domingo, 19 de dezembro de 2021

Nair, meiocampista clássico da década de 60

 De acordo com o portal www.significadodonome.com, a origem do nome Nair é árabe, uma redução de Nairalzaurak, a estrela brilhante do navio, do gênero feminino, mas nada que impedisse que os pais do saudoso ídolo Nair José da Silva, de Portuguesa e Corinthians, optassem pelo nome de registro em 20 de maio de 1937, na cidade de Itaperuna, interior do Rio de Janeiro, com morte no dia 22 de agosto de 2018, aos 81 anos de idade, sem que a causa fosse revelada.

As décadas de 50 e 60 foram marcadas para a Portuguesa mostrar ídolos ao público e posteriormente repassá-los principalmente a clubes como Palmeiras e Corinthians. Lateral-direito Djalma Santos, ponteiro-direito Julinho, ponteiro-esquerdo Edu Bala e ponta-de-lança Leivinha saíram da Lusa para o Verdão. Lateral-direito Zé Maria, zagueiro-central Ditão, volante Nair, meia Basílio e atacante Ivair trocaram as camisas alvirrubras pelas preto e branca do Timão.

Originariamente Nair foi um meia clássico, excelente visão de jogo e passe preciso, que colocava companheiros na cara do gol. Foi assim na Portuguesa durante o triênio de 1963/65, período lembrado em convocações à Seleção Brasileira ao lado do goleiro Felix e Ivair, época em que o time base foi esse: Orlando Gato Preto: Cacá, Ditão, Edilson e Vilela; Pampolini e Nair; Nilson, Cássio, Gino e Gessy.

Na sequência, no Corinthians, intercalou bons e maus momentos, porém já remanejado à função de volante, quando passou a formar dupla de meio de campo com Rivellino, recém-promovido à equipe principal. E ali prosseguiu até 1968, com histórico de 90 jogos e 14 gols. E um dos fatos marcantes naquela passagem foi ter desperdiçado pênalti em partida contra o Santos, defendido pelo goleiro Cláudio, aos 42 minutos do segundo tempo, na temporada de 1966, que resultaria na quebra de tabu, que apenas ocorreu dois anos depois.

Os últimos anos de carreira, até 1971, foram no Athletico Paranaense, que havia montado equipe com jogadores em fim de carreira como Bellini, Gildo, Zé Roberto e Nilson. Ficou, portanto, uma história começada no Madureira em 1956, clube em que voltou na década passada como supervisor. Ainda como atleta, ao sair do Rio de Janeiro, atuou no Botafogo de Ribeirão Preto, que no início da década de 60 formava equipes competitivas, que tiravam pontos dos chamados grandes da capital paulista.

domingo, 12 de dezembro de 2021

Adeus ao goleador Sicupira

Fim de ano é tempo de reflexão, retrospectiva e aí vem à lembrança de ente queridos que se foram. E o paranaense, principalmente adeptos do Athletico, lamentaram bastante a perda do atacante Sicupura, que morreu aos 77 anos de idade enquanto dormia em sua casa, em Curitiba, no dia sete de novembro passado, ocasião em que os seus pulmões estavam debilitados e parou de respirar.

Sicupira atingiu o ápice da carreira no Athletico (PR) e é reconhecido como um dos maiores ídolos de todos os tempos na história do clube. Lá chegou em 1968, e com direito a golaço de bicicleta já na estreia diante do São Paulo por 1 a 1.

Naquela temporada atuou ao lado de saudosos jogadores veteranos como o zagueiro Bellini, lateral-direito Djalma Santos, volantes Zequinha e Nair, centroavante Zé Roberto e ponteiros Gildo e Canhoteiro. Além deles, o ponteiro-direito Dorval. Foi o ano em que aqueles 'medalhões' venceram o temível Santos sem Pelé, mas com Carlos Alberto Torres, Clodoaldo, Joel Camargo e Edu por 2 a 1, no Estádio da Vila Capanema, diante de 24.303 torcedores, ocasião em que o 'Furacão' usava camisa com as listras horizontais.

Lá a trajetória de Sicupira foi estendida até 1975, quando ostentou a marca de maior goleador com 158 gols, sendo artilheiro nos Campeonatos Paranaenses de 1970 e 1972, ano em que o clube não participou do Campeonato Brasileiro, e por isso acabou emprestado ao Corinthians.

Engana-se quem associa Sicupira como apelido relacionado à cidade Sucupira, no Estado de Tocantis, que inspirou o personagem Odorico Paraguaçu do saudoso ator Paulo Gracindo, na novela 'O Bem-Amado' da TV Globo, em 1973. O nome de registro dele era Barcímio Sicupira Junior.

Nascido na cidade da Lapa (PR), Sicupira iniciou a carreira de atleta no extinto Clube Atlético Ferroviário, em 1962, e dois anos depois já estava no Botafogo do Rio de Janeiro. Na sequência, ao se transferir para Ribeirão Preto, no também Botafogo, teve curta passagem, porém suficiente para marcar o gol inaugural do Estádio Santa Cruz, na goleada sobre a seleção da Romênia por 6 a 2.

Ao término da carreira de atleta em 1975, com escolha do Athletico-PR, ele formou-se em Educação Física e atuou como professor por um período, mas depois voltou ao futebol como técnico e, por fim, comentarista esportivo em rádios e televisões de Curitiba.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Três anos sem o treinador Nicanor de Carvalho Júnior

O último 28 de novembro marcou o terceiro ano da morte do treinador Nicanor de Carvalho Júnior, aos 71 anos de idade. Natural de Leme (SP), ele havia se radicado em Campinas quando deixou de trabalhar no futebol. Aí, em seus últimos dias de vida, enfrentou uma crise de diabetes, que havia provocado internação no Centro Médico de Campinas, sem que resistisse a uma parada cardíaca.

Nicanor cravou passagem no futebol japonês ao comandar clubes como Fujita FC, Bellmare Hiratsuka, Kashiwa Reysol e Verdy Kawasaki, no período de 1991 a 2001. Aí optou pelo regresso em definitivo ao Brasil, e foi comandar o América de São José do Rio Preto (SP).

Exagera quem o rotulou como treinador de primeira linha. Na prática se prevalecia da perspicácia como gestor de grupo. Detectava rapidamente situação de desconforto no ambiente e sabia contorná-la. Pautava pela lealdade aos comandados e deixava claro a exigência da montagem de equipes competitivas, até porque havia sido preparador físico de excelência quando encerrou a carreira de atleta, iniciada na Inter de Limeira (SP) em 1964.

Por sinal, teve trajetória de onze anos como ponta-direita de XV de Piracicaba, Ponte Preta, São Paulo, Ferroviária, Remo e Miami Toros (EUA), com marca da voluntariedade. Na passagem pela Ponte Preta em 1968, participou de um time montado basicamente por medalhões, que não garantiu acesso à divisão principal do futebol paulista, diferentemente da válida experiência na Ferroviária, quando ajudou a colocar o time no Paulistão dois anos antes.

Incontinenti, ao cursar faculdade de Educação Física, optou pela carreira de fisicultor, nos tempos em que atletas se submetiam a treinos de força e corridas em bosques e praças. Nesta função, ele integrou comissões técnicas de Ponte Preta, Corinthians e São José (SP), até em que 1984 a Inter de Limeira abriu-lhe as portas para ingresso na função de treinador.

Como a década de 90 foi marcada por assédio dos japoneses a treinadores brasileiros, Nicanor deu continuidade à carreira por lá em 1991, mas antes disso comandou Paulista de Jundiaí, Grêmio Maringá (PR), Athletico Paranaense, Coritiba, São José, Ponte Preta, Santos e Guarani. No retorno ao país, ainda trabalhou no interior paulista em clubes como Botafogo de Ribeirão Preto, Rio Branco de Americana e Bragantino em 2006.

domingo, 28 de novembro de 2021

Santos foi bicampeão mundial sem Pelé

Já que o Santos F.C. de hoje patina e nem de longe reafirma aquela tradição do passado, recordemos seus momentos épicos quando sagrou-se bicampeão mundial de clubes em 1963, em duelos com o Milan da Itália, que exigiram uma terceira partida, após italianos e brasileiros repetirem placares enquanto mandantes por 4 a 2, até que o encantador time santista venceu a decisiva por 1 a 0, gol de pênalti anotado pelo saudoso lateral-esquerdo Dalmo.

Estilo mais cadenciado das equipes e desigualdade técnica de jogadores não são as únicas diferenças quando se compara transformação do futebol. Provavelmente não surgiu outro jogador que tivesse chute tão forte quanto ao do ponteiro-esquerdo Pepe, autor de dois gols de faltas na vitória dos santistas por ocasião da segunda partida, no Estádio do Maracanã, quando o Santos reverteu desvantagem de 2 a 0, sem contar com o volante Zito.

Se hoje exame antidoping inibe jogador ao uso indevido de medicamento dopante, no passado havia abuso escancarado sem medidas punitivas. Exemplo claro foi o saudoso Almir Pernambuquinho, com incumbência de substituir o lesionado Pelé naquela decisão. Encrenqueiro, ele não engoliu o desaforo do meia Amarildo, brasileiro vinculado ao Milan, quando incitou a torcida de seu clube contra o Santos, no duelo realizado no Estádio San Siro, Milão (ITA).

Almir foi à forra na segunda partida, ao confessar ter tomado 'bolinha' - termo dado a estimulantes comumente utilizados por atletas nas décadas de 50, 60 e 70. Assim, ele se encorajou para desferir pontapé violento sobre Amarildo, quando o Milan veio jogar no Maracanã.

O jogo do bicampeonato santista foi realizado em 16 de novembro de 1963, quando o Estádio do Maracanã recebeu público de 120.421 pagantes. Havia expectativa de que Pelé se recuperasse e atuasse naquele jogo, mas ficou de fora das três partidas daquele Santos do saudoso treinador Luiz Alonso, o Lula, que teve essa formação: Gilmar; Ismael, Mauro, Haroldo e Dalmo; Lima e Mengálvio; Dorval, Coutinho, Almir Pernambuquinho e Pepe. Tanto o lateral Ismael como Maldini foram expulsos.

Naquela partida, o Santos ficou desfalcado do quarto-zagueiro Calvet, que cedeu a vaga para Haroldo. Dos santistas da época, Gilmar, Mauro, Zito, Mengálvio, Pelé, Coutinho e Pepe integraram a Seleção Brasileira no Chile, em 1962, no bicampeonado mundial.

domingo, 21 de novembro de 2021

Fratura na perna travou carreira de Mirandinha

 Pelo menos três atletas identificados como Mirandinha fizeram sucesso no futebol. O último deles integrou aquele Corinthians campeão paulista de 1997, ao formar dupla de ataque com Donizete. O segundo chegou à Ponte Preta raptado do Ferroviário (CE) em 1976, e se destacou em Palmeiras e Botafogo (RJ) nos anos 80. O primeiro ficou marcado pela fratura de perna flagrada pelo fotógrafo Domício Pinheiros, do jornal Estadão.

Pois este último Mirandinha - no São Paulo - sofreu grave lesão em jogo contra o América de Rio Preto (SP), numa disputa de bola com o zagueiro Baldini, dia 24 de novembro de 1974, no Estádio Mário Alves de Mendonça. Na ocasião sofreu fratura dupla na tíbia, com risco até de amputação da perna, após avaliação de uma junta de 17 médicos.

A salvação foi o ortopedista Bartolomeu Bartolomei, do Hospital São Lucas, em São Paulo, que apostou na primeira das sete cirurgias que o atleta se submeteu, com enxertos ósseos de pedaços espalhados na perna. Assim, o processo de recuperação para retirada do gesso foi de dois anos e meio, mas ficou parado durante três anos, ocasião em que o São Paulo pagou todos os seus salários.

Na sequência, foi jogar no Tampa Bay Rowdies (EUA). E antes do retorno ao Brasil, jogou no Tigres do México. Seus últimos clubes foram Atlético Goianiense, Taubaté, ABC (RN), Guará, Douradense, União Mogi, Saad, Independente de Limeira e Ginásio Pinhalense em 1985.

Sebastião Miranda da Silva, o Mirandinha, natural de Bebedouro (SP), nascido em fevereiro de 1952, ficou conhecido como centroavante raçudo, veloz e que fazia gols na proporção que igualmente perdia. Começou a carreira no América (SP) em 1968, transferindo-se ao Corinthians dois anos depois, em equipe base formada por Sidney Poly; Miranda, Almeida, Vagner e Pedrinho; Tião e Rivellino; Paulo Borges, Samarone, Mirandinha e Aladim.

A chegada ao São Paulo deu-se em 1973, onde vivia a melhor fase da carreira até a grave lesão, quando foi substituído por Serginho Chulapa. À época, Mirandinha foi ganhador da Bola de Prata da revista Placar e convocado às pressas à Copa do Mundo de 1974, no lugar do volante Clodoaldo.

Após encerramento da carreira, Mirandinha foi técnico do CENE, do Mato Grosso do Sul, trabalhou nas categorias de base do Corinthians e escolinhas de futebol da Secretaria Municipal de Esportes de São Paulo.

domingo, 14 de novembro de 2021

Kanu, o carrasco da seleção olímpica do Brasil

Selecionado da Nigéria caminha a passos largos na fase de eliminatórias do continente africano, visando a conquista de uma das seis vagas destinadas à Copa do Mundo de 2022, no Catar. E qualquer citação sobre aquela seleção é impossível dissociar um dos mais conceituados jogadores do país, caso do atacante Nwankwo Kanu, 1,96m de altura, carrasco da Seleção Brasileira na Olimpíada de 1996 de Atlanta (EUA), pois foi dele o gol decisivo na virada por 4 a 3, na prorrogação, que representou a eliminação da equipe então dirigida pelo treinador Mário Jorge Zagallo.

Além de astro daquele selecionado africano, já era um dos principais destaques da Internazionale de Milão (ITA), pela facilidade de dribles e faro de gols, performance já identificada na Copa do Mundo FIFA Sub-17 de 1993 com a seleção nigeriana, e ratificada na temporada seguinte no Ajax da Holanda, quando marcou 25 gols dos 54 jogos.

Justamente quando premiado como melhor jogador do continente africano em 1996, foi diagnosticado com defeito na artéria aorta, que poderia tê-lo impedido de jogar. Todavia, bem-sucedida cirurgia realizada nos Estados Unidos contrariou previsões iniciais e voltou aos campos meses depois, com posterior repasse de seus direitos econômicos ao Arsenal (ING).

Na ocasião, manifestou gratidão pela graça divina, e em 2000 criou a Kanu Heart Foundation, entidade filantrópica que ajuda crianças africanas com doenças no coração, refletindo em aproximadamente 600 crianças salvas.

Coletânia de títulos foram frequentes no histórico dele na década de 90, como Campeonato Nigeriano, Liga dos Campeões da UEFA, Supercopa da UEFA, Copa Intercontinental, Premier League, Supercopa da Inglaterra, além de ter sido o futebolista africano do ano duas vezes: 1996 e 1999.

Na primeira década deste século, Kanu nem sempre foi titular das equipes europeias que participou, travado por seguidas lesões. Assim, deixou o Portsmouth (ING) em julho de 2012, contrariado pelo clube lhe dever três 3 milhões de euros. Pela Nigéria atuou em três Copas do Mundo: 1998 na França, 2002 na Coreia do Sul e no Japão, e 2010 na África do Sul, quando anunciou despedida daquela camisa branca com detalhes em verde e preto, calção verde e meias brancas.

Em 2015, na Nigéria, Kanu abriu uma agência de modelos de nome de Papilo, seu apelido nos tempos de jogador.



domingo, 7 de novembro de 2021

Aloísio Chulapa, de título mundial ao ostracismo

O futebol tem as suas razões que a própria razão desconhece. Entre incontáveis exemplos de atletas que vão da glória ao anonimato acrescente o centroavante Aloísio Chulapa, ídolo do São Paulo que conquistou o Mundial de Clubes na vitória por 1 a 0 sobre o Liverpool Football Club em 2005. Na ocasião, foi dele a assistência para que o volante Mineiro marcasse o gol decisivo.

Se no mesmo tricolor paulista ele foi campeão brasileiro, a teimosia o colocou numa estrada da volta. Precisava ter assinado contrato com Nova Conquista, time de segunda divisão tocantinense, em 30 de setembro de 2017, aos 42 anos? Claro que não, até porque havia deixado o cargo de secretário de Esportes de Atalaia, município de Alagoas, para voltar a jogar bola.

A peregrinação por pequenos clubes brasileiros começou em 2010, ao se desligar do Ceará e acertar contrato com o Brasiliense. Depois Brusque (SC), Francana (SP), Gama (DF), Maringá (PR) em 2015, Comercial (MS), Sete de Dourados (MS) e, por fim, o Nova Conquista.

Relevância no histórico do alagoano Aloísio está reservada nos anos 90 e primeira década do século, quando conquistou basicamente um título por ano: carioca pelo Flamengo em 1996. Tricampeão goiano nos anos subsequentes pelo Goiás, clube em que foi recordista de artilharia daquela competição estadual de 1997, com 27 gols. Depois a Copa da UEFA de 2001 pelo Paris Saint-Germain (FRA), estadual pelo Athletico Paranaense de 2005, tri brasileiro pelo São Paulo entre 2006 e 2008, além do Mundial de Clubes, quando ganhou o apelido carinhoso de Chulapa, comparado ao ex-atacante Serginho Chulapa pela semelhança de envergadura.

O último bom momento dele foi no Vasco, com o título do Campeonato Brasileiro da Série B de 2009, com aquele estilo de fazer 'parede', girar, e finalizar indistintamente com as duas pernas. Como sabia cavar faltas nas proximidades da área adversária, o então meia Ronaldinho Gaúcho - nos tempos de PSG da França - avisa-lhe para que se preparasse para abraçá-lo, pela convicção da pontaria.

Assim, esse sorridente Aloísio que iniciou a carreira no CRB alagoano, também passou por Guarani, Rubin Kazan da Rússia e Al-Rayyan do Qatar.

Sua última aparição em púbico foi como participante da décima temporada do reality show 'A Fazenda', da TV Record.


sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Vovô Basílio, altos e baixo de longa carreira

Qualquer citação de jogador de futebol de nome Basílio, a memória do torcedor filtra rapidamente aquele meia do Corinthians que foi carrasco na decisão do Paulistão de 1977 contra a Ponte Preta, quando foi dele o gol decisivo na terceira partida, que representou quebra de jejum de títulos após 22 anos anos e nove meses.

Após a aposentadoria desse carismático, surgiu outro Basílio, aquele de calvície precoce e por isso identificado como 'Vovô Basílio', um veloz atacante de beirada, destro, 1,69m de altura, que tanto registrava assistência a centroavantes, como fazia os seus golzinhos de 1993 no XV de Jaú ao encerramento em 2011, aos 38 anos, no Sertãozinho, e por isso o apelido de 'Basigol'.

Curiosa a trajetória do paulista Valdeci Basílio da Silva, 49 anos de idade, natural de Andradina, com passagens por quase duas dezenas de clubes, alternando pequenos, grandes e duas escaladas no Japão em Kashiwa Reysol e Tokyo Verdy. Títulos foram comemorados no Coritiba, Palmeiras, Ituano, Itumbiara (GO) e Santos, quando chegou a ser chamado de Talismã, por entrar no segundo tempo e decidir jogos.

Basílio chegou ao Palmeiras em 2000, por selo de aprovação do então treinador Luiz Felipe Scolari - o Felipão - , mas desconfiados dirigentes da época só arriscaram formato de contrato de seis meses. Como agradou, ficou. Foram 85 jogos e 11 gols, com títulos do Torneio Rio-São Paulo e Copa dos Campeões. Ainda jogou a final de Taça Libertadores contra o Boca Juniors, entrando no segundo tempo, no lugar do volante Galeano, num time com essa formação: Marcos: Rogério, Argel, Roque Júnior e Júnior; César Sampaio, Galeano (Basílio) e Alex; Marcelo Ramos, Adriano Louzada e Pena. Foi quando Basílio conquistou a torcida com sua velocidade e o jeitão sereno fora de campo, sempre animado.

Ele também jogou no Grêmio, indicado pelo então técnico Tite, que buscava formar ataque rápido na Libertadores, competição em que registra 40 jogos por diferentes equipes e nove gols. Afora o único vínculo no futebol mineiro pelo Ipatinga, registro de maior permanência no interior paulista em clubes como XV de Jaú, Inter de Bebedouro, Olímpia,

Barueri, São José, Ituano, Ponte Preta, Marília e Sertãozinho.

Atualmente ele é dono de um Centro de Treinamento de jogadores em Andradina, revelando novos craques para o futebol brasileiro.

domingo, 24 de outubro de 2021

Gérson Sodré, o quarto homem de meio de campo

Se o esquema 4-4-2 passou a ser tradicional no futebol brasileiro, conta muito o recuo do antes chamado ponteiro-esquerdo para sistematicamente ajudar a povoar o meio de campo, não necessariamente apenas pelas beiradas do gramado. O saudoso Dirceu exercia essa função nas passagens por Fluminense, Botafogo, Vasco e Seleção Brasileira de 1978.

Logo, inevitavelmente o formato foi copiado por tantos outros jogadores da posição, entre eles o baiano Gérson José Sodré, natural de Itabuna, nascido em 14 de Julho de 1957, rotulado equivocadamente como craque, mas na prática tratava-se do quarto homem de meio de campo funcional, do tipo formiguinha que ajudava na marcação, mas sabia passar bem a bola e também aparecia no ataque para ajudar na definição de jogadas.

Com esse estilo Gérson Sodré atingiu o auge da carreira nas passagens por Portuguesa e Guarani. Nos quatro anos de Lusa, depois de 1981, a equipe ainda contava com jogadores elogiados como o saudoso zagueiro Daniel González, volantes Wilson Carrasco e Tite, meia Edu Marangon, e ponteiros-direitos Toquinho e Jorginho. Em 1983, Gérson Sodré passou por episódio triste na vida, em acidente de automóvel com envolvimento dele, com ferimentos generalizados, e o seu companheiro de clube Djalma Baía, que faleceu.

Já no Guarani, em 1985, ajudou a equipe a ficar na terceira colocação do Paulistão e quinto no Brasileirão, com essa formação básica: Valdir Perez, Giba, Ricardo Rocha, Wilson Gottardo e Zé Mário; Nei, Barbieri e Neto (Gerson); Niquinha (João Paulo), Edmar e Gerson Sodré. Daquele grupo, registro para falecimentos do goleiro Waldir Peres, lateral-direito Giba, atacante Gérson e o treinador Lori Sandri.

Revelado pelo Bahia em 1976, Sodré transferiu-se no ano seguinte para o América do Rio, e na sequência com passagem pelo Itabuna, onde ficou até 1980. Depois do Guarani, passou a ser um cigano da bola, na base de um ano em cada clube como Ceará, Ferroviária de Araraquara, América de Rio Preto, Bandeirante de Birigui, CRB, Grêmio Maringá, Taubaté, Atlético Sorocaba e Uberlândia, onde encerrou a carreira de atleta.

Atualmente Gérson Sodré é treinador, porém sem se sobressair na função. Já foi auxiliar-técnico e até dirigiu interinamente a Portuguesa, antes do processo de degradação do Departamento de Futebol do clube.


domingo, 17 de outubro de 2021

Marcos, goleiro milagreiro do Palmeiras

Ex-goleiro Marcos foi tão singular que nem precisou ser identificado por nome composto, como ocorrem com outros Marcos. Singular porque as defesas milagrosas implicaram na identificação de 'São Marcos' nas duas únicas camisas vitoriosas que vestiu: Palmeiras e Seleção Brasileira. No selecionado conquistou a Copa América de 1999, Copa do Mundo de 2002 e Copa das Confederações de 2005.

No Palmeiras, entre 1992 a 2011, foi decisivo no título da Libertadores de 1999, competição em que é recordista entre aqueles que mais defenderam cobranças de pênaltis. Outras relevantes conquistas foram Brasileiro Série A em 1993 e 1994 e Série B de 2003, Copa Mercosul e Copa do Brasil de 1998, Copa dos Campeões de 2000, Torneio Rio-São Paulo de 1993 e 2000 e Paulistão de 1993, 94, 96 e 2008.

Apenas ídolos consagrados como ele recebem homenagem com busto no Estádio Palestra Itália, como ocorreu em 2015, e se transformam em documentário. Marcos Roberto Silveira Reis, natural de Oriente (SP), 44 anos de idade, chegou ao Palmeiras como terceiro goleiro e só foi fixado como titular em 1999, devido à lesão de Veloso, já pela Libertadores.

Em 2002, contrariou a lógica e rejeitou proposta de R$ 45 milhões do Arsenal (ING), com justificativa de que não se adaptaria no exterior. "Eu sou muito jacu, caipira. Gosto de boteco, dessas coisas. Eu não sou um cara que nasceu para morar em Londres. Posso até visitar, dar um rolê de dez, 15 dias, mas eu sou daqui", confessou.

Em 2007, lesionado em partida contra o Juventus (SP), perdeu a posição para o reserva Diego Cavalieri, quando do retorno. Ano seguinte, reassumiu a posição, até que em 19 de agosto de 2010, na goleada por 3 a 0 sobre o Vitória, pela Copa Sul-Americana, alcançou a histórica marca de 500 jogos pelo Palmeiras, superado apenas por Emerson Leão, que disputou 617 jogos pelo clube.

Vitimado por seguidas lesões nos últimos anos de carreira, decidiu pelo encerramento no dia 18 de setembro de 2011, no empate por 1 a 1 contra o Avaí, em Florianópolis, pelo Campeonato Brasileiro. Incontinenti, nomeado embaixador do Palmeiras na área de marketing, explorou o seu carisma com a torcida para cultivar antigos fãs, visando a conquista de novos torcedores ao clube. Já em 2017 fez o próprio marketing ao lançar a marca de cerveja 'Clube 12', que será distribuída em bares e supermercados.

terça-feira, 12 de outubro de 2021

Narciso, exemplo de superação

 Há datas outrora lembradas pelo significado especial, mas com o tempo caem no esquecimento, como o Dia Nacional do Doador de Órgãos, marcado em 27 de setembro. E um dos grandes beneficiados de doação foi o sergipano e ex-zagueiro Narciso, do Santos, nascido em dezembro de 1973, que perseverou e venceu a leucemia mielóide crônica.

O transplantado é monitorado pelo resto de sua vida, e isso implica em laço estreito com equipe médica que o assistiu. O empresário de futebol Dalécio Pastor, de Campinas, transplantado de fígado, lamenta o preconceito do brasileiro para doação de órgãos. “Só 6% de nossa população aceita doar, contra 16% dos Estados Unidos e 36% da Espanha”, comparou.

Quando do diagnóstico da doença de Narciso em 2000, médicos projetaram de 30% a 40% de chances dele sobreviver, mas foi curado ao se submeter a sessões de quimioterapia e transplante de medula óssea. Assim, voltou a jogar futebol no Santos três anos depois, e o prematuro encerramento de carreira, aos 31 anos de idade, em 2004, não foi reflexo do transplante. Perdeu motivação porque o treinador Vanderlei Luxemburgo o deixava na reserva. Assim, após a volta, participou de apenas cinco jogos. No início de carreira passou por Corinthians de Alagoas e Penapolense (SP).

No time santista ele foi vice-campeão brasileiro de 1995, na decisão com o Botafogo (RJ), num time formado por Edinho; Marquinhos Capixaba, Ronaldo Marconato, Narciso e Marcos Adriano; Carlinhos, Giovanni, Robert e Jamelli; Camanducaia e Marcelo Passos. Ele chegou a ser emprestado ao Flamengo, ocasião em que havia se adaptado à função de volante. Na seleção olímpica do Brasil, foi medalha de bronze em 1996, em Atlanta, Estados Unidos, e atuou oito vezes na seleção principal entre 1995 e 1998.

O Santos também abriu-lhe as portas para ingresso na função de treinador de juniores, e depois atuou nos profissionais de Penapolense e XV de Piracicaba, entre outros. Por gratidão à benção recebida, ele promove jogos beneficentes para doação de alimentos à Nacac (Núcleo de Amparo a Crianças e Adultos com Câncer), APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) e Lar Santo Expedido, entidades de Santos.

Requisitado frequentemente para palestras a pessoas vitimadas por doenças graves, Narciso narra a sua história de superação e consegue estimular pacientes.


Saudoso Caio Júnior, uma histórica como atleta e treinador


Se outrora, com o saudoso Caio Júnior como treinador, o Paraná Clube conquistou vaga à Libertadores em 2007, nesta temporada afunda-se na maior crise de sua história, que culmina com rebaixamento à Série D do Campeonato Brasileiro. Se com o mesmo Caio Júnior a Chapecoense chegou à final da Copa Sul-Americana em 2016, agora está na iminência de rebaixamento à Série B do Brasileiro, com a posição de lanterna da competição.

Foi uma final de Sul-Americana sem jogos há cinco anos, pois o primeiro deles, programado para Medellín (COL), contra o Atlético Nacional, sequer foi realizado naquela cidade colombiana. Uma pane no avião fretado que transportava a delegação provocou a maior tragédia registrada em clube brasileiro, com apenas seis sobreviventes, três deles atletas do clube catarinense: goleiro Jackson Follman, lateral-esquerdo Alan Ruschel e zagueiro Neto. Em solidariedade à Chapecoense, o Atlético abriu mão daquela competição.

A tragédia ocorreu no dia 28 de novembro de 2016 na cidade de La Unión, próximo de Medellín, e o treinador Caio Júnior foi uma das vítimas fatais. Familiares dele acusaram o clube de negligência e irresponsabilidade por ter contratado o voo fretado da empresa boliviana LaMia, o acionaram judicialmente com cobrança de indenização, mas na audiência de conciliação não houve acordo.

Caio Júnior, nascido em Cascavel (PR) e registrado como Luiz Carlos Sarolli, em março de 1965, com 15 anos de idade já integrava a base do Grêmio (RS), na função de meia-atacante de estilo clássico, com raciocínio rápido e visão de jogo. Logo, transformou-se em artilheiro do Gaúchão de 1985, com 15 gols, e teve trajetória no futebol português. No retorno ao Brasil, passou pelo rival Inter (RS) e o auge da carreira foi no Paraná Clube, ao conquistar o pentacampeonato.

Depois disso, castigado por lesões, parou de jogar aos 34 anos de idade, no Rio Branco de Americana (SP). Aí, com formação acadêmica em jornalismo, optou por comentar futebol em emissoras do Paraná, até que surgiram convites para integrar clubes como supervisor, auxiliar-técnico técnico, até que aparecesse chance de voltar ao Paraná Clube como treinador, quando ganhou destaque nacional, com repasse em grandes clubes como Palmeiras, Flamengo, Botafogo e Grêmio. No exterior, trabalhou no Vissel Kope do Japão, Al-Gharafa do Catar e Al Jazira dos Emirados Árabes.

Kléber Gladiador, talento, garra e encrenca juntos

 

Até maio passado, o meia-atacante Kléber Gladiador ainda estava fixado no Texas, Estados Unidos, e desconhecendo o seu futuro no Austin Boldic, clube de segunda divisão. Com idade já avançada para a posição - 38 anos -, a tendência natural desse 'osasquense' seria o encerramento da carreira de reconhecida capacidade técnica, porém mesclada ao temperamento explosivo nos clubes em que passou.

Embora tivesse ganhado notoriedade no Palmeiras de 2008, na conquista do título paulista, Kléber já havia mostrado o estilo raçudo quando revelado pela base do São Paulo e se destacado no Campeonato Brasileiro de 2003, fato que despertou interesse do Dínamo de Kiev, da gelada Ucrânia, que desembolsou cerca de R$ 6 milhões no final daquela temporada, para levá-lo.

Foi lá que o apelidaram de gladiador e conquistou títulos, mas de volta ao Brasil - e ao Palmeiras, por empréstimo - ficou conhecido pelas encrencas por onde passou, a começar pela cotovelada no zagueiro são-paulino André Dias, que resultou em suspensão de três partidas.

Aí, no final daquela temporada, o Dínamo o cedeu ao Cruzeiro em troca pelo atacante Guilherme, quando o inesperado ocorreu logo na estreia dele diante do Estudiante de La Plata, no Estádio Mineirão, pela Libertadores: ficou em campo apenas 14 minutos, o bastante para marcar dois gols e ser expulso.

Polêmicas se sucederam, e algumas dispensáveis. Desagradou torcedores cruzeirenses ao participar de evento de torcida organizada do Palmeiras, dias antes de enfrentá-lo pelo Brasileirão. Visado depois disso, o clube não colocou objeção para que retornasse ao Palmeiras em 2010, e mantivesse o temperamento explosivo de três expulsões e nove cartões amarelos apenas no primeiro turno daquele Brasileirão, para, no ano seguinte, cavar a própria 'sepultura' no clube ao se desentender com o treinador Luiz Felipe Scolari, o Felipão, que o afastou do elenco.

No Grêmio (RS), após começo com atuações convincentes, acabou na reserva, e por isso aceitou ser trocado por empréstimo com o meio-campista Felipe Bastos, do Vasco, em 2014, até que o seu último clube no país fosse o Coritiba, onde uma lesão adiou a estreia, mas ele fez questão de abrir mão dos vencimentos enquanto não se recuperasse. No clube ele ficou até o final de 2017, quando foi artilheiro isolado do Campeonato Paranaense, com 11 gols.

domingo, 19 de setembro de 2021

Onze sem o disciplinador Urubatão Calvo Nunes

Este 24 de setembro marca o 11º ano da morte de Urubatão Calvo Nunes, aos 79 anos de idade, vencido por um tumor cerebral e outro no pulmão. Enquanto atleta, ele foi apenas coadjuvante do famoso time do Santos das décadas de 50 e 60. Como treinador também não passou de razoável, mas apesar disso cravou história na carreira para ser lembrado. E como havia se radicado na cidade de Santos, chegou a ser comentarista de futebol em emissora de rádio local.

Nascido no Rio de Janeiro, o meio-campista Urubatão jogou no pequeno Bonsucesso até ser descoberto pelo Santos em 1954, já sabendo que seria reserva do volante Zito e sem chances de atuar na meia de armação, devido à concorrência na posição. Assim, no bicampeonato paulista, no biênio 1955/56, ficou na reserva em time que contava com Manga; Hélvio e Ivan; Ramiro, Formiga e Zito; Tite, Jair da Rosa Pinto, Pagão, Del Vechio e Pepe.

Já em 1959, ainda no Santos vice-campeão regional, após derrota para o Palmeiras por 2 a 1, foi titular na patota formada por Laércio; Getúlio, Dalmo, Formiga e Feijó; Zito e Urubatão; Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe. E dois anos depois ele se desligou do Santos, mas naquele período cravou uma partida pela Seleção Brasileira, em 7 de junho de 1957, na derrota para a Argentina por 2 a 1, no Estádio do Maracanã, em jogo que marcou a estreia de Pelé no selecionado. Sílvio Pirilo era o treinador.

Depois disso jogou na Ponte Preta no biênio 1964/65, que perdeu o direito de acesso ao Paulistão na derrota para a Portuguesa Santista por 1 a 0. Como treinador, rodou por clubes como Portuguesa, Coritiba, Colorado (atual Paraná Clube), Londrina, Fortaleza e principalmente do interior de São Paulo como Noroeste, América e Araçatuba. Não permitia intimidade dos comandados e exigia boa aparência deles nos treinos.

Supersticioso, impedia que jogadores tomassem banho antes dos jogos, com infundada justificativa de que isso atrapalhava o aquecimento. Arrogante, às vésperas dos jogos afirmava que a sua preocupação não era com o adversário, e sim com o seu time. “Quem sabe me ensina. Quem sabe igual me lembra. Quem sabe menos bate palmas”, dizia.

No banco de reservas, dava mau exemplo ao acender um cigarro com o ‘toco’ de outro. A boleirada não reclamava daquela fumaceira por motivos óbvios, se bem que a maioria também era fumante na época.

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Peu, mais um reserva de luxo do Flamengo

 Enquanto a maioria dos clubes carece de atacantes qualificados, o Flamengo se dá ao luxo de deixar na reserva jogadores como Michael e Pedro, que teriam vagas em grandes clubes brasileiros. A rigor, essa sina se arrasta há décadas. Na década de 80, por exemplo, como encontrar lugar na equipe para o veloz e hábil Peu em quarteto ofensivo formado por Bebeto, Zico, Nunes e Lico, se nem sempre sobrava vaga para Tita?

Tal como agora, naqueles tempos o Flamengo conquistava Taça Guanabara, Campeonato Carioca, Campeonato Brasileiro e Libertadores. Por isso o alagoano Peu foi um reserva de luxo naquela patota. Geralmente entrava no segundo tempo e deixava a sua marca, como na fase semifinal do Campeonato Brasileiro de 1982, na vitória sobre o Guarani por 2 a 1. Ele e Zico construíram o placar no Estádio do Maracanã.

Depois, o Flamengo ganhou do Guarani em Campinas por 3 a 2 e conquistou o título sobre o Grêmio, com empate por 1 a 1 no Estádio do Maracanã e vitória por 1 a 0 no Estádio Olímpico, gol de Nunes. E Peu festejou aquele título ao lado de Zico, cujo relacionamento continua estreito, tanto que desfilou na Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense, cujo enredo foi em homenagem a Zico no Carnaval do Rio de Janeiro de 2014.

Foram quatro anos de Flamengo, os dois últimos como titular, quando exibia a cabeleira black power, fazia gols, e nas frequentes entrevistas recordava a ligação com o CSA, clube de Alagoas que frequentava desde os dez anos de idade, até porque os pais tinham vínculo empregatício com a agremiação: mãe lavadeira e pai segurança e roupeiro.

Claro que os pais não serviram para influenciar o ingresso dele nas categorias de base. Já se destacava entre a garotada, e os cartolas do clube negociaram o passe no primeiro assédio do Flamengo em 1981. Todavia, bastou não repetir atuações convincentes para que fosse repassado a clubes como Santa Cruz, Atlhetico (PR), Botafogo de Ribeirão Preto (SP) e até passagem pelo Monterrey do México, onde se sagrou campeão nacional em 1986.

O encerramento da carreira deu-se em 1994 no mesmo CSA de Maceió, cidade onde nasceu em abril de 1960. Ele até aceitou convite do PTB de Maceió para se candidatar a vereador em 2012, provavelmente convencido de que o prestígio no futebol seria o maior cabo eleitoral para que se elegesse. Abertas as urnas veio a decepção: apenas 374 votos.


domingo, 29 de agosto de 2021

Nos tempos de atletas fumantes, Moisés foi uma das vítimas

Entre as tantas mudanças de hábitos no futebol está a significativa redução de atletas fumantes. Décadas passadas, após os treinos, era comum retirarem do bolso um cigarro do maço de Minister, para as tradicionais tragadas. O ex-meia Gérson, tricampeão mundial pela Seleção Brasileira, na Copa do Mundo de 1970, até foi garoto propaganda da marca de cigarro Vila Rica, com propósito de persuadir o fumante de levar vantagem em tudo.

Treinadores e preparadores físicos, que deveriam servir de exemplo, 'pitavam' no banco de reservas, e pouco se importavam com a fumaceira provocada ao redor, contrastando com o rigor atual, quando se aplica metodologia para que o atleta tenha o melhor rendimento físico possível.

Data de 29 de agosto, que marca o Dia Nacional de Combate ao Fumo, ajudou no processo de conscientização para que o atleta não transgrida o recomendável, visando a preservação do fôlego apurado, e assim são raras imagens de atletas flagrados com cigarro, como ocorria com o saudoso meia Sócrates de Corinthians e Seleção Brasileira, certamente na relação dos 20 melhores jogadores do futebol brasileiro de todos os tempos.

Quando a mídia registrou a morte do zagueiro Moisés Matias de Andrade, em 26 de agosto de 2008, aos 60 anos de idade, vitimado por câncer de pulmão, foi inevitável associação da doença ao tabaco. Moisés foi aquele 'beque central' que participou da quebra de tabu de 23 anos de título paulista dos corintianos em 1977, na final da competição contra a Ponte Preta, num time formado por Tobias; Zé Maria, Moisés, Ademir Gonçalves e Wladimir; Ruço, Luciano e Basílio; Waguinho, Geraldão e Romeu.

Natural de Resende (RJ), Moisés foi um zagueiro que 'descia o sarrafo', na linguagem sobre atleta violento. Intimidava atacantes 'matando' seguidamente as jogadas, e para isso valia-se da tolerância de árbitros que só mostravam cartão amarelo após várias advertências verbais. Na época, dezenas de treinadores mandavam bater. 'Rasga', era a recomendação mais repetida para se tirar a bola da defesa, mesmo que acertassem pernas de adversários.

Antes do Corinthians, ele passou pelo Bangu, clube que retornou já na condição de treinador, ocasião em que levou a equipe ao vice-campeonato brasileiro de 1985, perdendo a decisão para o Coritiba apenas através de cobranças de pênaltis. Ele também passou pelos Emirados Árabes.

Adeus a Bebeto de Oliveira, excelência em preparação física

 Em dez de outubro próximo Carlos Roberto Valente de Oliveira, o preparador físico Bebeto de Oliveira de São Paulo, Vasco e Seleção Brasileira completaria 80 anos de idade, mas morreu neste 22 de agosto em Campinas, sua cidade natal, onde residiu após a aposentadoria no futebol.

Após passagem discreta como volante de Guarani e Ponte Preta, Bebeto ficou vinculado à Ferroviária de 1966/72, com curtos períodos de empréstimos ao Estrada de Sorocaba e Barretos. Nos últimos anos da carreira de atleta ele cursou a faculdade de Educação Física em São Carlos, e já formado chegou a comandar equipe de basquete na cidade.

Posteriormente passou a acompanhar o saudoso treinador Cilinho como preparador físico de equipes como Ponte Preta e São Paulo, ocasião em que se destacava como profissional diferenciado na área. Quando a tecnologia ainda não havia incrementado o setor para dimensão do real condicionamento do atleta, ele já mapeava a situação de cada um, ao dividir o elenco em grupos para os devidos exercícios.

Como modelo de exemplo aos atletas, fazia questão de acompanhá-los na programação determinada, demonstrando, assim, que dispunha de força física e muscular para puxar a fila. Com psicologia e habilidade, incluía na programação exercícios que faziam os jogadores se divertirem e se motivarem, sempre ao ritmo de palmas.

É comum treinador escolher o profissional de preparação física de sua confiança, mas paradoxalmente com Bebeto foi diferente. Trabalhou no Vasco durante dez anos, na década de 90, e não se teve conhecimento que tivesse desavença com qualquer treinador. Como não ficava de olho na vaga do comandante, sempre foi distinguido positivamente por membros da comissão técnica.

Na Seleção Brasileira Olímpica, conquistou medalha de prata dos Jogos de Seul de 1988, com derrota apenas na decisão para a extinta União Soviética. Na ocasião, fez dobradinha com o saudoso treinador Carlos Alberto Silva, de quem havia sido atleta na Ferroviária.

Em 2006, dois anos após ter voltado do Japão, considerava-se aposentado quando o seu telefone tocou e foi convidado para desenvolver a função de supervisor das categorias de base do São Paulo. E só topou o desafio de voltar ao clube porque já não precisava trabalhar nos gramados. Problemas cardíacos provocaram mortes do pai Barriga e irmão Nenê, que também foram atletas.

sábado, 14 de agosto de 2021

Dema, eleito o terceiro melhor volante do Santos

 É praxe jogadores do passado não pouparem críticas àqueles da atualidade. O ex-volante Dema, com auge na carreira no Santos, década de 80, torce o nariz quando vê atleta com sistemático recuo de bola, ou erra passes de distância inferior a quatro metros. Aí faz comparação com a sua geração quando, boleiros destemidos, ousavam aplicar dribles e conduziam a bola pra frente.

Como frequentemente assiste à jogos do Santos no Estádio da Vila Belmiro, ai de quem, ao seu lado, tenta convencê-lo de que hoje os espaços foram encurtados nos campo, para que o atleta defina com precisão a melhor alternativa. Não titubeia em repreender o interlocutor e lamenta a falta da qualidade do passado.

De fato, volantes que desarmam e valorizam saída de bola são raros, como foi especialidade de Dema. Embora por vezes ríspido em disputas de jogadas, igualmente tinha o tempo de bola para antecipação e esnoba para citar que sabia jogar. “Fui relacionado como o terceiro melhor volante da história do Santos, em pesquisa realizada”.

Historicamente, dos volantes santistas, torcedores o colocaram atrás apenas de Zito e Clodoaldo. Dema também chegou à Seleção Brasileira e participou de quatro jogos em 1985, ano em que foi eleito o melhor volante do Campeonato Brasileiro.

Ano anterior, integrou a equipe do título paulista, dirigida pelo saudoso treinador Carlos Castilho e formada por Rodolfo Rodriguez; Chiquinho, Márcio Rossini, Toninho Carlos e Toninho Oliveira (Gilberto Sorriso); Dema, Paulo Isidoro e Humberto; Lino, Serginho Chulapa e Zé Sérgio (Mário Sérgio).

Antes do Santos, Dema passou por Portuguesa, Bragantino e Comercial (MS). Fim de carreira, assinou contratos com clubes do futebol paulista como Portuguesa Santista, Comercial, Santo André, Francana, Ponte Preta, até chegada em América (RN) e Atlético de Três Corações (MG).

Radicado na capital paulista, se orgulha de Olímpia (SP), sua cidade natal, registrado como Waldemar Barbosa em fevereiro de 1959, para vingar no futebol. A boa memória permite lembrar a estreia no Santos em janeiro de 1983, na vitória sobre o América (RJ) por 2 a 0; do único gol marcado pelo clube em 150 jogos, na goleada por 4 a 1 sobre o Votuporanguense, em amistoso no Estádio Plínio Marim, em Votuporanga; e da despedida em 14 de maio de 1987, em Novo Horizonte, no empate sem gols com o Novorizontino.

Zagallo, 90 anos de idade

Talvez o próprio Mário Jorge Lobo Zagallo nem se lembra de quantos títulos conquistou ao longo da carreira no futebol, em quase todas as funções. Ao completar 90 anos de idade neste nove de agosto passado, com saúde debilitada após retirada de tumor no aparelho digestivo, ficou marcado por frases e comportamentos emblemáticos como treinador da Seleção Brasileira.

Em 1996, ao reassumir o comando técnico, protagonizou coreografia imitando aviãozinho, ao devolver provocação do treinador da Seleção da África do Sul, em amistoso que o Brasil ganhou de virada por 3 a 2, em Johanesburgo. Criticado na Copa América de 1997, na Bolívia, desabafou após conquista do título sobre o organizador do evento, por 3 a 1. Se aproximou de câmara da televisão, estufou o peito e gritou: 'Vocês vão ter que me engolir'. E assim sobreviveu no cargo até a Copa do Mundo de 1998, na França, derrotado na final pelos anfitriões por 3 a 0.

Também pagou caro por ter subestimado a Holanda, sensação da Copa do Mundo de 1974 na Alemanha, quando, antes de enfrentá-la na semifinal, a ironizou: 'Holanda é tico-tico no fubá, que nem o América [RJ] de 1950. Eles é que têm que se preocupar com a gente'. E aí teve que engolir o revolucionário futebol praticado pelo saudoso Johan Cruyff e companhia, na derrota por 2 a 0.

A contragosto dos pais, Zagallo ingressou no futebol como meia-esquerda do juvenil do América (RJ), no final dos anos 40. Em 1950, já no Flamengo, o treinador paraguaio Freitas Solich o adaptou como ponta-esquerda que recuava, para ajudar na recomposição. E assim a carreira se estendeu até 1963, no Botafogo (RJ), ao lado de Garrincha, Quarentinha, Didi e Amarildo. Foi o período da conquista do bicampeonato mundial pelo Brasil - 1958/62 - após ter ganhado posição do lesionado titular Pepe.

No título na Suécia de 58, marcou o quarto gol da goleada por 5 a 2 sobre os anfitriões. Como treinador, após estágio no juvenil, foi promovido ao profissional do Botafogo, sem prever que seria o sucessor de João Saldanha na Seleção de 1970, tricampeã mundial no México, época de coragem ao colocar Pelé na reserva, em amistoso preparatório contra a Bulgária, no Morumbi.

Zagallo ficou oito anos na Arábia Saudita, voltou a comandar clubes brasileiros, até que em 1994, como coordenador técnico da Seleção, sagrou-se tetracampeão nos Estados Unidos.



segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Baiano Zé Roberto e a fama de boemia

São incontáveis histórias de jogadores de futebol associados à bebidas alcoólicas, sem que o vício tivesse influência decisiva para queda de rendimento técnico durante relativo período. Exemplos mais claros foram os saudosos atacantes Sócrates e Mané Garrincha, que bebiam até em vésperas de jogos. Todavia, um atleta já aposentado e marcado por torcedores pela vida noturna foi o ex-atacante flamenguista Zé Roberto, que encontrou resistência de botafoguenses para permanência no clube. Uma faixa estendida no Estádio Nilton Santos taxava-o de 'Zé Cachaça'.

No universo de vários Zé Robertos no futebol, cabe esclarecer que não se trata do mais famoso entre eles, que iniciou a carreira na lateral-esquerda da Portuguesa, jogou no exterior, Seleção Brasileira, Flamengo e se transformou em meia antes de encerrar a carreira no Palmeiras, aos 43 anos de idade, assim como o irreverente e saudoso atacante Zé Roberto Marques revelado pelo São Paulo na década de 60, com passagens por Corinthians, Athletico Paranaense e Coritiba, que morreu na cidade de Serra Negra (SP) em 2016, aos 70 anos de idade.

Tema é reservado ao baiano José Roberto Oliveira, que ao se destacar no Vitória (BA), em 2002, passou a ter trajetória com idas e vindas do exterior, por Kashiwa Reysol do Japão e Schalke 04 da Alemanha, intercaladas em clubes do Rio de Janeiro.

Por causa da fama de indisciplinado, o Botafogo (RJ) procurou se resguardar sobre eventual rescisão de contrato em caso de abuso, mas o bom comportamento o colocou como indicado ao Prêmio Craque do Brasileirão de 2006. Todavia, houve recaída na temporada seguinte, ao ser flagrado em boate de Salvador (BA), após ter pedido licença por questões de saúde, quando o time perseguia o São Paulo para conquista do Brasileirão. Aí surgiu o apelido Zé Cachaça.

Chance de se reabilitar foi dada pelo Flamengo, quando chegou por empréstimo em 2009. Na ocasião, de reserva se transformou em artilheiro e destaque da equipe na conquista do Brasileirão, época em que o clube contava com jogadores como Petkovic, Williams, Juan, Léo Moura, Ronaldo Angelim, Bruno e Maldonado.

Depois, registro para passagens discretas e atormentadas por lesões em Vasco, Inter (RS), Bahia, Figueirense, Brasiliense e Botafogo de Ribeirão Preto em 2015, onde encerrou a carreira e foi morar em Lauro de Freitas, interior da Bahia.

Morre atacante André, que justificava apelido de 'Catimba'

É gratificante o uso do espaço para homenagear ex-ídolos em vida, pois quão agradecidos se manifestam com o ego massageado. Em dezembro passado foi contado aqui a história do centroavante André Catimba, que 'rodou' esse Brasil afora fazendo gols até 1985, no Fast Club (AM). E o baiano Carlos André Avelino de Lima morreu neste 28 de julho, aos 74 anos de idade, após ter se submetido a cirurgia na laringe, muitas vezes chamada de caixa de voz, por conter cordas vocais que permitem a fala.

Inflamação na laringite pode estar associada a rouquidão, dor de garganta, tosse, febre, dificuldade para deglutir ou respirar. Como veículos de informação não se aprofundaram no real diagnóstico de André, cabe recapitular que ele fez parte do folclore do futebol sobre apelidos de jogadores, como o atacante Luís Fabiano, o Fabuloso; Ademir de Menezes, Queixada; goleiro Castilho, leiteria; Dario, 'peito de aço' e meia kléber, Gladiador.

Nos anos 70, o apelido André Catimba foi justificado porque provocava os seus marcadores e causava expulsões. Afora esse destempero, fazia gols no estilo brigador e oportunista. Isso o levou até o Argentino Junior da Argentina em 1980, quando foi parceiro do saudoso Diego Maradona.

Um dos fatos marcantes na carreira dele foi erro no salto quando comemorava o gol do título do Grêmio (RS) no Campeonato Gaúcho de 1977, conhecido como 'voo de André Catimba'. Na comemoração durante Grenal - vitória por 1 a 0 -, projetou cambalhota, mas erro no movimento fez com que caísse com o rosto no chão, e se contorcesse em dor. Assim acabou substituído por Alcindo, em jogo que marcou quebra da hegemonia de oito anos do Inter na competição.

Dois anos depois, tido como prescindível pelo Grêmio, foi emprestado ao Bahia, Estado em que iniciou trajetória no futebol pelo Ypiranga em 1966, equipe que tinha como torcedor ilustre o escritor Jorge Amado. Cinco anos depois chegou ao Vitória (BA), período que realizou uma partida pela Seleção Brasileira contra um combinado estrangeiro, para posteriormente se transferir ao Guarani e atuar em companhia de Campos, outro centroavante escalado pelo saudoso treinador Diede Lameiro.

Tido como cigano da bola, a trajetória final foi em clubes de menor expressão como Pinheiros (PR), Comercial (SP), Náutico, voltou ao Ypiranga e Fast Club.


domingo, 18 de julho de 2021

Nelsinho Baptista, quinze anos no Japão

No dia 19 de agosto próximo será completado 54 anos do jogo entre Ponte Preta e São Carlos no Estádio Moisés Lucarelli, válido pelo Campeonato Paulista da Primeira Divisão, que terminou empatado sem gols.

Saudoso Otacílio Pires de Camargo, o Cilinho, era o treinador da Ponte Preta, cuja formação era a seguinte: Wilson; Nelson Samuel, Geraldo Spana e Santos; Sérgio Moraes e Nenê; Alan, Dicá, Manfrini e Adílson.

O árbitro foi Sílvio Luiz, que posteriormente deixou a arbitragem para seguir carreira de repórter esportivo, mas ficou famoso quando passou à função de narrador.

Aquele jogo marcou a estreia na Ponte Preta do ponteiro-direito Alan, vindo do São Paulo.

Daquela leva de boleiros pontepretanos dois já faleceram: volante Sérgio Moraes em abril de 2011 e Adílson Preguinho em abril de 2020.

O apelido Preguinho surgiu apenas quando foi funcionário da CPFL.

Já na passagem pelo Santos, foi incorporado o sobrenome Quiqueto ao goleiro Wilson.

Nenê, meia de armação daquele time, é irmão de Bebeto de Oliveira - à época jogador da Ferroviária.

Se enquanto atleta, o lateral Nelson foi identificado apenas pelo prenome, nas passagens por Ponte Preta, São Paulo, Santos e Juventus, como treinador - a partir de 1985 no São Bento - passou a ser identificado como Balsinho Baptista.

Como lateral, Nelson tinha características basicamente de marcação. Era rápido e, mesmo quando driblado, não desistia do lance em busca de recuperação.

Quando passava do meio de campo, raramente se aproximava da área adversária, mas sabia passar a bola corretamente.

Notoriedade Nelsinho Baptista ganhou como treinador, principalmente ao conquitar o primeiro título brasileiro no comando do Corinthians em 1990, clube que voltou a trabalhar em mais duas ocasiões: 1996/97 e 2007/08.

A rigor, três passagens igualmente foram acusadas em Ponte Preta e Sport Recife.

Na Ponte trabalhou em 1985/86, 2000/01 e 2006/07.

Embora tivesse passado por outros grandes clubes como Santos, São Paulo, Flamengo e Athetico Paranaense, ganhou gosto por terras janonesas.

Entre passagens intercaladas, completa, nesta temporada, 17 anos de Japão em diferentes clubes.

Quando regressou ao Brasil no final de 2017 jurou que aqui radicaria, mas no ano seguinte pra lá voltou e já cumpre a terceira temporada no Kashima Reysol.




segunda-feira, 12 de julho de 2021

Badeco, da bola para delegado da PF

 Nos tempos em que atleta de futebol padronizava início de entrevista aos microfones de rádio na base de 'ouvintes meus cumprimentos', o volante Badeco, cujo melhor desempenho foi na Portuguesa nos anos 70, falava com fluência. Em 1982, um ano após pendurar as chuteiras no Guaçuano (SP), já graduado pela Faculdade de Direito de Guarulhos e aprovado em concurso de delegado da Polícia Federal de São Paulo, passou a ser identificado como Dr. Ivan Manoel de Oliveira, nome de registro em sua cidade natal de Joinville (SC), em 15 de março de 1945.

Foi no América local, em 1964, o início da trajetória dele no futebol. Três anos depois, na rápida passagem pelo Corinthians, como garantir espaço num time que contava com o lendário Dino Sani na posição? Restou apenas assimilar orientação do titular sobre posicionamento em campo e forma de encurtar caminho para o desarme.

Obstinado, Badeco seguiu o seu caminho no América (RJ), quando a carreira deslanchou no meio de campo com Edu - irmão de Zico. E lá ficou entre 1968 e 1973, quando se transferiu à Portuguesa nos seus tempos áureos, inclusive com divisão de título paulista com o Santos na primeira temporada dele no clube. Aquilo ocorreu por causa de trapalhada do saudoso árbitro Armando Marques, que se confundiu na contagem de pênaltis convertidos pelos clubes, quando a definição obedeceu esse critério.

À época o time Luso tinha essa formação: Zecão; Cardoso, Pescuma, Calegari e Santos; Badeco, Dicá e Basílio; Xaxá, Cabinho e Wilsinho. E ainda da boa fase no clube registro para o vice-campeonato paulista de 1975, na decisão contra o São Paulo, quando, além da eficiência na marcação e bola aérea - 1,86m de altura -, ele exibia estilo clássico de toques refinados.

A carreira na Lusa teve continuidade por mais três anos, e depois entre Comercial (MS) e Juventude (RS), quando foi vítima de rompimento do tendão de Aquiles, em decorrência de carrinho aplicado pelo meio-campista Paulo Roberto Falcão, que jogava no Inter (RS).

Mesmo assim ainda tentou jogar no interior paulista no Barretos e Guaçuano, mas os movimentos limitados precipitaram o encerramento da carreira, com migração à função de técnico dos juniores da Portuguesa e profissionais de Bragantino. E quando da aposentadoria da Polícia Federal, ainda dirigiu clubes como Grêmio Osasco, Maringá (PR) e Grêmio Mauaense (SP).

segunda-feira, 28 de junho de 2021

Velloso trocou as luvas de goleiro pela televisão

Na década de 80, o saudoso narrador de futebol e empresário Luciano do Valle incrementou o conceito de se comentar futebol na televisão ao requisitar ex-jogadores famosos para o exercício, como Rivellino, Gerson e Tostão, por exemplo, na Bandeirantes. Logo, até a TV Globo copiou o exemplo e Pelé se juntou a Paulo Roberto Falcão para analisar jogos, principalmente da Seleção Brasileira. A partir daí, emissoras de rádio também passaram a contar com ex-atletas em suas respectivas equipes esportivas.

Nesta abertura, o ex-goleiro Wagner Fernando Velloso ganhou espaço na TV Bandeirantes, levado pelo então companheiro de Palmeiras - meia Neto. E no exercício da função, da mesma forma que não poupa cartolas incompetentes, jamais hesita em críticas a atletas que cometem erros e lamenta a forma como são blindados em excesso do contato com a imprensa, contrastando com o período em que ele jogava. “Eu cansei de dar explicação. Hoje tem a saída por trás. O jogador vai embora e ninguém vê”, revelou em entrevista ao portal UOL Esporte.

Velloso, que em setembro próximo vai completar 53 anos de idade, teve trajetória no Palmeiras de 1988 a 1999, quando, lesionado, cedeu lugar para Marcos. Aí, ao não retomar o espaço aceitou proposta para jogar no Atlético Mineiro, com contratos renovados até 2004, quando, apesar de três cirurgias no ombro e três no braço, ainda insistiu jogar por mais um ano no Atlético Sorocaba, nunca se queixando da rotina de viagens e concentração. “Eu sinto muita falta de jogar futebol”.

No biênio 1992/93, Velloso foi emprestado ao União São João de Araras - sua cidade natal - e posteriormente ao Santos, na tentativa de retomar a rotina de bom posicionamento, coragem para saída da meta, elasticidade para defesas tidas como impossíveis e liderança para orientar companheiros de defesa.

Por tudo isso, quando do encerramento da carreira, julgou-se habilitado à função de treinador, com passagens por Paraná Clube e no interior paulista em América, Grêmio Catanduvense, Itapirense. Aí constatou que sem o devido respaldo de dirigentes, o trabalho dificilmente prospera. Por isso decidiu investir em quadras de futsal em Araras, até que surgisse a chance de se transformar em comentarista que adota cautela sobre trabalho de treinadores, pelo entendimento das inerentes dificuldades.

segunda-feira, 21 de junho de 2021

Adãozinho, um reserva de luxo no Corinthians

Se hoje são raros os autênticos ídolos do futebol brasileiro, há cinco décadas até um reserva ganhava lugar de destaque no meio. Afinal, seria covardia o meia Adão Ambrósio, o Adãozinho do Corinthians, disputar vaga no time com o consagrado Roberto Rivellino, de mesma posição. Essa situação se arrastou por quatro anos consecutivos até 1974, com a transferência do titular para o Fluminense.

Foi aí que, para incentivá-lo, o cantor-compositor Bebeto o homenageou com a música ‘Adão, você pegou o barco furado’. Eis a letra: “Você está com tudo garoto, e não tá prosa. Camisa 10, chuteira, meia e calção! Como é que é Adão? A galera não é mole não. Você pode passar até por dez. Matar no peito, chutar forte, fazer gol. O sapo canta, o time perde, o povo chora. Você lamenta e fica triste com razão. Mas de nada você é culpado. Você já pegou o barco furado!

Enquanto reserva, Adãozinho entrava no transcorrer de partidas, mesmo que em outras posições. Embora ficasse no Corinthians até 1979, na prática ficou lembrado pela atuação memorável em 1971, na virada sobre o Palmeiras por 4 a 3, quando marcou gol antológico.

Pois o último 12 de junho marcou o décimo ano da morte dele, quando tinha 59 anos de idade. Diabético, havia atravessado sérios problemas de saúde e estava internado no Hospital Rim e Hipertensão, em São Paulo. Assim, ficou na história de atletas enigmáticos do futebol. Apesar de estiloso, não explodiu ao assumir a titularidade no Corinthians, e ainda ficou de fora de fotos em momentos marcantes do clube, como na invasão de 70 mil corintianos ao Estádio do Maracanã, pela semifinal do Campeonato Brasileiro de 1976, no empate em 1 a 1 com o Fluminense; assim como no desjejum de título na temporada seguinte, quando só enfrentou a Ponte Preta na primeira partida da final do Campeonato Paulista. Na chamada 'negra', só assistiu a festa.

Naquela época, como prevalecia o modismo de se fazer músicas associadas ao futebol, o sambista Luiz Américo manifestava preocupação com a falta de substituto para Pelé na Seleção Brasileira à Copa do Mundo de 1974, na Alemanha, e compôs a música Camisa 10: “Desculpe seu Zagallo, mexe nesse time que tá muito fraco. Levaram uma flecha, esqueceram o arco. Botaram muito fogo e sopraram o furacão, que não saiu do chão. É camisa dez da Seleção. Dez é a camisa dele, quem é que vai no lugar dele...

domingo, 13 de junho de 2021

Lula da bola, o maior ganhador de títulos no Santos

Bem antes da aparição do condenado Luiz Ignácio Lula da Silva na história política nacional, desportistas das décadas de 50 e 60 estavam familiarizados com outro Lula, técnico que mais ganhou títulos na história do Santos F.C., cidade em que nasceu. O Luís Alonso Pérez morreu há 49 anos, num 15 de junho, e é recordista no comando da equipe com 949 jogos e 771 vitórias.

Claro que a carreira de treinador jamais teria motivo para oscilação ao comandar a melhor equipe de futebol já montada no planeta, com conquista do primeiro título mundial em 1962, na decisão contra o Benfica (POR), tendo essa formação: Gylmar, Olavo, Mauro, Calvet e Dalmo; Zito e Lima; Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe.

Dizia-se, à época, que bastava Lula jogar as camisas para alto, e quem pegasse entraria em campo. Essa lenda provocou desabafo do filho dele, Marcos Alonso Perez: “Meu pai foi injustiçado, pois inventaram essa história. Ele tinha olho clínico. Montou aquele timaço, mas não sabia fazer o marketing”.

Lula assumiu o Santos em 1954 e conquistou o bicampeonato paulista em 1955/56, portanto antes da chegada de Pelé. Lá ficou até 1966, substituído por Antônio Fernandes, o Antoninho. Há versões, não confirmadas, de que teria havido divergências dele com Pelé, resultando em espaço encurtado no clube.

O certo é que na passagem pelo Santos conquistou 38 títulos, com ênfase para oito Paulistão, cinco de âmbito nacional, e outras duas vezes quer na Libertadores, quer no Mundial de Clubes. Quis o destino que em 1968, à frente do elenco do Corinthians, participasse da quebra de tabu de onze anos contra o seu ex-clube, na vitória por 2 a 0.

Lula foi funcionário de distribuidora de leite e a introdução no futebol foi na várzea santista como atleta, e posteriormente em comando técnico. Dali foi para a categoria juvenil da Portuguesa Santista, até constatarem a sensibilidade dele para enquadramento de jogador em equipes, o que implicou na transferência para o Santos, em substituição ao também saudoso treinador Aymoré Moreira, que foi servir a Seleção Paulista.

À época, Lula teve coragem de promover ao profissional Pelé e Edu aos 16 anos de idade, e Coutinho com 14 anos. O treinador morreu aos 50 anos, após complicações de um transplante de rim, o que indica que o centenário dele vai merecer registro ano que vem, mais precisamente em fevereiro.

quinta-feira, 3 de junho de 2021

Sangaletti, do Guarani para o Corinthians na década de 90

Zagueiro Sangaletti e atacante de beirada Fernando Diniz foram companheiros de equipe na temporada de 1995, no Guarani, para posteriormente traçarem outros caminhos. Desconhecia-se, à época, que tinham projeto de ingresso na carreira de treinador, quando pendurassem as chuteiras como atletas.

Ambos estudaram, fizeram cursos de treinadores, e Diniz prosperou na nova função, rompendo o seleto grupo daqueles profissionais que comandam grandes equipes do futebol brasileiro, enquanto Sangaletti, na chance de comandar o Noroeste no Paulista da Série A3, em 2016, não deslanchou.

Marcelo Antonio Sangaletti foi identificado no futebol apenas pelo sobrenome. Natural de Dois Córregos, interior paulista, completou 50 anos de idade no dia 1º de junho passado. Enquanto atleta, foi subindo degraus gradativamente, quer como zagueiro, quer adaptado à função de volante. Destemido, sabia se posicionar. E ao desarmar adversários, driblava-os, se necessário, assim como arrancava com a bola de trás, para iniciar rápida transição ao ataque.

De 1991 a 1996 passou por Juventus, XV de Jaú e Guarani. Já na temporada seguinte, o Banco Excel bancou a contratação dele para o Corinthians, quando passou a ter o gostinho de conquista de títulos, que só pararam quando do encerramento da carreira no Inter (RS) em 2005.

No futebol pernambucano de 1998 a 2002, todo ano era uma conquista. Os três primeiros pelo Sport Recife. Depois no Náutico, quando começou a trabalhar com o treinador Muricy Ramalho e admirá-lo.

Ao reencontrá-lo no Inter (RS), chegou a ser sacado da equipe durante intervalo de jogo contra o Guarani, quando seu time perdia por 2 a 0, no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, pelo Campeonato Brasileiro de 2004. Como ele não correspondia em campo, cedeu lugar para Rodrigo Paulista e o placar final foi de 3 a 1.

Reação do treinador em nada diminuiu a admiração pelo trabalho dele, que inclusive serviu de inspiração para que posteriormente amadurecesse a ideia de enveredar à carreira de comandante de equipe. Sangaletti optou pelo encerramento da carreira de atleta em 2005, aos 34 anos de idade, no próprio Inter, em decorrência de incômoda lesão no ombro.

A primeira real oportunidade na função surgiu em 2016, através do Noroeste de Bauru (SP), pela Série A3 do Paulista, sem que os objetivos fossem atingidos.



domingo, 30 de maio de 2021

Conca, argentino que fez sucesso no Brasil

Em 2019, aos 38 anos de idade, no clube americano Austin Bold F.C., o meia argentino Darío Conca decidiu pendurar as chuteiras, terminando trajetória que no futebol brasileiro foi marcada no Fluminense e Vasco. Depois disso, passou a se dedicar a eventos, palestras, consultoria na gestão da carreira pós-futebol e entretenimento no golfe. Também ficou viciado em redes sociais, e quis o destino que através do twitter fosse criado alvoroço com falsa divulgação de que teria reconsiderado a decisão de aposentadoria e acertado contrato com o Itumbiara, de Goiás.

Até torcedores se darem conta que tratava-se de um primeiro de abril, muitos sonharam em rever aquela técnica refinada para construção de jogadas com a perna esquerda, através dos dribles, condução de bola em velocidade, passes e precisão em cobranças de faltas. Edson Vieira, treinador do São Bento antes do início do Paulistão, também tentou convencê-lo ao desafio, mas a recusa foi sintomática.

Com 1,63m de altura e 63 quilos, o início de carreira de Conca nos argentinos Tigre e River Plate foi de reconhecimento e convocação à seleção nacional de seu país no biênio 2002-2003. E ganhou mais notoriedade quando atuava pelo Universidad Católica do Chile em 2005, na Copa Sul-Americana. Isso despertou interesse do Vasco, que o trouxe dois anos depois. Todavia, na temporada seguinte, quis o destino que se transferisse ao Fluminense, clube em que passou o melhor momento na carreira, culminando com a conquista do título do Brasileirão em 2010, ocasião em que foi premiado como melhor jogador daquela temporada, na Bola de Ouro da Revista Placar.

Na sequência, a carreira de Conca passou a tomar novos rumos, ao intercalar passagens no futebol brasileiro e chinês. Quando chegou no Guangzhou Evergrande em 2011, foi considerado o jogador de terceiro maior salário do planeta, atrás apenas do argentino Lionel Messi, do Barcelona, e o português Cristiano Ronaldo, na ocasião vinculado ao Real Madrid.

A justificativa para se desligar do Shanghai SIPG da China, em 2017, foi falta de estrutura para que se submetesse a cirurgia de joelho e processo de fisioterapia, tendo que arcar com os custos. Por isso concordou em fazer tratamento no Flamengo, clube em que jogou muito pouco, pois em seguida optou por finalizar a carreira no futebol dos Estados Unidos.


segunda-feira, 24 de maio de 2021

Lateral Léo Moura, 22 anos de carreira

 

De Botafogo para Botafogo foi a trajetória de 22 anos de carreira do lateral-direito de Léo Moura, natural de Niterói (RJ). Se os seus primeiros passos no profissionalismo foram no Botafogo do Rio de Janeiro, o encerramento deu-se no final do ano passado no 'foguinho' da Paraíba, aos 42 anos de idade.

Maior parte no futebol foi ligada a clubes do Rio de Janeiro, dez deles no Flamengo, com histórico que supera 500 jogos na agremiação, com registro em duas situações marcantes na temporada de 2009. Inicialmente quando, contrariado pelas vaias da torcida toda vez que pegava na bola, em jogo contra o Náutico no Estádio do Maracanã, evitou comemoração ao marcar o gol de empate por 1 a 1. Ou melhor: aos berros dirigiu-se aos torcedores com palavrões.

Na segunda foi só alegria, pois a equipe havia contrariado todas as expectativas e conquistado o título do Campeonato Brasileiro, na ocasião comandada pelo treinador interino Andrade, e contava, entre os destaques, com o meia iugoslavo Petkovic, de 37 anos de idade, e o centroavante Adriano Imperador, em grande forma.

Ainda no clube, ele foi pentacampeão carioca e conquistou o título da Copa do Brasil. Em 2016, já desligado, ingressou com ação na Justiça Trabalhista, com cobrança de dívida calculada por ele em cerca de R$ 10 milhões, considerando-se horas-extra, adicional noturno e direitos de arena no período de 2011 a 2015. Segundo informações, os cálculos teriam sido feitos com base no salário de R$ 260 mil que recebia.

Além de Botafogo e Flamengo, clubes cariocas como Vasco e Fluminense também desfrutaram do futebol dele, de transição rápida ao ataque e capacidade de infiltração em diagonal em defesas adversárias. Igualmente também fazia recomposição à defesa, e mostrava segurança na marcação.

Em clubes paulistas acusou passagens por Palmeiras e São Paulo. E quando presumia-se que o futebol dele estivesse em decadência pela idade avançada para jogador, foi titular do Grêmio (RS) no triênio a partir de 2017. No Brasil, ainda jogou no Linhares (ES), Santa Cruz (PE), Metropolitano (SC) e integrou a Seleção Brasileira em 2008.

Léo Moura teve experiência internacional até na Índia, com a camisa do GOA, no segundo semestre de 2015. Antes chegou a jogar no Lauderdale dos Estados Unidos, mas fora do Brasil enfrentou dificuldade de adaptação.



segunda-feira, 17 de maio de 2021

Nove anos sem o jogador-treinador Chico Formiga

Este 22 de maio marca o nono ano da morte do jogador-treinador Chico Formiga, aos 81 anos de idade. Quer como zagueiro de Cruzeiro, Palmeiras, Santos e Seleção Brasileira a trajetória foi vitoriosa, e isso se prolongou enquanto treinador de Santos, São Paulo e Corinthians.

Natural da cidade mineira de Araxá, Francisco Ferreira Aguiar iniciou a carreira de atleta no Cruzeiro em 1946, e quatro depois já vestia a camisa do Santos. Em 1955 participou da quebra de jejum de títulos de 20 anos, num time cuja média de gols foi de 3,42 por partida, e formado por Manga; Hélvio e Sarno; Zito, Formiga e Urubatão; Alfredinho, Álvaro, Del Vecchio, Vasconcelos e Pepe.

Já em 1957, transferiu-se ao Palmeiras, em troca que envolveu as idas do meia Jair da Rosa Pinto e o goleiro Laércio Milani ao Santos. Quis o destino que vestisse a camisa palmeirense naquela derrota de 7 a 6 para o Santos, no dia 6 de março de 1958, com 43.068 pagantes no Estádio do Pacaembu.

Eis o Palmeiras da época: Edgar (Vitor); Edson e Dema; Waldemar Carabina, Waldemar Fiúme e Formiga (Maurinho); Paulinho, Nardo (Carabalo), Mazola, Ivan e Urias. Já o Santos contava com Manga; Hélvio e Dalmo; Ramiro, Urubatão e Zito; Dorval, Jair, Pagão (Afonsinho), Pelé e Pepe.

Em 1960, de volta ao Santos, comemorou títulos da Libertadores e Mundial de Clubes em 1962, e a carreira foi encerrada no ano seguinte. Depois, como treinador, fez história no próprio Santos ao conquistar o primeiro título após a ‘era Pelé’ em 1978, como responsável pela formação da geração ‘Meninos da Vila’, como os atacantes Juari, Nilton Batata e João Paulo, e o meia Pita. Eles se juntaram aos experientes meio-campistas Ailton Lira e Clodoaldo.

No São Paulo, em 1981, outro título paulista, com esse time: Waldir Peres, Getúlio, Oscar, Dario Pereyra e Marinho Chagas; Almir, Heriberto e Renato Morungaba; Paulo César Capeta, Serginho Chulapa e Mário Sérgio. Logo, a recompensa com contrato em ‘petrodólares’ na Arábia Saudita, mas como o dinheiro não era tudo, em 1983 voltou ao Santos e em 1987 topou o desafio de dirigir o Corinthians em crise e levá-lo à disputa do título com o São Paulo.

O último gostinho de título foi no América Mineiro, na competição regional de 1993. Depois caiu no ostracismo em clubes como Palestra de São Bernardo e Catanduvense.

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Luvanor, Zé Teodoro e Cacau são astros do passado do Goiás

Quem diria que o E.C. Goiás, que foi quarto colocado do Campeonato Brasileiro de 1996, hoje sequer consegue vaga à fase semifinal do Campeonato Goianos, etapa daquela competição disputada por Aparecidense, Vila Nova, Atlético Goianiense e Grêmio Anápolis. Pois esse mesmo Goiás foi rebaixado no Campeonato Brasileiro da Série A, válido pelo temporada de 2020, e agora vai enfrentar a segunda divisão do futebol nacional.

Quem recuar no tempo e recordar a temporada de 1983 vai constatar um Goiás que arrancava aplausos com time bem ajeitado, quinto colocado no Brasileirão. Daquela leva, quem mais se destacava era o meia Luvanor, estilo clássico e objetivo, que despertou interesse dos italianos do Catânia, sem que lá tivesse a adequada adaptação.

De volta ao Brasil, rodou em equipes como Santos, Bahia, Flamengo, Atlético Mineiro e Inter (RS), antes de voltar ao estado de Goiás e jogar no Vila Nova e Anapolina até 1994. Depois entrou em cena o empresário e pecuarista Luvanor Donizete Borges, até porque a experiência como treinador nas categorias de base no próprio Goiás - e efêmera no profissional - mostraram que não tinha aptidão para comandante de grupo.

Naquele Goiás de 1983 registro para a ala direita através do lateral Zé Teodoro e ponteiro Cacau. O primeiro, de estilo fogoso, tinha facilidade para chegar ao fundo de campo, e por isso transferiu-se ao São Paulo, integrando um quarteto defensivo com Oscar, Dario Pereyra e Nelsinho. Na sequência ainda jogou no Guarani, Fluminense e Criciúma.

Como treinador, Zé Teodoro ainda não conseguiu se firmar, apesar de longa trajetória. Após rápida ascensão em equipes do interior de Goiás, e elogiada trajetória pelo Rio Branco de Americana (SP), projetava-se que pudesse dar um salto na carreira, mas não repetiu a performance quando dirigiu Guarani e Portuguesa.

Cacau foi um ponteiro-direto que chegou ao Corinthians em 1986, aos 23 anos de idade, sem repetir atuações anteriores. À época não conseguiu se adaptar às exigências do então treinador Rubens Minelli, para que acompanhasse avanços de laterais adversários. Assim, prosseguiu a carreira no Athletico (PR), Grêmio e Fluminense, antes de voltar ao Goiás e encerrar a carreira, mas continuou ligado ao futebol na função de analista em rádio e televisão. Além disso, concilia o trabalho de corretor imobiliário.

segunda-feira, 3 de maio de 2021

Nei, ponteiro-esquerdo que entortava laterais

No futebol moderno, equipes adotam marcação atrás da linha da bola, com atacante de beirada canhoto posicionado no lado direito, para que faça a diagonal e finalize com o chamado pé 'bom'. O mesmo se aplica ao destro no lado oposto, procedimento que tolhe as tradicionais jogadas de fundo de campo, no passado executadas por autênticos ponteiros, genuinamente dribladores e velozes, tidos como garçons de centroavantes artilheiros.

Eles eram incumbidos do cruzamentos pra trás, de forma que encontrassem seus companheiros de frente para a bola, visando o cabeceio. E o ponteiro-esquerdo Nei, que marcou época na segunda fase da 'academia do Palmeiras', na década de 70, comemorou títulos do Campeonato Brasileiro, Paulistão, Torneio Mar Del Plata (Argentina), Taça Laudo Natel e Taça dos Invictos em 1972, num time formado por Leão; Eurico, Luís Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu e Ademir da Guia; Edu, Leivinha, César e Nei.

Dono de habilidade rara, Nei entortava marcadores com dribles desconcertantes, principalmente o uruguaio Pablo Forlan, lateral-direito do São Paulo, que rosnava e cuspia nele, para intimidá-lo. E assim, destemido, chegou a Seleção Brasileira em 1976, mas não esconde a frustação de ter ficado de fora da Copa do Mundo de 1974.

A estreia no Palmeiras ocorreu em janeiro de 1972, na goleada por 4 a 0 sobre o Santos, e por lá permaneceu até 1979, com histórico de 490 partidas, 70 gols, e nono atleta com mais jogos na história do clube.

Após isso, foi envolvido em troca com o ponteiro Osni do Botafogo, mas permaneceu apenas três meses em Ribeirão Preto. Aí seguiu para o Grêmio Maringá (PR), com encerramento da carreira em 1983, diagnosticado com problemas na coluna vertebral.

Nei não é o nome dele. Passou a ser usado na juventude devido à semelhança física com o famoso atacante Nei Oliveira do Corinthians. O nome de registro de nascimento é Elias Ferreira Sobrinho, nascido em 15 de agosto de 1949, em Nova Europa (SP), local que trabalhou em padaria e cortador de cana.

Descoberto pelo treinador Vail Motta, Nei ficou apenas quatro meses na categoria juvenil na Ferroviária de Araraquara, quando o saudoso comandante Diede Lameiro o lançou na equipe principal em 1969, para disputar posição com Pio, ponta-esquerda que na sequência foi contratado pelo Palmeiras, que posteriormente também tratou de levá-lo.

segunda-feira, 19 de abril de 2021

São Paulo foi escola de zagueiros botinudos

Zagueiros no time são-paulino que desarmam jogadas na bola, como Arboleda e Léo, contrastam com histórico do clube de cinco ou seis décadas, quando raramente salvavam jogadores da posição que não fossem botinudos. Aos 16 anos de idade, Gildésio atuou na inauguração do Estádio do Morumbi em 1960. E se ele batia até na sombra, Belini, que o sucedeu, também não alisava.

Quase simultaneamente chegou ao clube, proveniente do extinto São Bento de Marília, Jurandir de Freitas, inicialmente como quarto-zagueiro para formar dupla com Belini, igualmente no estilo raçudo, e com sabedoria para visar meio gomo da bola e meio gomo do tornozelo do adversário, além de se impor no jogo aéreo ao longo da década de 60, o que facilitou a fixação do volante Roberto Dias, de baixa estatura, à quarta-zaga.

Nos anos 70 o São Paulo radicalizou em escalações de zagueiros violentos. Pescuma, que morreu aos 61 anos de idade em 2006, apelava quando driblado, mas no alto era quase imbatível, com aqueles quase dois metros de altura. Depois do Tricolor, ele ainda passou por XV de Piracicaba, Coritiba, Corinthians e Portuguesa.

Se Arlindo mostrava estilo clássico na quarta-zaga, o central Paranhos abusava de pontapés e aplicava carrinhos arriscados, hoje penalizados pelas arbitragens com cartões amarelos, contrastando com aquele tempo que caracterizavam-se como jogadas admissíveis, que até rendiam elogios.

Pra não fugir à regra de tipos de zagueiros que se impunham na força física, ainda na década de 70 o São Paulo contou com Gassem e Tecão, ambos versáteis no jogo aéreo, o que permitia ao clube admissão, mais uma vez, de quarto-zagueiro de estatura mediana, caso de Bezerra, de impulsão elogiada, e que antes atuava como lateral-esquerdo.

Não bastasse ter se caraterizado por zagueiros botinudos naqueles períodos, o lateral-direito também 'batia' até na sombra. Tratava-se do uruguaio Forlan que, embora bom marcador, foi tido como o atleta da posição mais violento na história do clube, e que aprendeu, no bom português, a clássica frase para inocentá-lo: 'Fui na bola, seu juiz'.

À época, incontáveis clubes recorriam a zagueiros que intimidavam atacantes adversários na pancada. O saudoso Pinheirense, da Ferroviária, de certo tenha sido recordista de expulsões pela maneira impiedosa que maltratava adversários.

segunda-feira, 12 de abril de 2021

Ademir da Guia chega aos 79 anos de idade

 O três de abril passado marcou o 79º aniversário de idade do melhor meia de todos os tempos da S.E. Palmeiras: Ademir da Guia, que pelo menos até quatro anos atrás ainda participava de jogos do time de máster do Verdão e de ex-atletas veteranos pelo Brasil afora, enquanto nesta faixa etária são incontáveis as pessoas na dependência de uma bengala para se locomoverem.

 A história de Ademir da Guia começou a ser contada no início da década de 60, no então ‘respeitado’ Bangu, do Rio de Janeiro, sendo posteriormente liberado ao Palmeiras. Ele herdou o estilo clássico de seu saudoso pai Domingos da Guia, um zagueiro que ao desarmar adversário aplicava drible com categoria, antes do passe. De vez em quando ele até cometia a imprudência de aplicar chapéu em sua própria área.

 Ambos tiveram passagens pela Seleção Brasileira, mas Ademir só foi relacionado para a Copa do Mundo de 1974, na Alemanha, quando jogou apenas 66 minutos contra Polônia, pois o titular da posição era Rivelino. Assim, sua história ficou cravada no Palmeiras a partir de 1961, com responsabilidade de substituir o gaúcho Chinesinho, negociado à Fiorentina, da Itália.

 Após período de seis meses de adaptação, Ademir pôde mostrar toques precisos, organização de jogadas, tabelinhas e muitos gols. Foi recordista de partidas no clube, com 901 durante 16 anos. Nos jardins do Parque Antártica foi erguido um busto em sua homenagem.

 Ele colecionou cinco títulos paulistas e o bicampeonato brasileiro. Formou com o volante Dudu uma dupla de meio de campo que se completava. Dudu, um carrapato na marcação, sabia fazer a bola passar pelos pés de Ademir antes de chegar ao ataque.

 Quando as pernas ficaram cansadas, bem que Ademir tentou ser treinador, mas logo percebeu que não levava jeito para ser comandante. Melhor assim. Seus admiradores ficaram com a imagem irretocável dele enquanto jogador.

 Ele foi juiz classista do Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de São Paulo, no Tribunal Regional do Trabalho, ocasião em que pegou gosto pela política e foi eleito vereador da cidade de São Paulo pela legenda do PCdoB, migrando posteriormente para o PR.

 Funcionários de seu antigo gabinete o acusaram em 2005 de apropriação indébita de R$ 15 mil dos respectivos salários, fato que ganhou manchetes de jornais. Ademir negou a versão.