segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Fidélis, o ‘Touro Sentado’

Fidélis, o                      Talvez uma minoria fez citação ao primeiro ano da morte do lateral-direito José Maria Fidélis dos Santos, que morreu no dia 28 de novembro do ano passado em São José dos Campos (SP), aos 68 anos de idade, após um câncer de estômago durante sete meses.
        Fidélis media, se muito, 1,70m de altura, e esticava o cabelo com brilhantina, um cosmético em forma de pomada, de aspecto gorduroso, usado em larga escala até nos anos 70. E vejam que a brilhantina inspirou até o músico Raul Seixas - já falecido - em letra de composição intitulada ‘Teddy Boy, Rock e Brilhantina’. Eis a citação da primeira estrofe: “Eu quero avacalhar com toda turma de esquina, com meu cabelo cheio de brilhantina”.
                    Fidélis, lateral-direito dos anos 60 e 70, tinha limitações técnicas quando passava do meio de campo. Dele não se esperava um passe alongado, drible ou cruzamento com efeito. Valia-se da força física. Era um implacável marcador, estilo exigido para quem atuasse naquela época na posição, com incumbência de anular antigos ponteiros.
                    Isso foi preponderante para que o treinador Vicente Feola o relacionasse entre os 22 jogadores da Seleção Brasileira à Copa do Mundo de 1966 na Inglaterra. E se lá chegou como reserva de Djalma Santos, saiu como titular quando o treinador modificou toda defesa na terceira partida da primeira fase contra Portugal, escalando Manga, Fidélis, Brito, Orlando e Rildo. As modificações foram infrutíferas e o time perdeu por 3 a 1.
                    Natural de São José dos Campos, nascido em 13 de março de 1944, Fidélis integrou o melhor time do Bangu de todos os tempos em 1966. Aquele elenco protagonizou inesquecível final de Campeonato Carioca, com goleada por 3 a 0 sobre o Flamengo até os 25 minutos do 2º tempo. Uma confusão generalizada entre jogadores, com o flamenguista Almir Pernambuquinho como pivô, resultou no encerramento antecipado da partida.
                  Na época o Bangu mandava jogos até contra grandes clubes do Rio de Janeiro no Estádio Proletário Guilherme da Silva, chamado de Moça Bonita. Se lá já se espremeram 17 mil pessoas no jogo contra o Fluminense em 1949, hoje, por medida de segurança, a lotação não excede 9,5 mil pessoas.
                  Fidélis, que chegou ao Bangu em 1963, estranhou a generosidade do bicheiro Castor de Andrade, patrono do clube e já falecido, que pagava bichos aos atletas até em treinos coletivos. Também assimilou bem o apelido de ‘Touro Sentado’, referência a Tatanka Iyotake, índio norte-americano chefe da tribo dos sioux hunkpapa, que viveu entre os anos 1834 e 1890.
              Em fevereiro de 1969 Fidélis trocou o Bangu pelo Vasco, e foi recompensado com a conquista do título brasileiro de 1974, após vitória por 2 a 1 sobre o Cruzeiro, no Estádio do Maracanã, com 112.993 torcedores presentes.



Em fe

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Seis astros de seleções morrem em 2013


 O ano de 2013 vai embora e deixa a marca de mortes de seis ídolos dos selecionados brasileiro e uruguaio, o caso mais recente do meia Pedro Virgílio Rocha, que morreu no dia 2 de dezembro, sem tempo de completar 71 anos de idade no dia seguinte, vítima de um AVC (Acidente Vascular Cerebral). O também uruguaio Muzurkievcz morreu no dia 2 de janeiro deste 2013.
 Já os bicampeões brasileiros Gilmar, Djalma Santos, De Sordi e Nilton Santos morreram neste segundo semestre e deixaram páginas impagáveis na Seleção Brasileira e clubes que atuaram.
 Pedro Rocha, jogador uruguaio de maior sucesso no futebol brasileiro, disputou quatro Copas ininterruptas, de 1962 a 1974. Ele tinha facilidade para conduzir a bola, o chute era certeiro de média e longa distância, e sabia cabecear.
 Mazurkievcz, 1,80m de altura, o melhor goleiro da Copa do Mundo de 1970, morreu vítima de complicações renais e insuficiência respiratória, após uma semana hospitalizado em Montevidéu. Ele tinha 67 anos de idade, e deve ser lembrado pela elasticidade nos tempos de goleiro, participando das Copas de 1966, 1970 e 1974, e com passagem pelo Atlético Mineiro.
 Em 27 de novembro foi anunciada a morte do lateral-esquerdo Nilton Santos, aos 88 anos de idade. Ele entrou na seleção do século XX - em votação feita por jornalistas no mundo inteiro - por causa de seu estilo clássico, arrancadas ao ataque e eficiência na marcação. Assim, foi identificado como a ‘enciclopédia do futebol’, tendo participado das Copas de 1950 a 1962, e atuou por um só clube: o Botafogo do Rio.
 Djalma Santos morreu no dia 23 de julho aos 84 anos de idade, e deixou uma história marcada pela longevidade no futebol. Jogou na Seleção Brasileira até quando havia completado 37 anos e cinco meses, numa história contada de 1952 a 1966, em 111 jogos.
 Na competição da Suíça, em 1954, foi titular num time formado por Castilho; Djalma Santos e Nilton Santos; Pinheiro, Brandãozinho e Bauer; Julinho Botelho, Didi, Humberto Tozzi, Índio e Maurinho.
 O mês de agosto foi marcado pelas mortes de Gilmar no dia 24 e De Sordi menos de 24 horas depois. Gilmar dos Santos Neves também ganhou notoriedade pelo bi da Libertadores e do Mundial Interclubes no biênio 1962/63, pelo Santos.

 Quanto ao lateral-direito Nilson de Sordi, que se sobressaía na marcação, foi castigado pelo Mal de Parkinson e teve falência múltipla dos órgãos. Aquilo que sempre o intrigou foram acusações de que teria amarelado na final da Copa do Mundo de 1958, quando ficou de fora do time e da foto oficial do título mundial brasileiro contra a Suécia, em decorrência de contusão muscular na fase semifinal contra os franceses. “Levei em conta a temeridade de entrar em campo machucado numa época em que a Fifa não permitia substituição de jogador. Caso arriscasse, podia prejudicar o time”, explicou.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Yustrich, o ‘homão’ encrenqueiro

 Os berros de técnicos de futebol que ecoam pelos gramados são ‘fichinhas’ se comparados aos estilos de disciplinadores como Flávio Costa, Osvaldo Brandão e Yustrich, já falecidos. Num jogo do Vasco contra o América-RJ em 1950, pelo Campeonato Carioca, o meia vascaíno Ipojucan se dirigiu a Flávio Costa, no intervalo, e pediu para sair, com alegação de que não passava bem. Diz a lenda que Flávio Costa, irritado com a derrota parcial por 1 a 0, esbofeteou o jogador e exigiu que continuasse em campo. Conclusão: o Vasco virou o placar para 2 a 1 e Ipocujan ‘deitou e rolou’.

 Dorival Knipel, o Yustrich, teve rico histórico como goleiro do Flamengo nas décadas de 30 e 40, quando conquistou os títulos em 1939 e 1942, o que lhe abriu portas como treinador nos principais clubes do Rio de Janeiro.

 Metido a valentão, Yustrich comprava brigas com jogadores, imprensa e até companheiros de profissão. Ganhou o apelido de ‘homão’ porque era alto e forte. Se inovou ao exigir mesa farta de frutas para boleiros após treinos e jogos, impunha contestável estilo militar no comando dos grupos e arrumava encrencas.

 Em 1971, por exemplo, quando era treinador do Flamengo, barrou o talentoso argentino Doval - já falecido - porque não admitia jogadores de cabelos compridos. Yustrich desconsiderou habilidade, velocidade, boa impulsão e gols daquele ponteiro-direito, um gringo loiro, olhos azuis e que fazia sucesso com a mulherada nas boates da zona sul do Rio de Janeiro. Acreditem: Doval voltou ao futebol argentino por empréstimo e Yustrich - que também tinha ojeriza por barbudos - ficou na Gávea.

 Dois anos antes, Yustrich só escapou da ira do técnico João Saldanha porque não estava na concentração do Flamengo, time que treinava. Saldanha comandava a Seleção Brasileira e já estava desgastado devido ao temperamento igualmente explosivo. E entre o bombardeio de críticas somava-se a de Yustrich, que o caçoou após derrota num amistoso por 2 a 0 para o Atlético Mineiro. E não é que Saldanha, com revólver na cinta, invadiu a concentração do Mengo, em São Conrado, para ajuste de contas! Sorte que o ‘homão’ não estava lá.

 O pior, para Yustrich, estava reservado na década de 70, quando era treinador do Cruzeiro. Peitudo, decidiu substituir Brito durante uma partida e o irado zagueiro tricampeão mundial, ao se aproximar do banco de reservas, atirou a camisa suada no rosto do treinador.

 Claro que Brito saiu correndo! Seria suicídio enfrentar aquele brutamente, mesmo envelhecido. O objetivo de humilhar o ‘homão’ estava consumado.

 Apesar dos métodos rigorosos e polêmicos, Yustrich sempre colocou as equipes que dirigiu nas primeiras posições em diferentes competições. Por isso era requisitado por grandes clubes, sendo que o Atlético-MG foi aquele em que mais se identificou e foi campeão regional em 1977.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Búfalo Gil fazia gols no peito e na raça

 Nas últimas três décadas o Corinthians contou com três atletas renomados com apelido de Gil, o mais recente este ‘titularíssimo’ quarto-zagueiro que forma dupla com Paulo André. Nos primeiros cinco anos do século XXI o time corintiano contou com o franzino, veloz e hábil ponteiro-esquerdo que infernizou adversários. Por fim, no ano de 1980, esteve no Timão o mais famoso dos três Gils, que paradoxalmente teve passagem tão efêmera quanto discreta no clube. Ele sequer se firmou como titular num período em que Vaguinho e Peter se revezaram na ponta-direita.
 Mais famoso porque chegou ao Estádio do Parque São Jorge precedido da fama de atacante que decidia partidas por clubes do Rio de Janeiro. No bicampeonato carioca conquistado pelo Fluminense no biênio 1975-76, a jogada característica do time era lançamento do meia Roberto Rivellino para explorar a velocidade de Búfalo Gil, tão manjada quando decisiva.
 O ponteiro Gil tinha caixa torácica avantajada e isso permitia que disputasse jogadas corpo a corpo com adversários. Assim, tanto era assistente de artilheiros como também fazia gols. Na passagem de pouco mais de três anos pelo Fluminense, a partir de 1973, marcou 75 gols em 172 jogos. E o brilho foi mantido após se transferir para o Botafogo, onde ficou até 1980, já exercendo as funções de ponta-de-lança ou centroavante.
 Evidente que a Seleção Brasileira não podia prescindir de um atacante com as virtudes de Búfalo Gil, e por isso ele começou a ser convocado a partir de 1976. O ciclo com a ‘amarelinha’ foi encerrado dois anos depois, na Copa do Mundo da Argentina, quando foi titular no empate por 1 a 1 com a Suécia, na partida de estréia, com este time brasileiro: Leão; Toninho, Oscar, Amaral e Edinho; Batista, Rivellino e Zico; Búfalo Gil, Reinando e Toninho Cerezzo.
 Já com futebol decadente na década de 80, Búfalo Gil ainda passou por Corinthians, Coritiba, São Cristóvão, Múrcia da Espanha e Forense de Portugal, onde encerrou a carreira de atleta em 1986. Incontinente ingressou na função de treinador com passagens por clubes do exterior e no Botafogo do Rio em 1992, ocasião em que não engoliu seco a ironia do então atacante Renato Gaúcho: “Olha aí o treinador que nunca jogou bola”, provocou o hoje comandante do elenco do Grêmio, desconhecendo o histórico vitorioso de Búfalo Gil.
 Aí, prevaleceu o dito de que quem fala aquilo que quer ouve o que não quer. Eis a imediata resposta: “Como é que é? Joguei no Fluminense, Botafogo e disputei Copa do Mundo. E joguei muito mais do que você”.
 Búfalo Gil ou Gilberto Alves - nome de registro - é mineiro de Nova Lima e completa 63 anos de idade na véspera do Natal. Ele quer continuar a carreira de treinador, após últimas e discretas passagens por Marília e Portuguesa Santista, entre 2008 e 2009. “O problema é que nunca tive empresário”.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Milton Buzetto, o rei das retrancas

 O discurso da maioria significativa da treinadorzada de ‘fechar a casinha e jogar por uma bola’ remonta aos tempos. Esta estratégia foi aplicada pela primeira vez em 1938 pelo treinador austríaco Karl Rappan, quando dirigia o Grashoppers da Suíça.
 Tal como agora, o time de Rappan já se posicionava com duas linhas de quatro e por vezes uma linha de quatro, outra de cinco, e apenas um atacante de velocidade para puxar o contra-ataque. A filosofia de aglomerar quase todos os jogadores atrás da linha do meio de campo foi batizada de ‘ferrolho suíço’, e aplicada pelo selecionado daquele país na Copa do Mundo da França em 1938.
 No Brasil, ninguém absorveu tão bem os ensinamentos de Rappan como o piracicabano Milton Buzetto, quando dirigiu o Juventus a partir de 1971, após encerramento da carreira de zagueiro rebatedor no próprio clube. E a explicação pela ultra-retranca foi o pacto feito com os jogadores para evitar derrotas. “Assim, todos nós seríamos valorizados. E deu certo”, recorda o ex-treinador.
 Em 1972, a retranca juventina era notícia em todo país, e apostadores da loteria esportiva procuravam espantar a zebra com o hábito de cravar triplo em jogos com envolvimento do clube. E uma das repetidas atuações do time grená era de Miguel; Chiquinho, Carlos, Guassi e Osmar; Luís Moraes e Brecha; Luís Antonio, Adnã, Sérgio e Antoninho.  Ano seguinte, no mesmo estilo, o Juventus continuou provocando zebras e fez boa campanha no Campeonato Paulista, basicamente com os mesmos jogadores.
 Em 1975 o presidente do Corinthians, Vicente Matheus, contratou Milton Buzetto, mas o trabalho não trouxe resultado prático. Melhor sorte o treinador teve nas passagens por Mixto de Cuiabá (MT) e Atlético Paranaense ao conquistar títulos regionais. O treinador ainda passou por Guarani, Comercial de Ribeirão Preto e Jabaquara, já sem aplicação de rigorosos esquemas defensivos, e sem o destaque de outrora.
 Curioso é que, como atleta, Milton Buzetto iniciou a carreira num time de característica eminentemente ofensiva, caso do Palmeiras, onde passou de 1956 a 1958. No ano seguinte, após rápida passagem pelo Noroeste, foi contratado pelo Juventus e se revezava na zaga com Carlos e Clóvis. No entanto não chegou ao clube em tempo de participar da memorável derrota para o Santos por 4 a 2, ocasião em que Pelé ‘chapelou’ quatro jogadores adversários - inclusive o goleiro Mão-de-Onça - e marcou o gol mais bonito de sua carreira.
 O time juventino de 1966, treinado por Sylvio Pirilo, contava com Picasso; Virgílio, Carlos, Milton (Clóvis) e Nenê; Sidnei e Jair Francisco; Antoninho, Alencar, Bira e Valdir. Em 2001 Buzetto optou pela aposentadoria, retornou a Piracicaba, e mora num sítio batizado de ‘Retranca’. E foi lá que ele comemorou os 75 anos de idade no dia 14 de novembro.



segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Lato, velocidade e gols para a Polônia


 Este nove de novembro marcou a contagem regressiva de mil dias para o início dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, em 2016. E talvez seja de desconhecimento da maioria que os países da cortina de ferro, que integram o leste europeu, ‘paparam’ quase todas as edições de 1952 a 1980 da competição.
 O que representavam aqueles países da cortina de ferro? A divisão de Europa pós 2ª Guerra Mundial, com prevalecimento do regime político comunista, em razão da decisiva influência da então União Soviética. Entre os principais países daquele bloco destacavam-se Rússia, Alemanha Oriental, Polônia, Tchecoslováquia, Iugoslávia, Hungria, Bulgária e Romênia.
 E o que o futebol daqueles países diferenciava do restante da Europa? O regime era amadorista. O ganha pão do atleta era em atividade do trabalhador comum. Por isso treinava-se leve durante a semana visando competições basicamente aos domingos.
 Entre aqueles atletas estava o ponteiro-direito polonês Grzegorz Lato, medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 1972 em Munique, na Alemanha, após vitória por 2 a 1 sobre a Hungria, e medalha de prata em 1976, com derrota na final para a Alemanha Oriental por 3 a 1.
 Já em 1974, Lato foi o principal responsável pelo terceiro lugar conquistado pelo seu selecionado na Copa do Mundo da Alemanha, após vitória sobre o Brasil por 1 a 0, resultado que provocou crise na Seleção Brasileira.
 O lateral-esquerdo Marinho Chagas não conseguiu segurar Lato nas repetidas jogadas de velocidade, e em uma delas saiu o gol da Polônia, aos 41 minutos do segundo tempo. Aí, o inconformado então goleiro Emerson Leão não se controlou e, já nos vestiários, agrediu o companheiro com um soco.
 Por mais três vezes, após aquele Mundial de Futebol, a Polônia participou da competição e Lato esteve presente em 1982, na Espanha, quando o seu país voltou a ficar em terceiro lugar. E as suas jogadas em velocidade e gols em abundância o colocaram como segundo maior artilheiro de todos os tempos de seu selecionado, com 45 gols, contabilizando-se também jogos disputados pela seleção olímpica. Portanto, na artilharia Lato ficou atrás apenas de Wladzimierz Lubanski, que marcou 48 gols.
 Aos 30 anos de idade, em 1980, Lato recebeu autorização para jogar fora de seu país, e a escolha recaiu sobre o KSC Lokeren da Bélgica. Assim, a carreira foi encerrada três anos depois no Atlante do México, mas a popularidade foi mantida entre os cidadãos poloneses. Por sinal, ele ainda é considerado o maior jogador de todos os tempos daquele país.

 O reflexo da idolatria do polonês pelo atacante se estendeu às urnas, quando se elegeu senador para o quadriênio 2001-2005. Posteriormente, indignado com a corrupção desenfreada na Federação Polonesa de Futebol, Lato topou disputar a eleição da entidade e a venceu em 2008.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Jaime, o zagueiro que virou treinador

 Se o bom filho a casa torna, o ex-zagueiro Jaime de Almeida Filho voltou ao Flamengo quase que no anonimato após o encerramento da carreira de atleta. E nas categorias de base iniciou a função de treinador, até que ascendesse a condição de auxiliar técnico da equipe principal. Aí, quando Mano Menezes se demitiu com alegação de que não conseguiu passar ao elenco aquilo que sabia de futebol, coube a Jaime a responsabilidade de ser o treinador ‘tampão’.
 Sim, o projeto inicial era de que fosse um tapa buraco, mas começou a ganhar jogos e reverter o perigo de rebaixamento da equipe no Campeonato Brasileiro. Aí ganhou notoriedade e a mídia passou a informar quem é este Jaime que habilmente se aliou a atletas veteranos como Léo Moura, André Santos e Chicão, pra fazer o grupo correr mais. E o resultado está aí.
 Na prática, Jaime de Almeida Filho segue o histórico do Flamengo em buscar solução caseira para o cargo de treinador. Foi assim com o seu ex-atleta Paulo César Carpeggiani, que substituiu Cláudio Coutinho e em 1981, e conquistou o título da Libertadores da América.
 A repetição do expediente deu-se com a aposta no ex-volante Carlinhos como treinador. Por sinal, Luís Carlos Nunes da Silva, carioca da gema, registra cinco passagens como comandante do elenco do Flamengo, a partir de 1983, tentando fazer o time jogar ao seu estilo: futebol técnico e ofensivo.
 Carlinhos foi um volante titular absoluto do Flamengo de 1958 a 1969, e a lamentação no período de atleta foi não ter sido convocado à Seleção Brasileira à Copa do Mundo de 1962, no Chile, quando atravessava a melhor da carreira.
 Depois foi a vez do ex-volante Andrade, igualmente na condição de auxiliar técnico, assumir o elenco com a saída de Cuca em 2009. E bastaram dois jogos pelo Campeonato Carioca para que fosse efetivado na função no Campeonato Brasileiro, levando a equipe à conquista do título da competição.
 Agora é a vez de Jaime Filho, cujo pai foi um renomado zagueiro flamenguista entre 1938 a 1950, período em que conquistou quatro títulos estaduais e integrou a Seleção Brasileira entre 1942 a 1946. E o filho, que herdou o futebol clássico do pai, fez carreira no Flamengo a partir de 1973, só saindo quatro anos depois em transferência ao São Paulo.
 Lá, a carreira foi truncada por seguidas contusões e a estabilidade de duplas de zaga formadas por Antenor e Tecão em 1977, e Estevam e Bezerra no biênio 1978-79. Assim, Jaime só conseguiu reviver seus bons momentos no futebol quando foi jogar no Guarani em 1982, num time que chegou à semifinal do Campeonato Brasileiro, eliminado em confrontos com o Flamengo. No jogo disputado no Estádio Brinco de Ouro foi registrado recorde de público, com 52.002 pagantes. Eis o time bugrino: Wendell; Rubens, Jaime, Edson e Almeida; Éderson, Banana e Jorge Mendonça; Lúcio, Careca e Zezé.


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Seleção do céu ganha reforços

 No Dia de Finados de 2004 foi publicado na coluna a seleção do céu de boleiros ante queridos que se foram. Na época duas improvisações: o deslocamento do canhoto Oreco à lateral-direita e o quarto-zagueiro Zózimo à cabeça da área. Hoje, o time está reforçado e cada um em sua posição. Djalma Santos é o escolhido na lateral-direita e De Sordi o reserva. Como volante o escalado é palmeirense Zequinha.

 Claro que este time de boleiros falecidos é formado basicamente por astros campeões mundiais pela Seleção Brasileira e entregue ao treinador Aimoré Moreira, o Biscoito, comandante do bicampeonato mundial em 1962, no Chile. Quem discordar pode optar pelo estrategista Zezé Moreira - irmão de Aimoré - ou Vicente Feola, campeão em 1958 na Suécia.

 Se antes o goleiro era Castilho, identificado como 'vaca leiteira' pelos milagres nos tempos de Fluminense, agora troque-o por Gilmar, falecido nesta temporada, bicampeão mundial de clubes pelo Santos e seleção.

Os laterais são essencialmente marcadores. Djalma Santos jogou na Portuguesa, Palmeiras e Atlético Paranaense entre as décadas de 50 a 70, e foi bicampeão mundial em 1958 e 1962. A lateral-esquerda fica com o tricampeão Everaldo de 1970, que perdeu a vida em acidente de automóvel.

 Os zagueiros são bi no Chile. A técnica e elegância de Mauro Ramos de Oliveira se ajustam à zaga central central, repetidas também nas memoráveis passagens por São Paulo e Santos. Zózimo, que ocupa a quarta-zaga e jogava no Bangu nas décadas de 50 e 60, compensava a baixa estatura com boa impulsão, técnica e raça. O raçudo Fontana, ex-Cruzeiro, fica na reserva, assim como foi reserva de Wilson Piazza na Copa de 1970, no México.

A 'meiúca', nos tempos do 4-2-4, teria o incansável palmeirense Zequinha como volante, enquanto Valdir Pereira, o Didi, inventor da 'folha seca', seria o meia de armação. Didi, referência para qualquer seleção de todos os tempos no futebol mundial, ainda foi técnico dos bons comandando a seleção peruana.

O ataque dispensa adjetivos. O ponteiro-direito Garrincha é deslocado para o lado esquerdo, setor que ele sabia atuar para escapar de marcações rigorosas. Assim, a camisa sete fica com Joel, que coincidentemente perdeu a vaga para Garrincha na Copa da Suécia.

O centroavante é Vavá, pernambucano que venceu no eixo Rio-São Paulo com as camisas de Vasco e Palmeiras, e foi bicampeão mundial no Chile, marcando o gol que fechou a vitória brasileira na final contra a Tchecoslováquia, por 3 a 1.

O ponta-de-lança é o nordestino Dida, flamenguista que antecedeu Pelé na Seleção Brasileira, enquanto a ponta-esquerda fica com Dirceuzinho, participantes das Copas de 1974 a 1982. Ele dividia opiniões e morreu em acidente de automóvel em 1995. De certo, essa leva se reúne periodicamente nas rodinhas festivas no céu.

 

 

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Rogério Ceni, dois chapéus na carreira

 No dia 29 de novembro de 2000, num clássico São Paulo e Palmeiras pelas oitavas-de-final da Copa João Havelange, o goleiro são-paulino Rogério Ceni aplicou chapéu no atacante Tuta, então jogador palmeirense. E mais: irritado com a humilhação, o atacante perseguiu o adversário na tentativa de ‘roubar’ a bola, foi driblado, e aí deu-lhe uma sarrafada pra matar o lance.
 Na época, o título da coluna foi ‘chapéu insólito de Rogério Ceni’. Na projeção natural, ‘quem viu, viu; quem não viu, não veria jamais. Ledo engano. O imprevisível Rogério Ceni prova que o raio pode sim cair duas vezes no mesmo lugar.
 Neste 13 de outubro, a vítima do veterano jogador são-paulino foi o atacante Maikon Leite, do Náutico. Numa disputa de bola em que qualquer goleiro a chutaria para qualquer lado, para não correr risco, eis que, com estilo, Rogério Ceni aplicou chapéu no adversário e saiu jogando com naturalidade.
 Rogério Ceni é diferente da maioria dos goleiros pela habilidade de trabalhar a bola com os pés. No início, quase matou torcedores são-paulinos do coração quando decidiu jogar de líbero, dependendo das circunstâncias. E inovou no futebol brasileiro com excelente aproveitamento em cobranças de faltas. Dos 112 gols marcados, 58 deles foram registrados neste expediente, contabilizando-se 53 gols de pênaltis e um de bola rolando, após cobrança de falta em jogo de 2006 contra o Cruzeiro, pelo Campeonato Brasileiro.
 Na agilidade, Rogério lembra Van der Sar, goleiro da seleção da Holanda na Copa do Mundo de 1998, na França, que fazia cobertura dos zagueiros
Reiziger, Stam e Franck de Boer, adaptados para jogar em linha.
 Irreverência típica de Rogério ao sair driblando era marca característica do ex-goleiro Ronaldo do Corinthians, avesso ao chutão. Dois outros goleiros sul-americanos também eram abusados: o colombiano Higuita e o paraguaio José Luiz Chilavert.
 Rogério fez o goleiro brasileiro perder o medo de abandonar o gol no transcorrer de partidas, prova está que Hiran, quando passou pelo Guarani na
década de 90, levou o torcedor bugrino à loucura em jogo contra o Palmeiras, ao marcar gol de cabeça no empate por 3 a 3, já nos acréscimos.
 O goleiro Lauro, da Portuguesa, recentemente marcou o segundo gol de cabeça. O primeiro foi anotado quando jogava pela Ponte Preta.

 Estes chapéus aplicados por Rogério nos remetem às décadas de 50/60, cujo sinônimo era ‘sombreiro’. Naquela época, Alfredo Ramos, um zagueiro clássico do São Paulo, descontava dribles que ‘tomava’ com sombreiro. E na leva de abusados ‘chapeleiros’ jamais pode-se esquecer do zagueiro Samuel Arruda (já falecido), com passagens por Ponte Preta, São Paulo e Palmeiras, que atordoava atacantes adversários com arriscados sombreiros dentro de sua própria área, imitando o imortal Domingos da Guia.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Dalmo, inventor da paradinha copiada por Pelé

 Teria sido o rei Pelé o inventor da paradinha nas cobranças de pênaltis no futebol? O ponteiro-esquerdo Pepe, seu companheiro de clube no Santos, diz que não. “Foi o Dalmo”. Com ou sem paradinha, este lateral-esquerdo entrou para a história do alvinegro praiano como autor do gol de pênalti que deu vitória à sua equipe por 1 a 0 sobre o Milan em 1963, na terceira e decisiva partida do Mundial Interclubes.

 Aquele jogo do bicampeonato foi realizado no Estádio do Maracanã no dia 16 de novembro. Nos dois confrontos anteriores, o clube italiano venceu em casa por 4 a 2 e perdeu pelo mesmo placar quando veio jogar no Rio de Janeiro, ocasião em que o Santos contava com estes titulares: Gilmar; Lima, Mauro e Dalmo; Zito e Calvet: Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe.

 Como Pelé desfalcou a sua equipe na terceira partida, em decorrência de contusão, o treinador Lula (já falecido) deixou a incumbência de cobrança de pênalti para Dalmo e Pepe. “Quando teve o lance, fomos até a bola e senti firmeza muito grande nele”, revelou Pepe sobre o companheiro. “Um jogador aplicado como o Dalmo merece estar na história”, acrescentou o ponteiro-esquerdo, que diferentemente do lateral pegava forte na bola também em cobranças de pênaltis, com histórico de ter furado redes adversárias.

 Assim, Dalmo Gaspar, que havia se transferido do Guarani ao Santos em 1957, estreou no dia 26 de outubro na vitória sobre o Palmeiras por 4 a 3, no Estádio do Pacaembu, participou de 369 partidas pelo clube e marcou quatro gols, até porque naquela época lateral-esquerdo tinha atribuição essencialmente de marcar ponteiros. E Pepe conta que Dalmo sempre foi titular, por vezes improvisado na lateral-direita, de volante e ora retornando o miolo da área, posição de origem, mas Lula o adaptou à lateral-esquerda.

 A despedida dele do Santos ocorreu em agosto de 1964, na vitória sobre o Juventus por 2 a 1, no Estádio da Rua Javari. Incontinenti, Dalmo voltou ao Bugre com o currículo recheado de títulos e histórias, hoje contadas nas rodas que participa na cidade de Jundiaí, interior de São Paulo. Lá, ele informa que foi o primeiro jogador brasileiro a utilizar chuteira de borracha no país. O presente foi dado por Pelé em uma das excursões do Santos ao exterior.

 O final da carreira de atleta ocorreu como zagueiro central do Paulista de Jundiaí, sua cidade natal, que o cumprimentará neste 19 de outubro, quando completará 81 anos de idade. Lá ele também se aposentou como funcionário público e chegou a integrar a equipe de esportes da Rádio Cidade Jundiaí - AM 730, como comentarista.

 Dalmo só se distanciou da terrinha quando projetou que pudesse seguir a carreira de treinador, e um dos clubes que dirigiu foi o Catanduvense. Ao perceber que não prosperaria na função, se fixou definitivamente em Jundiaí.


segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Fantoni, titio ou paizão?



 Há técnicos de futebol para todos os tipos. Se a preferência recair sobre disciplinadores, a corrente indicada é do rigoroso Yustrich. Se a opção for por estrategista, a escola de Élba de Pádua Lima, o Tim, é a mais sugestiva. Quem se identifica com o chamado técnico ‘paizão’, então o estilo adotado por Orlando Fantoni, o titio Fantoni, é bem recomendável. Esses técnicos citados já faleceram.
 Técnicos disciplinadores não toleram quem não segue a cartilha. Estrategistas se apegam em variação de esquema tático para surpreender adversários. Com Orlando Fantoni, o forte era o blá-blá-blá. O laço de amizade com o grupo o transformava num líder natural. Trabalhava o ‘feijão com arroz’ durante a semana e falava a linguagem dos boleiros. Era o ‘titio’ compreensivo e bem humorado. Assim colecionou títulos na carreira de treinador, após passagem no futebol como jogador.
 Na década de 40, quando o Cruzeiro ainda era identificado como Palestra Itália, Orlando Fantoni era titular do time e atacante dos bons, tanto que a Lazio o levou para participar do quadriênio 46 a 49, do Campeonato Italiano. Ele foi o primeiro jogador brasileiro a atuar no exterior, mas antes disso passou pelo Vasco.  E o enriquecimento do currículo no futebol europeu foi o passaporte para que se transformasse em treinador na Venezuela, a partir de 1950. A volta ao Cruzeiro ocorreu em 1967 e foi comemorada com o bicampeonato mineiro. Depois, foi ganhar títulos na Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro.
 Fantoni descobriu o lateral-direito Nelinho escondido no futebol paraense, e se encantou com aquele chute forte, cheio de efeito, trazendo-o ao Cruzeiro. No Vasco, ele montou o esquadrão de 1977, com campanha irretocável no Campeonato Carioca: 25 vitórias, quatro empates e uma derrota para o América-RJ. Acreditem: a defesa ficou 18 jogos sem sofrer um gol sequer e foi batizada de ‘a barreira do inferno’. Eis o time: Mazaropi, Orlando Lelé, Abel, Geraldo e Marco Antonio; Zé Mário, Zanata e Dirceu; Wilsinho, Roberto Dinamite e Ramom.
 Este mesmo Vasco que se orgulhou do trabalho de Fantoni publicou anúncio em jornais do Rio à procura de treinador, no dia 6 de julho de 1946. O profissional receberia Cr$ 45 mil (quarenta e cinco mil cruzeiros – moeda da época) de luvas, ordenado de Cr$ 3 mil por mês por contrato de seis meses, e prêmio de Cr$ 20 mil em caso da conquista do título estadual. No entanto, a ‘pilha’ de currículos na secretaria do clube sequer foi revirada. Os indecisos cartolas da época preferiram prestigiar o professor Ernesto dos Santos, funcionário em São Januário, e o time ficou em quinto lugar.
 Fantoni nasceu no dia 13 de maio de 1917, em Belo Horizonte, e quando se desligou do futebol se radicou em Salvador, na Bahia. Foi lá que morreu esquecido no dia 5 de julho de 2002, vitimado por enfisema pulmonar.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Tenente, lateral da era magra do São Paulo

 A conquista da Copa Sul-Americana pelo São Paulo, na temporada passada, foi pouco para a sua exigente torcida que não comemorava nada desde 2008, quando foi comemorado o título do Campeonato Brasileiro.
 Viciado em festejar títulos, o torcedor são-paulino da velha guarda já lembra da década de 60 quando o clube passou longo período de jejum, com justificativa compreensiva: priorizada a construção do Estádio do Morumbi.
 Em 1966, por exemplo, o São Paulo sequer ficou em quarto lugar, posição ocupada pelo Comercial de Ribeirão Preto. Se em 1967 o time são-paulino foi vice-campeão, no ano seguinte também não chegou entre os quatro melhores, a exemplo do Palmeiras. O Santos foi campeão, Corinthians vice, Ferroviária de Araraquara em terceiro e Portuguesa em quarto lugar.
Em 1969, mais uma título do Santos, Palmeiras vice e o São Paulo, se reorganizando, em terceiro lugar.
 O futebol do São Paulo foi relegado depois do título paulista de 1957; passando pela inauguração parcial do Estádio do Morumbi em 1960, na vitória por 1 a 0 sobre o Sporting de Portugal, gol do ponteiro-direito Peixinho; se estendendo até janeiro de 1970 quando a obra foi completada, e o clube trouxe o Porto para inaugurá-la, com empate por 1 a 1.
 Resultado do jogo festivo à parte, no início daquela década o tricolor paulistano retomou a trajetória de títulos e com isso o seu torcedor tirou aquele nó na garganta. Naquela época, uma das formações mais repetida da equipe era esta: Suli; Celso, Belini, Roberto Dias e Tenente; Nenê Buteco e Benê; Valdir Birigui, Prado, Fefeu e Paraná.
 Tenente foi um lateral-esquerdo exclusivamente marcador, como de praxe na época. Por isso em 1970 perdeu a posição para o então garoto Gilberto Sorriso, atrevido ofensivamente. O desportista Delécio Pastor, amigo da boleirada são-paulina da época, costumava brincar que Tenente marcava como dono de bar de periferia: muito.
 Na passagem do lateral-esquerdo pelo São Paulo, de 1965 a 1972, o almanaque do clube registra participação em 181 partidas, sendo 89 vitórias, 47 empates e 45 derrotas. Contudo, aquilo que mais chamou atenção naquele período foi a estupidez dele ao brincar com revólver, como se fosse mocinho de cinema. É que na tentativa de girar a arma ocorreu disparo acidental, perfurando-lhe a barriga.

 Tenente ainda jogou no Juventus de Santa Catarina até 1976, encerrando uma carreira iniciada naquele estado no Metropol de Criciúma. Depois disso passou a ser o cidadão Valdir Izaú Pereira, nome de registro, nascido em 18 de outubro de 1941, com ingresso na vida política naquela cidade. Ele foi filiado ao PMDB, candidatou-se a vereador em 1992, e obteve 121 votos, nem 10% do candidato mais votado, com 1.589 votos. Tenente morreu em acidente de automóvel no dia 12 de março de 1996, também em Criciúma.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Paulo Isidoro, um meio-campista competitivo

 Até meados da década de 90, meias e atacantes do futebol brasileiro arrumavam confusões com treinadores porque se recusavam terminantemente obedecer a orientações para marcação de adversários. Também torciam o nariz até quando as indicações se restringiam a voltarem apenas para cercar o adversário, a fim de não lhe proporcionar liberdade para jogar.

 Naquela época o meio-campista Paulo Isidoso já era diferente. Embora originariamente meia-direita driblador, condutor de bola, e com histórico de 98 gols em 398 partidas disputadas durante aproximadamente dez anos intercalados pelo Atlético Mineiro, jamais colocava a mão na cintura quando o ataque de seu time perdia a bola. O espírito de jogador competitivo e a condição física privilegiada implicavam em recuar para combater o adversário e ‘roubar’ a bola.

 Por causa desta característica, Paulo Isidoso se adaptou bem à função de volante no Guarani a partir de 1987, num meio de campo que contava ainda com Barbieri e Neto. Aquele time chegou à final do Campeonato Paulista de 1988 e perdeu para o Corinthians por 1 a 0, em Campinas. E foi naquela posição que ele encerrou a carreira aos 43 anos de idade, atuando em clubes do Norte e Nordeste. Antes disso jogou no Cruzeiro, XV de Jaú, Inter de Limeira (SP) e Valeriodoce (MG).

 Se no começo de carreira não lhe havia espaço nos bons times montado pelo Galo, a experiência no Nacional de Manaus (AM) foi suficiente para garantir titularidade no time mineiro a partir de 1974, com ênfase na temporada de 1977 quando o Atlético realizou campanha irretocável no Campeonato Brasileiro. O time chegou à final contra o São Paulo com retrospecto de 17 vitórias e três empates. Derrota, mesmo, apenas nas cobranças de pênaltis daquela decisão, por 3 a 2, ocasião em que o Galo contava com este time: João Leite; Alves, Márcio, Vantuir e Valdemir (Romero); Toninho Cerezo, Ângelo e Paulo Isidoro; Marinho (Serginho), Marcelo (Caio) e Ziza.

 A regularidade encurtou-lhe o caminho à Seleção Brasileira do então treinador Cláudio Coutinho, já falecido. Num dos jogos preparativos à Copa do Mundo de 1978, na Argentina, o time que enfrentou o Peru, em Cali, contou com Leão; Zé Maria, Luís Pereira, Edinho e Rodrigues Neto; Cerezo, Paulo Isidoro e Rivelino; Gil, Roberto Dinamite e Paulo César Caju.

 Em 1980 Paulo Isidoro foi trocado pelo ponteiro-esquerdo Éder, do Grêmio, e na temporada seguinte marcou os dois gols da vitória gremista sobre o São Paulo por 2 a 1, no Estádio Olímpico, na final do Campeonato Brasileiro, num time formado por Emerson Leão; Uchoa, Newmar, Hugo de Leon e Casemiro; China, Paulo Isidoro e Vilson Tadei; Tarciso (Renato), Baltazar e Odair.

 No Mundialito de 1981, quando o Uruguai - que sediou a competição - venceu o Brasil por 2 a 1 e conquistou o título, o técnico Telê Santana também apostou as fichas em Paulo Isidoro naquela final, num time que tinha João Leite; Edevaldo, Oscar, Luizinho e Júnior; Batista, Cerezo e Paulo Isidoro; Tita (Serginho Chulapa), Sócrates e Zé Sérgio (Éder). E na Copa de 1982, na Espanha, Paulo Isidoro foi o 12º jogador do Brasil, pois entrou em quase todas as partidas.

 Já em 1984, quando o Santos montou respeitável time e foi campeão paulista, lá estava Paulo Isidoro, também identificado pelo apelido de Tiziu, ganhado na infância. A referência em questão tinha a ver com o passarinho negro comum em todo país. Naquele time santista, comandado pelo falecido treinador Carlos Castilho, também jogavam o volante Dema e os atacantes Serginho Chulapa e Zé Sérgio, entre outros ‘cobras’.

 A rigor, Paulo Isidoro alongou a carreira de atleta porque adora futebol, assim como adora colecionar carros. Nos tempos em que o veículo ‘Mercedes Benz’ era uma relíquia, já era proprietário de sete deles, guardados em seu sítio em Belo Horizonte, local em que investiu em gado, criação de peixes e montagem de uma escolinha de futebol.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Valdir de Morais, goleiro baixinho que venceu

 O gaúcho Valdir Joaquim de Morais tem três bons motivos para comemorar a extensa vida esportiva. Primeiro que já completou 82 anos de idade e não admite aposentadoria, tanto que comunica estar disponível no mercado para consultoria. Segundo porque desafiou o preconceito contra goleiros baixinhos e fez história no gol do Palmeiras durante dez anos, apesar da estatura de 1,68m de altura. Terceiro porque entrou para a história do futebol brasileiro como o criador da função de preparador de goleiros.
 Em entrevista ao portal UOL, Valdir de Morais contou que dos 60 anos envolvidos no futebol, 30 deles passou distante da família devido às atribuições em clubes e Seleção Brasileira. “É bom ficar um pouco ao lado da família, mas eu quero voltar ao trabalho. Tenho conhecimento e experiência, e sei que ainda posso dar muito ao futebol. Não interessa a idade”.
 Se hoje goleiros com menos de 1,82m de altura sequer são admitidos em treinos peneiras, em 1947, no Renner (RS), tiveram percepção que Valdir de Morais compensaria a baixa estatura com excelente impulsão, reflexo, posicionamento e saída do gol.
 Há registro de outros goleiros baixinhos do passado também bem sucedidos, casos de Jorge Campos, de 1,73m de altura e 130 partidas pela seleção mexicana; o peruano Quiroga com 1,71m; César (ex-Corinthians) e René Higuita, ambos de 1,75m. Por sinal, o colombiano marcou oito gols pela seleção de seu país e 33 em clubes através de cobranças de faltas e pênaltis. Ubirajara Mota, do Bangu, tinha menos que 1,75m de altura.
 O Palmeiras teve percepção que Valdir pudesse substituir Oberdã Catani e o trouxe em 1958, para que fosse titular da posição durante dez anos e participasse de 482 jogos. Foi o período em que ele conquistou três títulos e hoje é um dos raros atletas ainda vivos nas duas primeiras conquistas.
 Do time de 1959, só Valdir e o meia Américo Murolo estão vivos. Eis a escalação: Valdir; Djalma Santos, Waldemar Carabina, Aldemar e Geraldo Scotto; Zequinha e Chinesinho; Julinho, Américo Murolo, Romeiro e Nardo. Também falecido é o treinador Oswaldo Brandão. Dos titulares de 1963, Vicente Arenari morreu em abril passado, aos 78 anos de idade, lateral-esquerdo deste time: Valdir: Djalma Santos, Djalma Dias, Waldemar Carabina e Vicente Arenari; Zequinha e Ademir da Guia; Julinho, Servílio, Vavá e Tupãzinho. Desta equipe, apenas Valdir e Ademir da Guia estão vivos. E no jogo do título contra o Noroeste, na goleada por 3 a 0, o goleiro foi Picasso.
 Valdir ainda foi campeão paulista em 1966 e deixou o Palmeiras em 1968. No ano seguinte encerrou a carreira no Cruzeiro, para, incontinenti, criar no Brasil a função de preparador de goleiros. Foi aí que fez rodízio em grandes clubes paulistas e treinou os goleiros Zetti, Rogério Ceni, Marcos e Dida, entre outros.


segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Roberto Batata, morte antes dos 27 anos de idade

 A fase esplendorosa do Cruzeiro no Campeonato Brasileiro recomenda lembrança de um de seus ídolos do passado. Quis o destino que o ponteiro-direito Roberto Batata, no auge da carreira, morresse no dia 13 de maio de 1976, na iminência de completar 27 anos de idade.

 Batata dirigia o seu veículo Chevette na Rodovia Fernão Dias - que liga Belo Horizonte a São Paulo - e a tinha finalidade de rever familiares no município mineiro de Três Corações. Não deu tempo. Ele se envolveu em um acidente fatal. Foi uma colisão frontal de seu automóvel com um caminhão.

 O acidente, que provocou comoção na coletividade cruzeirense, ocorreu após Roberto Batata ser considerado um dos melhores em campo na goleada imposta pelo seu time sobre o Alianza de Lima, no Peru, por 4 a 0, com dois gols de Joãozinho, Roberto Batata e Jairzinho, diante de um público de 35 mil pagantes. O Cruzeiro, comandado por Zezé Moreira, jogou com Raul Plassmann; Nelinho, Morais, Osires (Darci Menezes) e Vanderlei Lázaro; Wilson Piazza, Eduardo Amorim e Palhinha; Roberto Batata (Isidoro), Jairzinho e Joãozinho.

 Na partida de volta, no Estádio do Mineirão, os jogadores cruzeirenses se ajoelharam no centro do gramado e rezaram em memória do companheiro Roberto Batata antes do apito inicial. E, por fim, o grupo cumpriu o pacto de dar a vida pela conquista da Libertadores da América, e o objetivo foi alcançado.

 Na fase final, após vitória em casa e derrota como visitante para o River Plate da Argentina, o Cruzeiro teve que disputar a chamada ‘negra’ no Chile, e o ponteiro-esquerdo Joãozinho se antecipou a Nelinho, em cobrança de falta, e marcou o gol da vitória por 3 a 2, que significou o título à equipe.

 A festa da boleirada no vestiário só não foi completa porque Zezé Moreira não conseguiu esconder a irritação com Joãozinho e deu-lhe uma tremenda bronca por ter tomado o lugar de Nelinho naquela cobrança de falta que decidiu o jogo. “Seu moleque irresponsável! Nosso cobrador de falta é o Nelinho, ouviu”?

 Roberto Batata foi um atacante rápido, habilidoso e goleador. Segundo o Almanaque do Cruzeiro, ele marcou 110 gols em 285 partidas disputadas pelo clube. Na época exibia uma cabeleira Black Power, costume na época de quem tinha cabelos crespos.

 Por que Batata? O apelido veio na infância porque adorava devorar batatinha frita. Coincidência ou não, o jogador tinha o hábito de colocar apelido nos companheiros. Na época ele fazia imitação de pessoas.

 No período em que jogou no Cruzeiro, de 1971 a 1976, Roberto Batata colecionou quatro títulos regionais e um sul-americano. A passagem pela Seleção Brasileira deu-se em 1975, em seis jogos, inclusive pela Copa América, e três gols.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Quatorze anos sem Orlando Lelé

 Orlando Pereira ficou conhecido inicialmente no futebol como Orlando Lelé, nos tempos de lateral-direito, e Orlando Amarelo como treinador. Ele morreu no dia 4 de setembro de 1999, vítima de embolia pulmonar, e pode-se dizer que foi duramente castigado nos últimos meses de vida. Orlando ficou tetraplégico - perda dos movimentos do corpo do pescoço para baixo - após bater a cabeça no chão quando estava no banho e sentiu tontura.

 Natural de Santos, ele iniciou a carreira no futebol no Peixe. E, em 1972 jogou num time que tinha, entre outros, Pelé, Clodoaldo, Oberdan e o goleiro argentino Cejas. Um ano depois atuou num timaço montado pelo treinador Élba de Pádua Lima, o Tim (já falecido), no Coritiba. O goleiro era Jairo. Oberdan se destacava na quarta-zaga. O meio-de-campo contava com o capitão Hidalgo (hoje comentarista de futebol) e Negreiro (ex- Santos), coadjuvados pelo aplicado ponteiro-esquerdo Aladim, que ajudava na marcação. O ataque vivia dos gols da dupla Leocádio e Tião Abatiá, principalmente em jogos disputados no Estádio Belfort Duarte, que posteriormente passou a ser chamado de Couto Pereira.

 Orlando era raçudo e ganhava a maioria dos duelos com ponteiros. Como não era jogador técnico, simplificava no passe e treinava exaustivamente os cruzamentos. Assim, quando se transferiu para o Vasco, o goleador Roberto Dinamite aproveitou bastante as bolas ‘açucaradas’ vindas do lado direito do campo para fazer muitos gols.

 Foi no Vasco a melhor fase da carreira de Orlando Lelé, resultando na convocação à Seleção Brasileira. Em 1975, num jogo contra o Uruguai, ele participou de pancadaria e aplicou uma gravata no pescoço de um adversário. Ele era explosivo e encrenqueiro, mas amigo leal dos companheiros. Em 1977 o lateral também participou do ‘esquadrão’ vascaíno que sofreu apenas uma derrota no Campeonato Carioca, em 25 jogos. A defesa justificou o batismo de ‘barreira do inferno’ ao atingir 18 partidas sem sofrer gol. Eis a equipe da época, treinada por Orlando Fantoni (já falecido): Mazaroppi; Orlando Lelé, Abel, Geraldo e Marco Antonio; Zé Mário, Zanata e Dirceu; Wilsinho, Roberto Dinamite e Ramon.

 Orlando teve passagem sem brilho pela Udinese, da Itália, e posteriormente despediu-se da carreira de atleta de forma discreta. Voltou ao noticiário como treinador do Goiatuba em 1992, ocasião em que levou o time ao título do Campeonato Goiano com uma rodada de antecedência, com vitórias nas seis partidas disputadas na fase final.

 Também foi reconhecido no Distrito Federal, após bem sucedida passagem pelo Gama. Desta forma, tentava furar o forte bloqueio do seleto grupo de treinadores de ponta, mas o acidente doméstico alterou radicalmente a sua vida. Assim, deixou a história de quem foi persistente e procurou diuturnamente se aprimorar.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Adeus ao goleiro Gilmar e lateral De Sordi

 Mais da metade daquele time titular da Seleção Brasileira campeã do mundo de 1958, na Suécia, integra o selecionado do céu. Os últimos ‘reforços’ foram o lateral-direito De Sordi e o goleiro Gilmar, que morreram nos dias 24 e 25 de agosto, respectivamente.

 Gilmar dos Santos Neves ganhou mais notoriedade porque foi bicampeão mundial pelo selecionado em 1958 e 1962.  Devido aos caprichos do futebol, ele chegou ao Corinthians em 1951 como contrapeso na transferência do centro-médio Ciciá, ambos saídos do Jabaquara. E nos dez anos de Timão foi campeão do IV Centenário da cidade de São Paulo em 1954, e não esperava deixar o clube magoado com acusações do então presidente Wadih Helou de simular contusão para facilitar a saída.

 No Santos ele colecionou mais conquistas, como o bi da Libertadores e do mundial interclubes no biênio 1962/63, quando o time tinha um quinteto ofensivo com Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. Na época - acima dos 30 anos de idade - ele foi tido como o melhor goleiro do país. Por fim em 1966, já no final de carreira, Gilmar ainda participou da terceira Copa do Mundo, na Inglaterra, quando dividiu a posição com Manga.

 Quanto ao lateral-direito Nilson de Sordi, foi castigado pelo Mal de Parkinson e teve falência múltipla dos órgãos. E quando gozava de plena saúde havia optado pelo sossego na fazenda da família em Bandeirantes - interior do Paraná - e posteriormente pela vida pacata em João Pessoa, capital da Paraíba, cidade fundada em 5 de agosto de 1585, a segunda mais verde do planeta, superada apenas por Paris, capital da França.

 No futebol, sua aparição deu-se no XV de Piracicaba (SP), onde saiu em 1952 para jogar no São Paulo, aos 18 anos de idade. E aquilo que sempre o intrigou foi ter que repetir a história da final da Copa do Mundo de 1958, quando ficou de fora do time e da foto oficial do título mundial brasileiro em decorrência de uma contusão muscular na fase semifinal, contra os franceses. “Teve gente que falou que eu amarelei. Na verdade levei em conta a temeridade de entrar em campo machucado. Na época, a Fifa não permitia substituição de jogador. Caso arriscasse, podia prejudicar o time”, explicou.

 Terminava ali a trajetória de De Sordi na Seleção Brasileira, com 25 jogos. Depois, ficou no São Paulo até 1965, onde comemorou os títulos do Paulistão de 1953 e 1957, após vitória por 3 a 1 sobre o Corinthians, num time formado por Poy; De Sordi e Mauro; Sarará, Vitor e Ribeiro; Maurinho, Amauri, Gino, Zizinho e Canhoteiro.

 De Sordi sobressaía na marcação. Pouco se atrevia passar da linha demarcatória do meio de campo. Com vigor físico invejável, ganhava a maioria dos duelos com ponteiros e adicionava ainda coberturas no miolo de zaga. Apesar da estatura de 1,71m de altura -, explorava a boa impulsão para rebater bolas de cabeça.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Denílson, um fim de carreira no Vietnã

 O Denílson comentarista de futebol da TV Bandeirantes marcou um estilo sarrista, sem deixar de ser sério. O mesmo Denílson ponteiro-esquerdo que surgiu no São Paulo nos anos 90 foi um driblador só superado pelo lendário Canhoteiro da década de 50, na história do clube. E ele encerrou a carreira de jogador em junho de 2009 da forma mais estranha possível: no Vietnã.

 O contrato com Xi Mang Hai Phong teria duração de seis meses, no entanto se resumiu a um mês. E nada de holerite mensal. O acordo previa pagamento exclusivo de US$ 12 mil por partida disputada e US$ 5 mil por gol marcado. Foi exatamente isso que ele recebeu do clube oriental, justificado por ter realizado uma partida. Ou melhor: menos de 45 minutos, porque deixou o campo contundido.

 O gol marcado foi um delírio para o torcedor vietnamita. Na cobrança de falta a bola teve ‘endereço’ do ângulo, indefensável. Mesmo assim o contrato teve que ser rescindido por causa da lesão, e provavelmente a curta permanência impediu que ele se encorajasse de provar a exótica culinária daquele país, que varia de carne de cachorro a inseto. Logo, preferiu o habitual arroz - produzido em abundância por lá - e frutos do mar com temperos apimentados, prato típico de uma cidade costeira como Hai Phong, com mais de 1,8 milhão de habitantes, que apenas há 13 anos convive com o futebol profissional, a exemplo de todo Vietnã.

 Este 24 de agosto marca o 34º aniversário de Denílson de Oliveira Araújo, que iniciou a trajetória futebolística no São Paulo em 1994, temporada em que conquistou o título da Copa Conmebol em alto estilo, com a goleada por 6 a 1 sobre o Peñarol do Uruguai, num time formado por Rogério Ceni; Pavão, Nelson, Bordon e Ronaldo Luís; Mona, Pereira, Denílson e Catê; Caio e Toninho.

 A Seleção Brasileira entrou na vida dele em 1996 e a imagem mais repetida com a camisa amarela foi num jogo da Copa do Mundo de 2002, quando ficou cercado por sete jogadores da Turquia, exatamente porque havia entrado para prender a bola.

 Quis o destino que Denílson participasse do segundo tempo da partida do penta mundial contra a Alemanha, na vitória por 2 a 0, gols de Ronaldo. Eis o time da época: Marcos; Lúcio, Edmilson e Roque Júnior; Cafu, Gilberto Silva, Kléberson, Ronaldinho Gaúcho e Roberto Carlos; Rivaldo e Ronaldo (Denílson).

 A experiência no exterior começou no Real Betis da Espanha em 1998, na transferência mais cara de jogador brasileiro até então, de US$ 32 milhões, e desgraçadamente ele não teve participação de um centavo daquele negócio, lamentando ter sido ludibriado. E no Betis participou do time rebaixado à segunda divisão espanhola no ano seguinte.

 Fora do país Denílson jogou no Bordeaux da França, Al Nassr da Arábia Saudita e Dallas dos Estados Unidos. Aqui defendeu Flamengo, Palmeiras e Itumbiara de Goiás.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Paulo Emílio, treinador aos 26 anos de idade

 O que difere um treinador que começa a comandar times de futebol aos 26 anos de idade da grande maioria em sua atividade? De certo dirão falta de experiência, mas no caso específico do profissional Paulo Emílio, que precocemente ganhou espaço para treinar times, a resposta é destemor para lançamentos de jogadores jovens.

 O atacante Careca e o meia Gersinho foram exemplos de jogadores que ele lançou no time principal do Guarani aos 16 anos de idade. Isso depois de dar camisa de titular para o lateral Rodrigues Neto também aos 16 anos, o meio-campista Carlos Alberto Barbosa aos 17 e o lateral-direito Rosemiro aos 18 anos de idade.

 Na adolescência, o sonho do mineiro Paulo Emílio era ser jogador de futebol. E a reprovação em teste no juvenil do Atlético Mineiro não o desestimou do objetivo. Com a mudança da família para o Rio de Janeiro, chegou a realizar amistosos na zaga do time principal do Bonsucesso, mas teve que encerrar precocemente a carreira por causa da asma.

 O jeitão bem falante e habilidade para influenciar amigos foi preponderante para que Paulo Emílio cavasse espaço como treinador. Desde então percorreu de Norte a Sul do país durante os 30 anos na função. Tanto esteve em Manaus (AM) dirigindo o Nacional, como comandou o Criciúma (SC). Sair do Paysandu (PA) para aceitar convite de clubes do interior de São Paulo, como Noroeste de Bauru, era coisa normal.

 O auge na carreira de Paulo Emílio foi em 1975, quando comandou a máquina do Fluminense montada pelo então presidente Francisco Horta. De certo o treinador aposentado, de 77 anos de idade, ainda detalha aos vizinhos do bairro Ipanema, no Rio de Janeiro, como aquele timaço do Flu conquistou a Taça Guanabara em 1975, com gol de falta do meia Roberto Rivellino, na prorrogação da decisão contra o América (RJ), com vitória por 1 a 0.

 Qual o time da época? Félix; Toninho, Silveira, Edinho e Marco Antonio; Zé Mário, Cléber e Rivellino; Gil, Manfrini e Zé Roberto. E o público daquele jogo no Estádio do Maracanã foi de 96.035 pagantes.

 Paulo Emílio tinha habilidade para contornar problemas de indisciplina de jogadores através do bom papo. Das jogadas ofensivas ensaiadas, duas foram bem executadas: escanteio de mangas curtas, que consistia em troca de bola na linha de fundo e cruzamento à área adversária, com a natural deslocação de seus jogadores visando o cabeceio. Outra opção era levantamento de bola no primeiro pau, para que alguém a escorasse de cabeça visando o segundo pau, para a complementação de um companheiro.

 Nos últimos anos de carreira, em meados da década de 90, Paulo Emílio trabalhou na Arábia Saudita e Japão. Depois escreveu o livro ‘Futebol, dos Alicerces ao Telhado’, com abordagem de técnicas e metodologia de treinadores, com prefácio do jogador e hoje cronista Tostão.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Miranda, campeão brasileiro pelo Guarani


 
 Neste período de vacas magras do Guarani, enfrentando uma terceira divisão do futebol nacional, seu torcedor se apega na conquista do título inédito do Campeonato Brasileiro em 1978, que ocorreu exatamente no dia 13 de agosto. Portanto, lá se vão 35 anos. Eis os heróis da época: Neneca; Mauro, Gomes, Edson e Miranda; Zé Carlos, Renato e Zenon; Capitão, Careca e Bozó, coordenados pelo treinador Carlos Alberto Silva e professor Hélio Máfia na preparação física.

 Aquele time titular só não contou com Zenon, suspenso, na segunda e decisiva partida no Estádio Brinco de Ouro, com repetição de vitória bugrina por 1 a 0, gol do atacante Careca. Na ocasião ele cedeu lugar para o meio-campista Manguinha, mas na primeira partida da final foi ele quem converteu o pênalti que deu a vitória ao Guarani, no dia 10 de agosto, no Estádio do Morumbi, para um público superior a 100 mil pagantes. Apitou aquele jogo o hoje comentarista de arbitragem Arnaldo César Coelho, que expulsou o goleiro Leão ao desferir cabeçada em Careca, após ter sido provocado.

 O Palmeiras, treinado pelo finado Jorge Vieira, tinha como time base Leão (Gilmar); Rosemiro, Marinho (Beto Fuscão), Alfredo Mostarda e Pedrinho; Ivo (Jair Gonçalves), Toninho Vanusa e Jorge Mendonça; Sílvio, Toninho (Escurinho) e Nei.

 De certo muito dos bugrinos que se ‘digladiam’ com pontepretanos nas redes sociais evocam este título histórico como justificativa da grandeza do clube, e ironicamente usam o bordão de ‘nunca serão’ para provocar os eternos rivais, hoje na elite do futebol brasileiro.

 E quando se recorda daquele time, obrigatoriamente tem-se que destacar o lateral-esquerdo Miranda. Além da boa condição técnica e segurança na marcação, ele tinha a particularidade de desanuviar o ambiente nos momentos desconfortantes com o seu estilo sarcástico. Não havia quem escapasse de suas sacadas.

 Talvez a maioria desconheça dois aspectos ligados ao jogador. Seu nome é Donizete Manuel Onofre e a identificação como Miranda se deu porque foi trazido para treinar no juvenil do Guarani pelo irmão Miranda, que havia passado pelo clube na década de 60, e depois transferiu-se para Corinthians, Fluminense e Botafogo (RJ).

 O Miranda de 1978 era originariamente ponta-direita, e por circunstâncias o treinador Paulo Emílio o improvisou na lateral-direita. Como ele se encaixou tão bem à função, e posteriormente teve que ceder a vaga ao titular Mauro, o jeito foi o remanejamento à lateral-esquerda.

 A passagem de Miranda pelo Galo mineiro, a partir de 1983, foi marcada pela conquista do hexa estadual já na primeira temporada, num time formado por João Leite; Nelinho, Oliveira, Luizinho e Miranda; Toninho Oliveira, Heleno e Marcus Vinícius; Catatau, Reinaldo e Éder. Na sequência, Miranda jogou na Lusa, Avaí, Atlético Paranaense e União de Mogi das Cruzes.

 

 

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Djalma Santos desafiava o tempo


  Simbolicamente se diz que um ente querido que se foi remói o túmulo quando dizem algo desproporcional sobre ele. Nesta linha, se pudesse o lateral-direito Djalma Santos sugeriria que alguém desse uns ‘cascudos’ no demagogo que se atreveu escrever que ‘o mundo ficou mais triste neste 23 de julho com a morte de Djalma Santos’.

 A história de Djalma Santos foi marcada por longevidade, em geral. Ele morreu aos 84 anos de idade. Jogou na Seleção Brasileira até quando havia completado 37 anos e cinco meses. E a passagem pelo scret nacional se deu de 1952 a 1966, logicamente envolvendo quatro Mundiais e 111 jogos.

 Na competição da Suíça, em 1954, foi titular num time formado por Castilho; Djalma Santos e Nilton Santos; Pinheiro, Brandãozinho e Bauer; Julinho Botelho, Didi, Humberto Tozzi, Índio e Maurinho. Quis o destino que quatro anos depois ele chegasse como reserva na competição realizada na Suécia e fosse ocupar o posto do titular De Sordi justamente na final, contra a equipe da casa, e saísse na foto de campeão.

 Depois foi absoluto no bicampeonato do Chile em 1962, e a despedida ocorreu com derrota para a Hungria por 3 a 1 em 1966, na Copa do Mundo da Inglaterra, quando a defesa era formada por Gilmar; Djalma Santos, Belini, Altair e Paulo Henrique.

Por causa daquele desastroso resultado a formação defensiva foi totalmente modificada pelo treinador Vicente Feola na partida subsequente contra Portugal: Manga; Fidélis, Brito, Orlando e Rildo. Na ocasião, o Brasil voltou a perder por 3 a 1, o que implicou na desclassificação.

 Restou a longevidade de Djalma Santos em clubes. Se o Palmeiras entendeu que estava acabado para o futebol em 1968 e liberou o passe dele, em seguida constatou que a eficiência na marcação e o estilo clássico para conduzir a bola foram mantidos no Atlético Paranaense no período de 1969 a 1972.

 E quando faltou força para correr atrás de velozes ponteiros-esquerdos, Djalma se fixou na zaga central e correspondeu, apesar da estatura de 1,73m de altura. Coincidentemente, o exemplo de migração à zaga foi copiado por Carlos Alberto Torres e Leandro (Flamengo), originalmente laterais-direitos e inquestionavelmente mais capacitados que Djalma, não correspondendo, portanto, afirmações sobre o ex-palmeirense como o melhor lateral-direito de todos os tempos do futebol brasileiro.

 Perto de completar 60 anos de idade Djalma ainda dava exibição na equipe do Milionários F.C., composta por ex-atletas. E quando mudou para Uberaba (MG), montou uma escolinha de futebol para crianças e adolescentes, sem contudo abandonar as tradicionais peladas às sextas-feiras. E isso se arrastou até 2007, quando tinha 78 anos de idade.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Lela, atacante de uma família de boleiros

 Quantas e quantas vezes alguém se aproximou de você e sugeriu contar duas novidades e, incontinenti, perguntou qual aquela deveria ser dita primeiro: a boa ou a ruim. Se a proposta for se respaldar neste hábito e adaptá-lo ao futebol para se recapitular uma boa e má notícia, que tal o foco sobre acontecimentos marcantes no dia 31 de julho?

 Nesta linha, o fato ruim fica para a derrota do Brasil diante da Nigéria por 4 a 3, na fase semifinal dos Jogos Olímpicos de Atlanta de 1996; o fato bom se ajusta bem à lembrança do título inédito do Campeonato Brasileiro conquistado pelo Coritiba em 1985.

 Naqueles Jogos Olímpicos de Atlanta (EUA) o treinador Zagallo dispunha de uma equipe com os atletas Flávio Conceição, Roberto Carlos, Dida, Rivaldo, Aldair, Bebeto e Ronaldo. E bem que o Brasil sustentava vantagem por 3 a 1 sobre a Nigéria até os 35 minutos do segundo tempo, quando permitiu que o adversário empatasse e arrastasse a partida à prorrogação, na época definida pelo critério ‘morte súbita’ à equipe que sofresse o gol. E aquela prorrogação terminou aos quatro minutos com gol do atacante Kanu para os nigerianos.

 Já o Coritiba exalta aquele 31 de julho de 1985 no Estádio do Maracanã, quando empatou com o Bangu por 1 a 1 no tempo normal, e venceu na definição através dos pênaltis por 6 a 5. A vitória deu-lhe o título inesquecível, em partida presenciada por 91.527 pagantes, arbitragem de Romualdo Arpi Filho, e gols de Índio para o Coritiba e Lulinha ao Bangu durante os 90 minutos.

 Na época o 'Coxa', comandado pelo treinador Ênio Andrade - já falecido -, jogou com Rafael; André, Gomes, Heraldo e Dida; Almir (Vavá), Marildo (Marco Aurélio Moreira) e Tóbi; Lela, Índio e Édson. O Bangu, do treinador Moisés - também falecido -, contou com Gilmar; Márcio, Jair, Oliveira e Baby; Israel, Lulinha (Gílson) e Mário; Marinho, João Cláudio (Pingo) e Ado.

 Lela, ponteiro-direito de décadas passadas, é pai dos jogadores Alecsandro e Richarlyson do Atlético Mineiro. A diferença fundamental entre eles é que Lela era muito mais habilidoso. E apesar de baixinho e pernas curtas, colocava em prática extrema velocidade e chegava com facilidade ora ao fundo do campo, ora na diagonal para concluir as jogadas. E quando fazia os golzinhos, a comemoração era em forma de caretas para a torcida.

 Foi assim até o ápice da forma técnica no Coritiba de 1983 a 1987, numa carreira ascendente que começou no Noroeste de Bauru (SP), com sequência na Inter de Limeira (SP) e Fluminense (RJ), antes do sucesso na capital paranaense, e depois em clubes menores. Naquele período exibia cabeleira black power, que contrasta com o hoje senhor Reinaldo Felisbino de calvície acentuada e uso de óculos. Ele completou 51 anos de idade em abril passado e ainda tentou ser treinador de futebol no interior paulista, mas não prosperou nesta função.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Marco Antonio, lateral que gostava de atacar

 Dizem as más línguas que os líderes da Seleção Brasileira de 1970 propuseram ao treinador Zagallo que efetivasse o lateral-esquerdo Everaldo - jogador do Grêmio e já falecido - no lugar do garotão Marco Antonio, para que a defesa da equipe ficasse mais fortalecida.

 A justificativa era que o lateral-direito Carlos Alberto Torres também atacava e havia improvisação na quarta-zaga com a escalação de Wilson Piazza. Logo, a intenção era fortalecer a defesa com um marcador implacável como Everaldo, até porque Marco Antonio se mandava ao ataque e nem sempre guardava a posição.

 Evidente que não havia motivo para que aquele rapaz de 19 anos de idade contestasse a decisão, até porque havia completado um ano de Seleção Brasileira naquele Mundial do México, e a projeção natural era que pudesse jogar a Copa do Mundo de 1974, na Alemanha. O que ele não contava era que, embora convocado, perdesse a posição para o potiguar Marinho Chagas, do Botafogo do Rio de Janeiro, mais irreverente ainda no apoio ao ataque.

 Marco Antonio Feliciano, natural da cidade de Santos, foi um dos raros jogadores revelados pela Portuguesa Santista que posteriormente chegou à Seleção Brasileira, empreitava facilitada ao se transferir para o Fluminense em 1969, ano em que conquistou o título estadual. E nos anos subsequentes atingiu o equilíbrio entre defender e atacar e participou de outro inesquecível título do Campeonato Carioca em 1971, decidido a dois minutos do final da partida contra o Botafogo, na vitória por 1 a 0, com público de 142.339 pagantes no Estádio do Maracanã. “O Fluminense foi tudo para mim: mãe, pai, avô, tudo. Saí de lá para o mundo”, confessou o jogador que lá ficou até 1976.

 A transferência para o Vasco ocorreu em troca-trocas criados pelo então presidente do Fluminense, Francisco Horta. Na ocasião, ele, o zagueiro Abel Braga - hoje treinador - e o volante Zé Mário foram para São Januário, enquanto o Flu recebeu o zagueiro Miguel e compensação financeira de um milhão de dólares.

 Após constatação de início regularíssimo no Vasco, cinco depois houve queda natural de produção, e isso implicou na transferência ao Bangu, na época comandado pelo bicheiro Castor de Andrade, falecido em 1997. “Com tanta gente ruim por aí, o Castor não podia ter morrido nunca”, disse o ex-jogador à época.
 Quando se projetava que a passagem de dois anos em Moça Bonita fosse o encaminhamento para término na carreira, surpreendentemente ainda jogou alguns meses no Botafogo
 

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Saldanha, destemido e vencedor

 
 Este 12 de julho marca 18 anos da morte do jornalista João Alves Jobin Saldanha aos 73 anos de idade. Ele estava em Roma, trabalhando para a TV Manchete durante a Copa do Mundo da Itália, quando foi vítima de enfisema pulmonar.

 Saldanha foi um fumante inveterado, debochado, destemido, leal e transparente. Quando se entendeu por gente recusou a nacionalidade uruguaia de Tacuarembó, onde seus pais estavam exilados, e exigiu mudança de registro para cidadão gaúcho.

 Em 1935, aos 18 anos de idade, morava no Rio de Janeiro, já havia pegado em arma, exercido liderança estudantil, e jogado no juvenil do Botafogo. Não prosperou como atleta e muito menos como ator. Politizado, engajou-se ao PCB (Partido Comunista Brasileiro) e foi candidato a vice-prefeito do Rio.

 Em 1948 foi estudar na França e por acaso entrou no jornalismo, como correspondente internacional. Na década de 50, de volta ao País, consagrou-se como analista de futebol em rádio e jornal. Detectava rapidamente setores vulneráveis de equipes e avisava sem rodeio que ali estava o ‘mapa da mina’. Escrevia como falava: frases curtas e claras. Imortalizou algumas pérolas: “Se concentração ganhasse jogo, o time da penitenciária seria campeão”, ou “se macumba ganhasse jogo, o Campeonato Baiano terminaria empatado”.

 Em 1957, topou o desafio de comandar a equipe profissional do Botafogo sem nunca ter sido técnico, e levantou o caneco do Campeonato Carioca. Depois foi cartola do Fogão, retornou ao jornalismo e, em 1969, topou dirigir a Seleção Brasileira nas Eliminatórias à Copa do Mundo do México, no lugar Oswaldo Brandão.

 Na primeira entrevista Saldanha surpreendeu ao anunciar o time titular, e aqueles boleiros foram batizados de ‘feras do Saldanha’. E quando se irritou com críticas do técnico Iustrick, do Flamengo, invadiu a concentração do Retiro dos Padres, com arma em punho, e efetuou um disparou para assustar o desafeto. Quando o presidente da República Emílio Médici, na época do regime militar, sugeriu a convocação do centroavante Dario para o Mundial, a resposta foi malcriada: “Olha, eu organizo meu time, e ele organiza o ministério”.

 A tentativa de interferência do presidente da CBD (Confederação Brasileira de Desporto), João Havelange, para chamar o atacante do Galo mineiro, foi em vão. E isso custou o emprego ao treinador, a 78 dias do início da competição.

 Anos depois, já no período de transição política para o processo de redemocratização no País, Saldanha afirmou que Médici fingia quando aparecia em fotos segurando um radinho de pilha colado ao ouvido. “O rádio estava desligado”.

 Segundo a imprensa, Saldanha disse que Pelé era míope, o que provocou desmentido imediato. “Quem tinha problema na vista era o Tostão, e ainda assim eu banquei a convocação dele”.