sábado, 23 de maio de 2020

Adeus a Eli Carlos, meia de Cruzeiro e Flamengo


Dois xarás meio-campistas atuaram no Cruzeiro em épocas distintas. É preciso defini-los com precisão sobre divulgação da morte de um deles, no dia 22 de maio passado, após quase dois anos internado. Foi Eli Carlos - nome composto -, 66 anos de idade, aquele que em 1977, como ponta-de-lança, conquistou título estadual e artilharia da competição com 17 gols. Portanto, nada a ver com o prenome Elicarlos, o volante sergipano que passou pela Toca da Raposa no triênio a partir de 2008.

O Eli falecido também jogou no Flamengo quando da preparação de uma geração de ouro pelo saudoso treinador Cláudio Coutinho em 1978, porém enfrentando concorrência desproporcional na 'meiúca' dos talentosos Zico e Adílio. Lá também estavam o goleiro Raul, lateral-esquerdo Júnior e atacante Tita, entre outros.

Aí, no uso de sua rede social para registro do falecimento de Eli Carlos, a direção do Flamengo extrapolou com citação de que 'lamenta profundamente a morte', quando de certo a maioria de seus dirigentes nem se lembra mais de seu ex-atleta. Duvida? Não saberão descrever o início de carreira dele no Guarani como meia-armador de habilidade na condução da bola, lucidez nos lançamentos e complementador de jogadas.

Essas características passaram a ser aprimoradas no juvenil bugrino em meados dos anos 70, e posteriormente ele despertou interesses de grandes clubes. No Coritiba, por exemplo, sagrou-se bicampeão no biênio a partir de 1975, quando havia sido fixado como ponta-de-lança. No histórico de 132 jogos marcou 54 gols.

Já na década de 80 houve declínio técnico no futebol dele, e isso implicou na estrada da volta, com encerramento da carreira no Palmeirinha de São João da Boa Vista, em 1987. Com Beto Zini na presidência do Guarani no ano seguinte, Eli voltou ao velho ninho e na condição de auxiliar-técnico de José Luiz Carbone. Aí, quando da demissão do comandante, ele chegou a substitui-lo, sem contudo prosperar na função. Apesar disso, houve tentativa de prosseguimento em clubes como Uberlândia e Francana, mas na prática ele se revelou melhor nas funções de supervisor e adjunto de empresários de futebol.

Por um período Eli Carlos enveredou à atribuição de comentarista de futebol pela Rádio Bandeirantes-Campinas. E por ter vivenciado as imponderações da modalidade, ficou marcado pelo bordão que criou: 'O certo é o que dá certo'.

sábado, 16 de maio de 2020

Parreira: ‘o gol é apenas um detalhe’


Quem, um dia, não falou uma tremenda bobagem e depois se arrependeu? Diferentemente da maioria, o ex-treinador de futebol Carlos Alberto Perreira publicamente não dá a mão à palmatória quando um dia disse que ‘o gol é apenas um detalhe’. Falou em 1994, ano da conquista do tetracampeonato mundial brasileiro, mas na prática o trecho repercutido mundialmente foi extraído de um contexto, quando citou que “o gol é apenas um detalhe de tantos outros que levam um time à vitória”.

Intimamente é impossível imaginar que Parreira não se sinta desconfortável quando lembram-no sobre o assunto. Afinal, uma biografia marcada de sucesso deveria ser dissociada da marcante frase. Hoje, aos 77 anos completados em fevereiro passado, narra a sua trajetória de militar que surgiu para o futebol quando adjunto do saudoso professor Cláudio Coutinho na preparação física da Seleção Brasileira, que conquistou o tricampeonato mundial na Copa do Mundo de 1970, no México.

Parreira migrou à carreira de treinador em 1975, no Fluminense. Três anos depois foi trabalhar no Kuwait, jamais prevendo que precocemente caísse no colo o comando da Seleção Brasileira em 1983, ocasião em que soube absorver enxurrada de críticas pelo vice-campeonato da Copa América, com derrota e empate diante do Uruguai.

Por sorte, ano seguinte soube dar continuidade ao time do Fluminense montado pelo antecessor José Luiz Carbone, e conquistou o título do Campeonato Brasileiro. Embora não fosse intruso no meio, se apresentasse como homem graduado no Exército brasileiro, havia desconfiança da mídia paulistana dele prosperar na carreira de treinador sem currículo de atleta. Nem por isso fugiu do desafio de dirigir o Bragantino em 1991, em substituição a Vanderlei Luxemburgo, e calou os seus detratores com o vice-campeonato brasileiro daquela temporada.

Assim, pavimentou retorno ao comando da Seleção Brasileira que em 1994, após 24 anos de jejum, conquistou o tetracampeonato nos Estados Unidos. Lá, colocou em prática a sua indisfarçável filosofia de 'futebol de resultados', e habilmente se desligou da função, certo que as portas estariam escancaradas para retorno, que ocorreu em 2006.

Antes disso, em 1998, amargou dolorosa dispensa da Seleção da Arábia Saudita, após a segunda rodada da primeira fase, na derrota para a Dinamarca por 1 a 0. E saiu sem ferir suscetibilidade.

Há 102 anos torcedores já iam de máscaras a estádios


Subentende-se pela expressão mascarado no futebol o jogador posudo, que se considera a última bolacha do pacote.

De antigos seriados da televisão, a máscara do Zorro cobria-lhe os olhos e foi mantida curiosidade, apesar das tentativas de arrancá-la.

Do entretenimento 'Reis do Ringue' na televisão, que atingiu o auge nos embates de 'luta livre' nos anos 60, alguns não foram 'desmascarados'.

Futuramente, quando torcedores de clubes de futebol passarem a ser vistos com máscaras faciais na reabertura de portões dos estádios ao público, não suponha que isso será novidade.

GRIPE ESPANHOLA

Em 1918 a gripe espanhola assolou o país, provocando mortes de mais de 20 mil pessoas.

Estado do Rio de Janeiro foi afetado com contágio do vírus em 66% da população de 910 mil habitantes.

Com estrutura sanitária deficiente, foi aumentado rapidamente a incidência de mortes.

E mesmo quando a doença estava praticamente controlada, torcedores de clubes do Rio de Janeiro, que tiveram acesso a estádios, procuravam se proteger com máscaras para evitar contágio do vírus.

Naquele Estado, a competições regional teve paralisação de um mês, a partir de outubro, e o campeão Fluminense desprezou a última partida contra o Carioca F.C., porque o WO não provocaria modificação no cenário.

O jornalista capixaba Felipe Souza, de o jornal A Gazeta, de Vitória (ES), publicou que o Campeonato Paulista, interrompido em novembro de 1918, só foi reiniciado na temporada seguinte.

Espanha deu nome à gripe porque foi um dos primeiros países a divulgar aquela pandemia que se espalhava pela Europa e África, antes de chegar ao Brasil em setembro de 1918, em contágio provocado por marinheiros que desembarcaram em Recife.

ORTOGRAFIA ANTIGA

Embora a reforma ortográfica da língua portuguesa tivesse ocorrido no início da segunda década daquele século, jornais da época relutavam acompanhá-la, pois ainda preservavam as chamadas consoantes mudas como 'actuação e opportunidade', por exemplo.

À época, a reforma implicava na obrigatoriedade de acentuação das proparoxítonas, mas quer Jornal dos Sports, quer Jornal do Brasil insistiam em não acentuá-las, como a palavra 'p(é)ssima'.

Isso contrasta com quem se dispôs reproduzir documento do início do século XX sem observância da ortografia da época. 

sábado, 2 de maio de 2020

Rildo, o sucessor de Nilton Santos no Botafogo


 Quando foi bicampeão brasileiro na Copa do Mundo de 1962, no Chile, o saudoso Nilton Santos atuou na sua verdadeira posição de lateral-esquerdo. À época, no Botafogo (RJ), já havia se adaptado à quarta-zaga, e foi possível o remanejamento de função porque havia certeza de que o lado do campo estava bem entregue ao recifense Rildo da Costa Menezes, que havia completado 20 anos de idade.

 Pois ambos juntos comemoram naquele mesmo ano o concorrido campeonato estadual, na decisão contra o Flamengo, presenciada no Estádio do Maracanã por 158.994 pessoas. Eis o time botafoguense: Manga; Paulistinha, Jadir, Nílton Santos e Rildo; Airton e Edilson; Garrincha, Quarentinha, Amarildo e Zagallo.

 Rildo chegou ao Botafogo três anos antes por indicação do então e saudoso treinador João Saldanha, que o observou na preliminar de amistoso do Botafogo contra o Sport, em Recife. Até 1966 ele colecionou título estadual e do Rio-São Paulo pelo Botafogo, ao demonstrar estilo guerreiro. Por ter sido lateral rápido, quando driblado tinha vitalidade para recomposição. 

 Para controlar ponteiros hábeis, chegava junto. Por vezes até ríspido no uso de carrinhos, mas nega que tenha sido violento. “Prova disso é que jamais fui expulso”, confessou.

 Ex-atleta não esconde a decepção pelo fracasso da Seleção Brasileira na Copa da Inglaterra, em 1966. Além de comungar versão de equívoco na escolha de geração envelhecida à competição, lembrou que foi criado o clima de já ganhou nas cidades brasileiras em que a equipe se apresentava em amistosos. “Aí descuidamos e chegamos mal condicionados fisicamente”, constatou, sem fazer referência que foi dele o gol no jogo de despedida de sua equipe, na derrota por 3 a 1 para Portugal.

 Com prestígio inabalado, Rildo se transferiu ao Santos em 1967, e por cinco anos defendeu a equipe e continuou a sina de erguer taça naquele esquadrão fabuloso com Pelé, Edu Jonas, Toninho Guerreiro e Carlos Alberto Torres. E até tinha intenção de interromper a carreira após passagem pelo antigo CEUB, do Distrito Federal, mas Pelé conseguiu demovê-lo, e o levou para jogar no New York Cosmos, dos Estados Unidos.
Quando parou de jogar, optou pela permanência naquele país e supervisionou escolinha de futebol. Agora, aos 78 anos de idade, está radicado no Rio de Janeiro, e passa horas contando histórias de seu tempo de atleta.