domingo, 29 de novembro de 2020

Já são dez anos sem o zagueiro Ramos Delgado

Este três de dezembro marca o décimo ano da morte do zagueiro argentino Ramos Delgado, na passagem de 1967 a 1972 pelo Santos F.C., quando comparado ao antecessor Mauro Ramos de Oliveira. Ele disputou os Mundiais de 1958 e 1962 pelo selecionado argentino e se impunha pelo estilo clássico. Sabia se antecipar, tomar a bola do adversário e sair jogando com categoria, como fazia o zagueiro Ricardo Rocha, ex-Santa Cruz (PE), Guarani, São Paulo e Seleção Brasileira.

Nos últimos anos de vida, já radicado em seu país, foi diagnosticado como paciente do Mal de Alzheimer, doença degenerativa que implica em perda total da memória em pacientes terminais. Assim, meses antes da morte não identificaria Pelé se lhe mostrassem a foto dele.

Em estado terminal, paciente de Alzheimer perde massa muscular e mobilidade, situação que contrasta com a compleição física vigorosa do período de jogador de José Manuel Ramos Delgado, quando levava a campo a raça argentina. Se o Alzheimer em estágio avançado limita o enfermo a pronúncias de apenas algumas palavras, sem concatenar frases, no auge da carreira ele comandava a defesa aos berros, se necessário.

Ramos Delgado chegou ao Santos no período em que os platinos se transferiam regularmente ao Brasil. A imigração começou a ganhar destaque nos anos 40 quando o Palmeiras foi buscar o zagueiro Luis Villa, de estilo clássico. Em seguida o São Paulo trouxe o meia Sastre, que integrou um ataque formado por Luizinho, Sastre, Leônidas, Remo e Pardal. O time também contava com o futebol elegante do então zagueiro Armando Renganesch, que posteriormente se transformou em treinador. Mesmo destino seguiu o goleiro José Poy, quando abandonou a carreira de jogador do São Paulo.

Na década de 60, na ganância de tentar ganhar a Copa Libertadores da América, o Palmeiras foi buscar em Buenos Aires o ‘matador’ Luis Artime, um emérito cabeceador. No mesmo período passou quase que despercebido no Juventus - clube da capital paulista - o então jogador Cesar Luis Menotti, que posteriormente conquistou o título mundial como técnico da Seleção Argentina na Copa do Mundo de 1978. Na mesma época, o Cruzeiro se garantia na defesa com o futebol eficiente do zagueiro Perfumo, enquanto o Flamengo dependia dos gols do centroavante Doval, que morreu aos 46 anos de idade, em 1991, ao sofrer enfarte fulminante.

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Gil Baiano, outro que jogou depois do 40 anos

Até metade da década de 70 jogadores de futebol eram chamados de veteranos aos 32 anos de idade, e raros eram aqueles que emplacavam 36 anos nos gramados. Medicina esportiva ainda não atravessava processo de evolução e lesões em joelhos implicavam em abandono prematuro da modalidade.

Na virada do século foram incontáveis os atletas que se mantiveram em campo depois dos 40 anos, um deles José Gildásio Pereira de Matos, o lateral-direito Gil Baiano, que em 2002 retornou aos gramados quatro anos após a decisão de pendurar as chuteiras. Ele topou vestir a camisa do Ceilândia, do Distrito Federal, por um ano.

Quando chegou nas categorias de base do Guarani em 1985, o lateral era identificado apenas como Baiano, por ter vindo de Tucano, interior da Bahia. Após a profissionalização, optaram por chamá-lo como Gil Baiano, e assim prosseguiu na trajetória seguinte no Bragantino, clube que conquistou o título do Paulistão em 1990, ano em que chegou à Seleção Brasileira com histórico de sete jogos, um deles em que se orgulha de ter atuado ao lado de Pelé, em partida comemorativa.

Ápice da carreira dele foi no Palmeiras durante o biênio 1993-94, sendo que na primeira temporada já participou da conquista do Campeonato Brasileiro, quando o time ganhou do Vitória (BA) por 2 a 0, dia 19 de dezembro, na final. Eis o time comandado pelo treinador Vanderlei Luxemburgo: Sérgio; Gil Baiano, Antonio Carlos, Cléber (Tonhão) e Roberto Carlos; César Sampaio, Mazinho e Edílson Capetinha; Edmundo, Evair (Sorato) e Zinho.

Curiosamente, ao sair do Palmeiras foi jogar no Vitória, mas a carreira foi marcada por idas e vindas em clubes como Bragantino e Paraná Clube. O estilo de lateral com rápida transição ao ataque e potente chute de pé direito ao gol adversário serviu para que despertasse interesse do futebol português, com passagem pelo Sporting. Ele jogou ainda no Ituano, Comercial de Ribeirão Preto e XV de Piracicaba.

Se pudesse apagaria da carreira a suspensão por seis meses em 1998, devido ao seu exame antidopagem acusar a substância proibida femproporex. Hoje, aos 54 anos de idade completados em três de novembro passado, está aposentado do futebol após atuar em comissões técnicas, com registro de experiências como auxiliar-técnico de Bragantino e Atibaia, e comando do sub-20 do Comercial de Ribeirão Preto.

Luizão

 Luizão

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segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Emerson Sheik, auge da carreira foi no Corinthians

Sheik, o polêmico ex-atacante de grandes clubes do futebol brasileiro, nasceu Marcio Passos de Albuquerque, segundo registro de cartório Nova Iguaçu (RJ), em setembro de 1978, portanto 42 anos de idade. Sabe-se lá por quais motivos passou a ser identificado como Emerson quando se profissionalizou no São Paulo em 1998. E assim fez carreira de dez anos no Japão, Catar, Rennes da França e Al Ain dos Emirados Árabes, sempre com contratos milionários.

Foi quando cansou do mundo fora de suas raízes e resolveu bancar multa rescisória para retorno ao Brasil, abrigado inicialmente pelo Flamengo em 2009, quando o apelido de Sheik foi inevitável devido à naturalidade catariana, tendo inclusive participado de quatro jogos eliminatórios da Copa do Mundo de 2010 por aquele país.

Curioso que quando se transferiu ao Fluminense, no ano seguinte, acabou dispensado após acusação de ter cantado fank com referência ao Flamengo, em ônibus da delegação que transportava atletas a um jogo pela Libertadores na Argentina, versão que posteriormente provocou desmentido do então jogador: “A música fazia referência aos quatro principais clubes do Rio de Janeiro, e na roda havia mais gente cantando”.

Quem lucrou com a dispensa foi o Corinthians, que passou a contar com aquele guerreiro atacante de beirada de campo a partir de 2011, quando reeditou títulos do Campeonato Brasileiro conquistados em Flamengo e Fluminense. No Timão, foi funcional como garçom de artilheiros, além de seus golzinhos. Lógico que sequer imaginava que ali fosse atingir o ápice da carreira, com direito a gols decisivos na conquista do primeiro título da Libertadores do clube em 2012, sobre o Boca Junior, e posteriormente comemorar o Mundial de Clubes diante do Chelsea, além da Recopa Sul-Americana no ano seguinte. Aí já havia perdido espaço na equipe e optou por seguir carreira em Botafogo (RJ) e Ponte Preta, até o desejo de encerrá-la no próprio Corinthians em 2018, com histórico de 177 jogos e 28 gols.

Ainda no Corinthians teve aversão à experiência como diretor de futebol e preferiu o desligamento, com justificativa de que não leva jeito para a coisa. Sua prioridade é cuidar do Instituto Emerson Sheik, que programa a cada final de ano arrecadação de alimentos para doações, e tratar com carinho de sua macaquinha, alimentada com iogurte, ração e frutas.