sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Vovô Basílio, altos e baixo de longa carreira

Qualquer citação de jogador de futebol de nome Basílio, a memória do torcedor filtra rapidamente aquele meia do Corinthians que foi carrasco na decisão do Paulistão de 1977 contra a Ponte Preta, quando foi dele o gol decisivo na terceira partida, que representou quebra de jejum de títulos após 22 anos anos e nove meses.

Após a aposentadoria desse carismático, surgiu outro Basílio, aquele de calvície precoce e por isso identificado como 'Vovô Basílio', um veloz atacante de beirada, destro, 1,69m de altura, que tanto registrava assistência a centroavantes, como fazia os seus golzinhos de 1993 no XV de Jaú ao encerramento em 2011, aos 38 anos, no Sertãozinho, e por isso o apelido de 'Basigol'.

Curiosa a trajetória do paulista Valdeci Basílio da Silva, 49 anos de idade, natural de Andradina, com passagens por quase duas dezenas de clubes, alternando pequenos, grandes e duas escaladas no Japão em Kashiwa Reysol e Tokyo Verdy. Títulos foram comemorados no Coritiba, Palmeiras, Ituano, Itumbiara (GO) e Santos, quando chegou a ser chamado de Talismã, por entrar no segundo tempo e decidir jogos.

Basílio chegou ao Palmeiras em 2000, por selo de aprovação do então treinador Luiz Felipe Scolari - o Felipão - , mas desconfiados dirigentes da época só arriscaram formato de contrato de seis meses. Como agradou, ficou. Foram 85 jogos e 11 gols, com títulos do Torneio Rio-São Paulo e Copa dos Campeões. Ainda jogou a final de Taça Libertadores contra o Boca Juniors, entrando no segundo tempo, no lugar do volante Galeano, num time com essa formação: Marcos: Rogério, Argel, Roque Júnior e Júnior; César Sampaio, Galeano (Basílio) e Alex; Marcelo Ramos, Adriano Louzada e Pena. Foi quando Basílio conquistou a torcida com sua velocidade e o jeitão sereno fora de campo, sempre animado.

Ele também jogou no Grêmio, indicado pelo então técnico Tite, que buscava formar ataque rápido na Libertadores, competição em que registra 40 jogos por diferentes equipes e nove gols. Afora o único vínculo no futebol mineiro pelo Ipatinga, registro de maior permanência no interior paulista em clubes como XV de Jaú, Inter de Bebedouro, Olímpia,

Barueri, São José, Ituano, Ponte Preta, Marília e Sertãozinho.

Atualmente ele é dono de um Centro de Treinamento de jogadores em Andradina, revelando novos craques para o futebol brasileiro.

domingo, 24 de outubro de 2021

Gérson Sodré, o quarto homem de meio de campo

Se o esquema 4-4-2 passou a ser tradicional no futebol brasileiro, conta muito o recuo do antes chamado ponteiro-esquerdo para sistematicamente ajudar a povoar o meio de campo, não necessariamente apenas pelas beiradas do gramado. O saudoso Dirceu exercia essa função nas passagens por Fluminense, Botafogo, Vasco e Seleção Brasileira de 1978.

Logo, inevitavelmente o formato foi copiado por tantos outros jogadores da posição, entre eles o baiano Gérson José Sodré, natural de Itabuna, nascido em 14 de Julho de 1957, rotulado equivocadamente como craque, mas na prática tratava-se do quarto homem de meio de campo funcional, do tipo formiguinha que ajudava na marcação, mas sabia passar bem a bola e também aparecia no ataque para ajudar na definição de jogadas.

Com esse estilo Gérson Sodré atingiu o auge da carreira nas passagens por Portuguesa e Guarani. Nos quatro anos de Lusa, depois de 1981, a equipe ainda contava com jogadores elogiados como o saudoso zagueiro Daniel González, volantes Wilson Carrasco e Tite, meia Edu Marangon, e ponteiros-direitos Toquinho e Jorginho. Em 1983, Gérson Sodré passou por episódio triste na vida, em acidente de automóvel com envolvimento dele, com ferimentos generalizados, e o seu companheiro de clube Djalma Baía, que faleceu.

Já no Guarani, em 1985, ajudou a equipe a ficar na terceira colocação do Paulistão e quinto no Brasileirão, com essa formação básica: Valdir Perez, Giba, Ricardo Rocha, Wilson Gottardo e Zé Mário; Nei, Barbieri e Neto (Gerson); Niquinha (João Paulo), Edmar e Gerson Sodré. Daquele grupo, registro para falecimentos do goleiro Waldir Peres, lateral-direito Giba, atacante Gérson e o treinador Lori Sandri.

Revelado pelo Bahia em 1976, Sodré transferiu-se no ano seguinte para o América do Rio, e na sequência com passagem pelo Itabuna, onde ficou até 1980. Depois do Guarani, passou a ser um cigano da bola, na base de um ano em cada clube como Ceará, Ferroviária de Araraquara, América de Rio Preto, Bandeirante de Birigui, CRB, Grêmio Maringá, Taubaté, Atlético Sorocaba e Uberlândia, onde encerrou a carreira de atleta.

Atualmente Gérson Sodré é treinador, porém sem se sobressair na função. Já foi auxiliar-técnico e até dirigiu interinamente a Portuguesa, antes do processo de degradação do Departamento de Futebol do clube.


domingo, 17 de outubro de 2021

Marcos, goleiro milagreiro do Palmeiras

Ex-goleiro Marcos foi tão singular que nem precisou ser identificado por nome composto, como ocorrem com outros Marcos. Singular porque as defesas milagrosas implicaram na identificação de 'São Marcos' nas duas únicas camisas vitoriosas que vestiu: Palmeiras e Seleção Brasileira. No selecionado conquistou a Copa América de 1999, Copa do Mundo de 2002 e Copa das Confederações de 2005.

No Palmeiras, entre 1992 a 2011, foi decisivo no título da Libertadores de 1999, competição em que é recordista entre aqueles que mais defenderam cobranças de pênaltis. Outras relevantes conquistas foram Brasileiro Série A em 1993 e 1994 e Série B de 2003, Copa Mercosul e Copa do Brasil de 1998, Copa dos Campeões de 2000, Torneio Rio-São Paulo de 1993 e 2000 e Paulistão de 1993, 94, 96 e 2008.

Apenas ídolos consagrados como ele recebem homenagem com busto no Estádio Palestra Itália, como ocorreu em 2015, e se transformam em documentário. Marcos Roberto Silveira Reis, natural de Oriente (SP), 44 anos de idade, chegou ao Palmeiras como terceiro goleiro e só foi fixado como titular em 1999, devido à lesão de Veloso, já pela Libertadores.

Em 2002, contrariou a lógica e rejeitou proposta de R$ 45 milhões do Arsenal (ING), com justificativa de que não se adaptaria no exterior. "Eu sou muito jacu, caipira. Gosto de boteco, dessas coisas. Eu não sou um cara que nasceu para morar em Londres. Posso até visitar, dar um rolê de dez, 15 dias, mas eu sou daqui", confessou.

Em 2007, lesionado em partida contra o Juventus (SP), perdeu a posição para o reserva Diego Cavalieri, quando do retorno. Ano seguinte, reassumiu a posição, até que em 19 de agosto de 2010, na goleada por 3 a 0 sobre o Vitória, pela Copa Sul-Americana, alcançou a histórica marca de 500 jogos pelo Palmeiras, superado apenas por Emerson Leão, que disputou 617 jogos pelo clube.

Vitimado por seguidas lesões nos últimos anos de carreira, decidiu pelo encerramento no dia 18 de setembro de 2011, no empate por 1 a 1 contra o Avaí, em Florianópolis, pelo Campeonato Brasileiro. Incontinenti, nomeado embaixador do Palmeiras na área de marketing, explorou o seu carisma com a torcida para cultivar antigos fãs, visando a conquista de novos torcedores ao clube. Já em 2017 fez o próprio marketing ao lançar a marca de cerveja 'Clube 12', que será distribuída em bares e supermercados.

terça-feira, 12 de outubro de 2021

Narciso, exemplo de superação

 Há datas outrora lembradas pelo significado especial, mas com o tempo caem no esquecimento, como o Dia Nacional do Doador de Órgãos, marcado em 27 de setembro. E um dos grandes beneficiados de doação foi o sergipano e ex-zagueiro Narciso, do Santos, nascido em dezembro de 1973, que perseverou e venceu a leucemia mielóide crônica.

O transplantado é monitorado pelo resto de sua vida, e isso implica em laço estreito com equipe médica que o assistiu. O empresário de futebol Dalécio Pastor, de Campinas, transplantado de fígado, lamenta o preconceito do brasileiro para doação de órgãos. “Só 6% de nossa população aceita doar, contra 16% dos Estados Unidos e 36% da Espanha”, comparou.

Quando do diagnóstico da doença de Narciso em 2000, médicos projetaram de 30% a 40% de chances dele sobreviver, mas foi curado ao se submeter a sessões de quimioterapia e transplante de medula óssea. Assim, voltou a jogar futebol no Santos três anos depois, e o prematuro encerramento de carreira, aos 31 anos de idade, em 2004, não foi reflexo do transplante. Perdeu motivação porque o treinador Vanderlei Luxemburgo o deixava na reserva. Assim, após a volta, participou de apenas cinco jogos. No início de carreira passou por Corinthians de Alagoas e Penapolense (SP).

No time santista ele foi vice-campeão brasileiro de 1995, na decisão com o Botafogo (RJ), num time formado por Edinho; Marquinhos Capixaba, Ronaldo Marconato, Narciso e Marcos Adriano; Carlinhos, Giovanni, Robert e Jamelli; Camanducaia e Marcelo Passos. Ele chegou a ser emprestado ao Flamengo, ocasião em que havia se adaptado à função de volante. Na seleção olímpica do Brasil, foi medalha de bronze em 1996, em Atlanta, Estados Unidos, e atuou oito vezes na seleção principal entre 1995 e 1998.

O Santos também abriu-lhe as portas para ingresso na função de treinador de juniores, e depois atuou nos profissionais de Penapolense e XV de Piracicaba, entre outros. Por gratidão à benção recebida, ele promove jogos beneficentes para doação de alimentos à Nacac (Núcleo de Amparo a Crianças e Adultos com Câncer), APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) e Lar Santo Expedido, entidades de Santos.

Requisitado frequentemente para palestras a pessoas vitimadas por doenças graves, Narciso narra a sua história de superação e consegue estimular pacientes.


Saudoso Caio Júnior, uma histórica como atleta e treinador


Se outrora, com o saudoso Caio Júnior como treinador, o Paraná Clube conquistou vaga à Libertadores em 2007, nesta temporada afunda-se na maior crise de sua história, que culmina com rebaixamento à Série D do Campeonato Brasileiro. Se com o mesmo Caio Júnior a Chapecoense chegou à final da Copa Sul-Americana em 2016, agora está na iminência de rebaixamento à Série B do Brasileiro, com a posição de lanterna da competição.

Foi uma final de Sul-Americana sem jogos há cinco anos, pois o primeiro deles, programado para Medellín (COL), contra o Atlético Nacional, sequer foi realizado naquela cidade colombiana. Uma pane no avião fretado que transportava a delegação provocou a maior tragédia registrada em clube brasileiro, com apenas seis sobreviventes, três deles atletas do clube catarinense: goleiro Jackson Follman, lateral-esquerdo Alan Ruschel e zagueiro Neto. Em solidariedade à Chapecoense, o Atlético abriu mão daquela competição.

A tragédia ocorreu no dia 28 de novembro de 2016 na cidade de La Unión, próximo de Medellín, e o treinador Caio Júnior foi uma das vítimas fatais. Familiares dele acusaram o clube de negligência e irresponsabilidade por ter contratado o voo fretado da empresa boliviana LaMia, o acionaram judicialmente com cobrança de indenização, mas na audiência de conciliação não houve acordo.

Caio Júnior, nascido em Cascavel (PR) e registrado como Luiz Carlos Sarolli, em março de 1965, com 15 anos de idade já integrava a base do Grêmio (RS), na função de meia-atacante de estilo clássico, com raciocínio rápido e visão de jogo. Logo, transformou-se em artilheiro do Gaúchão de 1985, com 15 gols, e teve trajetória no futebol português. No retorno ao Brasil, passou pelo rival Inter (RS) e o auge da carreira foi no Paraná Clube, ao conquistar o pentacampeonato.

Depois disso, castigado por lesões, parou de jogar aos 34 anos de idade, no Rio Branco de Americana (SP). Aí, com formação acadêmica em jornalismo, optou por comentar futebol em emissoras do Paraná, até que surgiram convites para integrar clubes como supervisor, auxiliar-técnico técnico, até que aparecesse chance de voltar ao Paraná Clube como treinador, quando ganhou destaque nacional, com repasse em grandes clubes como Palmeiras, Flamengo, Botafogo e Grêmio. No exterior, trabalhou no Vissel Kope do Japão, Al-Gharafa do Catar e Al Jazira dos Emirados Árabes.

Kléber Gladiador, talento, garra e encrenca juntos

 

Até maio passado, o meia-atacante Kléber Gladiador ainda estava fixado no Texas, Estados Unidos, e desconhecendo o seu futuro no Austin Boldic, clube de segunda divisão. Com idade já avançada para a posição - 38 anos -, a tendência natural desse 'osasquense' seria o encerramento da carreira de reconhecida capacidade técnica, porém mesclada ao temperamento explosivo nos clubes em que passou.

Embora tivesse ganhado notoriedade no Palmeiras de 2008, na conquista do título paulista, Kléber já havia mostrado o estilo raçudo quando revelado pela base do São Paulo e se destacado no Campeonato Brasileiro de 2003, fato que despertou interesse do Dínamo de Kiev, da gelada Ucrânia, que desembolsou cerca de R$ 6 milhões no final daquela temporada, para levá-lo.

Foi lá que o apelidaram de gladiador e conquistou títulos, mas de volta ao Brasil - e ao Palmeiras, por empréstimo - ficou conhecido pelas encrencas por onde passou, a começar pela cotovelada no zagueiro são-paulino André Dias, que resultou em suspensão de três partidas.

Aí, no final daquela temporada, o Dínamo o cedeu ao Cruzeiro em troca pelo atacante Guilherme, quando o inesperado ocorreu logo na estreia dele diante do Estudiante de La Plata, no Estádio Mineirão, pela Libertadores: ficou em campo apenas 14 minutos, o bastante para marcar dois gols e ser expulso.

Polêmicas se sucederam, e algumas dispensáveis. Desagradou torcedores cruzeirenses ao participar de evento de torcida organizada do Palmeiras, dias antes de enfrentá-lo pelo Brasileirão. Visado depois disso, o clube não colocou objeção para que retornasse ao Palmeiras em 2010, e mantivesse o temperamento explosivo de três expulsões e nove cartões amarelos apenas no primeiro turno daquele Brasileirão, para, no ano seguinte, cavar a própria 'sepultura' no clube ao se desentender com o treinador Luiz Felipe Scolari, o Felipão, que o afastou do elenco.

No Grêmio (RS), após começo com atuações convincentes, acabou na reserva, e por isso aceitou ser trocado por empréstimo com o meio-campista Felipe Bastos, do Vasco, em 2014, até que o seu último clube no país fosse o Coritiba, onde uma lesão adiou a estreia, mas ele fez questão de abrir mão dos vencimentos enquanto não se recuperasse. No clube ele ficou até o final de 2017, quando foi artilheiro isolado do Campeonato Paranaense, com 11 gols.