domingo, 24 de março de 2024

Caração Velente, o verdadeiro, aniversaria no dia da mentira

Se primeiro de abril é tido como o dia da mentira, quis o destino que a comemoração de aniversário na data - 49 anos de idade - seja de um ex-centroavante verdadeiro, como o brasiliense Washington, facilmente diferenciado de xarás neste Brasil afora pelo apelido de 'Coração Valente', com marcantes passagens na carreira por Ponte Preta e Athletico Paranaense.

Por que 'coração valente'? Por ter superado problemas de saúde durante passagem pelo Fenerbahçe da Turquia, ao ser diagnosticado com uma de suas artérias praticamente obstruída e risco de sofrer infarto. Aí, ao se submeter às cirurgias de cateterismo e angioplastia, foi aconselhado a abandonar o futebol, mas 'desafiou' a medicina, venceu-a, e passou a comemorar os seus gols batendo com a mão no peito.

Ao longo dos 17 anos de carreira, justificou a fama de 'verdadeiro matador'. Afinal, foram 411 gols durante o período que se estendeu de 1994, no Caxias do Sul, a 2011, no Fluminense, sendo 83 deles pela Ponte Preta, em 106 jogos, momento que chegou à Seleção Brasileira na Copa das Confederações de 2001.

No Athletico Paranaense em 2004, estabeleceu o recorde de gols anotados em uma única edição do Brasileirão, com 34 gols, e o segundo maior artilheiro da competição, após a CBF ter adotado a fórmula dos pontos corridos a partir de 2003. Logo, o Tokyo Verdy, do Japão, veio buscá-lo, com histórico de 20 gols em outras 32 partidas na primeira temporada.

Já no Fluminense, em 2008, foi um dos principais nomes na campanha do vice-campeonato da Libertadores, com seis gols, mas, como cigano da bola, em seguida foi jogar no São Paulo, com marca de 32 gols em 56 partidas, até decidir pelo retorno ao clube carioca, onde optou pelo encerramento da carreira em 2011, com retrospecto de 83 partidas e 45 gols.

No retorno a Caxias do Sul, investiu no ramo da construção civil e foi o candidado a vereador mais votado em 2012, com 7.979 votos, pelo PDT. A inclinação pelo futebol o trouxe de volta ao meio em 2017, como treinador do Vitória da Conquista (BA) e Itabaiana (SE), sem que desistisse da ambição política, tanto que assumiu provisoriamente a cadeira de Onyx Lorenzoni como deputado federal, pois na sequência assumiu cargo na Secretaria de Esporte do governo federal. Atualmente atua como analista de futebol na TV Bandeirantes.

Fábio Santos

 Fábio Santos

sexta-feira, 8 de março de 2024

Raçudo Terto emplacou no São Paulo há mais de 50 anos

Ainda contam por aí estórias que só atacantes talentosos vestiam camisas de grandes clubes brasileiros no século passado. Mentira! Se o atleta mostrava eficiência sobre aquilo que lhe era determinado, seu espaço entre os titulares estava reservado.

Um claro exemplo disso foi o pernambucano Tertuliano Severino dos Santos, cuja identificação ficou simplificada apenas como Terto. Ao chegar no São Paulo em 1968, procedente do Santa Cruz (PE), mostrou que a característica de velocidade permitia que chegasse ao fundo do campo com facilidade, para os cruzamentos.

E chegou ao São Paulo num período em que a prioridade do clube era a conclusão das obras de ampliação do Estádio do Morumbi, fato que implicou em relegar o Departamento do Futebol para um segundo plano, em período marcado como figurante no antigo Campeonato Paulista.

Quando aquele 'monumento' estava erguido e os cartolas voltaram a olhar para o futebol, equipes qualificadas foram montadas e frutos foram colhidos a partir da competição estadual de 1970, quando Terto teve relevância quer na posição originária de ponteiro-direito, quer adaptado pelo saudoso treinador Zezé Moreira como meia-direita que servia o artilheiro centroavante Toninho Guerreiro - já falecido. Logo, a vaga na beirada do campo passou a ser ocupada por Paulo Nani.

Naquele período de júbilo do São Paulo, registro também para outro título estadual em 1975, e anos anteriores vice da Libertadores, a exemplo de chegar em mesma situação duas vezes no Brasileirão, em todas situações com Terto aplaudido. Todavia, deslumbrado com a noite paulistana, ele provocava atraso na chegada aos treinos matinais, e apresentava desculpas esfarrapadas de ter ficado entretido em programações de televisão até altas horas da noite.

Como foi atleta que se valia da força física para aceitável rendimento, a queda implicou em correr menos e perda de espaço entre titulares. Assim, o São Paulo não colocou obstáculo para que se transferisse ao Botafogo de Ribeirão Preto em 1977, quando se juntou aos meias Sócrates - já falecido - e Lorico.

Na década de 80, com carreira de atleta já encerrada, comandou escolinha de futebol destinada a filhos de sócios são-paulinos. E no último 29 de dezembro ele completou 77 anos de idade.

domingo, 3 de março de 2024

Cláudio Garcia, carreira bem-sucedida de atleta e treinador

Há cerca de 60 anos, jogador de futebol era identificado apenas pelo prenome. Um exemplo típico foi o centroavante Cláudio, da extinta Prudentina, da cidade de Presidente Prudente, que dista 558 quilômetros da capital paulista, rebaixada no Paulistão em 1967, mas com história cravada por propiciar aparições de atletas. No caso específico dele, ao migrar à função de treinador passaram a chamá-lo de Cláudio Garcia.

Naqueles anos sessenta do século passado, registro para a trágica morte do então lateral-direito Lidu, vítima de acidente de automóvel, quando havia se transferido da Prudentina para o Corinthians. Também de lá saiu para o Palmeiras o saudoso volante Suingue, rosto marcado por cicatrizes, após ter sobrevivido igualmente a acidente de carro.

A Prudentina de 1965, que perdeu para o Guarani por 2 a 1, no Estádio Brinco de Ouro, em Campinas, contava com Glauco; Luís Carlos, Vicente, Rubens Caetano e Sabiru; Suingue e Lopes; Valdir, Reginaldo, Cláudio e Noriva. Aí, dois anos depois, Cláudio desembarcou no Rio de Janeiro, já vinculado ao Fluminense, e registro por ter marcado o gol do título carioca de 1971, sobre o Botafogo, num time formado por Félix; Oliveira, Galhardo, Assis e Marco Antonio; Silveira e Didi; Wilton, Cláudio Garcia, Ivair e Lula.

Jogador de recursos técnicos e goleador, Cláudio foi aplaudido no Estádio do Maracanã, em final daquela competição, com público de 142.339 pagantes. Como naquela época atleta de grande clube se transferia a outro de menor expressão, ele optou pela volta à Prudentina, com intenção de encerrar a carreira, mas por fim a prolongou um pouco mais no Ceub, da capital federal, aos 30 anos de idade.

Foi no Brasília, em 1975, que ele iniciou a carreira de treinador. Depois passou pelo Uberlândia, até que em 1980 o Guarani o contratou, porém sem sucesso, visto que dirigentes do clube, à época, procederam desmanche de equipe campeã brasileira de 1978. Entretanto, como Taubaté e Botafogo de Ribeirão Preto (SP) serviram de alicerce para recomeço, o Fluminense o contratou. E de lá passou por Flamengo, Vasco, Arábia Saudita, Grêmio (RS) e União São João de Araras, em 2001.

Aos 80 anos de idade completados em setembro passado, esse paulistano curte merecida aposentadoria, e de certo prefere o futebol que se praticava no seu tempo, com prevalecimento da qualidade técnica do atleta.