domingo, 18 de dezembro de 2022

Cartões no futebol surgiram por causa de argentino Rattín

O título mundial conquistado pelo selecionado argentino, contrariando expectativa do início da competição no Catar, reverbera sobre craques do passado daquele país, um deles Antonio Ub Rattín, ex-volante de Boca Junior, com passagem pela seleção do país nas Copas de 1962 e 66, período em que atletas e árbitros, de idiomas diferentes, não conseguiam se comunicar adequadamente.

Assim, com justificativa de ato indisciplinar de Rattín, em jogo contra a Inglaterra que sediava aquele Mundial, o árbitro alemão Rudolf Kreitlein o expulsou, o que desencadeou paralisação da partida por dez minutos, pois o volante havia se recusado deixar o gramado, reivindicando um intérprete para esclarecimento sobre os motivos que o levaram àquela situação.

Foi necessário ser escoltado por policiais para deixar o gramado, mas em rebeldia amassou a bandeira do Reino Unido. Como a FIFA decidiu suspendê-lo, ele voltou a jogar pela Argentina apenas na temporada seguinte, o que se estendeu até a participação do país nas Eliminatórias à Copa de 1970, no México, sem que a vaga fosse conquistada, após derrota para a Bolívia por 3 a 1, em La Paz. De positivo, naquele episódio, a implantação de cartões amarelos e vermelhos, para sinalizar o tipo de advertência a ser aplicado.

Nascido em maio de 1937, Rattín fez carreira de atleta apenas no Boca Juniors, entre 1956 e 1970, no velho estilo raçudo dos argentinos e preponderância no jogo aéreo. Ranzinza, trocou socos com o saudoso zagueiro brasileiro Orlando Peçanha - companheiro de equipe -, durante desentendimento em treino. Por isso ficaram dois anos sem se falar, mesmo atuando juntos.

Na época, 'encrespou' até com Pelé, em jogo contra o Santos, após recomendação para jogar apenas na bola e evitar entrada mais dura. Embora tivessem bom relacionamento, na ocasião Rattín se irritou e respondeu: “Fique tranquilo, sem bola nada, mas com bola te arrebento!’

No Boca Junior disputou 352 jogos, marcou 26 gols e conquistou quatro títulos. Incontinenti assumiu o comando técnico do time B do mesmo clube, rodou em outros, até a volta à origem em 1980, já na equipe principal, sem que se firmasse. Por isso foi vender seguros e voltou ao Boca Junior em 1995, como coordenador técnico, até que em 2001 tornou-se o primeiro atleta daquele país ao se eleger deputado federal.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Adeus a Beto Fuscão, zagueiro do passado

Seis de dezembro passado marcou a morte do então zagueiro Beto Fuscão, aos 72 anos de idade, vítima de câncer no estômago. Dizem que os avanços da medicina têm provocado incontáveis curas de tumor maligno, mas na prática ele continua traiçoeiro e destrutivo.

Imaginem se cartolas e empresários de hoje, que policiam jogadores, admitiriam o apelido Fuscão para Rigoberto Costa, catarinense de Florianópolis? Por que do apelido? Há versões que teria sido em decorrência do 'traseiro' avantajado, assim como comparação a Luiz Pereira, chamado de 'Chevrolet', sem que ambos tivessem atuado juntos.

Seja como for, quem não o viu jogar, que não se deixe enganar por narrativas que tivesse sido craque, assim como jornalistas têm por hábito acrescentar virtudes quando a pessoa morre. Beto Fuscão tinha estilo clássico para desarmar jogadas e tranquilidade para limpá-las antes do passe. Precisam contar, também, que foi um zagueiro lento e batido no enfrentamento com atacantes velozes.

Discussões sobre qualidade técnica a parte, o certo é que após início de trajetória profissional no Figueirense (SC) em 1968, que se estendeu por três anos, ainda teve passagem pelo América (SC), antes de chegada ao Grêmio em 1973, no período de predominância do Inter no futebol gaúcho. Apesar disso, ainda foi eleito para a seleção da Bola de Prata em 1976, o que pesou para que o Palmeiras o contratasse na temporada seguinte, despedindo-se do clube num empate contra o Marília em 26 de outubro de 1980. Portanto, atuou em 207 partidas e marcou dois gols.

Desde 1976 passou a integrar a Seleção Brasileira, chamado pelo saudoso treinador Oswaldo Brandão, com participação em 15 jogos, alguns deles válidos às Eliminatórias da Copa do Mundo, e outros pela Taça do Atlântico, Copa Roca, Taça Oswaldo Cruz e Torneio Bicentenário dos EUA, todos em 1976.

Em 6 de outubro de 1976 disputou a Taça Geraldo Cleofas Dias Alves, em amistoso contra o Flamengo. Na ocasião, atuou ao lado de Carlos Alberto Torres, Marinho Peres, Clodoaldo, Rivelino, Jairzinho, Paulo César Cajú e Pelé,

Nos anos 80, quando as pernas já se mostravam nitidamente cansadas, iniciou a penosa trajetória de estrada da volta no futebol, com passagens por São José (RS), Araçatuba (SP), Uberaba (MG) e 1988 no Tiradentes do Distrito Federal, ocasião em que comemorou título.

domingo, 4 de dezembro de 2022

Gil Baiano chegou até a Seleção Brasileira

Oriundo das categorias de base do Guarani, quando o lateral-direito Gil Baiano estreou na equipe principal, em 25 de outubro de 1987, na vitória sobre a Portuguesa por 2 a 0, a mídia de Campinas ficou dividida entre identificá-lo apenas pelo apelido de Baiano - como havia sido a trajetória nos juniores - ou atender apelo da diretoria do clube para acrescentar também o apelido Gil, do nome José Gildásio Pereira de Matos.

Prevaleceu o desejo dos cartolas, e em seis jogos subsequentes ele foi mantido como titular pelo saudoso treinador Pedro Rocha. A chance ocorreu porque Ricardo Rocha, que ocupava a posição, foi remanejado ao miolo de zaga, para formar dupla com Gílson Jader, o que implicou na saída da equipe do central Valdir Carioca.

Como na sequência Pedro Rocha efetivou o saudoso Giba na lateral-direita, Gil Baiano perdeu espaço no Guarani, e o Bragantino reservou-lhe chance de recomeço na carreira, para colocar em prática rápida transição ao ataque e chutes fortes à meta adversária, inclusive em cobranças de faltas. Assim, no biênio 1990/91, conquistou o inédito título do Paulistão e vice do Brasileirão, o que serviu para abrir-lhe as portas da Seleção Brasileira e registrar participação em sete jogos.

Assédio de grandes clubes foi sintomático e prevaleceu o Palmeiras na era Parmalat, por indicação de Vanderlei Luxemburgo, que havia sido treinador dele no Bragantino. Assim, juntos, sagraram-se campeões do Brasileirão de 1993, sobre o Vitória da Bahia, num time formado por Sérgio; Gil Baiano, Antonio Carlos, Cléber e Roberto Carlos; César Sampaio, Mazinho, Edílson e Zinho; Edmundo e Evair.

Depois de passagens por agremiações como Vitória e Paraná Clube, Gil Baiano jogou até no Sporting de Portugal, para na sequência entrar na estrada da volta em clubes de menor expressão, com episódio de suspensão por seis meses, em 1998, porque exame antidopagem acusou a substância proibida femproporex.

Gil Baiano encerraria a carreira em 2002, após sua terceira passagem pelo Bragantino, mas decidiu retomá-la quatro anos depois no Ceilândia (DF), aos 40 anos de idade. Agora, aos 56 anos, completados em três de novembro passado, está aposentado do futebol após atuar em comissões técnicas, com registro de experiências como auxiliar-técnico de Bragantino e Atibaia, e comando do sub-20 do Comercial de Ribeirão Preto.