sábado, 24 de fevereiro de 2024

Nem Ditão, nem Dito; apenas Tobias

Que pai ousa registrar o filho em cartório com o prenome Benedito, como antigamente? Convenhamos: não soa bem o apelido ‘Dito’ ou ‘Ditão’. Digamos que a identificação como Benê até passa, mas ainda assim é melhor evitá-la, como evita-se registros de nomes como Adamastor, Abelardo, Almerindo, Bráulio, Clemente, Felisberto, Isaltino e Ludovico, por exemplo.

Outrora registravam recém-nascidos com o nome de Benedito em homenagem ao santo intercessor de milagres na Itália, séculos passados. Nem a expressão ‘será o Benedito’, criada em Minas Gerais em 1930, desestimulou pais da época ao repasse do nome ao filho. A expressão tem o significado de decepção ou impaciência com alguma coisa.

Cabe a introdução para esclarecer que o ex-goleiro José Benedito Tobias, do Corinthians, foi identificado pelo sobrenome desde os tempos de atleta do Noroeste de Bauru (SP), em 1968. No ano seguinte, ele se fixou como titular do Guarani, onde ficou até 1975, com transferência ao Sport Recife e posteriormente Corinthians, quando ratificou reflexo apurado, regularidade, e foi considerado herói da classificação de seu clube à final do Brasileirão da temporada seguinte, ao suplantar o Fluminense no Estádio do Maracanã.

Aquele 5 de dezembro de 1976 foi histórico para o Corinthians. Afinal, jamais algum clube brasileiro repetirá a proeza de colocar 70 mil torcedores no estádio do adversário, na chamada invasão corintiana ao Maracanã. Na véspera do jogo, um bando de malucos cobriu bustos e estátuas com bandeiras alvinegras, no Rio. Alguns sequer se deram conta que a aglomeração nas imediações do hotel, onde o clube se concentrava, tirava o sossego dos jogadores, exigindo que o então presidente do clube, Vicente Matheus - já falecido -, se dirigisse de pijama ao saguão, para dispersá-los.

Já o técnico Duque chamou um pai-de-santo para iluminar os seus jogadores, enquanto dezenas de outros torcedores místicos optaram por praias cariocas, nas altas horas, para reforçar a macumba com garrafas e velas.

Na final da competição, o Corinthians viu o Inter (RS) sagrar-se bicampeão. O desjejum de título ocorreu no ano seguinte, na decisão do Campeonato Paulista, contra a Ponte Preta. Tobias ainda jogou no Fluminense e Bangu, até 1986. Em maio próximo ele vai completar 76 anos de idade, os cabelos rarearam, e mora em São Paulo.

sábado, 17 de fevereiro de 2024

Carlos Alberto Borges sobreviveu ao ser vitimado por raio

Quando a mídia noticiou neste 10 de fevereiro a morte de um atleta na Indonésia, durante partida de futebol, vitimado por descarga elétrica de um raio no gramado, outras três situações semelhantes foram registradas com envolvimento de jogadores brasileiros e preparador físico que, medicados imediatamente, conseguiram sobreviver.

A bruxa já andou solta nas imediações do CT da Barra Funda do São Paulo, com dois registros. Em 1996, o preparador físico Altair Ramos, atingido pela descarga, foi atirado para o alto e caiu duro no chão. Ele sofreu parada cardíaca e respiratória, recebeu os primeiros socorros de jogadores, foi internado em UTI de hospital, mas sobreviveu.

Três anos depois, outra descarga elétrica nocauteou o meia Adriano, do Figueirense (SC), clube que fazia uso do local para treinamento. O forte impacto provocou paralisação do lado esquerdo dele, com perda temporária do estado de consciência.

Susto maior ocorreu quando o raio caiu no gramado durante treino matinal do Palmeiras, em 15 de setembro de 1983, por falha no sistema de pára-raios do antigo Estádio Palestra Itália - hoje Allianz Parque. A descarga atingiu o então meia Carlos Alberto Borges, que desmaiou e precisou ser reanimado pelo médico do clube Naércio dos Santos, que diagnosticou língua travada, e exigência de internação hospitalar, porém com alta no dia seguinte.

Nascido em Quintana (SP), 63 anos de idade, Borges deu os primeiros passos no futebol em clubes como Araçatuba e Corinthians de Presidente Prudente, mas passou a ganhar destaque a partir de 1979, ao atuar na bem montada equipe do Marília, em time formado por Zecão; Valdir, Márcio Rossini, Rubão e Reinaldo: Soni, Nenê e Carlos Alberto Borges; Luís Sílvio, Jorginho e Ferreira.

Em 1982, o Palmeiras tratou de buscá-lo, a exemplo de Jorginho, e a recompensa pela boa visão de jogo na armação de jogadas foi convocação à Seleção Brasileira, já na temporada seguinte, com participação em três jogos. O trauma por ter sofrido descarga elétrica, provocada por raio, tirou-lhe a concentração nos jogos, com consequente queda de rendimento, mas recuperação posterior. E lá ele ficou até 1987, sendo que na temporada anterior atuou no Santos por empréstimo. A carreira prosseguiu no Novorizontino, Ceará e Sãocarlense em 1991, onde tentou seguir a carreira de treinador, sem prosperar. 

 

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Gilberto Sorriso, lateral do São Paulo e Santos

Apelidos de jogadores eram vistos com naturalidade no século passado. Nos anos 60 e 70, os titulares da camisa seis são-paulina não se zangavam quando chamados de Tenente e Gilberto Sorriso, respectivamente. O diferencial técnico entre ambos se caracterizava pelo primeiro ter sido notabilizado pela forte marcação, enquanto o seu substituto já tinha atributos técnicos que permitiam avançar ao ataque, com a bola nos pés, pois, embora destro, sabia usar a perna esquerda.

O apelido 'sorriso' se casou com o comportamento sempre bem humarado dele, revelado nas categorias de base do São Paulo em 1968, mas assumiu a titularidade do profissional em 1970, ano da conquista de título paulista aguardado durante 13 anos, num time formado por Sérgio; Forlan, Jurandir, Dias e Gilberto (Tenente); Edson e Nenê; Paulo, Terto (Benê), Toninho Guerreiro e Paraná. O técnico era o saudoso Zezé Moreira.

Outra faixa de campeão foi repetida na temporada seguinte, mas ele marcou história singular no clube em 1974, quando atuou 73 partidas consecutivas, sem que fosse substituído ou expulso. Três anos depois foi jogar no Santos, e integrou um elenco renovado e batizado de 'Meninos da Vila', que conquistou o Campeonato Paulista de 1978. Lá também voltou a ser campeão em 1984, em equipe comandada pelo saudoso treinador Carlos Castilho.

Durante onze anos esteve vinculado ao Santos, porém saindo por empréstimo em curtos períodos para Goiás, Noroeste (SP), Santo André, e por fim a Portuguesa Santista. E quando parou, tornou-se gerente de futebol do Santos, cargo que ocupou durante três anos. Em 1990, ingressou na função de treinador das categorias de base do São Paulo, e participou da revelação do ponteiro-esquerdo Denílson. Também foi técnico do juvenil do Fortaleza.

Fora da bola, Gilberto Ferreira da Silva, o Gilberto Sorriso, paulistano de 72 anos de idade, passou susto em 2001, ao ser detido por engano, indiciado e processado, até desvendarem a ficha do verdadeiro criminoso, procurado por ter matado uma pessoa a golpes de macaco do veículo Opala. Todavia, inicialmente a acusação recaiu sobre o ex-atleta, pois a investigação policial foi confundida pelo perfil falso do criminoso, que se identificava como Gilberto Sorriso, e descobridor de talentos na região de Porto Feliz (SP). Assim, o verdadeiro Gilberto Sorriso provou a sua inocência.

domingo, 4 de fevereiro de 2024

Rodriguinho troca o gramado pela função de empresário

 Quando a mídia anunciou no último 26 de janeiro que o meia Rodriguinho - que atingiu o auge da fama no Corinthians - havia anunciado o final da carreira de atleta, perguntou-se como alguém talentoso, como ele, na iminência de completar 36 anos de idade, sai de cena? E a evolução da medicina esportiva e preparação física, que permitiram prolongamento das carreiras dos laterais Léo Moura, ex-Grêmio, e Zé Roberto, que parou no Palmeiras, aos 41 e 43 anos, respectivamente?

A última passagem de Rodriguinho foi no Cuiabá, como artilheiro da equipe com 13 gols em 2022, mas caiu no ostracismo na temporada seguinte, tanto que o contrato vencido em abril não foi renovado. Assim, como virou o ano sem clube, decidiu trocar o uniforme de atleta pelo blazer social de quem agencia carreira de boleiros. E parece ter jeito para a nova empreitada, pois mostra facilidade para se comunicar e ganância em negócios supostamente compensadores. Isso ficou claro quando trocou o auge da fama e bom salário no Corinthians em 2018, para receber em dólar no Pyramids, do Egito.

Quando bateu o arrependimento naquele clube, sem receber o acordado, na volta ao Brasil já não repetiu o futebol então mostrado, quando passou a defender Cruzeiro, Bahia e Cuiabá, constratante com a evolução na carreira começada no ABC de Natal (RN) - cidade que nasceu - Bragantino, América Mineiro, primeira passagem pelo Corintians em 2013, Grêmio e Sharjah dos Emirados Árabes.

No regresso ao Timão em 2015, inicialmente o espaço ficou encurtado porque o clube dispunham dos meias Renato Augusto e Jadson, mas quando ambos foram jogar no futebol chinês, foi a vez dele, Rodriguinho, cair no gosto da fiel torcida com dribles em progressão, visão de jogo privilegiada para assistência a parceiros e finalizões com sucesso.

Há momentos na vida que propostas financeiras vantajosas mexem com a cabeça de atletas, e foi assim com Rodriguinho, quando decidiu trocar o estágio ímpar que se encontrava no Corinthians pela Índia, e se deu mal. Como o recomeço na volta ao Brasil não foi como desejava, Rodrigo Eduardo Costa Marinho aposta em recomeço no futebol como empresário de boleiros, na expectativa que a experiência seja tão promissora como nos tempos em que foi aplaudido nos gramados e até cogitado para integrar a Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2018, na Rússia.