terça-feira, 29 de julho de 2008

Djalminha, ‘tapas’ na bola

O meia Djalminha continua dando “tapa” na bola em showbol, em companhia de ex-boleiros, e também nas areias de praias do Rio de Janeiro. Claro que se quisesse ainda poderia vestir camisas dos principais clubes brasileiros como organizador na “meiúca”. Afinal, que meia no futebol brasileiro pega tão fácil na bola como ele? Que meia tem visão de jogo tão privilegiada? Poucos, né!
Djalma Feitosa Filho, que em dezembro vai completar 38 anos de idade, pode até não admitir, mas de certo se encheu das obrigações profissionais de boleiros com treinos em dois períodos, concentração, jogos e sistemática cobrança para que jogue bem.
Com a vida feita, como se diz na gíria, quer mais é curti-la e “tocar” sua empresa de showbol, um jogo com regras adaptadas do futebol. Duas equipes se dividem em quadra de grama sintética, de 42x22 metros, com seis jogadores distribuídos para cada lado, cinco na linha e um goleiro. O empresário Todé se encarrega de marcar jogos de exibição por esse Brasil afora, com Djalminha e ex-boleiros dando show nas quadras.
A biografia como profissional acusa passagens por Flamengo, Guarani (duas vezes), futebol japonês, Palmeiras, La Coruña da Espanha (duas vezes), futebol austríaco e encerrou a carreira no América do México. De certo, aquilo que ganhou naqueles contratos milionários permite que fique de barriga pra cima a vida inteira, mas detesta o sedentarismo.
Djalminha tinha habilidade para conduzir a bola e sabia organizar o meio-campo com passes certeiros e objetivos. Como pega muito bem na bola, cansou de fazer gols em cobranças de falta. Também era uma liderança nata em campo e cobrava desempenho dos companheiros. Quando tocava a bola de primeira e recebia um “passe quadrado”, se irritava e dava bronca. Por isso, num amistoso do Guarani contra a Lazio, da Itália, em Campinas, “bateu boca” e quase saiu no braço com o zagueiro Cláudio.
A rigor, o desentendimento com Renato Gaúcho, nos tempos em que ambos eram jogadores do Flamengo, encurtou seu espaço na Gávea e facilitou sua transferência para o Guarani, em 1993. O Bugre se beneficiou de seu talento e o repassou primeiro ao futebol japonês e posteriormente à Parmalat, para jogar no Palmeiras, no período de co-gestão empresa-clube.
Evidente que Djalminha deu lucro duplamente no Parque Antarctica. Primeiro porque correspondeu plenamente em campo; depois com a milionária transferência ao La Coruña.
O meia começou a aparecer constantemente em lista de convocações à Seleção Brasileira a partir de 1997. Naturalmente teria vaga garantida à Copa do Mundo de 2002, no Japão e Coréia do Sul, caso não perdesse a cabeça em treino do La Coruña. Na ocasião, atingiu seu treinador Javier Irureta com uma cabeçada, e o técnico Luiz Felipe Scolari, que comandava a Seleção Brasileira, não perdoou o ato de indisciplina. Optou por não relacioná-lo àquela competição.
Pra quem não sabe, Djalminha é filho do falecido Djalma Dias, um baita zagueiro dos anos 60, e por isso um dos maiores injustiçados em termos de Seleção Brasileira. Ao participar das Eliminatórias à Copa do Mundo de 1970, no México, devia ser nome certo à competição, mas lamentavelmente ficou de fora.
Djalma Dias fez sucesso no América (RJ) e continuou a trajetória no Palmeiras, Santos e Botafogo (RJ).