segunda-feira, 29 de outubro de 2012


 Centroavante Célio Taveira fez sucesso no Vasco

 
 Se o texto em questão dissertasse exclusivamente sobre o centroavante Célio Taveira, jogador de Vasco, Nacional do Uruguai e Corinthians, entre as décadas de 60 e 70, o interesse seria relativo e muitos questionariam quem é esse Célio, apesar de ter jogado em grandes clubes?

 É possível alinhavar o período de Célio jogador a fatos relevantes ao acervo do futebol. Primeiro porque a sua carreira foi iniciada em 1961 no Jabaquara, na cidade de Santos, clube que sete depois extinguiu atividades profissionais, voltando apenas em 1977.

 Pois esse Jabuca, como é conhecido, tem histórico de vitória sobre o Santos de Pelé, Pagão e Pepe no Estádio da Vila Belmiro por 6 a 4, em 1957. Ele foi o clube que também revelou o goleiro Gilmar dos Santos Neves.

 Célio Taveira era o típico centroavante de área. Dotado de boa compleição física, sabia proteger bem a bola e, no giro, finalizava indistintamente quer com a direita, quer com a canhota. Também tinha bom aproveitamento no jogo aéreo e era cobrador de faltas.

 No arquivo de memória do Vasco consta que Célio, nascido em Santos em outubro de 1940, teve passagem pela Ponte Preta, sem especificar o período. A trajetória de quatro anos no clube cruzmaltino, a partir de 1963, o colocou como o principal artilheiro da agremiação naquela década, com exatos 100 gols. Inicialmente foi companheiro de ataque do gaúcho Saulzinho.

 Naquele período Célio atuou com alguns jogadores que já falecidos como o zagueiro Fontana, volante Maranhão, meia Lorico e atacante Sabará, cujo nome de batismo era Onofre Anacleto de Souza.

 Em 1965 Célio atingiu o auge na carreira com o título da 1ª Taça Guanabara, competição criada para definir o representante do antigo Estado da Guanabara na Taça Brasil, e passou a ser considerada o primeiro turno do Campeonato Carioca. Naquela ocasião, o atacante vascaíno foi artilheiro e acabou recompensado com a primeira convocação à Seleção Brasileira, participando de jogos contra a Alemanha, Pais de Gales e Argentina.

 Ano seguinte ele começava a trajetória no Nacional de Montevidéu, clube em que conquistou o título nacional de 1969, e marcado por abrigar jogadores de destaque do futebol brasileiro como o goleiro Manga e zagueiro Domingos da Guia. Informações não oficiais citam que no Uruguai Célio conciliou atividade de radialista, comandando programa musical.

 O atacante continuou em evidência até 1970, no Corinthians, quando participou de 26 partidas e apresentou histórico de quatro gols. Depois disso surgiu informação que desde 1976 está radicado na Paraíba, em João Pessoa, ‘tocando’ a sua empresa de embalagem para exportação de frutas. Também atua como comentarista esportivo da Rádio CBN local.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012


 

 

Maradona ainda será destronado por Messi

 

 

 Se as estatísticas estiverem corretas, o meia Lionel Messi atingiu a marca de 277 gols na carreira na goleada da seleção argentina sobre o Uruguai por 3 a 0 no feriado de 12 de outubro, quando marcou dois gols. Considerando-se que o ainda não destronado rei do futebol argentino Diego Maradona anotou 345 gols ao longo da carreira de atleta, brevemente Messi irá superá-lo.

 Eis aí uma discussão que provoca polêmica. Se Messi foi eleito três vezes consecutivas o melhor do mundo e recebe salário de R$ 2 milhões por mês no Barcelona, Maradona carregou o selecionado argentino nas costas na conquista da Copa do Mundo de 1986, no México, título ainda não conquistado por Messi, que em julho passado completou 25 anos de idade.

 Se no campo ambos ficaram marcados por dribles desconcertantes, jogadas geniais e gols antológicos, fora dele são vidas bem distintas. Enquanto Messi zela pela privacidade e não se tem registro de desatino, Maradona sempre deu motivos para ser criticado pelo comportamento inadequado para jogador de futebol.

 Neste 30 de outubro Maradona completa 52 anos de idade, e recorda da carreira de atleta iniciada aos 16 anos de idade no Argentinos Juniors, com chegada à seleção principal no ano seguinte. Por isso foi duro assimilar o duro golpe em 1978, ao ser relegado pelo técnico Cesar Luiz Menotti à Copa na Argentina, com a infundada justificativa de que era um atleta muito jovem.

 O troco veio um ano depois. Com a tarja de capitão, o meia levou o seu país ao título mundial de juniores no Japão. Em 1982, aos 22 anos, já jogava no Barcelona da Espanha, e dois anos depois no Napoli da Itália.

 Maradona ainda encantou o mundo em 1990, na Copa da Itália, embora tivesse ficado com o honroso vice-campeonato. E quando os portenhos já cometiam o despropósito de compará-lo a Pelé, surpreendentemente a Federação Italiana de Futebol o puniu com a suspensão de 15 meses, por uso de cocaína em um jogo.
 Flagrado na Argentina novamente com o pó maldito, foi digno de pena no julgamento. A sentença indicou que se submetesse a tratamento terapêutico. Adiantou? Claro que não.

 Em 1994 - radicado novamente na Argentina - prometeu reviravolta na Copa daquele ano, nos Estados Unidos, e ficou na promessa. Indicado ao exame antidoping, localizaram efedrina em sua urina. E lá se foram mais 15 meses de suspensão.

 Em 1996 ele concordou com internação em clínica suíça para viciados. Depois ainda voltou ao clube de origem - Argentinos Juniors -, quando foi registrada nova recaída às drogas em 1997.

 O escândalo, originado por cocaína, praticamente selou o fim de uma conturbada carreira, com histórico até de tiros de festins em pernas de jornalistas, para evitar o assédio e garantir privacidade em sua mansão, em Buenos Aires. Maradona ainda foi técnico da seleção argentina, porém sem sucesso.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012


Zé Roberto, craque que gostava da noite

 
 Deu no programa ‘Domingo Esportivo’ da Rádio Bandeirantes, comandado pelo jornalista Milton Neves, que o meia-direita Zé Roberto, dos anos 60 e 70, está doente e convalesce em asilo de Serra Negra, cidade do interior paulista.

 José Roberto Marques foi o maior ídolo de todos os tempos do futebol paranaense, conforme enquete feita pelo jornal Gazeta do Povo. Magro e alto, ele tinha aproveitamento fantástico no jogo aéreo.
 Revelado no juvenil do São Paulo em 1962, Zé Roberto foi emprestado ao Guarani em 1967 para ganhar experiência, quando já gostava da noite, divertia-se com mulherada em boates, e nem sempre respeitava as normas de concentração, embora discorda. “Eu saía segunda, terça e quarta-feira, mas nunca em véspera de jogo”.

 Em 1968 Zé Roberto foi emprestado ao Atlético (PR), quando o presidente daquele clube, Jofre Cabral e Silva, montou um time mesclado com medalhões, contrastando com a filosofia dos clubes que ‘aposentavam’ jogadores de 35 anos de idade.

 Naquela temporada Zé Roberto marcou 40 gols, ano em que o time passou a integrar o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o Robertão, com 15 clubes: cinco de São Paulo, cinco do Rio de Janeiro, dois do Rio Grande do Sul, dois de Minas Gerais e um do Paraná. Portuguesa (SP) e América (RJ) tinham status de clube grande. Posteriormente, antes da denominação de Campeonato Nacional em 1971, Santa Cruz, de Pernambuco; Bahia e Ceará integraram a competição.

 Em 1968 Zé Roberto tinha 24 anos de idade, e no Paraná se juntou a veteranos como o lateral-direito Djalma Santos, zagueiro Belini, ponteiros-direitos Gildo e Dorval e volante Zequinha. A equipe era formada por Célio; Djalma Santos, Belini, Charrão e Nico; Paulinho e Madureira; Gildo (Dorval), Nair (Nilton Dias), Zé Roberto e Nilson.

 Fim de contrato, o Atlético (PR) teria que desembolsar 150 mil cruzeiros para contratá-lo, mas não dispunha do dinheiro. Zé Roberto sugeriu que sócios do clube se cotizassem para arrecadá-lo, e antecipou que colaboraria com 3 mil cruzeiros e abriria mão dos 15% que teria direito.

 Na prática foram levantados 10 mil cruzeiros, o jogador voltou ao São Paulo, e rapidamente o Coritiba entrou no ‘circuito’ e conseguiu o empréstimo. E quando formalizava o contrato, na casa do presidente Evangelino da Costa Neves, Zé Roberto não ficou constrangido e aceitou uma dose de uísque oferecida pelo dirigente.

- Não gosto de guaraná – respondeu, enquanto o dirigente projetou aquela contratação como um problema para ele durante a semana, porém maior ainda aos adversários durante os jogos.

 Zé Roberto ainda jogou no Corinthians, voltou ao Atlético (PR) e tocava uma escolinha de futebol em Serra Negra.

 Correção: Quando o goleiro Cláudio, do Santos, morreu em 1979, ele tinha 39 anos de idade e 29 anos conforme informado em coluna anterior.

 

segunda-feira, 8 de outubro de 2012


 

Lola, habilidade no campo e vida em sítio

 

 

 É praxe a gente sequer lembrar aquilo que se comeu no almoço, mas a máquina do tempo chamada cérebro grava fatos inimagináveis há 39 anos. Num jogo noturno no Estádio Brinco de Ouro, em Campinas, no dia 3 de outubro de 1973, o então meia-direita Lola jogava pelo Guarani e o zagueiro central Brito pelo Botafogo do Rio de Janeiro, naquele empate por 1 a 1.

 Ainda no primeiro tempo, no gol dos portões de entrada, Lola dominou a bola pela meia-esquerda, quase na entrada da grade área, arrancou em direção de Brito, aplicou-lhe um drible seco e estonteante por dentro, e incontinente outro por fora. Gente, Brito foi vítima de um baita tropeção. Parecia um pugilista grogue, pernas bambas, tentando se equilibrar e, por fim, saiu catando cavaco.

 A ‘plástica’ do lance já valeu o preço do ingresso, nos tempos em que o time do Guarani era formado por Tobias; Wilson Campos, Amaral, Alberto e Bezerra; Flamarion e Alfredo; Jader, Lola, Clayton e Mingo. De fato Lola jogava muito, e por isso não devia ser considerado arrogante quando se autodenominava ‘meia-direita habilidoso’, ou ‘meio-campo criador’. A prática correspondia ao discurso.

 Não fosse a fratura exposta de tíbia e perônio num jogo contra o Santos, nos tempos de Atlético Mineiro em 1971, teria participação mais ativa na conquista do Campeonato Brasileiro daquela temporada pelo Galo mineiro, num time formado por Renato; Humberto Monteiro, Grapete, Vantuir e Oldair; Vanderlei e Humberto Ramos; Ronaldo, Lola, Dario e Tião. O treinador era Telê Santana, já falecido, que sempre recebia rasgados elogios de Lola: “Ele parecia um pastor dedicado às suas ovelhas”, ou “o ouro maior daquele grupo era o Telê”.

 Aquela final foi decidida num triangular, e de cara o São Paulo goleou o Botafogo por 4 a 1. Na segunda rodada, o Atlético ganhou do Tricolor paulista por 1 a 0, e podia jogar pelo empate na terceira rodada contra o Botafogo, mas venceu por 1 a 0, gol de Dario.

 A passagem de Lola pelo Atlético Mineiro deu-se de 1968 a 1973, período em que entrou para a história do Estádio Mineirão por ter marcado o milésimo gol. Talvez aquilo que ele jamais poderia supor é que a partir da transferência ao Guarani se transformaria num nômade do futebol. Depois, foram pouco mais de quatro anos no futebol mexicano defendendo América e Tigre, duas passagens pela Ponte Preta, Sport Recife, Grêmio Maringá e Botafogo de Ribeirão Preto, onde encerrou a carreira de atleta.

 Hoje, Lola é o professor universitário Raimundo José Correa, ministrando aulas em faculdade de educação física. Também trabalha como olheiro do Galo mineiro e fixou residência num sítio paradisíaco em Ribeirão Preto, se ocupando no trato aos animais e a vegetação.

 Por fim, aquele bigodão característico dos tempos de atleta faz parte do passado.

 

 

segunda-feira, 1 de outubro de 2012


Cláudio, goleiro que morreu aos 29 anos de idade

  

 O goleiro Manga jogou futebol até os 45 anos de idade e o italiano Dino Zoff foi campeão mundial aos 40 anos em 1982 na Espanha. Hoje, Rogério Ceni do São Paulo e Dida da Portuguesa, ambos com 39 anos de idade, são exemplos de longevidade na posição.

 Contrastando com esse quarteto, quis o destino que o goleiro Cláudio, que defendeu o Santos entre os anos 60 e 70, morresse faltando um mês para completar 29 anos de idade. Hoje, ele é lembrado como nome de rua em Bertioga (SP).

 Vitimado por um câncer, Cláudio César de Aguiar Mauriz morreu no dia 24 de junho de 1979, nos Estados Unidos, onde estava internado. Restou a história dele no futebol a partir de 1961, com trajetória no Fluminense, Olaria e Bonsucesso, até a chegada ao Santos em 1965, com projeto que fosse preparado para suceder o lendário goleiro Gilmar dos Santos Neves, na iminência da aposentadoria. Assim, aquele time de 1967 era formado por Gilmar; Carlos Alberto Torres, Ramos Delgado, Joel Camargo e Rildo; Lima e Mengálvio; Edu, Toninho Guerreiro, Pelé e Abel.

 Nascido no Rio de Janeiro no dia 22 de agosto de 1940, Cláudio tinha projeto de estudar arquitetura, mas foi modificado com o seu ingresso no futebol.

 A estatura de 1,77m de altura sequer foi questionada. Afinal, o goleiro do Palmeiras, Valdir Joaquim de Moraes, de 1,70m de altura, foi titular absoluto durante dez anos a partir de 1958. O falecido Félix, tricampeão mundial em 1970, tinha 1,76m de altura, e o alagoano Cesar, que passou pelo Corinthians entre 1981 e 82, se tanto é da altura de Félix. Portanto, nada de anormal para a época, apesar das medidas das traves serem de 7,32m de largura por 2,44m de altura.

 Goleiro brasileiro tinha fama de sair mal do gol, e os clubes o hábito de importar uma leva da posição de países platinos. O uruguaio Mazurkiewicz e o argentino Ortiz abasteceram o Atlético Mineiro. A predileção por goleiros de fora era descarada pelo Inter (RS). Por lá passaram os paraguaios Gato Fernandez, Benitez e o argentino Goycochéa.

 Curioso é que depois da passagem de Cláudio pela Vila Belmiro, o Santos incorporou a idéia de trazer goleiros sul-americanos, e se deu bem com o argentino Cejas e o uruguaio Rodolfo Rodrigues.

 Se goleiros gringos tinham muito a ensinar aqueles daqui em bolas centradas contra as respectivas áreas, Cláudio compensava a deficiência e baixa estatura com impulsão, reflexo e bom posicionamento. E preservou estas virtudes nas 223 partidas que atuou pelo Santos em duas passagens: 1965 a 1968, e entre 1972 e 1973.

 Como bom observador, não se limitava em espelhar nos monstros consagrados da posição como o soviético Liev Yashin, o Aranha Negra. Analisava o jeito dos adversários baterem na bola e cabecearem, para não ser surpreendido. Por isso jogou na Seleção Brasileira seis vezes, num período em que falava inglês fluentemente.