segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Toquinho, atacante dos tempos bons da Lusa

 Copa Paulista foi o que sobrou à Portuguesa de Desportos até o final desta temporada, após sequer passar à segunda fase da quarta divisão do futebol nacional, a Série D, reflexo da derrota por 1 a 0 para a Desportiva capixaba, no Espírito Santo, dia 25 de junho passado.

 Desde 2013 a Lusa tem despencado com seguidos rebaixamentos. No âmbito paulista ela disputa a Série A2. Atolada em dívidas, ainda não se descarta a hipótese de perda do Estádio do Canindé, apesar da tentativa de acordo trabalhista com ex-jogadores.

 O cenário contrasta com tempos de glória do clube. Em 1973 seus torcedores festejaram a partilha do título paulista com o Santos. Partilha? Sim. Na ocasião a definição se estendeu às cobranças de pênaltis, e o saudoso árbitro Armando Marques se perdeu na contagem. Com a confusão estabelecida, a Federação Paulista decidiu pela repartição da conquista.

 Doze anos depois o time luso chegou a outra final de Paulistão contra o Tricolor paulistano, e ficou com o vice-campeonato. O segundo e decisivo confronto foi presenciado por cem mil torcedores no Estádio do Morumbi.

 Naquele lendário jogo o treinador da Lusa era Jair Picerni, e o time contava com Serginho; Luciano, Luiz Pereira, Eduardo e Albéris; Célio, Toninho e Edu Marangon; Toquinho (Jorginho), Luiz Muller e Esquerdinha.

 O Toquinho em questão foi um ponteiro-direito driblador, veloz e fazedor de gols, assim como dava assistência aos centroavantes artilheiros. Ele chegou ao Canindé em 1980, e lá ficou durante cinco anos.

 Há registro, igualmente, de passagem bem-sucedida em Araraquara na Ferroviária, entre 1987 a 1989. Na ocasião atuou ao lado de jogadores como Marcão, Mauro Pastor, Vonei e Rubens Feijão, Helinho, Washington, Betão e Julimar.


 Agora, aos 60 anos de idade completados dia 24 agosto passado, Luiz Carlos Lombardi da Silva, o Toquinho, continua no futebol na função de treinador do Rio Grande (RS), sua cidade natal, onde iniciou a trajetória como atleta em 1976, e atuou por outros clubes gaúchos como Grêmio, São Paulo, Caxias e Internacional de Santa Maria.

sábado, 19 de agosto de 2017

Baroninho, ponteiro-esquerdo do chute forte

 Quando o ponteiro-esquerdo Baroninho ajeitava a bola para cobrança de faltas, era perceptível a paúra de jogadores adversários previamente orientados para participar da formação da barreira. O chute parecia um foguete. O risco de provocar nocaute em quem a bola atingisse era evidente. Todavia, a pontaria geralmente recomendava endereço do gol ou próximo. Goleiros tinham incrível dificuldade para a defesa.

 Baroninho é o exemplo típico do ex-boleiro que unia o útil ao agradável para bater na bola. Se a força no pé foi uma dádiva, ele reconhece que o saudoso treinador Telê Santana teve participação preponderante para que assimilasse o jeito do chute.

 Foi assim que marcou a maioria dos gols na carreira com iniciada e terminada no Noroeste de Bauru de 1973 a 1988, intercalada em grandes clubes como Palmeiras - triênio a partir de 79 - e Flamengo. Palmeirenses da velha guarda jamais vão esquecer aquela surpreendente goleada imposta ao Flamengo em pleno Estádio do Maracanã por 4 a 1, no primeiro ano de agremiação do atleta, quando marcou um golaço e foi o principal destaque. O histórico dele no Verdão foi de 192 partidas e 32 gols, mas ele avisa que nos 15 anos de carreira marcou 172 gols, justificando que só não aumentou a marca porque era ‘passador de bola’.

 Consta nas fichas dos arquivos do Departamento Amador do Noroeste que na categoria infantil ficou alojado no clube Edilson Guimarães Baroni, o Baroninho, que aos dez anos de idade perdeu o pai e já havia se convencido que velocidade e sabedoria para usar a perna esquerda lhe renderiam a carreira de atleta. Talvez não imaginasse colocar no peito - mesmo na condição de reserva - medalhas dos títulos da Libertadores e Mundial de Clube pelo Flamengo em 1981.

 Essa identificação com o futebol o fez prosseguir no meio repassando aprendizado à garotada de escolinha ou categoria de bases de clubes. Nessa empreitada lançou, entre outros, os irmãos Richarlyson e Alessandro no Noroeste.


 Hoje, como treinador da equipe principal do XV de Jaú, Boroninho, 59 anos de idade, tem o hábito de ‘resenhar’ com a boleirada e cita casamento sólido dele de 32 anos, adverte para que guardem bem o dinheiro ganho, prega vida regrada sem vícios de cigarro e bebida, e compara a preparação física de outrora - caminhada de 20 quilômetros - com vantajosos exercícios em academia e esteira.

domingo, 13 de agosto de 2017

Osni, 1,56m de altura e muito talento

 Anda fora de moda jogadores baixinhos no futebol brasileiro. Um dos últimos em destaque joga no Al-khor do Catar desde 2012, caso do meia-atacante Madson, 1,57m de altura. Hábil, veloz, foi lançado no Vasco pelo treinador Renato Gaúcho em 2005, passando por Santos e Atlético Paranaense.

 Bahia é clube com tradição de ser bem-sucedido com jogadores baixinhos. Um deles o paulista de Osasco Osni Lopes, ponteiro habilidoso e goleador. Nas três passagens intercaladas - a última delas no biênio 1984-85 - totalizou 115 gols.

 Outro exemplo foi Naldinho, que marcou um dos gols na goleada do Bahia sobre o Fluminense por 4 a 1, em pleno Estádio das Laranjeiras. Na ocasião, Gil, Charles e Luiz Henrique também marcaram para os baianos.

 Naldinho, 1,58m de altura, se vangloriava de suas qualidades. “Eu era jogador rápido e inteligente”. Logo, não se constrange citar que se nascesse no futebol de hoje estaria milionário, comparando a montanha de dinheiro que clubes pagam a atletas que considera razoáveis. “Está acabada a geração de jogadores de técnica apurada. Tem um monte de perna de pau por aí que não merece estar em clube algum”.

 E justifica a crítica ao mira-se no exemplo de o atleta bater na bola. “Não compreendo como jogadores que treinam a semana toda não conseguem cruzar corretamente”.

 Tal como Naldinho, Osni, 1,56m de altura, era hábil e fazia gols. A carreira começada no Santos em 1968, ganhou amadurecimento em Madureira, Olaria e Flamengo, até atingir o ápice em Salvador (BA). No Vitória, foi o pivô de briga generalizada entre jogadores rivais ao sentar na bola, após driblar o adversário Romero, do Bahia.

 No tricolor baiano a partir de 1978, jogou machucado. Aí, houve queda de rendimento e a cabeça ficou em parafuso. Irritou-se quando o seu cachorro foi mordido em briga com outro animal, tentou se vingar com pedaço de pau, e quase acabou linchado.

 Depois o então presidente Paulo Maracajá atrasou o seu salário com argumento de que ‘quem não joga também não ganha”, fato que provocou desdobramento na Justiça do Trabalho. E, impaciente, agrediu o fotógrafo Mário Bonfim do jornal Tribuna da Bahia, segundo publicação da revista Placar, porque não queria ser flagrado em clínica médica.


 Por fim driblou as adversidades, mostrou que tamanho não é documento para enfrentar grandalhões, e foi convocado até à Seleção Brasileira.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Oito anos sem Pinheirense, o beque mais violento

 Não desmintam saudosistas quando apontam o saudoso Antenor José Cardoso, o Pinheirense, natural da cidade de Pinheiros, interior do Maranhão, como zagueiro mais violento do futebol brasileiro dos últimos 50 anos. Décadas passadas, quando narradores de futebol metaforizavam frases de que fulano ‘abriu a caixa de ferramentas’, a carapuça servia para Pinheirense que, propositalmente, acertava meio gomo da bola e alongava o pé pra pegar o adversário. Ele batia da medalhinha pra cima.

 Foi o período em que treinadores malandros mandavam ‘matar’ jogadas do adversário no nascedouro. Alguns diziam ‘bola ou bolim, referência que passava a bola e não passava o adversário.

 Quem duvida que Pinheirense foi recordista de expulsões, basta avaliar o histórico. O igualmente saudoso árbitro Dulcídio Wanderlei Boschilia o expulsou nove vezes. Outras quatro vezes ficaram por conta de ex-árbitros como Oscar Roberto Godoy e Roberto Nunes Morgado. Isso nas passagens por clubes paulistas que disputavam o Paulistão como Ferroviária, Botafogo, São Caetano, Paulista de Jundiaí e Ituano.

 Claro que faltam contabilizar cartões vermelhos em divisões inferiores quando atuou por Lençoense, Lemense, Corinthians de Presidente Prudente, além de períodos no Náutico, Coritiba e Londrina. Logo, difícil imaginar qual jogador desfalcou tanto a sua equipe por suspensões automáticas ou impostas por tribunais desportivos.

 Pinheirense morreu no dia 21 de agosto de 2009, em Recife (PE), aos 53 anos de idade, vítima de complicações generalizadas. E se quase aleijou adversários com as suas botinadas, passou os últimos dez anos de vida em cadeira de rodas. Ficou paraplégico após ter sido alvejado pelas costas pelo marido de uma ex-namorada, na capital paulista.

 A carreira, de pouco mais de 15 anos, foi encerrada em 1993, período em que muito se falava da fama de xerife do falecido zagueiro Moisés - ex-Bangu e Corinthians -, sem que isso resultasse em expulsões. “Quase ganho o Belfort Duarte”, brincou ele, certa ocasião, em referência ao prêmio instituído pelo Conselho Nacional de Desporto em 1945, oferecido ao atleta que passava dez anos sem ser expulso de campo.

 Márcio Rossini, ex-atleta de Marília (SP), Santos, Bangu e Flamengo foi o típico zagueiro temido por adversários pela violência, em época que a maioria dos estádios não oferecia segurança. Aí, árbitros cediam às pressões.