segunda-feira, 19 de abril de 2021

São Paulo foi escola de zagueiros botinudos

Zagueiros no time são-paulino que desarmam jogadas na bola, como Arboleda e Léo, contrastam com histórico do clube de cinco ou seis décadas, quando raramente salvavam jogadores da posição que não fossem botinudos. Aos 16 anos de idade, Gildésio atuou na inauguração do Estádio do Morumbi em 1960. E se ele batia até na sombra, Belini, que o sucedeu, também não alisava.

Quase simultaneamente chegou ao clube, proveniente do extinto São Bento de Marília, Jurandir de Freitas, inicialmente como quarto-zagueiro para formar dupla com Belini, igualmente no estilo raçudo, e com sabedoria para visar meio gomo da bola e meio gomo do tornozelo do adversário, além de se impor no jogo aéreo ao longo da década de 60, o que facilitou a fixação do volante Roberto Dias, de baixa estatura, à quarta-zaga.

Nos anos 70 o São Paulo radicalizou em escalações de zagueiros violentos. Pescuma, que morreu aos 61 anos de idade em 2006, apelava quando driblado, mas no alto era quase imbatível, com aqueles quase dois metros de altura. Depois do Tricolor, ele ainda passou por XV de Piracicaba, Coritiba, Corinthians e Portuguesa.

Se Arlindo mostrava estilo clássico na quarta-zaga, o central Paranhos abusava de pontapés e aplicava carrinhos arriscados, hoje penalizados pelas arbitragens com cartões amarelos, contrastando com aquele tempo que caracterizavam-se como jogadas admissíveis, que até rendiam elogios.

Pra não fugir à regra de tipos de zagueiros que se impunham na força física, ainda na década de 70 o São Paulo contou com Gassem e Tecão, ambos versáteis no jogo aéreo, o que permitia ao clube admissão, mais uma vez, de quarto-zagueiro de estatura mediana, caso de Bezerra, de impulsão elogiada, e que antes atuava como lateral-esquerdo.

Não bastasse ter se caraterizado por zagueiros botinudos naqueles períodos, o lateral-direito também 'batia' até na sombra. Tratava-se do uruguaio Forlan que, embora bom marcador, foi tido como o atleta da posição mais violento na história do clube, e que aprendeu, no bom português, a clássica frase para inocentá-lo: 'Fui na bola, seu juiz'.

À época, incontáveis clubes recorriam a zagueiros que intimidavam atacantes adversários na pancada. O saudoso Pinheirense, da Ferroviária, de certo tenha sido recordista de expulsões pela maneira impiedosa que maltratava adversários.

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