quarta-feira, 14 de junho de 2023

Higuita, goleiro que saía driblando adversários

O mundo inteiro ficou perplexo quando o ex-goleiro colombiano René Higuita praticou defesa inusitada em jogo amistoso de sua seleção contra a Inglaterra, em Wembley, no dia seis de setembro de 1995, que terminou empatado sem gols. Na ocasião, em chute do adversário, deixou a bola passar sobre os longos cabelos cacheados, impulsionou os dois pés para trás e, em gesto de calcanhar, para acertá-la.

Na prática, Higuita tinha convicção que o lance estaria impugnado por posição de impedimento de atacante adversário, mas o árbitro interpretou como válido, e o comportamento do colombiano foi batizado como 'defesa escorpião'. Todavia, diferente do imaginário, aquela defesa não foi executada por acaso, como se fosse impensada maluquice de um destemperado. Cinco anos antes, ele já havia ensaiado insistentemente esse malabarismo para gravação de um comercial de televisão.

E quem imaginou que aquilo jamais se repetiria, se enganou. No jogo que marcou a despedida da carreira dele aos 43 anos de idade, no Deportivo Pereira, em 2010, contra a seleção de Antioquia, o show se repetiu com a 'defesa escorpião', ocasião que igualmente marcou o último dos seus 41 gols da carreira, 37 deles de pênaltis e quatro de faltas.

Higuita era isso e muito mais. Com 1,75m de altura, uniformes estranhos, tinha elasticidade e defendia pênaltis. Abusado, ao interceptar jogadas com os pés, de adversários, driblava-os como se fosse jogador de 'linha', e até aplicou chapéu no alemão Rudi Voeller, em jogo contra a extinta Iugoslávia. Porém, ao ignorar o risco de ser desarmado, provocou a eliminação da Colômbia na Copa do Mundo de 1990, ao perder a bola para o atacante Roger Milla, de Camarões, que marcou o gol da vitória por 2 a 1.

No histórico da carreira, consta o envolvimento em caso de sequestro com Pablo Escobar e o traficante Carlos Molina, em 1993. Segundo ele, a ação teria ocorrido 'por causas humanitárias'. Em decorrência, ficou preso por seis meses, mas acabou inocentado pela Justiça e recebeu indenização de R$ 29 mil na época. Contudo, ficou fora da Copa do Mundo de 1994.

Nascido em 27 de agosto de 1966, na cidade de Medellín, na Colômbia, o início da carreira dele foi em 1985 no Milionários de Bogotá. Na curta passagem pela Espanha, não se adaptou e voltou à Colômbia, com posterior ingresso em clubes do México, Equador e Venezuela. Em 2017 ele retornou ao Atlético Nacional da Colômbia como preparador de goleiros, descartando as maluquices.

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