domingo, 28 de novembro de 2021

Santos foi bicampeão mundial sem Pelé

Já que o Santos F.C. de hoje patina e nem de longe reafirma aquela tradição do passado, recordemos seus momentos épicos quando sagrou-se bicampeão mundial de clubes em 1963, em duelos com o Milan da Itália, que exigiram uma terceira partida, após italianos e brasileiros repetirem placares enquanto mandantes por 4 a 2, até que o encantador time santista venceu a decisiva por 1 a 0, gol de pênalti anotado pelo saudoso lateral-esquerdo Dalmo.

Estilo mais cadenciado das equipes e desigualdade técnica de jogadores não são as únicas diferenças quando se compara transformação do futebol. Provavelmente não surgiu outro jogador que tivesse chute tão forte quanto ao do ponteiro-esquerdo Pepe, autor de dois gols de faltas na vitória dos santistas por ocasião da segunda partida, no Estádio do Maracanã, quando o Santos reverteu desvantagem de 2 a 0, sem contar com o volante Zito.

Se hoje exame antidoping inibe jogador ao uso indevido de medicamento dopante, no passado havia abuso escancarado sem medidas punitivas. Exemplo claro foi o saudoso Almir Pernambuquinho, com incumbência de substituir o lesionado Pelé naquela decisão. Encrenqueiro, ele não engoliu o desaforo do meia Amarildo, brasileiro vinculado ao Milan, quando incitou a torcida de seu clube contra o Santos, no duelo realizado no Estádio San Siro, Milão (ITA).

Almir foi à forra na segunda partida, ao confessar ter tomado 'bolinha' - termo dado a estimulantes comumente utilizados por atletas nas décadas de 50, 60 e 70. Assim, ele se encorajou para desferir pontapé violento sobre Amarildo, quando o Milan veio jogar no Maracanã.

O jogo do bicampeonato santista foi realizado em 16 de novembro de 1963, quando o Estádio do Maracanã recebeu público de 120.421 pagantes. Havia expectativa de que Pelé se recuperasse e atuasse naquele jogo, mas ficou de fora das três partidas daquele Santos do saudoso treinador Luiz Alonso, o Lula, que teve essa formação: Gilmar; Ismael, Mauro, Haroldo e Dalmo; Lima e Mengálvio; Dorval, Coutinho, Almir Pernambuquinho e Pepe. Tanto o lateral Ismael como Maldini foram expulsos.

Naquela partida, o Santos ficou desfalcado do quarto-zagueiro Calvet, que cedeu a vaga para Haroldo. Dos santistas da época, Gilmar, Mauro, Zito, Mengálvio, Pelé, Coutinho e Pepe integraram a Seleção Brasileira no Chile, em 1962, no bicampeonado mundial.

domingo, 21 de novembro de 2021

Fratura na perna travou carreira de Mirandinha

 Pelo menos três atletas identificados como Mirandinha fizeram sucesso no futebol. O último deles integrou aquele Corinthians campeão paulista de 1997, ao formar dupla de ataque com Donizete. O segundo chegou à Ponte Preta raptado do Ferroviário (CE) em 1976, e se destacou em Palmeiras e Botafogo (RJ) nos anos 80. O primeiro ficou marcado pela fratura de perna flagrada pelo fotógrafo Domício Pinheiros, do jornal Estadão.

Pois este último Mirandinha - no São Paulo - sofreu grave lesão em jogo contra o América de Rio Preto (SP), numa disputa de bola com o zagueiro Baldini, dia 24 de novembro de 1974, no Estádio Mário Alves de Mendonça. Na ocasião sofreu fratura dupla na tíbia, com risco até de amputação da perna, após avaliação de uma junta de 17 médicos.

A salvação foi o ortopedista Bartolomeu Bartolomei, do Hospital São Lucas, em São Paulo, que apostou na primeira das sete cirurgias que o atleta se submeteu, com enxertos ósseos de pedaços espalhados na perna. Assim, o processo de recuperação para retirada do gesso foi de dois anos e meio, mas ficou parado durante três anos, ocasião em que o São Paulo pagou todos os seus salários.

Na sequência, foi jogar no Tampa Bay Rowdies (EUA). E antes do retorno ao Brasil, jogou no Tigres do México. Seus últimos clubes foram Atlético Goianiense, Taubaté, ABC (RN), Guará, Douradense, União Mogi, Saad, Independente de Limeira e Ginásio Pinhalense em 1985.

Sebastião Miranda da Silva, o Mirandinha, natural de Bebedouro (SP), nascido em fevereiro de 1952, ficou conhecido como centroavante raçudo, veloz e que fazia gols na proporção que igualmente perdia. Começou a carreira no América (SP) em 1968, transferindo-se ao Corinthians dois anos depois, em equipe base formada por Sidney Poly; Miranda, Almeida, Vagner e Pedrinho; Tião e Rivellino; Paulo Borges, Samarone, Mirandinha e Aladim.

A chegada ao São Paulo deu-se em 1973, onde vivia a melhor fase da carreira até a grave lesão, quando foi substituído por Serginho Chulapa. À época, Mirandinha foi ganhador da Bola de Prata da revista Placar e convocado às pressas à Copa do Mundo de 1974, no lugar do volante Clodoaldo.

Após encerramento da carreira, Mirandinha foi técnico do CENE, do Mato Grosso do Sul, trabalhou nas categorias de base do Corinthians e escolinhas de futebol da Secretaria Municipal de Esportes de São Paulo.

domingo, 14 de novembro de 2021

Kanu, o carrasco da seleção olímpica do Brasil

Selecionado da Nigéria caminha a passos largos na fase de eliminatórias do continente africano, visando a conquista de uma das seis vagas destinadas à Copa do Mundo de 2022, no Catar. E qualquer citação sobre aquela seleção é impossível dissociar um dos mais conceituados jogadores do país, caso do atacante Nwankwo Kanu, 1,96m de altura, carrasco da Seleção Brasileira na Olimpíada de 1996 de Atlanta (EUA), pois foi dele o gol decisivo na virada por 4 a 3, na prorrogação, que representou a eliminação da equipe então dirigida pelo treinador Mário Jorge Zagallo.

Além de astro daquele selecionado africano, já era um dos principais destaques da Internazionale de Milão (ITA), pela facilidade de dribles e faro de gols, performance já identificada na Copa do Mundo FIFA Sub-17 de 1993 com a seleção nigeriana, e ratificada na temporada seguinte no Ajax da Holanda, quando marcou 25 gols dos 54 jogos.

Justamente quando premiado como melhor jogador do continente africano em 1996, foi diagnosticado com defeito na artéria aorta, que poderia tê-lo impedido de jogar. Todavia, bem-sucedida cirurgia realizada nos Estados Unidos contrariou previsões iniciais e voltou aos campos meses depois, com posterior repasse de seus direitos econômicos ao Arsenal (ING).

Na ocasião, manifestou gratidão pela graça divina, e em 2000 criou a Kanu Heart Foundation, entidade filantrópica que ajuda crianças africanas com doenças no coração, refletindo em aproximadamente 600 crianças salvas.

Coletânia de títulos foram frequentes no histórico dele na década de 90, como Campeonato Nigeriano, Liga dos Campeões da UEFA, Supercopa da UEFA, Copa Intercontinental, Premier League, Supercopa da Inglaterra, além de ter sido o futebolista africano do ano duas vezes: 1996 e 1999.

Na primeira década deste século, Kanu nem sempre foi titular das equipes europeias que participou, travado por seguidas lesões. Assim, deixou o Portsmouth (ING) em julho de 2012, contrariado pelo clube lhe dever três 3 milhões de euros. Pela Nigéria atuou em três Copas do Mundo: 1998 na França, 2002 na Coreia do Sul e no Japão, e 2010 na África do Sul, quando anunciou despedida daquela camisa branca com detalhes em verde e preto, calção verde e meias brancas.

Em 2015, na Nigéria, Kanu abriu uma agência de modelos de nome de Papilo, seu apelido nos tempos de jogador.



domingo, 7 de novembro de 2021

Aloísio Chulapa, de título mundial ao ostracismo

O futebol tem as suas razões que a própria razão desconhece. Entre incontáveis exemplos de atletas que vão da glória ao anonimato acrescente o centroavante Aloísio Chulapa, ídolo do São Paulo que conquistou o Mundial de Clubes na vitória por 1 a 0 sobre o Liverpool Football Club em 2005. Na ocasião, foi dele a assistência para que o volante Mineiro marcasse o gol decisivo.

Se no mesmo tricolor paulista ele foi campeão brasileiro, a teimosia o colocou numa estrada da volta. Precisava ter assinado contrato com Nova Conquista, time de segunda divisão tocantinense, em 30 de setembro de 2017, aos 42 anos? Claro que não, até porque havia deixado o cargo de secretário de Esportes de Atalaia, município de Alagoas, para voltar a jogar bola.

A peregrinação por pequenos clubes brasileiros começou em 2010, ao se desligar do Ceará e acertar contrato com o Brasiliense. Depois Brusque (SC), Francana (SP), Gama (DF), Maringá (PR) em 2015, Comercial (MS), Sete de Dourados (MS) e, por fim, o Nova Conquista.

Relevância no histórico do alagoano Aloísio está reservada nos anos 90 e primeira década do século, quando conquistou basicamente um título por ano: carioca pelo Flamengo em 1996. Tricampeão goiano nos anos subsequentes pelo Goiás, clube em que foi recordista de artilharia daquela competição estadual de 1997, com 27 gols. Depois a Copa da UEFA de 2001 pelo Paris Saint-Germain (FRA), estadual pelo Athletico Paranaense de 2005, tri brasileiro pelo São Paulo entre 2006 e 2008, além do Mundial de Clubes, quando ganhou o apelido carinhoso de Chulapa, comparado ao ex-atacante Serginho Chulapa pela semelhança de envergadura.

O último bom momento dele foi no Vasco, com o título do Campeonato Brasileiro da Série B de 2009, com aquele estilo de fazer 'parede', girar, e finalizar indistintamente com as duas pernas. Como sabia cavar faltas nas proximidades da área adversária, o então meia Ronaldinho Gaúcho - nos tempos de PSG da França - avisa-lhe para que se preparasse para abraçá-lo, pela convicção da pontaria.

Assim, esse sorridente Aloísio que iniciou a carreira no CRB alagoano, também passou por Guarani, Rubin Kazan da Rússia e Al-Rayyan do Qatar.

Sua última aparição em púbico foi como participante da décima temporada do reality show 'A Fazenda', da TV Record.