segunda-feira, 3 de maio de 2021

Nei, ponteiro-esquerdo que entortava laterais

No futebol moderno, equipes adotam marcação atrás da linha da bola, com atacante de beirada canhoto posicionado no lado direito, para que faça a diagonal e finalize com o chamado pé 'bom'. O mesmo se aplica ao destro no lado oposto, procedimento que tolhe as tradicionais jogadas de fundo de campo, no passado executadas por autênticos ponteiros, genuinamente dribladores e velozes, tidos como garçons de centroavantes artilheiros.

Eles eram incumbidos do cruzamentos pra trás, de forma que encontrassem seus companheiros de frente para a bola, visando o cabeceio. E o ponteiro-esquerdo Nei, que marcou época na segunda fase da 'academia do Palmeiras', na década de 70, comemorou títulos do Campeonato Brasileiro, Paulistão, Torneio Mar Del Plata (Argentina), Taça Laudo Natel e Taça dos Invictos em 1972, num time formado por Leão; Eurico, Luís Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu e Ademir da Guia; Edu, Leivinha, César e Nei.

Dono de habilidade rara, Nei entortava marcadores com dribles desconcertantes, principalmente o uruguaio Pablo Forlan, lateral-direito do São Paulo, que rosnava e cuspia nele, para intimidá-lo. E assim, destemido, chegou a Seleção Brasileira em 1976, mas não esconde a frustação de ter ficado de fora da Copa do Mundo de 1974.

A estreia no Palmeiras ocorreu em janeiro de 1972, na goleada por 4 a 0 sobre o Santos, e por lá permaneceu até 1979, com histórico de 490 partidas, 70 gols, e nono atleta com mais jogos na história do clube.

Após isso, foi envolvido em troca com o ponteiro Osni do Botafogo, mas permaneceu apenas três meses em Ribeirão Preto. Aí seguiu para o Grêmio Maringá (PR), com encerramento da carreira em 1983, diagnosticado com problemas na coluna vertebral.

Nei não é o nome dele. Passou a ser usado na juventude devido à semelhança física com o famoso atacante Nei Oliveira do Corinthians. O nome de registro de nascimento é Elias Ferreira Sobrinho, nascido em 15 de agosto de 1949, em Nova Europa (SP), local que trabalhou em padaria e cortador de cana.

Descoberto pelo treinador Vail Motta, Nei ficou apenas quatro meses na categoria juvenil na Ferroviária de Araraquara, quando o saudoso comandante Diede Lameiro o lançou na equipe principal em 1969, para disputar posição com Pio, ponta-esquerda que na sequência foi contratado pelo Palmeiras, que posteriormente também tratou de levá-lo.

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