sábado, 22 de abril de 2017

Bebeto de Oliveira, um exemplo

 O aposentado Bebeto de Oliveira, 75 anos de idade, foi um profissional diferenciado em sua área. Até os anos 80, quando a tecnologia ainda não havia incrementado o setor para dimensão do real condicionamento do atleta, ele já mapeava o problema de cada um ao dividir o elenco em grupos, e aplicava os devidos exercícios.

 Em vésperas de jogos importantes, sabia dosar a carga dos titulares e determinava aos reservas os trabalhos mais pesados.

 Bebeto foi um preparador físico que se exercitava com os jogadores. Ou melhor: puxava a fila. Participava até de testes de velocidade, mostrando que eram capazes de realizar as atividades. A melhor definição sobre o seu trabalho foi dada pelo ex-zagueiro Mauro Galvão, nos tempos em que trabalharam no Vasco, na década de 90: “O Bebeto sabe motivar os jogadores sem ser grosseiro. Ele é muito criterioso!

 Ele usava psicologia para motivar atletas ao trabalho físico. Habilmente incluía na programação exercícios que faziam os jogadores se divertirem ao mesmo tempo. 

Diferentemente de alguns profissionais da área que ficam de olho na vaga do treinador, ele sempre ficou na dele, e por isso não foi distinguido pela ‘treinadorzada’.

 É comum qualquer treinador escolher o profissional de preparação física de sua confiança, mas paradoxalmente com Bebeto foi diferente. Trabalhou no Vasco durante dez anos na década de 90, e não se teve conhecimento que tivesse desavença com qualquer treinador.

 Em sua biografia consta longa passagem pelo São Paulo na década de 80, culminando com a chegada à Seleção Brasileira em 1987, em companhia do treinador Carlos Alberto Silva, com quem fez dobradinha no tricolor paulista.

 Quis o destino que Bebeto voltasse ao São Paulo em 2006 como supervisor das categorias de base, após dois anos no Japão. Ele considerava-se aposentado do futebol, se preocupava basicamente com a reforma de sua residência em Campinas, quando o telefone tocou e foi convidado para desenvolver a nova função. Se problemas cardíacos impediram de trabalhar no gramado, sua vasta experiência na bola poderia ser repassada como supervisor, e topou a parada.


 Problema cardíaco é uma herança de família. Seu pai, já falecido, foi Barriga, um dos maiores artilheiros da história da Ponte Preta, clube em que Bebeto atuou como volante, seguindo depois para a Ferroviária (SP).

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Adeus ao supersticioso treinador Alfredinho

 Se hoje treinador de futebol se debruça em táticas, no passado centrava atenções basicamente em seu elenco, além de serem supersticiosos, catimbeiros e feiticeiros. Alfredo Sampaio Filho, o cearense Alfredinho, morto dia quatro de abril passado aos 90 anos de idade, em Ribeirão Preto (SP), misturava citadas características ao relativo conhecimento de bola rolando na função de treinador, exercida durante 32 anos. Foi o período em que ficou conhecido como salvador de rebaixamentos de equipes do interior paulista.

 O jornal Tribuna, de Ribeirão Preto, já registrou confissão de Alfredinho que seus jogadores ‘voavam em campo por causa de rebites’. O treinador revelou ainda que acendia velas em vestiários e orientava cartolas a comprarem arbitragem para favorecimento de suas equipes, quando indagado sobre fórmulas milagrosas no comando de Comercial, Botafogo - ambos de Ribeirão Preto - e Marília, por exemplo.

 Campanhas apreciáveis também fizeram parte do histórico dele. Conquistou acesso à principal divisão do Estado de São Paulo com o Paulista de Jundiaí em 1968, reafirmando a fama de profissional de sucesso dois anos antes, quando levou o Comercial ao terceiro lugar do Campeonato Paulista, num time formado por Rosan; Ferreira, Jorge, Piter e Nonô; Amaury e Jair Bala; Peixinho, Luís, Paulo Bim e Carlos César.

 Grande decepção foi naquele 28 de novembro de 1984, quando não evitou o rebaixamento do Taquaritinga justamente diante do Marília, clube que já havia reafirmado a fama de bruxo, ao salvá-lo de queda. Naquele dia falhou a mandinga feita de jogar sal grosso do caminho do vestiário ao gramado do Estádio Bento de Abreu Sampaio Vidal, o Abreusão.

 Neuri Cordeiro, goleiro do Marília comandado por Alfredinho, contou que os jogadores eram obrigados a tomar banho antes dos jogos, e o treinador completava com benzimento de erva doce durante as quatro passagens dele pelo clube, totalizando 73 jogos.

 Profissionais de veículos de comunicação que trabalharam com Alfredinho atestam a preferência dele por treinos com bola, porque era avesso aos trabalhos físicos. Caracterizado como profissional prático, ele detectava carências das equipes e procurava moldá-las para atenuar os problemas.


 Como atleta, Alfredinho jogou no Santos e fez companhia a Pepe, Pelé e Zito. Isso permitiu-lhe visão técnica de jogadores.

Lima, do Operário sul-matogrossense a grandes clubes

 Lima, sobrenome português que deriva de Limia, nome pré-romano. Eis aí uma das definições encontrada a milhares de Limas espalhados por esse Brasil afora, conforme aponta o Google.
 O Lima em questão, sul-matogrossense natural de Camapuã (MS), foi um centroavante talhado a marcar gols, registrado com o nome Adesvaldo José de Lima, e nascido em 17 de setembro de 1962.
 Revelado pelo Operário de Campo Grande (MS), ele foi um dos principais ídolos do clube no período em que lá permaneceu de 1979 a 1984, quando o clube foi tido como bicho-papão do Centro-Oeste brasileiro.
 Em 1977 o Operário chegou em terceiro lugar no do Campeonato Nacional, perdendo para o São Paulo na fase semifinal no critério saldo de gols, visto que foi derrotado por 1 a 0 no Estádio do Morumbi com público de 103.092 pagantes, e descontou pela mesma contagem quando ambos se enfrentaram no Estádio Morenão.
 Na época, ainda preparado para futuramente ingressar no Operário, Lima observava aplausos ao treinador Carlos Castilho e goleiro Manga. Ambos transportavam experiência ao elenco. E quando fixado como titular a partir de 1979, Lima foi abastecido pelo experiente meia Arturzinho. E aquela ‘enxurrada’ de gols o levaram ao Corinthians em 1984, com a missão de substituir Casagrande - emprestado ao São Paulo.
 O primeiro ano de Lima no Corinthians foi disputando e perdendo o título paulista para o Santos no Estádio do Morumbi, com público e 101.587 e arbitragem de José Assis Aragão. Na época o time corintiano era comandado pelo treinador Jair Picerni e formado por Carlos; Edson Abobrão, Juninho, Wagner e Wladimir; Biro-Biro, Dunga, Arturzinho (Paulo César) e Zenon; Lima e João Paulo.
 No ano seguinte Lima foi jogar no Santos, que não passou da segunda fase do Campeonato Brasileiro. Apesar disso, ele marcou dez gols numa equipe que tinha Silas; Chiquinho, Márcio Rossini, Toninho Carlos e Toninho Oliveira; Dema, Lino, Humberto e Mário Sérgio; Lima e Zé Sérgio.
 Lima ainda passou pelo Náutico antes de se transferir para o Benfica, de Portugal. No retorno ao Brasil em 1991, passagens por Grêmio, Inter (RS), América (RJ), Cerro Portenho (PAR), Vitória (BA) e Farropilha (RS).

 Antes da campanha eleitoral de 2012, Lima apareceu de cabelo alisado e havia se filiado ao PTB para disputar eleição legislativa na cidade de Campo Grande. 

sábado, 1 de abril de 2017

Vampeta, história de seis rebaixamentos

 São-paulinos da Torcida Organizada Dragões da Real aguardaram pacientemente para desforrar sobre o ex-volante e hoje presidente do Audax, Marcos André Batista dos Santos, o Vampeta. Como sempre ironizou são-paulino como ‘bambi’, e propositalmente aumentou o preço do ingresso para R$ 100 no confronto entre ambos, agora o troco veio a cavalo. São-paulinos o infernizaram nas redes sociais lembrando dos seis rebaixamentos dele a partir de 1996 no Fluminense, quando o clube recuperou a vaga no tapetão.

 Em 2004, no Vitória, ele também caiu de divisão. Nos quatro anos seguintes, mais três rebaixamentos: Brasiliense 2005, Corinthians 2007 - ambos do Brasileirão - e queda à Série A2 do Paulista no Juventus. E agora, no Audax, queda à mesma divisão.

 Nem por isso perde a irreverência. Baiano de Nazaré das Farinhas, já quebrou o protocolo com cambalhotas na rampa do Palácio do Planalto, quando o então presidente Fernando Henrique Cardoso recepcionou a delegação do selecionado brasileiro após o pentacampeão mundial de 2002.

 Profissionalizado no Vitória (BA) em 1993, na temporada seguinte, aos 20 anos de idade, já era ídolo na Holanda jogando no PSV Eindhoven. A partir daí transformou sua carreira num vaivém Brasil/Europa durante dez anos. Duas passagens pelo Corinthians, Fluminense, Paris Saint Germain (FRA), Inter de Milão (ITA), Flamengo e Al-Salmiya Club do Kuwait, ocasião em que se destacou como volante moderno que conciliava força na marcação à velocidade na saída de bola para organizar os contra-ataques, e bom passe.

 No Flamengo, em 2001, ficou marcado por duas frases: “Eles fingem que me pagam, e eu finjo que jogo”, quando reclamava de salário atrasado. “A camisa do Flamengo não caiu bem em mim”, emendou.

 Depois, na estrada da volta, registro nos clubes citados de rebaixamento. Aí, em 2008 pendurou as chuteiras como atleta, mas continuou ligado ao futebol através da empresa Vamp Sport, que administra carreiras de boleiros. Também havia montado restaurante requintado no bairro Santana, na capital paulista, e designou seu pai para administrar sua fazenda em Nazaré das Farinhas, que produz abacaxi, manga, jaca e maracujá.

 O apelido Vampeta ocorreu após a perda da primeira dentição. Para uns parecia um vampiro; para outros tinha jeito de capeta. Logo, associando-se prefixo de uma palavra ao sufixo de outra deu nisso.