segunda-feira, 28 de janeiro de 2013



Verdão já pediu a benção de frei Cebolinha

 
 Repetidas vezes o Palmeiras tem passado por fases terríveis. Como agora, em 1980 atravessava fase horrorosa. O diferencial da época é que, para afastar a ‘urucubaca’, dirigentes abriram espaço para que frei Cebolinha - um frade franciscano -, entrasse em campo junto com jogadores no Estádio Palestra Itália.

 Frei Cebolinha demonstrava fanatismo pelo Palmeiras. Entre as décadas de 70 e 80 era assíduo frequentador de jogos de seu time, e tinha o hábito de entrar em campo de batina, ocasião em que saudava os torcedores de braços erguidos e fazia o “V” da vitória com as mãos. O frade dizia que abençoaria jogadores e bola, relatou o site oficial do clube, e nem por isso a maldição foi espantada.
 Em uma daquelas ocasiões, dia 14 de setembro de 1980, no Estádio do Morumbi, o Verdão ficou no empate sem gols com o Santos. Por sinal, naquela temporada o Palmeiras foi goleado pelo Flamengo por 6 a 2, no Estádio do Maracanã; 4 a 1 pelo Inter (RS), em Porto Alegre; 3 a 0 pelo Guarani, em Campinas; 3 a 0 diante do XV, em Piracicaba; e 4 a 0 em jogo com o São Paulo, no Estádio do Morumbi. Também perdeu em casa para times pequenos como Ferroviária (2 a 0) e Juventus, Noroeste e Francana, todos por 1 a 0.

 Jogadores como Gilmar, Rosemiro, Sótter, Polosi, Mococa, Pires, Carlos Alberto Seixas, Jorginho, Cesar, Baroninho e Romeu Cambalhota não conseguiram dar a necessária sustentação ao time. Romeu, na época com 30 anos de idade, só foi capaz de dar duas cambalhotas nos únicos dois gols que marcou na passagem de um ano pelo Verdão.
 Nunca mais se teve notícias de frei Cebolinha, mas ligação de padres com clubes faz parte da cultura do futebol. Padre e pai-de-santo.

 Até meados da década de 90, o Bahia tinha um presidente de torcida organizada identificado por ‘Loirinho’, o Lourival Lima dos Santos, que também era chefe de terreiro Por isso em fevereiro de 1989, no Estádio Beira-Rio, ele fez despacho para ‘amarrar’ o time do Internacional naquela final de Campeonato Brasileiro de 1988. Loirinho mudou-se para Teresina, capital do Piauí, em 2002, e morreu em junho de 2011, aos 71 anos de idade.

 Ano passado o Bahia recorreu novamente às forças espirituais para escapar do rebaixamento do Campeonato Brasileiro. Conforme publicação do jornal A Tarde, de Salvador, após ter perdido para o Palmeiras e constatar o agravamento de sua situação, cartolas pediram ao padre Luís Simões, pároco da Igreja da Vitória na capital baiana e torcedor confesso, para benzer o Estádio Pituaçu. Pois o Bahia foi abençoado e escapou da degola.

 Antes disso, a mídia documentou presenças de dirigentes e atletas do Corinthians no santuário do padre Marcelo Rossi, após a conquista da Libertadores, quando a taça foi abençoada durante uma missa em que até o protocolo ecumênico foi quebrado, pois se cantou o hino do Corinthians.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013


Gottardo, carreira de sucesso como zagueiro


 Em 1982 chegou ao Estádio Brinco de Ouro, do Guarani, um rapaz franzino de Santa Bárbara d’Oeste (SP), de 19 anos de idade, que se identificou como o quarto-zagueiro Wilson Roberto Gottardo, trazido pelo dirigente Nivaldo Batagim, do União Barbarense, para fazer testes.

 - Vamos dar uma espiada no moço -, disse o então treinador bugrino Zé Duarte (já falecido), na ocasião atrasado para o treino vespertino do clube.

 Na segunda metade do coletivo Gottardo entrou no time reserva e agradou. Logo, por recomendação do treinador, trataram de acomodá-lo no alojamento do estádio, para que completasse a etapa de teste.

 - Pode contratá-lo - afirmou de forma incisiva Zé Duarte, no breve diálogo com o então diretor de futebol do Guarani Beto Zini.

 Gottardo foi um zagueiro com tempo adequado para a antecipação de jogadas, firmeza na marcação e velocidade para a cobertura. Também aliava à competitividade o estilo clássico, ao fazer a bola sair limpa da defesa.

 Com essas virtudes, logo foi titular no Guarani e formou dupla de zaga com Júlio César, titular da Seleção Brasileira em 1986, ano que em Gottardo se transferiu para o Náutico e deixou a posição no Bugre para Ricardo Rocha, que antes atuava na lateral-direita.

 Com menos de um ano no futebol nordestino, Gottardo foi contratado pelo Botafogo (RJ), onde ficou até 1990 na primeira passagem, coincidentemente após ter conquistado o bicampeonato carioca nas temporadas de 1989-90, formando dupla de zaga com Mauro Galvão.

 Apesar da identificação com a torcida botafoguense, o quarto-zagueiro foi jogar no rival Flamengo em 1991, onde sagrou-se tricampeão carioca, e lá ficou durante dois anos, optando, na sequência, pela experiência internacional no Marítimo de Portugal, em 1994, onde teve vida curta.

 Por isso, não titubeou em voltar ao Botafogo na temporada seguinte, e de maneira triunfal com a conquista do título brasileiro. Foram jogos polêmicos na final diante do Santos, período em que o centroavante Túlio Maravilha e o treinador Paulo Autuori estavam no ‘Fogão’.

 Estranhamente, Gottardo havia se habituado a se desligar dos clubes então vinculados após sagrar-se campeão. Foi assim duas vezes no Botafogo e uma no Flamengo. Por isso, ainda em 1995 transferiu-se ao São Paulo, em tempos de conquistar o título do Mundial de Clubes.

 O final da década de 90 ainda lhe reservou a terceira e última passagem pelo Botafogo, contratação pelo Fluminense e conquista da Libertadores da América pelo Cruzeiro em 1997. Dois anos depois, a carreira de atleta foi encerrada no Sport Recife, com histórico de cinco jogos na Seleção Brasileira.

 Após montar escritório que empresaria jogador de futebol, Gottardo optou pela carreira de treinador desde 2011, no Vila Nova (MG). Ano passado ele trabalhou no Bonsucesso (RJ).

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013


 
Márcio Rossini, um grosso na Seleção Brasileira

 
 Em 1983 era natural repórteres opinarem em texto basicamente informativos, e o jornalista Marco Aurélio Borges, da revista Placar, não hesitou em chamar o zagueiro santista Márcio Rossini de grosso quando Carlos Alberto Parreira era treinador da Seleção Brasileira e convocou o jogador para um giro à Europa.

 Trecho daquela reportagem citava que ‘nem entre os mais fanáticos não faltam aqueles que estranharam a chamada de um zagueiro grosso e violento, como Márcio, e de outro ‘presepeiro’ e mascarado, como Toninho Carlos.

 Rossini grosso? Não era o que falava na época o treinador Chico Formiga - já falecido: “O Márcio me lembra o Belini. Só que um pouco mais ágil. Ele tem a mesma garra, mesma impulsão e mesma personalidade de líder”, exagerava.

 Empolgado com a convocação ao selecionado, Márcio Rossini deixou a humildade de lado e partiu para o auto-elogio: “Acho que a Seleção precisava de alguém que jogasse sem medo de arrepiar quando necessário. Sempre soube que seria o titular”, comentou o zagueiro, na época calejado pelas passagens nas seleções das categorias de base no Sul-Americano no Uruguai em 1978 e Pré-Olímpico no ano seguinte, na Colômbia.

 E quem projetasse que Márcio Rossini decepcionasse naquela excursão ao velho mundo se surpreendeu ao vê-lo marcando até gol contra a Suécia no empate por 3 a 3. Em 1983 o jogador de 1,82m de altura tinha 23 anos e pesava 78 quilos.

 A melhor definição sobre as características do mariliense Márcio Antonio Rossini era uma cópia melhorada do zagueiro Moisés, do Bangu, que não hesitava em deixar marcas das traves das chuteiras em canelas de adversários.

 Na época era comum treinadores irresponsavelmente recomendarem a zagueiros para que batessem da medalhinha pra cima, ou então bordões do tipo ‘passa a bola, mas não passa o adversário’, e ‘é bola ou bolim’.

 Márcio Rossini nem precisava ouvir essas asneiras ou se mirar em jogadores do estilo carniceiro como o também zagueiro Pinheirense - ex-Botafogo (SP), Ferroviária e Náutico - , já falecido, que além de bater zombava de atacantes adversários. “Não vem não. Vai jogar de armandinho”, era o recado de Pinheirense a adversários.

 A característica de zagueiro viril, que chegava à jogada para não perder viagem, era nata de Rossini. Por vezes aplicava pernadas típicas de cartões vermelhos.

 Em 1986 Moisés já havia assumido o comando técnico do Bangu e fez questão de pedir a contratação de um zagueiro que lembrasse o seu estilo. Por isso, quando Márcio Rossini foi contratado e se apresentou no Estádio Moça Bonita, o comandante e não se conteve: “É loiro, alto, forte e mau”, exclamou. “Sou eu”.

 Márcio Rossini ficou três anos no Bangu, com histórico de 138 partidas, dois gols e quatro expulsões. A fama de beque malvado ficou mais acentuada quando foi jogar no Flamengo.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013


Mazurkievcz, o goleiro da Copa de 70



 Se até a velha guarda não recorda bem das características do goleiro uruguaio Ladislao Mazurkievcz, que dirá desportista na faixa etária dos trinta e poucos anos de idade, que sequer o viu atuar através da televisão? Aí, ao abrir sites ou folhear páginas de jornais em busca de informações sobre as características do goleiro, o leitor observará curto relato com ênfase sobre a Copa do Mundo de 1970, no México.

 O texto lembra que Mazurkievcz foi o melhor goleiro daquele Mundial, mas paradoxalmente cita um lance em que cometeu erro infantil na cobrança de tiro de meta, Pelé ficou com a bola, e quase o surpreendeu em finalização de longa distância. E ainda há descrição de lance em que Pelé deu drible de corpo no goleiro uruguaio, mas na finalização a bola passou raspando o poste direito.

 A rigor, o Uruguai tinha um respeitado time na época. O zagueiro era Anchieta, que posteriormente se transferiu ao Grêmio portoalegrense. Cubilla era um meia habilidoso e organizador, enquanto Pedro Rocha atuava como meia-direita e sabia fazer gols. Essa patota era comandada pelo treinador Hohberg.

 Mazurkievcz morreu no dia 2 de janeiro, vítima de complicações renais e insuficiência respiratória, após uma semana hospitalizado em Montevidéu. Ele tinha 67 anos de idade, e deve ser lembrado pela elasticidade nos tempos de goleiro. Esta agilidade permitia que praticasse defesas cara a cara com o adversário. Com isso pôde disputar as Copas de 1966, 1970 e 1974. Também foi campeão da Libertadores e do mundo atuando pelo Peñarol, do Uruguai, em 1966.

 Muzurkievcz tinha estatura aproximada de 1,80m de altura, e evitava sair do gol em bola cruzadas, característica própria de goleiros argentinos, na época. Por isso o futebol brasileiro tratou de importá-los para correção desse sério problema.

 De lá viram Andradas para o Vasco em 1966, Cejas ao Santos em 1970, e Fillol ao Flamengo em 1984. E virou moda goleiros estrangeiros por aqui. O também uruguaio Maidana vestiu a camisa do Palmeiras entre 1965-66, Mazurkievcz passou pelo Atlético Mineiro por dois anos - a partir de 1972 -, substituído em seguida por Ortiz. Rodolfo Rodrigues teve passagem marcante pelo Santos a partir de 1984, e o chileno Rojas, três anos depois, brilhou no gol do São Paulo.

 Apesar da fama de bom goleiro, o nome de Mazurkievcz não está na relação dos principais atletas da posição que passaram pelo Atlético Mineiro, conforme o site oficial do clube. São lembrados Kafunga, Mão de Onça, Mussula Renato, João Leite e Taffarel. Também o portal UOL, na classificação de ídolos do Galo, faz referências apenas aos goleiros Kafunga, Taffarel e João Leite.

 No Brasil o apelido era Mazurca, mas no Uruguai sempre foi chamado de El Chiquitito. E antes de adoecer trabalhava como preparador de goleiros.