sábado, 26 de novembro de 2016

Osvaldo foi campeão do mundo pelo Grêmio

 Revelado pela Ponte Preta no final da década de 70, o meia-atacante Osvaldo fez história no futebol com a camisa do Grêmio portoalegrense, ao sagra-se campeão do Mundial de Clubes na decisão contra o Hamburgo da Alemanha, no Japão, na vitória por 2 a 1, dois gols de Renato Gaúcho.

 Na ocasião, o Grêmio viajou para o oriente com uma semana de antecedência para adaptação do fuso-horário e condições climáticas. Campanha singular também realizou o time gremista na conquista do título da Libertadores, ao bater o Peñarol do Uruguai por 2 a 1, ocasião em que Osvaldo foi artilheiro da competição com seis gols, três deles na etapa semifinal nos quatro jogos contra Estudiantes da Argentina e América de Cali, da Colômbia. No total, o time gaúcho participou de 12 jogos na competição, tendo como time base esses jogadores: Mazaropi; Paulo Roberto, Baidek, Hugo De Leon e Casemiro; China, Caio e Tita; Renato Gaúcho, Tarciso e Osvaldo. Técnico: Valdir Espinosa.

 Osvaldo foi contratado pelo Grêmio em 1982 após ter marcado o gol da vitória da Ponte Preta por 1 a 0, no confronto entre ambos pela fase semifinal do Campeonato Brasileiro, em partida que marcou recorde de público no Estádio Olímpico, em Porto Alegre, com 85.751 pagantes, e classificação à final dos gremistas nos critérios de desempate.

 Apesar da estatura apenas mediana, caixa torácica avantajada, Osvaldo tinha habilidade na condução da bola, raciocinava rapidamente sobre a forma mais precisa para definir as jogadas, e os gols saíam em abundância.

 Quando deixou o Grêmio em 1986, Osvaldo manteve o rendimento atuando pelo Santos na temporada seguinte, na conquista do título paulista, num time formado por Rodolfo Rodriguez; Raul, Nildo, Toninho Carlos e Luizinho; César Sampaio, Osvaldo e Mendonça; Osmarzinho, Chicão e Éder Aleixo.

 Depois disso não repetiu o desempenho nas passagens por Vasco, Coritiba, Comercial de Ribeirão Preto e novamente Ponte Preta, quando encerrou a carreira em 1992. Incontinenti ele retornou à sua cidade natal, Santa Bárbara d’Oeste, e se estabeleceu como empresário no ramo de auto-peças e oficina mecânica.

 Em entrevista ao portal Súmula-Tchê (A História do Futebol Brasileiro), dia 17 de outubro de 2012, questionado se é mais fácil jogar futebol hoje ou no seu tempo de atleta, Osvaldo Luiz Vital foi enfático: “Hoje qualquer Zé Mané consegue jogar em um bom time se tiver um bom empresário”.


 Em janeiro próximo Osvaldo vai completar 58 anos de idade, tem sonho de ainda ingressar na carreira de treinador, e aproveita os finais de semana para jogar futebol com os veteranos do Bocha do Padre, em Santa Bárbara d’Oeste. 

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Corinthians provocou cai-cai há 40 anos

 O radialista Milton Neves, do complexo de rádio e televisão Bandeirantes-SP, criou o bordão ‘apito amigo’ para explicitar benefícios de arbitragens ao Corinthians. Logo, a sacada passou a ecoar por esse Brasil afora quando claramente a ‘juizada’ ajuda o time corintiano.

 A história mostra que nem sempre foi assim. O Corinthians já teve tremendo prejuízo de arbitragem até na condição de mandante. Reflexo de flagrantes erros do então árbitro Alfredo Gomes, há 40 anos, foi o cai-cai provocado em jogo contra o Guarani pelo Campeonato Paulista. O Timão abandonou o gramado do Estádio Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu, em partida disputada no dia 14 de agosto de 1976, com renda de 175.765 cruzeiros, para um público de 9.013 pagantes e 901 menores que entraram gratuitamente.

 A recapitulação desse tenebroso dado histórico substitui, nesta edição, a descrição unitária de personagem, como de praxe. Provavelmente seja de desconhecimento da maioria que um dia o Corinthians se submeteu a esse vexame e foi penalizado no TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) da Federação Paulista de Futebol com a perda dos pontos e placar considerado como 1 a 0 para o Guarani.

 Na edição do dia posterior do finado jornal impresso A Gazeta Esportiva, a manchete foi ‘Timão abandona o campo’. O conteúdo daquele material, textualmente, foi o seguinte: ‘Desculpem. Foi uma palhaçada. Complica-se ainda mais o panorama do futebol paulista.

 Alfredo Gomes - juiz que levou pedradas em Piracicaba - não deu um penal em Tião. Depois expulsou Edson, do Guarani. Posteriormente, mandou Zé Maria, Adilson e Ruço para fora de campo. Imediatamente, Adãozinho e Wladimir ficaram contundidos, o Corinthians ficou sem número legal de jogadores para continuar na partida - que faltava apenas 15 minutos para terminar -, empatada em 1 a 1, com Geraldão abrindo o placar para o Corinthians, aos 11 minutos, e Flecha empatando para o Guarani, aos 39 minutos do primeiro tempo’.

 Se o jornal da capital paulista evitou ser incisivo nas simulações de contusões de Wladimir e Adãozinho, na prática ambos simularam. Na época eram permitidas apenas duas substituições por equipe, e o Corinthians já havia esgotado a sua cota. Como a equipe ficou reduzida a seis jogadores, o juiz esperou 15 minutos pela recuperação dos ‘contundidos’ e, como ambos não retornaram ao campo de jogo, a partida foi dada por encerrada.

 Eis o time do Corinthians: Sérgio; Zé Maria, Darcy, Cláudio e Wladimir; Ruço e Tião (Helinho); Ivã (Zé Eduardo), Adílson, Geraldão e Adãozinho. Técnico: Duque.

 Equipe do Guarani: Neneca; Mauro Cabeção, Amaral, Edson e Caíca; Flamarion e Brecha (Renato); Flecha, Zenon, André Catimba e Ziza (Nelson). Técnico: Diede Lameiro.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Boiadeiro agora só no pasto

 Em 2013, aos 48 anos de idade, o meio-campista Marco Antônio Boiadeiro surtou literalmente. Projetou que as pernas ainda permitissem que voltasse a jogar profissionalmente no Tanabi, na quarta-divisão de profissionais do Estado de São Paulo. Aí, irremediavelmente teve que voltar às peladas com amadores de Monte Aprazível, cidade do interior paulista em que é proprietário de uma fazenda, fixou moradia, solta a voz em interpretações de músicas sertanejas, e revive a adolescência quando cuidava de gado.

 Só o fascínio pelo futebol explica o descuido dele ao aceitar contratos em equipes de menor expressão como Sãocarlense, Anápolis, Rio Branco de Americana e União Barbarense, onde encerrou a carreira em 2000. O final decadente contrastou com o apogeu no Vasco, Cruzeiro e Seleção Brasileira.

 No Vasco, a partir de 1989, comemorou o primeiro título na vitória por 1 a 0 sobre o São Paulo, gol de Sorato, no Estádio do Morumbi. Ali jogou com Bebeto, Sorato, Luís Carlos Vinck, Mazinho e Bismarck, entre outros.

 No primeiro ano de Cruzeiro, em 1991, sob o comando do saudoso treinador Ênio Andrade, jogou nesse time: Paulo César Borges; Nonato, Paulão, Adilson Batista e Célio Gaúcho; Ademir, Marco Antônio Boiadeiro e Luiz Fernando; Mário Tilico, Charles e Marquinhos. No clube, foi bicampeão da Supercopa da Libertadores da América 91/92 e campeão da Copa do Brasil em 93. O desempenho refletiu em contratos no Flamengo, Corinthians e Atlético (MG), porém com rendimento inferior.

 Na Seleção Brasileira do técnico Carlos Alberto Parreira, em 1993, participou do Torneio US Cup nos EUA e Copa América, no Equador. Ao atingir a quinta partida, enfrentando a Argentina, o mundo desabou sobre a sua cabeça ao desperdiçar cobrança de pênalti que implicou na eliminação dos brasileiros, após empate em 1 a 1 no tempo normal.

 Aí recordou o trauma da perda do título do Campeonato Brasileiro de 1986 pelo Guarani, quando perdeu pênalti na final contra o São Paulo em Campinas, na definição através desse experiente, após empate por 3 a 3 no tempo normal e prorrogação.

 O apelido de Boiadeiro se justifica porque no lombo de um cavalo conduzia a boiada nos pastos de Américo Campos, cidade paulista onde nasceu. E usava traje a caráter: bota de fivela, chapéu, calça apertada e cinturão. Foi assim que apareceu no Estádio Santa Cruz, do Botafogo de Ribeirão Preto (SP), para participar de treino peneira. E orgulha-se de ter sido o único aprovado na relação de 39 garotos, em meados da década de 80.

 No time principal do Botafogo juntou-se aos também novatos Raí e Peu, e ao experiente Mário Sérgio, em 1985. O segundo passo foi no Guarani onde a carreira deslanchou.





Carlos Alberto Torres

Carlos Alberto Torres