domingo, 30 de janeiro de 2022

Lugano, mais um da velha garra uruguaia no São Paulo

São Paulo F.C. tem histórico de clube vocacionado a importar a garra uruguaia em montagens de suas equipes. Foi assim com o lateral-direito Pablo Furlan na década de 60, zagueiro Dario Pereyra nos anos 70/80 e Diego Lugano no início do século. O diferencial entre eles é que este último chegou ao clube com desconfiança, contratado à revelia do então treinador Oswaldo de Oliveira e como aposta exclusiva do presidente da época Marcelo Portugal Gouvêa.

Marrudo, Oswaldo Oliveira sequer relacionou o atleta para a reserva em vários jogos e deu-lhe raríssimas oportunidades como titular. Todavia, como o treinador deixou o clube no final de 2003, Lugano passou a ganhar espaço pela garra, foi transformado em liderança da equipe, ganhou simpatia da torcida e foi recompensado com títulos do Paulistão, Libertadores e Mundial de Clubes em 2005, além do Brasileiro de 2006, ano em que se transferiu ao Fenerbahçe da Turquia, onde ficou durante cinco anos até se transferir ao Paris Saint-Germain e clubes europeus como Málaga (ESP), West Bromwich (ING) e BK Hacken (SUE). De volta à América do Sul em 2015, foi jogar no Cerro Porteño (PAR) e posteriormente São Paulo até o final de 2017, quando migrou à função de dirigente do clube.

Ao longo da carreira foi até capitão da seleção uruguaia e marcado pelo hábito de não trocar camisa com adversário ao final de jogo, com justificativa de sentir-se desconfortável com aquela atitude, julgando-a como coisa sagrada ao torcedor do clube que defendia. E isso ocorreu desde o início da carreira em seu país, nas passagens na base do Libertad de Canelones, Nacional e Plaza Colonia.

Com sabedoria e 41 anos de idade completados em novembro passado, fez investimento em rede hoteleira na cidade de Caxias do Sul (RS) e sócio de construção de fábrica em cimento também naquele Estado. Paralelamente participa de eventos em que se discute direitos e deveres de atletas.

Provavelmente, se tivesse que reconsiderar ato impensado na carreira, de certo lembraria 2004 pelo São Paulo, ao desacatar um agente da Polícia Federal no aeroporto de Guarulhos (SP), quando solicitado a preencher alguns documentos. Na ocasião, jogou o seu passaporte na direção do policial e foi detido por desacato. Com isso perdeu o voo para Quito, no qual a equipe embarcou para enfrentar a LDU.


domingo, 23 de janeiro de 2022

Bellletti venceu pela garra e persistência

Polivalente Belletti, com carreira recheada de títulos até o encerramento em 2011, concorda com aqueles que não viram habilidade no futebol dele, mas faz questão de citar que compensava nos gramados pelo espírito guerreiro. E o fruto disso foi participação no título brasileiro da Copa do Mundo de 2002, mesmo na condição de reserva de Cafu e tendo atuado apenas alguns minutos no final da partida diante da Turquia, vitória brasileira por 1 a 0, ao substituir o volante Kleberson, em mais uma das 25 partidas que atuou com a 'amarelinha' de 2000 a 2005, e histórico de dois gols.

Além disso, o currículo dele é recheado de títulos. Conquistou 25 nas sete equipes que atuou desde 1994 no Cruzeiro. Entre eles estão dois Campeonatos Espanhóis, uma Copa dos Campeões e um Campeonato Inglês. No São Paulo a partir de 2001, trocou a função de volante pela lateral-direita e conquistou títulos do Paulistão e Torneio Rio-São Paulo.

Em 2002 começou a carreira internacional no Villarreal da Espanha e posteriormente no Barcelona. Em 2006 retornou ao São Paulo em tempo de conquistar o título do Mundial de Clubes. Todavia, na temporada seguinte retornou à Europa para jogar no Chelsea da Inglaterra, ocasião que reassumiu a função de volante, e isso se prolongou até o retorno ao Brasil em 2010, em tempo de conquistar o título do Campeonato Brasileiro pelo Fluminense.

Na ocasião, frequentes lesões no tendão de Aquiles implicaram em rescisão de contrato amigavelmente com o clube, e isso marcou o final de carreira, época em que já havia fundado o F.C. Cascavel, no interior paranaense, cidade em que nasceu em junho de 1976, registrado com o nome Juliano Haus Belletti.

Belletti não foi bem sucedido na função de treinador, chegou a ser comentarista do SporTV, e como embaixador global do Barcelona assumiu a função de diretor de negócios internacionais no Cruzeiro, com remanejamento à função de assistente técnico da equipe principal, até ser demitido recentemente com a chegada do ex-atacante Ronaldo, hoje empresário proprietário do clube.

Belletti foi goleiro de futsal até os 15 anos de idade, seguindo os passos de seu pai Divaldo, que atuou na posição profissionalmente nas décadas 60 e 70. Depois, Belletti migrou à função de volante, foi aprovado em 'treino-peneira' no juvenil do Cruzeiro, e assim teve início a sua trajetória no futebol.

sábado, 15 de janeiro de 2022

Osni, baixinho de sucesso no futebol baiano

 Como o futebol brasileiro importou dos europeus o conceito de bola parada aérea ofensiva, zagueiros de estatura mediana, como o saudoso são-paulino Roberto Dias, perderam espaços nos clubes. Até mesmo atacantes baixinhos são relegados, exceto se praticarem futebol acima da média como o venezuelano Soteldo, 1,59m de altura, que passou por Santos e por ora defende o Toronto, do Canadá.

Outrora baixinhos que jogavam no ataque eram escalados nas beiradas de campo, e o de menor estatura de toda a história do futebol brasileiro foi o maranhense Reginaldo Castro, o Bimbinha, um canhoto que se sobressaía pelas arrancadas velozes, com 1,47m de altura. Ídolo do Sampaio Corrêa nos anos 60 e 70, ele morreu em maio de 2020, aos 65 anos de idade, devido à problemas renais.

Naquelas mesmas décadas outro baixinho brilhou no Nordeste do país. O Vitória pôde desfrutar do futebol habilidoso e de irreverência de Osni Lopes, 1,56m de altura, artilheiro do Campeonato Baiano de 1974 com 17 gols, paradoxalmente alguns deles de cabeça. Irresponsável, dois anos antes, sentou sobre a bola após drible desconcertante sobre o zagueiro Romero, do Bahia.

Claro que aquela provocação resultou em briga entre jogadores rivais, contrastando com a seriedade do hoje presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais da Bahia, entidade que ele ajudou a criar em companhia do ex-goleiro Ronaldo, do Bahia, agora advogado. Osni tem 69 anos de idade e defende intransigentemente atletas daquele Estado.

Da base do Corinthians, chegou ao Santos em 1968. Depois de três anos como ídolo do Vitória, foi contratado pelo Flamengo, foi ganhador do prêmio Bola de Prata duas vezes, convocado à Seleção Brasileira, até que em 1978 voltou a Salvador para jogar no Bahia. Todavia, seguidas lesões implicaram em queda de rendimento e ásperas cobranças de torcedores, resultando em atitudes intempestivas: agrediu fotógrafo que teimou em flagrá-lo numa clínica médica, e quase foi linchado ao bater em cachorro com pedaço de pau, que havia mordido o seu cãozinho.

Entre idas e vindas no futebol baiano, somou cinco títulos estaduais. Lá foi artilheiro cinco vezes, assim como é o 6º maior artilheiro da história do Vitória, com 138 gols. Ele jogou ainda no Maranhão em 1979, e Santa Cruz em 1981. A carreira foi encerrada ano seguinte no Leônico (BA).


domingo, 9 de janeiro de 2022

Toninho Baiano, lateral que mudou Júnior de posição

'Frescuras' de comportamentos no futebol castraram naturais apelidos de atletas, quer por imposição de dirigentes, quer de empresários. Hoje, identificados basicamente por nomes compostos, diferem-se de décadas passadas em que até o prenome Marcos já era suficiente para citação sobre o melhor goleiro de todos os tempos da história do Palmeiras.

Quando se podia simplificar o atleta pelo apelido, a Ferroviária de Araraquara (SP) contou com o saudoso lateral-direito Baiano. O futebol do Rio de Janeiro também vibrou com a performance do igualmente lateral-direito Toninho Baiano, que morreu aos 51 anos de idade em Salvador (BA), dia oito de dezembro de 1999, vítima de mal súbito.

Antônio Dias dos Santos, nascido em Vera Cruz - interior da Bahia - foi mais um dos incontáveis exemplos de atletas do passado que treinadores tiveram perspicácia para mudança de posição. De ponta-esquerda na base do Galícia em 1967, foi adaptado à lateral-direita. O fôlego invejável para fazer o vaivém atraiu o Fluminense a contratá-lo dois anos depois, já caracterizado como polivalente, devido à facilidade para atuar nas duas laterais e duas pontas.

No clube, foi campeão do Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1970 e conquistou títulos carioca de 1971, 1973 e 1975, quando um atrito com o saudoso treinador Didi, na temporada seguinte, implicou na saída para o Flamengo, em mirabolante troca-troca de jogadores provocada pelo presidente do Fluminense Francisco Horta, que cedeu Toninho Baiano, Carlos Alberto Torres, Roberto e Zé Roberto para o Flamengo, enquanto Rodrigues Neto, Doval, Renato e Paulinho Amorim vieram para o tricolor carioca.

Nos quatro anos e meio de Flamengo obrigou o então lateral-direito Júnior a jogar no lado esquerdo, num time formado por Cantareli; Toninho, Rondinelli, Manguito e Júnior; Carpeggiani, Adílio e Zico; Marcinho, Tita e Cláudio Adão. Lá conquistou o tricampeonato carioca no triênio a partir de 1978, ano em que foi titular absoluto da Seleção Brasileira na Copa do Mundo da Argentina, além do título do Brasileiro de 1980.

Depois, seguiu carreira no Al Nassr da Arábia Saudita e encontrou dificuldades para o retorno. A liminar conseguida para jogar Bangu foi cassada após quatro partidas, o que precipitou o fim da carreira aos 34 anos de idade em 1982, quando montou loja de materiais de construção

Avelino

 Avelino

Dorval

 Dorval