio - emérito cabeceador do Palmeiras - assistia parte de jogos preliminares com cigarro entre os dedos.

Seu companheiro e ex-meia Américo Murolo fumava até em intervalos de partidas, no banheiro. O saudoso Sócrates, num jogo do Corinthians em Americana (SP), contra o Rio Branco, apanhou um cigarro do bolso de um amigo, e só após três tragadas o atirou num canto do fosso que dá acesso aos vestiários do Estádio Décio Vitta.

Ex-atletas do Corinthians como os meias Zenon, Douglas e Neto e atacante Casagrande abusavam do tabagismo, assim como o ex-goleiro Marcos, do Palmeiras, em tempo que convivia-se com 'serrotes', como o saudoso meia são-paulino Benê. O ex-lateral-direito Deleu, companheiro de clube e avesso ao fumo, bronqueava quando alguém acendia cigarro perto dele. E nas caronas avisava: “Fedô de cigarro não entra no meu carro”.

Treinadores já falecidos como Oswaldo Brandão, Ênio Andrade e Ébua de Pádua Lima, o Tim, davam mau exemplo ao provocarem fumaceira nos bancos de reservas.

domingo, 21 de maio de 2023

Onze anos sem o treinador Chico Formiga

Se o Corinthians situa-se na zona do rebaixamento do Brasileirão, nesta última semana do mês de maio de 2023, a história mostra que incontáveis vezes soube reagir à crises e dar a volta por cima. Um dos exemplos claros foi em 1987, quando terminou o primeiro turno do Paulistão na antepenúltima colocação, à frente de Bandeirantes de Birigui e Novorizontino, e disparou na pontuação do segundo turno, chegando à final daquela competição, mas se rendendo ao São Paulo, que ficou com o título.

A árdua missão de fazer o time corintiano pontuar coube ao saudoso treinador Chico Formiga, que embalou sequência de vitórias. A rigor, ele havia enfrentado e vencido situação igualmente desconfortante ao assumir pela primeira vez o comando dos profissionais santistas em 1978, após noite de quebradeira no Estádio do Pacaembu, quando cerca de 20 mil santistas se revoltaram na derrota por 2 a 1 para o Operário de Campo Grande (MS), pelo Campeonato Brasileiro, e tiveram ousadia de enfrentar policiais.

Ainda naquela temporada, ao apoiar a garotada batizada de 'Meninos da Vila', como Pita, Juary, Nílton Batata e João Paulo, entre outros, levou a equipe à conquista do título paulista. E o sucesso se estendeu no São Paulo em 1981, quando conquistou o título paulista, num timaço com Waldir Peres; Getúlio, Oscar, Dario Pereyra e Marinho Chagas; Almir, Heriberto e Renato Morungaba; Paulo César Capeta, Serginho Chulapa e Mário Sérgio.

Logo, a recompensa do trabalho foi um contrato em ‘petrodólares’ na Arábia Saudita, até que em 1983 já estava novamente no Santos, e 'andança' por outros clubes, como o América Mineiro no título regional de 1993, Palestra de São Bernardo e Catanduvense. Isso associado à carreira vitoriosa de jogador, a partir de 1950 no Santos, quando de volante clássico foi adaptado à zaga. Sete anos depois foi jogar no Palmeiras, e participou da vitória por 7 a 6 contra o ex-clube em 1958, com 43.068 pagantes no Estádio do Pacaembu.

De volta ao Santos em 1960, o mineiro de Araxá Francisco Ferreira Aguiar participou do período áureo da era Pelé, com títulos da Libertadores e Mundial de Clubes em 1962 e 63, quando deu por encerrada a carreira de atleta. Logo, coube essa recapitulação porque ele levantou um Corinthians em situação idêntica à atual, e que em 22 de maio de 2012, aos 81 anos de idade, o coração dele parou de bater.

domingo, 14 de maio de 2023

Corinthians influencia no símbolo de porco ao Palmeiras

De certo, parte significativa dos palmeirenses desconhece a origem do 'porco' ter se transformado no mascote do clube. Há duas versões para a história. A primeira, sem a devida ressonância, remonta os tempos da Segunda Guerra Mundial, de 1939 a 1945, quando italianos eram chamados sarcasticamente de porcos, e por extensão isso foi associado ao Palmeiras, devido à forte influência daquela colônia no clube.

O segundo e principal motivo foi decorrente da recusa do Palmeiras em abrir exceção ao Corinthians para inscrições de dois jogadores, visando reposição do elenco em fase decisiva do Campeonato Paulista de 1969, devido à perda dos titulares Lidu e Eduardo, mortos em acidente de automóvel no dia 28 de abril daquele ano, na Marginal Tietê, capital paulista.

À época, ambos voltavam de um restaurante após jogo contra o São Bento, quando o veículo Fusca, dirigido pelo então lateral-direito Lidu, recém habilitado, trafegava em trecho de precária iluminação, colidiu em guias jogadas no asfalto, resultando em capotamento. Em consequência, ambos foram arremessados para fora do veículo, vitimados com traumatismo craniano, e tiveram mortes instantâneas. Além disso, pessoas 'desalmadas' que passaram pelo local, mesmo com vítimas estendidas no chão, saquearam relógios, carteiras e demais objetos, antes da chegada da equipe de socorro.

Na ocasião, apesar de os clubes quase que unanimemente concordarem com precedente para abertura de novas inscrições ao Corinthians, o Palmeiras, através de seu presidente Delffino Facchina, foi contra. E aquela postura irritou o saudoso mandatário corintiano Wadih Helu que, ao desabafar, chamou o rival de porco, seguido pelos seus torcedores que, no confronto seguinte entre esses rivais, soltaram um porco no Estádio do Morumbi antes do jogo, e aí o apelido pegou, mas só reconhecido pelo Palmeiras em 1983, quando o símbolo do animal foi adotado devido à adesão de torcidas organizadas do clube, aposentando-se, consequentemente, o anterior: o periquito.

Em outubro de 1986, pela primeira vez foi ouvido na arquibancada da torcida palmeirense o grito 'dá-lhe porco', em duelo contra o Santos. O entusiasmo aumentou na partida subsequente diante do São Paulo, no Estádio do Morumbi, ocasião que torcedores levaram um porco vivo ao gramado, e desfilaram com fantasias e bandeiras do novo mascote.

domingo, 7 de maio de 2023

Valdivia, um craque com a pecha de indisciplinado

Quando o craque tem a sua imagem associada à encrencas, dizem que a carreira dele vai ser encurtada. Todavia, o naturalizado chileno Jorge Luis Valdivia Toro - ídolo no Palmeiras -, também conhecido como El Mago, está aí para desmentir, pois esteve vinculado a clubes por 19 anos, a partir de 2003. Nascido em Maracay, na Venezuela, onde moravam seus pais chilenos, aos três anos de idade a família se mudou para Santiago. E quando completou 18 anos usufruiu da legislação daquele país, para optar pela nacionalidade chilena e brilhar nos juniores do Colo Colo.

Em 2002, o temperamento explosivo dele implicou em agressão a árbitro, que resultou numa suspensão de 16 partidas. Foi quando o seu clube decidiu emprestá-lo a agremiações daquele país e posteriormente ao Rayo Vallecano da Espanha e Servette da Suíça, até que em 2005 fosse reaproveitado.

Na temporada seguinte, já vinculado ao Palmeiras, que desembolsou cerca de R$ 8 milhões pelos direitos econômicos, repetiu o brilhantismo nas jogadas, acompanhado de problemas no gramado. Se durante o processo de ambientação no Brasil passou por período de oscilação, o futebol dele explodiu na temporada seguinte, tanto que ganhou o prêmio Bola de Prata da revista Placar.

Se irritava adversários quando chutava o ar - em vez da bola -, muito pior quando revidava agressões deles, que resultavam em expulsões. Pavio curto, criava atrito com treinadores quando substituído, um deles Luiz Felipe Scolari, o Felipão, quando havia retornado ao clube em 2010, após passagem de dois anos pelo Al-Ain FC da Arábia Saudita, ocasião que recebeu resposta à altura do comandante. “Olhe para mim e veja se estou preocupado. Ele faz o dele e eu faço o meu. Se não está satisfeito, tem duas portas: uma que entra e outra que sai”.

Naquela segunda passagem pelo clube passou apuros em 2012, ao ser vítima de sequestro-relâmpago em São Paulo. Ele e a esposa Daniela Aranguiz ficaram traumatizados, voltaram imediatamente ao Chile, mas foram convencidos a retornar. O desligameno do Palmeiras deu-se em 2015, quando passou a alternar passagens por clubes chilenos e mexicanos, até que em 2022, aos 39 anos de idade, no Necaxa do México, encerrou a carreira e ingressou na função de comentarista esportivo, enquanto se prepara visando a transformação em treinador.


Fabão, zagueiro colecionador de títulos

José Fábio Alves Azevedo, o baiano e ex-zagueiro-central Fabão, foi mais um daqueles boleiros que 'chegavam arrepiando' nas jogadas. Por vezes era até violento, para se impor em seu setor. Assim, colecionou títulos desde o início da carreira em 1998 no Bahia, e posteriormente nas passagens por Flamengo e Goiás. Todavia, foi no São Paulo que participou das conquistas mais expressivas, como Copa Libertadores e Mundial de Clubes de 2005.

Quando foi jogar no Bétis da Espanha, em 2000, e fez companhia ao pentacampeão mundial Denílson - hoje comentarista da TV Bandeirantes - lembra da encrenca com o atacante argentino Gabi Amato, parceiro do próprio time, que só não terminou em pancadaria porque o gringo 'afinou', após mostrar-se valentão. Ele desferiu cotovelada no zagueiro, com consequente revide. Isso gerou áspera discussão e agendamento de briga pra valer no vestiário, ocasião em que Fabão ensaiava partir pra cima, mas o argentino recuou.

Curiosamente, após três anos de São Paulo, a partir de 2004, Fabão disse ter presenciado comportamento inusitado de seu treinador (não revelou o nome) no Kashima Antlers, do Japão. “Em um intervalo de jogo, ele dava tapas nas cabeças dos jogadores, e torci para não chegar do meu lado, e não chegou”.

Após passagem pelo Santos no biênio a partir de 2008, chegou ao Guarani como a principal contratação para o Campeonato Brasileiro da Série A, competição que o clube não disputava havia seis anos, após ter sido rebaixado.

E como a defensiva bugrina capengava naquele primeiro semestre, com retrospecto de 40 gols sofridos em 25 jogos, a projeção era que ele pudesse equilibrar o setor.

A trajetória seguinte foi em clubes médios e pequenos, como Henan Jianye da China, Comercial de Ribeirão Preto, Sobradinho (DF) e Goianésia (GO), para a disputa da Série D do Brasileiro em 2014, aos 38 anos de idade.

Diferentemente daqueles jogadores que migram para outros setores no futebol, Fabão preferiu mudança no ramo de atividade, com justificativa que 'o futebol faz com que você dependa muito dos outros, e isso não me agrada'. Por isso preferiu abrir empresa de construção civil, para edificações de casas e apartamentos. Pelo menos até 2018, disse que para se desestressar praticava a modalidade de artes marciais Kickboxing em Goiânia, cidade que escolheu para fixar residência.