domingo, 19 de setembro de 2021

Onze sem o disciplinador Urubatão Calvo Nunes

Este 24 de setembro marca o 11º ano da morte de Urubatão Calvo Nunes, aos 79 anos de idade, vencido por um tumor cerebral e outro no pulmão. Enquanto atleta, ele foi apenas coadjuvante do famoso time do Santos das décadas de 50 e 60. Como treinador também não passou de razoável, mas apesar disso cravou história na carreira para ser lembrado. E como havia se radicado na cidade de Santos, chegou a ser comentarista de futebol em emissora de rádio local.

Nascido no Rio de Janeiro, o meio-campista Urubatão jogou no pequeno Bonsucesso até ser descoberto pelo Santos em 1954, já sabendo que seria reserva do volante Zito e sem chances de atuar na meia de armação, devido à concorrência na posição. Assim, no bicampeonato paulista, no biênio 1955/56, ficou na reserva em time que contava com Manga; Hélvio e Ivan; Ramiro, Formiga e Zito; Tite, Jair da Rosa Pinto, Pagão, Del Vechio e Pepe.

Já em 1959, ainda no Santos vice-campeão regional, após derrota para o Palmeiras por 2 a 1, foi titular na patota formada por Laércio; Getúlio, Dalmo, Formiga e Feijó; Zito e Urubatão; Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe. E dois anos depois ele se desligou do Santos, mas naquele período cravou uma partida pela Seleção Brasileira, em 7 de junho de 1957, na derrota para a Argentina por 2 a 1, no Estádio do Maracanã, em jogo que marcou a estreia de Pelé no selecionado. Sílvio Pirilo era o treinador.

Depois disso jogou na Ponte Preta no biênio 1964/65, que perdeu o direito de acesso ao Paulistão na derrota para a Portuguesa Santista por 1 a 0. Como treinador, rodou por clubes como Portuguesa, Coritiba, Colorado (atual Paraná Clube), Londrina, Fortaleza e principalmente do interior de São Paulo como Noroeste, América e Araçatuba. Não permitia intimidade dos comandados e exigia boa aparência deles nos treinos.

Supersticioso, impedia que jogadores tomassem banho antes dos jogos, com infundada justificativa de que isso atrapalhava o aquecimento. Arrogante, às vésperas dos jogos afirmava que a sua preocupação não era com o adversário, e sim com o seu time. “Quem sabe me ensina. Quem sabe igual me lembra. Quem sabe menos bate palmas”, dizia.

No banco de reservas, dava mau exemplo ao acender um cigarro com o ‘toco’ de outro. A boleirada não reclamava daquela fumaceira por motivos óbvios, se bem que a maioria também era fumante na época.

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Peu, mais um reserva de luxo do Flamengo

 Enquanto a maioria dos clubes carece de atacantes qualificados, o Flamengo se dá ao luxo de deixar na reserva jogadores como Michael e Pedro, que teriam vagas em grandes clubes brasileiros. A rigor, essa sina se arrasta há décadas. Na década de 80, por exemplo, como encontrar lugar na equipe para o veloz e hábil Peu em quarteto ofensivo formado por Bebeto, Zico, Nunes e Lico, se nem sempre sobrava vaga para Tita?

Tal como agora, naqueles tempos o Flamengo conquistava Taça Guanabara, Campeonato Carioca, Campeonato Brasileiro e Libertadores. Por isso o alagoano Peu foi um reserva de luxo naquela patota. Geralmente entrava no segundo tempo e deixava a sua marca, como na fase semifinal do Campeonato Brasileiro de 1982, na vitória sobre o Guarani por 2 a 1. Ele e Zico construíram o placar no Estádio do Maracanã.

Depois, o Flamengo ganhou do Guarani em Campinas por 3 a 2 e conquistou o título sobre o Grêmio, com empate por 1 a 1 no Estádio do Maracanã e vitória por 1 a 0 no Estádio Olímpico, gol de Nunes. E Peu festejou aquele título ao lado de Zico, cujo relacionamento continua estreito, tanto que desfilou na Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense, cujo enredo foi em homenagem a Zico no Carnaval do Rio de Janeiro de 2014.

Foram quatro anos de Flamengo, os dois últimos como titular, quando exibia a cabeleira black power, fazia gols, e nas frequentes entrevistas recordava a ligação com o CSA, clube de Alagoas que frequentava desde os dez anos de idade, até porque os pais tinham vínculo empregatício com a agremiação: mãe lavadeira e pai segurança e roupeiro.

Claro que os pais não serviram para influenciar o ingresso dele nas categorias de base. Já se destacava entre a garotada, e os cartolas do clube negociaram o passe no primeiro assédio do Flamengo em 1981. Todavia, bastou não repetir atuações convincentes para que fosse repassado a clubes como Santa Cruz, Atlhetico (PR), Botafogo de Ribeirão Preto (SP) e até passagem pelo Monterrey do México, onde se sagrou campeão nacional em 1986.

O encerramento da carreira deu-se em 1994 no mesmo CSA de Maceió, cidade onde nasceu em abril de 1960. Ele até aceitou convite do PTB de Maceió para se candidatar a vereador em 2012, provavelmente convencido de que o prestígio no futebol seria o maior cabo eleitoral para que se elegesse. Abertas as urnas veio a decepção: apenas 374 votos.