domingo, 31 de julho de 2022

Dez anos do título do Corinthians na Libertadores

 É praxe, aqui, reprise de histórias de personagens marcantes no futebol, após o décimo ano de morte. Por que não rememorar os dez anos da conquista da Libertadores pelo Corinthians? Sim, o título sobre o Boca Junior, naquele quatro de julho de 2012, serviu para calar rivais que o ironizavam pelos longos anos na fila, e consideravam irrelevante o título mundial de 2000, disputado no Brasil, sem que tivesse sido o melhor da América do Sul, anteriormente.

E que volta por cima do Corinthians naquele título da Libertadores de 2012! É que no ano anterior havia dado vexame na competição, eliminado na primeira fase diante do então desconhecido Tolima, da Colômbia, com reflexo de vândalos - travestidos de torcedores - invadirem o centro de treinamento do clube, para depredarem veículos dos jogadores e do treinador Tite.

Todavia, dirigentes deram respaldo ao elenco, e a recompensa foi sintomática com aquela histórica vitória por 2 a 0 sobre o temido Boca Junior, no Estádio Pacaembu, gols marcados pelo atacante Emerson Sheik, numa competição marcada pela invencibilidade do clube em 14 jogos, com oito vitórias e seis empates.

Daquela defesa que sofreu apenas quatro gols, muitos custam a entender como o então regularíssimo quarto-zagueiro Leandro Castán perdeu o 'time' para encerramento da carreira. Neste ano, arriscou continuidade no Guarani, após passagem contestada no Vasco, e pressão de torcedores bugrinos o fez repensar o momento da aposentadoria. Já o zagueiro Paulo André manteve regularidade após transferência ao Athletico Paranaense.

Foi a competição que serviu para sedimentar a carreira do goleiro Cássio e as suas defesas milagrosas. Ele, o lateral-esquerdo Fábio Santos e volante Paulinho são remanescentes daquela campanha, enquanto o lateral-direito Alessandro exerce a função de coordenador de futebol do clube, assim como Emerson Sheik já foi funcionário, após a aposentadoria.

Igualmente pararam de jogar o zagueiro Chicão, meias Danilo e Douglas e atacante Liédson. Ainda estão na ativa o volante Ralf, vinculado ao Vila Nova, atacante Romarinho - 31 anos de idade - e integrado ao Al-Ittihad FC da Arábia Saudita, enquanto o meia-atacante Jorge Henrique desafia ao tempo e está atuando no North de Montes Claros, interior de Minas Gerais, aos 40 anos de idade completados em abril passado.

domingo, 24 de julho de 2022

Adeus ao ex-quarto-zagueiro Ademir Gonçalves

 De corações dilacerados ficaram o ex-vereador barbarense Gustavo Bagnoli Gonçalves e seu irmão Bruno Gonçalves com a perda dos pais de um dia para o outro. Durante o velório do ex-quarto-zagueiro Ademir Gonçalves, neste 22 de julho, a esposa dele, Elizabeth Bagnoli Gonçalves, passou mal, foi encaminhada a hospital de Santa Bárbara d'Oeste, e morreu vítima de infarto.

A morte de Ademir Gonçalves, com passagem pelo Corinthians na década de 70, aos 75 anos de idade, nos remete a irreverência do saudoso presidente do clube Vicente Matheus, que impiedosamente o dispensou em 1978, de forma franca e direta, justificando que havia contratado o uruguaio Taborda. “Você não vai ficar aqui. Ele vai ocupar o seu lugar”, disse o dirigente.

Em 1972, Ademir Gonçalves chegou ao Corinthians em tempos nebulosos, pela falta de títulos, e espaço encurtado entre os titulares, porque lá estiveram os zagueiros Brito e Baldochi. A rigor, ele chegou a ficar como terceiro reserva na passagem do saudoso comandante Yustrich pelo clube. Isso facilitou a inclusão em negociação por empréstimo com o Guarani, numa troca com compensação financeira feita pelo Corinthians, para contar com o saudoso ponta-de-lança Washington, em 1974.

Na temporada seguinte do Corinthians, com a chegada do treinador Sylvio Pirilo, foi pedida a volta de Ademir Gonçalves, que também sabia chegar junto, como se diz na gíria do futebol, mas persistiram oscilações dele na equipe principal, principalmente com a chegada de Zé Eduardo para a posição.

Quis o destino que na terceira e decisiva partida do Corinthians contra a Ponte Preta, na finalíssima do Paulistão de 1977, Ademir Gonçalves saísse na foto do time que sagrou-se campeão, com quebra de jejum de quase 23 anos. E isso ocorreu devido à suspensão de Zé Eduardo, ocasião em que participou do lance que determinou a expulsão do centroavante Rui Rei, da Ponte Preta, aos 16 minutos de partida. “O Rui tentou levar a bola com a mão, numa disputa comigo, e o Dulcídio (Vanderlei Boschilia), árbitro do jogo, marcou falta. Irritado, o Rui falou um palavrão e foi expulso”.

Foram em clubes de menor expressão as últimas passagens dele, como Pinheiros - atual Paraná Clube -, São José e volta ao União Barbarense onde ficou até 1984, clube de início de carreira 20 anos antes. Ele atuou como comentarista esportivo em emissora local.

domingo, 17 de julho de 2022

Dez anos sem o goleiro Orlando Gato Preto

 Este 19 de julho marca o décimo ano da morte do goleiro Orlando Gato Preto’. Ele ficou quatro meses internado na capital paulista, vítima de um AVC (acidente vascular cerebral), quando faltavam seis dias para completar 67 anos de idade. Ele foi rotulado de pegar bolas defensáveis, mas de vez em quando algumas impossíveis, no período em que ficou na Portuguesa de Desporto de 1963 a 1974, sendo que no quadriênio, a partir 1964, participou do revezamento na meta com o também saudoso Félix, mas em excursão pelos Estados Unidos ambos atuaram juntos na goleada por 12 a 1 sobre o Massachusetts, quando Félix foi jogar de centroavante a partir do nono gol e marcou o décimo.

Na época, treinadores tinham hábito de intercalar goleiros a cada partida, quando havia semelhança do nível técnico entre ambos. Assim, o carioca Orlando Alves Ferreira só foi fixado como titular com a transferência de Félix ao Fluminense, que ali chegou à Seleção Brasileira e foi tricampeonato mundial na Copa de 1970.

Orlando atuou quando eram raros goleiros negros. Exemplos marcantes se resumiram a Barbosa, Veludo, Barbosinha, Ubirajara Alcântara, Mão de Onça. Dimas Monteiro, Tobias e Jairo. Ubirajara, de Flamengo e Botafogo (RJ), foi eleito pelo júri do programa de televisão ‘Discoteca do Chacrinha’ o negro mais bonito do Brasil em 1971. Ele também entrou para a história do futebol como o primeiro goleiro a marcar gol, na passagem pelo Flamengo contra a Portuguesa (RJ), quando chutou a bola de sua área, que empurrada pelo forte vento traiu o goleiro adversário.

Barbosa, que morreu em 2000 e ídolo do Vasco, ficou marcado pelo gol sofrido na derrota da Seleção Brasileira por 2 a 1 para o Uruguai, na final da Copa do Mundo de 1950, no Estádio do Maracanã, em conclusão do saudoso atacante Ghiggia, enquanto Barbosinha esquentou o banco de reservas do Timão até 1967, quando foi fixado como titular. Um ano depois, taxado de frangueiro por torcedores, deixou o clube.

Diferentemente dele, Tobias e posteriormente Jairo foram bem-sucedidos no Corinthians na década de 70. Tobias marcou época no time de 1974 a 1980, após passagens recomendáveis no interior paulista por Noroeste e Guarani. Depois veio de Maceió o baixinho César, de qualidades técnicas discutíveis. Apesar disso, foi bicampeão paulista em 1982/83, no período da democracia corintiana.


Oséas fez o gol contra mais bonito no Brasil

Quem já torcia para o Palmeiras há vinte e poucos anos jamais esquecerá do centroavante Oséas, pelos gols decisivos anotados em finais de competições. Pela Copa do Brasil de 1998, ele marcou na vitória sobre o Cruzeiro por 2 a 0, após derrota no jogo de ida por 1 a 0. Na Libertadores de 1999, fez gol na partida decisiva com vitória por 2 a 1 sobre o Deportivo Cali, em São Paulo, após derrota no primeiro jogo na Colômbia, por 1 a 0. Assim, na definição através de cobranças de pênaltis, deu Palmeiras por 4 a 3.

Oséas usava trancinhas e foi centroavante com recomendável aproveitamento no jogo aéreo, capaz até de se confundir para que lado o time dele estivesse atacando. Em 1998, contra o Corinthians, protagonizou belo o gol contra, quando saltou após cobrança de escanteio do adversário, mas acertou forte cabeceada contra o seu próprio gol.

Proposital? Jamais. Apenas lapso. E ficou atordoado, tanto que perdeu o rumo no intervalo, ao errar até o seu vestiário. E foi substituído por Cris, autor do gol de empate palmeirense. "Minha intenção foi tirar a bola, mas ela veio com muito efeito", tentou justificar.

Após discreta passagem por clubes de menor expressão do Nordeste, a projeção veio no Atlhetico Paranaense, campeão brasileiro e artilheiro da série B em 1995 com 14 gols. A boa fase abriu espaço na Seleção Brasileira e chegada ao Palmeiras em 1997, com permanência de dois anos e histórico de 65 gols em 172 jogos.

Nos últimos anos de carreira passou por Cruzeiro, Inter (RS), Santos, Vissel Kobe e Albirex Niigata do Japão, culminando com encerramento no Brasiliense em 2005, ocasião em que migrou ao ramo imobiliário, como empresário.

Nascido em meio de 1971 e registrado em Salvador (BA) como Oséas Reis dos Santos, teriam os pais dele se inspirado no profeta Oséias para definir o nome? Na grafia do personagem bíblico é acrescentada a vogal 'i', e comportamentos bem distintos entre ambos. O brincalhão ex-atleta contrasta com o profeta do século 8 a.C. , citado no Antigo Testamento da Bíblia, levantado por Deus para profetizar em Israel, que se casou com mulher adúltera.

Segundo relato da Bíblia, a esposa Gômer o teria traído em obediência a ordem de Deus, para simbolizar infidelidade religiosa dos israelitas. Todavia, estudiosos de teologia interpretam o texto como sentido figurado e não realidade dos fatos descritos.

domingo, 3 de julho de 2022

Sylvinho, histórico melhor foi como atleta

A função de treinador de futebol está tão valorizada no Brasil que parte significativa de ex-atletas sonha com migração à cobiçada atividade. Sylvinho, carreira de rasgados elogios como lateral-esquerdo de Corinthians e clubes europeus, projetou salto como comandante de grupo, mas nas duas reais chances recebidas não prosperou.

Quando abandonou a carreira de atleta em 2011, aos 37 anos de idade, caiu no colo deste paulistano Sylvio Mendes Campos Júnior gratificante estágio como auxiliar técnico de Vagner Mancini, que havia assumido o comando do Cruzeiro. E juntos continuaram no Sport Recife até que em 2013 deu-se a volta ao Corinthians na mesma função, ocasião que participou da comissão técnica do treinador Tite, que posteriormente o levou à Seleção Brasileira.

A nova carreira de prosperidade resultou no cargo de treinador da seleção olímpica, sem projetar que o curto trabalho seria interrompido devido à desafio maior, ao assumir o comando do Lyon da França, levado pelo amigo Juninho Pernambucano, superintendente de futebol daquele clube. O que ele não imaginava era o péssimo rendimento da equipe e demissão incontinenti, em 2019.

A chegada de Mancini como treinador do Corinthians implicou na reativação da dobradinha entre eles, até que em 2021, com a demissão do comandante, ganhou chance de assumir a equipe principal. Aí, pressão da torcida provocou a demissão dele do cargo em fevereiro passado, o que sugere recapitular histórico de sucesso enquanto atleta, saído do terrão do Corinthians em 1993, para se firmar na equipe principal dois anos depois, com conquistas do Paulistão e Copa do Brasil.

Foi quando mostrava capacidade de desarme, domínio de bola e sucessivos avanços ao ataque, num time que contava, entre outros, com o goleiro Ronaldo, Zé Elias, Marcelinho Carioca e Viola. A regularidade o presenteou com chegada à Seleção Brasileira entre 1997 e 2001, lamentando ter sido preterido por Zé Roberto entre os convocados à Copa do Mundo de 1998, na França.

Como os desafios se seguiram, no ano seguinte iniciou trajetória internacional no Arsenal, da Inglaterra, Celta de Vigo e Barcelona, onde viveu o melhor momento no futebol europeu a partir de 2004, ao se juntar aos brasileiros Deco (naturalizado português), Belletti e Edmílson, Thiago Motta e Ronaldinho Gaúcho. Ele ainda jogou no Manchester City.