segunda-feira, 20 de junho de 2022

Kléberson, um pentacampeão esquecido

Quando se fala do pentacampeonato conquistado pela Seleção Brasileira na Copa do Mundo e 2002, no Japão e Coréia do Sul, logo lembram do goleiro Marcos, laterais Cafu e Roberto Carlos, meias Ronaldinho Gaúcho e Rivaldo, e atacante Ronaldo Fenômeno. Coadjuvantes são esquecidos, entre eles José Kléberson Pereira, paranaense de Uraí identificado apenas como o volante Kléberson, que no último 19 de junho completou 43 anos de idade.

Embora ganhador dos prêmios Bola de Prata da ESPN e da Revista Placar de 2001, bicampeonato estadual do Paraná e do Campeonato Brasileiro de 2001 pelo Atlhetico Paranaense, para a maioria das pessoas era um desconhecido na chegada à Seleção Brasileira, mas a voluntariedade e condicionamento físico exemplar na transição ao ataque garantiram vaga entre os titulares daquele Mundial.

Destro, 1,75m de altura, adaptado à lateral-direita e como meia, Kléberson ainda conquistou a Copa América de 2004, no Peru, e Copa das Confederações de 2009, na África do Sul, pela Seleção Brasileira. Apesar disso, apenas a mídia paranaense lhe escancarava espaço, contrastando com comportamento discreto de outros centros de comunicação do País.

O Atlhetico Paranaense negociou os seus direitos econômicos ao Manchester United, da Inglaterra, por valor equivalente a 8,6 milhões de euros em 2003, divididos com o PSTC, primeiro clube do atleta. E no futebol europeu ele continuou até 2008, quando deu continuidade na carreira no Besiktas, da Turquia. Aí, no retorno ao País, no Flamengo, foi coroado com a conquista do título do Brasileirão na temporada seguinte, ocasião em que marcou dois gols no empate por 2 a 2, na final contra o Botafogo, no Estádio do Maracanã.

Foi quando voltou a ser relacionado à Seleção Brasileira, conquistou a Copa das Confederações e posteriormente segunda participação em Mundial, desta feita na África do Sul. E mesmo com esse histórico, paradoxalmente foi dispensado do Flamengo em 2011 pelo treinador Vanderlei Luxemburgo, quando retornou ao Atlhetico Paranaense por empréstimo.

A segunda passagem no futebol carioca foi curta, iniciando repasse em clubes como Bahia e Philadelphia Union, Indy Eleven, North American Soccer League e Fort Lauderdale Strikers - todos dos Estados Unidos -, com encerramento da carreira em 2017, migrando, incontinenti, à carreira de treinador nas categorias de base.


segunda-feira, 13 de junho de 2022

Lê e os tempos que prevaleciam apelidos

Comumentemente se ouve dizer que o futebol mudou. E a transformação não se restringe à maneira desenfreada com que atleta corre, tornando o jogo mais tático de que técnico.

Abrange todos os aspectos, inclusive forma de identificação. Se hoje é praxe citá-lo através de nome composto, outrora os apelidos eram bem aceitos no meio, alguns, inclusive, através de monossílabos.

Alguns apelidos não tinham conexão com o nome. O que tem a ver Carlos Alberto Sabione Lemos Soares com 'Bô'? Pois ele atuou como zagueiro do Atlético Goianiense na década de 70, ficou marcado pelo estilo clássico quando predominavam becões, e morreu em 2008. Ele foi irmão do também zagueiro e hoje treinador Estevam Soares.

Entre os anos 60 e 70, o futebol produziu dois 'Dés'. O primeiro foi Ademar José Ribeiro, revelado pela Portuguesa Santista, que atingiu o auge da carreira na lateral-esquerda do Palmeiras. 'Dé' atuou num compartimento defensivo com Leão, Eurico, Luiz Pereira e Nelson. Depois jogou no São Paulo e morreu em 1992, aos 52 anos de idade.

Outro 'Dé', o Domingos Elias Alves Pedra, fez sucesso no Bangu identificado apenas pelo monossílabo, para posteriormente, já no Botafogo (RJ), ser chamado como Dé Aranha, um ponta-de-lança habilidoso que ainda jogou no Vasco e continua em evidência como analista de futebol na Rádio Tupi (RJ), aos 74 anos de idade, após desligamento da Rádio Globo em 2019.

Toda essa dissertação para desembocar no então meia-direita Ronaldo Francisco Lucato, conhecido como Lê, hoje aos 58 anos de idade, que da Inter de Limeira - sua cidade natal - participou daquela equipe campeã paulista de 1986, embora à época fosse opção para todas as posições de ataque e não havia prosperado entendimento para se transferir ao Santos. Assim, na temporada seguinte seguiu carreira no São Paulo, levado pelo então treinador Pepe, com atribuição de substituir Careca, que havia se transferido ao Nápoli, da Itália.

Na ocasião, a contratação de Lê envolveu cifras acima de um milhão, em período que a moeda vigente no país era o cruzado. E ele correspondeu pela facilidade de adaptação em quaisquer das posições do ataque, mesmo com estatura considerada baixa, de 1,70m de altura. Apesar disso, na sequência se transferiu para a Portuguesa até que o encerramento da carreira ocorreu no Inter (RS), aos 32 anos de idade, em 1990.

domingo, 5 de junho de 2022

Pintado, jogador e treinador de perseverança

Perseverança foi a marca registrada de Luís Carlos de Oliveira Preto, que ganhou fama no futebol com o apelido de Pintado, natural de Bragança Paulista (SP), e que em setembro próximo vai completar 57 anos de idade. No início, enquanto atleta, na base do Bragantino em 1983, só foi tolerado pelo estilo de zagueiro tratorzão, que se valia da boa compleição física e 1,82m de altura para se sobressair no jogo aéreo. Tecnicamente era tido como fraco e por isso foi repassado nas quatro posições de defesa, até que resolveram encaixar-lhe na lateral-direita.

Ano seguinte, ainda no sub20, não obteve êxito em Palmeiras e São Paulo, o que provocou repasse em equipes do interior como Taubaté e novamente Bragantino, quando o quadro se modificou ao ganhar espaço com o treinador Vanderlei Luxemburgo, e participar do título paulista de 1990. Todavia, foi o sucessor do comandante, Carlos Alberto Parreira, quem o efetivou como volante, quando o estilo raçudo de Pintado ficou bem evidenciado, e despertou interesse no São Paulo da época, do saudoso saudoso Telê Santana, para que retornasse ao clube.

Assim, Pintado passou a escrever a sua história no futebol com conquistas de duas Libertadores e Mundial de Clubes durante o biênio 1992/93, quando totalizou mais de cem partidas e apenas duas expulsões. Logo em seguida se transferiu ao Cruz Azul do México com a marca de atleta aguerrido, sem que isso significasse violência. Dos grandes clubes, ainda jogou no Santos, Atlético Mineiro e Cerezo Osaka do Japão, para, nos dois últimos anos de carreira, até 2003, acusar passagens por União São João, Pelotas, Santa Cruz e Brasiliense.

É praxe atleta que termina a carreira em clube de menor expressão cair no ostracismo, e com Pintado não foi diferente. Por isso, em 2004 iniciou novo desafio no futebol na função de treinador da Inter de Limeira, com repasse de vibração aos atletas. A construção da nova carreira obedeceu cronograma de degraus em degraus, passagens por equipes do interior paulista e grande ABC, até que clubes de outros centros o contratassem, como América Mineiro, Náutico, Figueirense, Juventude, Goiás, Chapecoense e Cuiabá, entre outros.

Pintado teve passagem como auxiliar fixo de treinador no São Paulo em 2017, assim como no México, dois anos antes, quando atuou como auxiliar-técnico de Luis Fernando Tena no Cruz Azul e comandando o Club León.