segunda-feira, 21 de junho de 2021

Adãozinho, um reserva de luxo no Corinthians

Se hoje são raros os autênticos ídolos do futebol brasileiro, há cinco décadas até um reserva ganhava lugar de destaque no meio. Afinal, seria covardia o meia Adão Ambrósio, o Adãozinho do Corinthians, disputar vaga no time com o consagrado Roberto Rivellino, de mesma posição. Essa situação se arrastou por quatro anos consecutivos até 1974, com a transferência do titular para o Fluminense.

Foi aí que, para incentivá-lo, o cantor-compositor Bebeto o homenageou com a música ‘Adão, você pegou o barco furado’. Eis a letra: “Você está com tudo garoto, e não tá prosa. Camisa 10, chuteira, meia e calção! Como é que é Adão? A galera não é mole não. Você pode passar até por dez. Matar no peito, chutar forte, fazer gol. O sapo canta, o time perde, o povo chora. Você lamenta e fica triste com razão. Mas de nada você é culpado. Você já pegou o barco furado!

Enquanto reserva, Adãozinho entrava no transcorrer de partidas, mesmo que em outras posições. Embora ficasse no Corinthians até 1979, na prática ficou lembrado pela atuação memorável em 1971, na virada sobre o Palmeiras por 4 a 3, quando marcou gol antológico.

Pois o último 12 de junho marcou o décimo ano da morte dele, quando tinha 59 anos de idade. Diabético, havia atravessado sérios problemas de saúde e estava internado no Hospital Rim e Hipertensão, em São Paulo. Assim, ficou na história de atletas enigmáticos do futebol. Apesar de estiloso, não explodiu ao assumir a titularidade no Corinthians, e ainda ficou de fora de fotos em momentos marcantes do clube, como na invasão de 70 mil corintianos ao Estádio do Maracanã, pela semifinal do Campeonato Brasileiro de 1976, no empate em 1 a 1 com o Fluminense; assim como no desjejum de título na temporada seguinte, quando só enfrentou a Ponte Preta na primeira partida da final do Campeonato Paulista. Na chamada 'negra', só assistiu a festa.

Naquela época, como prevalecia o modismo de se fazer músicas associadas ao futebol, o sambista Luiz Américo manifestava preocupação com a falta de substituto para Pelé na Seleção Brasileira à Copa do Mundo de 1974, na Alemanha, e compôs a música Camisa 10: “Desculpe seu Zagallo, mexe nesse time que tá muito fraco. Levaram uma flecha, esqueceram o arco. Botaram muito fogo e sopraram o furacão, que não saiu do chão. É camisa dez da Seleção. Dez é a camisa dele, quem é que vai no lugar dele...

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