domingo, 16 de abril de 2023

Gino Orlando, o grosso e valente centroavante do passado

Pode até ser entediante ao leitor na faixa etária abaixo dos 50 anos de idade conferir histórias de atletas que fizeram carreiras entre as décadas de 50 e 60, do século passado. Todavia, quando se trata do lendário e saudoso centroavante Gino Orlando, aspectos peculiares recomendam recapitulação, pois foi um grosso assumido e protagonizou história inusitada com o atacante Luizinho, o Pequeno Polegar do Corinthians, em jogo contra o São Paulo dele.

Em 1957, ambos discutiram asperamente no gramado e a briga continuou na rua, no dia seguinte. Como se encontraram casualmente, Luizinho acertou-lhe uma tijolada na cabeça, resultante de corte profundo e perda de muito sangue. Aquilo sugeriu que o saudoso apresentador de televisão Manoel da Nóbrega provocasse reencontro dos desafetos em seu programa, colocando-os frente a frente, para que se desculpassem e reatassem a amizade.

Nos onze anos de São Paulo, a partir de 1952, Gino Orlando mostrou o estilo rompedor e destemido no enfrentamento aos zagueiros. Se necessário fosse, deixava a perna nas jogadas divididas. Repartia a bola com adversários e a empurrava às redes, como faziam o também saudoso Vavá, de Palmeiras, Vasco e Seleção Brasileira; Flávio Minuano de Inter (RS), Corinthians e Fluminense; César Maluco, ex-Palmeiras e Dadá Maravilha do Atlético Mineiro e Colorado gaúcho, entre outras agremiações.

O biotipo de Gino Orlando era de caixa torácica avantajada, 1,79m de altura, apropriada para o 'trombador', o que fez dele um jogador temido por zagueiros adversários, pela proporção de gols que marcava. No São Paulo, campeão paulista em 1953 e 1957, foi transformado no segundo maior artilheiro na história do clube com 233 gols, apenas nove atrás de Serginho Chulapa, da mesma posição.

De origem italiana, Gino jogou pouco no Palmeiras. Foi 'canchado' no XV de Jaú e extinto Comercial da capital paulista, antes da chegada ao Tricolor, e complemento de carreira na Portuguesa e Juventus, em 1966, tendo integrado a Seleção Brasileira no biênio 1956/57, com três gols em oito partidas, um deles de bicicleta, em vitória sobre a seleção portuguesa, o primeiro no gênero em território lusitano.

Três anos após ter pendurado as chuteiras, voltou ao São Paulo para ocupar o cargo de administrador do Estádio do Morumbi, onde ficou até a sua morte em 2003, aos 74 anos de idade.

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