domingo, 19 de fevereiro de 2023

Athirson, lateral dos bons da escola do Flamengo

Flamengo é um clube vocacionado à revelação de laterais-esquerdos extremamente técnicos e características ofensivas. Foi assim com Júnior nos anos 70 e 80, sucedido por Leonardo a partir de 1987, e continuidade com Athirson, que começou a atuar em 1996. Todos também brilharam no futebol europeu e acusaram passagens pela Seleção Brasileira, com histórico do carioca Athirson Mazzoli e Oliveira de 19 partidas e título no torneio pré-olímpico de 1999, que resultou em vaga à Olimpíada de Sidney, na Austrália, em 2000.

Embora considerado uma das promessas da equipe flamenguista e ter cativado a torcida, dirigentes do clube interpretaram que deveria ser emprestado para ganhar experiência, e não se opuseram ao interesse do Santos em 1998, com retorno já na temporada seguinte, ocasião em que passou a aliar a reconhecida habilidade ao estilo raçudo e eficiente na marcação, o que implicou em deixar o então titular Gilberto na reserva.

Dois anos depois, pela performance no Campeonato Brasileiro e ao se destacar pela pontaria em cobranças de faltas, ganhou a Bola de Prata da Revista Placar. No Flamengo, entre idas e vindas, acusou quatro passagens, totalizando 253 partidas, 37 gols, e títulos da Copa Ouro em 1996, Campeonato Carioca em 1996 e 1999 e Copa Mercosul em 1999.

A trajetória no futebol europeu começou em 2001 na Juventus (ITA), que ganhou a concorrência com o Barcelona (ESP). Aí, no vaivém ao Brasil, passou pelos europeus CSKA de Moscou (RUS) e Bayer Leverkusen (ALE). Dos clubes cariocas, além do Flamengo atuou pelo Botafogo, antes de 'embarcar' na estrada da volta do futebol, no Brasiliense (DF) e Portuguesa Desportos, quando reencontrou o seu futebol e o Cruzeiro tratou de levá-lo para a disputa da Libertadores de 2009.

Seu último clubes como atleta foi o Duque de Caxias (RJ), mas a facilidade para se expressar rendeu-lhe contrato como comentarista do canal Fox Sports Brasil, experiência logo interrompida pelo desafio de ingressar inicialmente como treinador nas categorias de base do São Cristóvão (RJ) e depois na equipe principal do Flamengo do Piauí.

Sem que prosperasse, voltou aos microfones, ao integrar na equipe do canal oficial do Flamengo, no YouTube, como comentarista, até que em 2022 assinou contrato com a Record TV (RJ), para comentar jogos do Campeonato Carioca.

Arturzinho, uma baixinho que deixou a sua marca no futebol

Venezuelano Soteldo, atacante do Santos, é uma das exceções de jogadores de futebol que conquistam espaço em clubes com estatura de 1,59m. Esse cenário contrata com décadas passadas quando tamanho não era documento para se correr atrás da bola. Saudoso atacante Bimbinha, do Sampaio Corrêa (MA) dos anos 70, preocupava adversários mesmo com 1,47m de altura. Ele foi tido como o jogador profissional mais baixo de todos os todos dos tempos do futebol brasileiro.

Ponteiro-direito Osni Lopes, 1,56m de altura, que fez sucesso nos rivais Bahia e Vitória na década de 70; Madson, atacante de beirada, 36 anos de idade, que até 2020 jogou futebol pelo São Caetano - após ter passado pelo Santos -, 1,58m de altura, são outros inclusos entre baixinhos com espaços nos clubes, alguns com sucesso como Arturzinho, que passou a melhor fase na carreira no Bangu, onde 'celebrou' ter marcado quatro gols na goleada por 6 a 2 sobre o Flamengo, em 1983.

O carioca Artur dos Santos Lima, 66 anos de idade, revelou ter enfrentado preconceito pelo porte físico franzino aos 14 anos de idade, quando participou de treino peneira da Portuguesa (RJ). Persistente, em 1974 o São Cristóvão deu-lhe a esperada chance, considerando que 1,62m de altura e 58 quilos não seriam obstáculos para a trajetória. A partir dali, a carreira de ponta-de-lança teve início, sem que ainda se firmasse na chance obtida no Fluminense. Posteriormente, foi no Operário de Campo Grande (MS), com precisão em cobranças de faltas e jogadas de habilidade, que passou a ganhar notoriedade.

Oscilações na carreira foram atribuídas a sucessivas mudança de clubes. No Bangu registrou quatro passagens. A primeira delas no biênio 1982/83, com regresso em 1985, ano do vice-campeonato brasileiro. E depois atuou pelo clube mais duas vezes, ao intercalar passagens por Vasco, Botafogo (RJ), Fluminense, Fortaleza e Paysandu e Corinthians. O final de carreira ocorreu em 1996 no Volta Redonda, aos 40 anos de idade.

Se merecia ao menos uma chance na Seleção Brasileira, ela ocorreu na vitória contra o Uruguai, por 1 a 0, em amistoso que o gol foi dele. A vida no futebol continuo como treinador, com registro até no Al-Kharaitiyat Sport Club do Catar, além de mais de uma dezena de clubes brasileiros como Bahia, Vitória, Fluminense, Joinville e América de Natal.


Pires, o ex-volante que caiu no esquecimento

O futebol é tão caprichoso que são incontáveis os casos de atletas que se destacam nos clubes, até chegam à Seleção Brasileira, e quando penduram as chuteiras desaparecem do mapa, diferentemente de outros que seguem em comissões técnicas, empresariando no ramo, ou em veículos de comunicação com os seus 'pitacos'.

Pois José Sebastião Pires Neto, ou simplesmente o volante Pires, é um desses sumidos, recolhido à sua Sorocaba, cidade natal que abriu-lhe as portas no futebol, para jogar no São Bento em 1975, quando havia completado 19 anos de idade. A rigor, outrora esse clube foi revelador de atletas que transitaram em grandes centros. Os ex-zagueiros Marinho Peres e Luiz Pereira seguiram para Portuguesa e Palmeiras respectivamente, ambos entre as décadas de 60/70.

E foi Luizão quem indicou Pires para que o Palmeiras o contratasse, quando o volante atingia o segundo ano como profissional, em tempo de participar da conquista do título paulista, e em 1978 do vice-campeonato do Brasileirão, período que o clube montava equipes respeitáveis. Apoiado pelo então treinador Olegário Tolói de Oliveira, o lendário Dudu, Pires tinha fôlego de sobra, tanto que chegou ao São Bento como ponta-de-lança, para na sequência ser recuado.

Embora franzino, 1,68m de altura, ele desarmava as jogadas e simplificava no passe, Assim, a passagem no Palmeiras foi estendida até 1981, com histórico de 295 partidas e oito gols, enquanto no Rio de Janeiro foi esticada até 1985, inicialmente pelo America e depois Vasco, quando em 1984 foi premiado com a Bola de Prata da revista Placar, basicamente uma reedição de 1979, período vinculado ao Palmeiras.

A rigor, no clube cruzmaltino, um dos bons momentos foi a chegada à Seleção Brasileira, com registro de duas participações. Isso alternado a situações que lhe atrapalharam a carreira, como a fratura de tíbia e perônio, ao disputar bola com o paraguaio Romerito, do Fluminense, que lhe custou afastamento dos gramados durante um ano e seis dias.

E ao retornar aos jogos em 1985, não conseguiu repetir atuações convincentes. Assim, perdeu espaço na equipe e por isso aceitou transferência ao Bahia. Incontinenti, seguiu carreira em Portugal no Farense, Portimonense e Gil Vicente. Na volta ao Brasil, registrou passagens por São José (SP), Nacional (SP) e Anapolina (GO).