terça-feira, 27 de março de 2018

Roberto Miranda, nono artilheiro do Botafogo


 Fatia significativa dos clubes brasileiros aboliu o atacante de área, então identificado como centroavante. Treinador que ainda opta pela escalação dele sugere que faça a ‘parede’, sem que seja pedreiro. É a forma de proteger a bola diante da aproximação de adversário, enquanto prepara a definição da jogada.

 Pois nos anos 60, quando fez sucesso com a camisa do Botafogo do Rio de Janeiro, Roberto Miranda bem assimilou orientações de seus treinadores para que evitasse ficar de costas dos adversários. Assim, preferia se deslocar e, ao receber o passe, de frente para o marcador, usava velocidade para concluir as jogadas.

 Por isso foi apelidado de ‘Vendaval’ pelo saudoso narrador de futebol Waldir Amaral, nos tempos de Rádio Globo (RJ), enquanto o torcedor carioca o identificava apenas como Roberto, diferentemente dos costumes atuais de se designar nomes compostos a atletas.

 Roberto Miranda, que em julho completa 75 anos de idade, tentou ser meio-campista no juvenil do Manufatura de Niterói, onde iniciou a carreira, mas no Botafogo foi transformado em centroavante, período em que admirava ídolos como Pampoline, Didi, Nilton Santos, Zagallo, Garrincha e Amarildo. O estilo raçudo e sem medo de cara feia lhe rendeu histórico de artilheiro. Na trajetória de dez anos no Botafogo (RJ), a partir de 1962, marcou 154 gols em 352 jogos, números que o colocam como nono maior artilheiro da história do clube.

 O período áureo dele foi no biênio 1967-68, num time formado por Manga; Paulistinha, Zé Carlos, Leônidas e Valtencir; Carlos Roberto e Gerson; Rogério, Roberto Miranda, Jairzinho e Paulo César Caju, quando o Estádio do Maracanã recebia público médio em torno de 100 mil torcedores nos clássicos estaduais.

 Na conquista do tricampeonato mundial pela Seleção Brasileira, em 1970, Roberto integrava o grupo, e entrou no transcorrer das partidas contra Inglaterra e Peru. Pela Seleção disputou 18 partidas e marcou nove gols.

 Em 1972, com a chegada do centroavante argentino Rodolfo Fischer no Botafogo, foi emprestado ao Flamengo, sem repetir o rendimento. Transferido posteriormente ao Corinthians, acabou prejudicado por lesões, não emplacou e encerrou a carreira em 1976. Por causa da violência de zagueiros adversários teve costela, braço, clavícula e queixo quebrados. Além disso rompeu o tendão de Aquiles.

segunda-feira, 19 de março de 2018

Ziza, sucesso no Brasil e 30 anos de Oriente Médio


 O ex-ponteiro-esquerdo Ziza, com carreira de sucesso no Guarani e Atlético Mineiro, deu motivos para o ostracismo: há 30 anos está radicado no Oriente Médio, onde atua como treinador, com passagens pelo futebol da Arábia Saudita e Catar.

 José Lázaro Robles Júnior, apelidado de Ziza ainda na infância, no bairro da Mooca em São Paulo - onde nasceu -, é filho do saudoso Pinga, de carreira marcante como ponta-de-lança de Vasco e Portuguesa nos anos 50.

 Pois esse Ziza em questão, que vai completar 68 anos de idade no dia 26 de abril, surgiu no futebol com a camisa do Juventus, e foi pretendido pelo Porto, de Portugal, antes de se transferir para o Guarani em 1975, atuando num time com Sérgio Gomes; Mauro Cabeção, Joãozinho, Amaral e Bezerra; Flamarion e Alexandre; Afrânio, Alfredo, Clayton e Ziza. O treinador da época era o saudoso Zé Duarte.

 O estilo de atacante rápido e driblador recomendou que fosse seguidamente acionado e caçado. Apesar disso, ora fazia jogadas de fundo de campo para cruzamentos, ora entortava laterais com a tradicional ajeitada na bola por dentro, para finalização com a perna direita.

 Essa característica rendeu-lhe 31 gols em 157 jogos pelo Atlético Mineiro, a partir de 1978. Logo na primeira temporada em Belo Horizonte (MG) colocou a faixa de campeão regional em time comandado pelo treinador Procópio Cardoso e formado por João Leite; Alves, Osmar Guarnelli, Luisinho e Hilton Brunis; Toninho Cerezo, Ângelo e Paulo Isidoro; Serginho, Dario e Ziza.

 A boa fase recomendou que Ziza entrasse na relação de convocados às Eliminatórias à Copa do Mundo de 1978, na Argentina, mas boatos de precariedade do condicionamento físico levaram o médico Lídio de Toledo a sugerir ao saudoso treinador Cláudio Coutinho que o cortasse dos convocados.

 Na temporada seguinte, Ziza foi emprestado ao Botafogo do Rio de Janeiro, sem contudo ratificar aquilo que dele se esperava. Assim, dispensado, retornou ao Galo mineiro sem que fosse absoluto na posição, como outrora.

 Ao perder espaço no clube, topou transferência à Inter de Limeira (SP), onde atuou até 1984, quando optou pelo encerramento da carreira de atleta. Incontinenti iniciou atividades de preparador físico, visto que ainda nos tempos de Juventus teve preocupação com ingresso em universidade, prevendo preparação em outra atividade profissional.

domingo, 11 de março de 2018

Régis Pitbull, boleiro prejudicado pelas drogas


 Que droga e esporte são coisas que não se combinam, a maioria não discorda. A carreira do maior ídolo do futebol argentino, Diego Armando Maradona, foi maculada ao ser flagrado em exame antidoping em 1991 quando atuava pelo Nápoli, da Itália, quando se constatou uso de cocaína. Pena: suspensão de 15 meses.

 Também punido pelo pó maldito foi o ex-atacante Dinei, quando jogava no Coritiba em 1996. E exemplo claro de superação do vício entre ex-jogadores é Casagrande, ídolo de Corinthians e Seleção Brasileira décadas passadas, hoje comentarista da Rede Globo de Televisão.

 Entre os incontáveis históricos de atletas que se curvavam ao vício, enumere Régis Fernandes da Silva, na bola identificado por Régis Pitbull, que o futebol lhe reservou a chance de jogar em clubes como Corinthians e Vasco, mas não soube aproveitá-la pela falta de compenetração no trabalho. No clube cruzmaltino, por exemplo, seu retrospecto foi de dois gols em 19 jogos.

 Régis Pitbull foi aquele atacante atrevido que partia com bola dominada sobre laterais adversários, conseguia envolvê-los pelo gingado e mobilidade nas pernas para aplicar dribles, e visão para cruzamentos. Assim, construía jogadas decisivas para que delas aproveitassem centroavantes companheiros de equipe.

 O futebol lhe foi tão generoso que abriu mercados na Europa e Ásia. Passou pelo Marítimo de Portugal, Japão e Turquia. Todavia, foi a Ponte Preta, entre 1997-99, que o colocou novamente na vitrine. Apesar disso, não conseguiu se dissociar do vício da maconha, flagrado com uso da substância em 2001, quando jogava no Bahia.

 O contínuo consumo da erva maldita aplicou-lhe uma segunda lição, já na estrada volta do futebol, em 2008, na passagem pelo Rio Branco mineiro. Outra vez o diagnóstico do exame antidoping acusou consumo da droga, e ainda assim teve chances de continuar no futebol.

 Incorrigível, apelou para o crack quando saiu do São Raimundo, do Amazonas, ao atravessar período depressivo. Foi quando amigos de Campinas optaram por interná-lo em clínica de reabilitação na cidade de Amparo-SP, até que em 2012 a Ponte reabriu-lhe as portas para tratamento de joelho, com perspectiva de reaproveitamento entre os profissionais. No entanto a carreira já estava minada, e encerrada na Matonense em 2015. Assim, restou a confissão dele de estar liberto das drogas. “Já fiz muita besteira que prejudicaram a minha vida’.

quarta-feira, 7 de março de 2018

Furacão se deu bem com medalhões em 1968


Em janeiro passado o ponteiro-esquerdo Kazu - que passou por Santos e Coritiba - renovou contrato com Yokohama F.C., do Japão. Detalhe: ele completou 51 anos de idade em fevereiro. Já o atacante Magno Alves - o mesmo que jogou no Fluminense -, 42 anos de idade, foi titular do Novorizontino na quinta rodada do Paulistão contra o Corinthians. Até o ano passado, o ex-corintiano Acosta era atacante do Taboão da Serra. Mesma posição joga Loco Abreu no Audax Italiano do Chile. Ambos têm 41 anos de idade.

 Essa longevidade de atletas contrasta com décadas passadas quando, ao atingir 35 anos de idade, eram forçados a encerrar a carreira. Motivos: desgaste físico, sequência de contusões musculares, lesões nos joelhos e fraturas nas pernas.

 Quem rompeu aquele tabu foi o Atlético Paranaense em 1968, quando dirigentes montaram time de medalhões, frustrados com a queda da equipe à segunda divisão estadual no ano anterior, com o consequente retorno na temporada seguinte. Aí apostaram em veteranos como o lateral-direito Djalma Santos, zagueiro Belini, volante Zequinha (Palmeiras), ponteiro-direito Dorval e o atacante Zé Roberto, que atuaram numa equipe formada por Célio; Djalma Santos, Belini, Charrão e Nico; Paulinho e Madureira; Gildo (Dorval), Nair (Nilton Dias), Zé Roberto e Nilson.

 Se Djalma perdeu espaço no Palmeiras, o Furação apostou em sua experiência. Assim ele jogou até 43 anos de idade, deslocado à zaga central no lugar de Belini, que encerrou a carreira aos 39 anos. Ambos já morreram.

 No Furacão, Dorval já não era aquele ponteiro veloz, mas compensava com habilidade e cruzamentos cheio de efeitos. Ele integrou o famoso quinteto ofensivo do Santos completado por Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe nos anos 60.

 Na época, dirigentes apostavam em jogadores problemáticos, desde que decidissem partidas. Foi o caso do saudoso atacante Zé Roberto, do São Paulo. Gostava da noite, era mulherengo, mas quando a bola rolava se transformava. Magro e alto, tinha aproveitamento fantástico no jogo aéreo. Em 1968 marcou 40 gols pelo Atlético (PR), ano em que o time começou a integrar o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o Robertão, com a participação de 15 clubes: cinco de São Paulo, cinco do Rio de Janeiro, dois do Rio Grande do Sul, dois de Minas Gerais e um do Paraná. Na época, Portuguesa (SP) e América (RJ) tinham status de clube grande.