sábado, 12 de abril de 2025

Adeus ao ex-goleiro Manga

Justos elogios ao então goleiro Manga, falecido no último oito de abril, vítima de câncer de próstata, próximo de completar 87 anos de idade. Eles se encaixam à trajetória dele em clubes, porém sem que se a repetisse na Seleção Brasileira, onde atuou 12 jogos. Num amistoso em 1965, no empate por 2 a 2 com a extinta União Soviética, no Estádio do Maracanã, falhou duas vezes. Em cobrança de tiro de meta, chutou a bola na cabeça de um adversário e sofreu o gol. Depois, um erro na saída de bola foi fatal.

Ano seguinte, na Copa do Mundo da Inglaterra, como reserva do saudoso Gylmar, só atuou na última partida da primeira fase, na derrota por 3 a 1 para Portugal, quando também falhou em um dos gols. Todavia, isso não deslustra a carreira iniciada no Sport Recife, para a consagração no Botafogo (RJ) a partir de 1959, onde ficou por quase nove anos, marcados como o melhor goleiro do clube de todos os tempos, quando exigia 'bicho' antecipado em jogos contra o Flamengo, tal a certeza da vitória.

Em razão dele foi instituído o 'Dia do Goleiro' em 26 de abril. Foi marcado pela elasticidade nas defesas e velocidade na reposição. Desprezava as luvas e expunha as mãos enormes às bolas pesadas da época. Proteção apenas nas joelheiras e cotoveleiras, quando goleiros faziam uso de camisas de mangas compridas, e a pequena área era preenchida com areia fina em vez de grama. E do Botafogo foi brilhar no Nacional do Uruguai com conquistas de títulos. Em 1971 foi campeão da Libertadores e Mundial Interclubes, quando havia aperfeioado saídas da meta, um defeito crônico de goleiros brasileiros à época. E paradoxalmente lá também exigiu bicho antecipado nos confrontos contra o Peñarol, e marcou gol em cobrança de tiro de meta, em 1974.

Na temporada seguinte, Haílton Corrêa de Arruda, nome de registro do recifense Manga, chegou ao Inter (RS) e participou do bicampeonato brasileiro. Ele jogou ainda no Operário-MS, Coritiba e Grêmio, até decidir pelo final de carreira no Barcelona de Guayaquil, do Equador, com título em 1981, um ano antes da despedida.

No Brasil, em 2012 ainda foi preparador de goleiros do Inter (RS), em curta permanência. De volta ao Equador, ficou até 2019, quando crises renais sugeriram que fizesse tratamento no Uruguai. Voltou ao Rio de Janeiro em 2020, acomodado na Casa dos Artistas.



domingo, 30 de março de 2025

Adeus ao zagueiro Alfredo Mostarda

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A morte do ex-quarto-zagueiro Alfredo Mostarda, no último dia 28 de março, aos 78 anos de idade, nos remete a hábito protocolar de clubes quando postam mensagens de lamentação e sentimentos aos familiares. Só que no assunto específico, a diretoria do Palmeiras não deu a mínima para bronca do lendário meia Ademir da Guia, em três de dezembro passado, quando a criticou duramente pelo abandono a ídolos do passado, em referência ao ex-companheiro, vítima de Alzheimer, e desamparado.

Embora o Ministério da Saúde tenha revelado que a doença não tem cura, que nada pode ser feito para barrar o avanço dela, Ademir da Guia se referia à falta de ajuda financeira do clube ao custo de caros medicamentos, visto que publicação da revista The Lancet Public Heal citou que jogadores de futebol têm mais probabilidades de desenvolver Alzheimer, devido ao frequente uso da cabeça.

O último estágio do paciente se caracteriza por dificuldade para falar, coordenar movimentos,, insônia, incontinência urinária, restrição ao leito, dor à deglutição e infecções intercorrentes. Da histórica segunda Academia Palmeirense, Alfredo Mostarda é o segundo a falecer. O primeiro foi o volante Dudu, ano passado.

Formado nas categorias de base do Palmeiras, ao se profissionalizar ele foi emprestado ao Cruzeiro, Marcílio Dias (SC) e Nacional (AM), até que, no retorno, foi reserva de Nelson, em 1971. Na sequência, ao assumir a titularidade, formou dupla de zaga com o igualmente lendário Luís Pereira, ocasião que colocou em prática o estilo técnico e foi premiado com a Bola de Prata da Revista Placar em 1973.

A boa fase rendeu-lhe espaço entre os convocados à Seleção Brasileira à Copa do Mundo do ano seguinte, onde atuou na disputa de 3º lugar contra a Polônia, em temporada que foi campeão do Troféu Ramón de Carranza, na Espanha, e campeão paulista em 1974, jamais imaginando que na sequência fosse perder espaços no clube com a chegada do então treinador Dino Sani.

Por isso, topou o empréstimo ao Coritiba, não imaginando que meses depois o comandante se transferisse para lá, ocasião que recusou-se trabalhar com ele, e o clube o repassou ao Santos. Em 1978, de volta ao Palmeiras, formou dupla de zaga com Beto Fuscão, naquele vice-campeonato brasileiro. E ainda jogou no América de Rio Preto (SP), Taubaté e Jorge Wilstermann, da Bolívia.

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domingo, 16 de março de 2025

Lateral Dalmo foi o inventor da paradinha, nos pênaltis

 Embora a paradinha em cobranças de pênaltis seja proibida, os abusos são frequentes pelos tais cobradores, e com tolerância da arbitragem. E engana-se quem cita ter sido o saudoso 'rei' Pelé o inventor dela. Ainda nos tempos de Santos, no final da década de 50 do século passado, o ex-ponteiro-esquerdo Pepe conta como ela surgiu, através do então lateral-esquerdo Dalmo, falecido em fevereiro de 2015, aos 82 anos de idade.

Dalmo entrou para a história do alvinegro praiano como autor do gol de pênalti que deu vitória à sua equipe por 1 a 0 sobre o Milan da Itália, em 16 de novembro de 1963, na terceira e decisiva partida válida pelo Mundial Interclubes, no Estádio do Maracanã, após o clube italiano vencer por 4 a 2, em seus domínios, e perder pelo mesmo placar quando atuou no Rio de Janeiro, ocasião que o time santista era esse: Gylmar, Ismael, Mauro, Haroldo e Dalmo; Lima e Mengálvio; Dorval, Coutinho, Almir e Pepe.

Como Pelé desfalcou a sua equipe na terceira e decisiva partida, em decorrência de contusão, o treinador Lula - já falecido - deixou a incumbência de cobrança de pênalti para Dalmo e Pepe. “Um jogador aplicado como o Dalmo merece estar na história”, acrescentou o ponteiro-esquerdo, que diferentemente do lateral pegava forte na bola também em cobranças de pênaltis, com histórico de ter furado redes adversárias.

Dalmo começou a carreira no Guarani e se transferiu ao Santos em 1957, com estreia no dia 26 de outubro, na vitória sobre o Palmeiras por 4 a 3, no Estádio do Pacaembu. Pepe contou que Dalmo sempre foi titular, tendo atuado em todas as posições da defesa, até que fosse fixado na lateral-esquerda, a posição de origem. A despedida dele do Santos ocorreu em 1964. Incontinenti, voltou ao Guarani.

O final da carreira foi como zagueiro central do Paulista de Jundiaí, cidade em que nasceu e se aposentou como funcionário público. Depois, integrou a equipe de esportes da Rádio Cidade Jundiaí - AM 730, como comentarista, e só se distanciou da terrinha quando projetou que pudesse seguir a carreira de treinador, e um dos clubes que dirigiu foi o Catanduvense, mas, com percepção que não prosperaria na função, tratou de abandoná-la. Ele mesmo informou ter sido o primeiro jogador brasileiro a utilizar chuteira de borracha no País. O presente foi dado por Pelé em uma das excursões do Santos ao exterior.


domingo, 9 de março de 2025

Adeus ao ex-zagueiro Luiz Carlos Galber

A morte do ex-quarto-zagueiro Luiz Carlos Galber, neste sete de março, aos 77 anos de idade, devido à complicaões renais, traz reflexão sobre a década de 60, quando foi revelado pelo juvenil do Corinthians. Na ocasião, ele confessou se espelhar no central Djalma Dias, já falecido, e assim se destacou pelo estilo clássico, capacidade para fazer a bola sair 'redonda' de trás, assim como velocidade e colocação adequada ao desarme.

Foi um período marcado por boleiros descabeçados, mas Luiz Carlos já se diferenciava pelo uso adequado do dinheiro, tanto que no final da carreira em 1979 já era dono de uma pizzaria, e optou por administrá-la presenciamente, isso após seis meses de salários atrasados no Coritiba.

Em entrevista ao canal Museo da Pelada, no You Tube, ele revelou que no início daquela temporada não compareceu à reapresentação no elenco. Como consequência, recebeu ligação telefônica de um dirigente ameaçando-o multá-lo. Aí, a resposta foi curta e grossa: 'O senhor vai cobrar multa referente ao mês de junho ou de um dos meses subsequentes que o clube não me pagou?'

Ele chegou ao Corinthians como lateral-esquerdo, mas profissionalmente atuou como zagueiro, entre 1967 e 1973. Lá, aos 20 anos de idade, ficou marcado no jogo da quebra do tabu de 11 anos contra o Santos, quando anulou o saudoso 'rei' Pelé na vitória por 2 a 0, em 1968, gols de Flavio e Paulo Borges.

Em decorrência da regularidade, foi convocado algumas vezes à Seleção Brasileira, embora tenha atuado em apenas contra o Paraguai, em 1971. Por isso se irritou com a postura do saudoso treinador Zagallo que, segundo ele, restringia conversas apenas com jogadores titulares. Assim, a falta de oportunidades o incomodava, tanto que avisou a comissão técnica para que não fosse mais convocado.

A saída do Corinthians ocorreu após desentendimento com o então presidente Vicente Matheus. Na ocasião, o seu treinador Yustrich, que tinha bom relacionamento com dirigentes do Flamengo, contribuiu que lá fosse encaminhado, e assim incentivou o início de carreira do meia Zico.

Também passou pelo Operário de Campo Grande (MS) em 1977, quando o saudoso treinador Castilho conduziu o clube ao terceiro lugar do Brasileirão daquela temporada. Ele até topou volta ao futebol como treinador, no Barra Mansa (RJ) em 1991, mas a precária estrutura do clube o desestimulou.

segunda-feira, 3 de março de 2025

Mauro Galvão jogou até os 40 anos de idade

 Quando se constata um zagueiro extremamente técnico, desconfie se na infância ele já ocupava a mesma posição. Não foi à toa que Mauro Galvão, quando atuava na quarta-zaga, fazia a bola sair redonda de trás, nas duas últimas décadas do século passado. Se preciso fosse, driblava com categoria atacantes adversários, para limpar jogadas, antes do passe certeiro.

E por que essa ousadia? Com dez anos de idade e apelidado de Maurinho, havia sido um ponteiro-direito driblador da equipe União das Onze, do bairro Meninos Deus, em Porto Alegre. Posteriormente, sem que prosperasse no infantil do Grêmio, transferiu-se ao Inter (RS), com hábito de fazer a recomposição, fato que o condicionou à adaptação como lateral-direito.

Profissionalizado, o treinador Ênio Andrade não hesitou em fixá-lo na quarta-zaga em 1978, formando dupla com Mauro Pastor. Aí, durante um treino, foi repreendido pelo então volante Falcão para tirar a bola de 'bico', de trás. Aí, como quem não tem papas na língua, eis a resposta afiada: 'Mas aonde é o bico?'

Todos ficaram com os olhos arregalados com a confiança do garoto que praticava futebol clássico, mas sabia dar carrinho na bola quando a situação exigia. Assim, participou da conquista do título do Brasileirão de forma invicta, em 1979. E sete anos depois foi jogar no Bangu e integrou a Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1986, como reserva de Edinho, do Fluminense. Já em 1990, na eliminação do selecionado para a Argentina, no Mundial da Itália, foi titular quando o então treinador Sebastião Lazaroni montou esquema com três zagueiros.

A época, ele era disputado por clubes cariocas, com títulos em Botafogo e Vasco, intercalando passagem no Lugano da Suíça, onde ficou durante seis anos. No retorno ao Brasil, em 1996, foi campeão brasileiro pelo Grêmio, mas já na temporada seguinte voltou ao Vasco, mas sempre condicionando que a despedida da carreira seria no Grêmio, o que ocorreu em 2001, aos 40 anos de idade.

Aí começaram as andanças como treinador e executivo de futebol, porém sem que surtisse o mesmo efeito da carreira de atleta. Natural de Porto Alegre (RS), Mauro Geraldo Galvão nasceu no dia 19 de dezembro de 1961. Em setembro de 2020 foi anunciado para trabalhar como comentarista de futebol do canal SBT, emissora que havia adquirido os direitos de transmissão da Libertadores da América.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Badeco de clássico volante a delegado de polícia

Badeco foi um volante estilo clássico e de toque refinado nos anos 60 e 70 do século passado, que herdou do pai a carreira de atleta. O erro inicial foi a escolha do primeiro clube, caso do juvenil do Corinthians. Profissionalizado, foi ter a primeira chance em 1967, pois na sua posição jogava nada menos que o consagrado Dino Sani. Logo, sem espaço no clube, no ano seguinte seguiu para o América (RJ), onde havia jogado o seu pai.

Apesar do bom desempenho na agremiação carioca, aceitou volta à capital paulista em 1973, para jogar na Portuguesa. E quis o destino que o clube montasse um dos melhores elencos de todos os tempos, culminando com a divisão do título paulista com o Santos. Divisão? Como assim? Culpa do saudoso árbitro Armando Marques, que cometeu a 'presepada' de se confundir na contagem, quando a decisão havia se prolongado às cobranças de pênaltis.

A Lusa havia errado duas vezes e, sem que o ciclo tivesse concluído, o juizão declarou o Santos como campeão. Com a controvérsia, a Federação Paulista de Futebol decidiu pela divisão do título, quando a Lusa, dirigida pelo saudoso treinador Oto Glória, tinha essa formação: Zecão; Cardoso, Pescuma, Calegari e Isidoro; Badeco, Basílio e Xaxá; Enéas (Tatá), Cabinho e Wilsinho.

Na Portuguesa, ele permaneceu até 1978. Depois passou por Comercial (MT) e Juventude (RS), quando seguidas lesões as desmotivaram a prosseguir na carreira de atleta, migrando-se à função de treinador nos juniores e como auxiliar técnico de Mário Travaglini, na Portuguesa. Paralelamente, foi diplomado na Faculdade de Direito em 1982, e preparado para se submeter ao concurso de delegado da Polícia Federal. Aprovado, e em respeito ao cargo, passou a ser identificado como Dr. Ivan Manoel de Oliveira, função que desempenhou até a aposentadoria.

Agora, como vai completa 50 anos de idade no dia 15 de março próximo, Badeco trabalha com crianças carentes e advogados recém-formados em uma cooperativa ligada à Prefeitura de São Paulo. Ele é um negro que continua engajado na luta contra o racismo, e conta história em que foi vítima de assédio moral, em 1953. Como aluno de grupo escolar em Joinville (SC), sua cidade natal, alguém soltou um 'pum', e a austera professora, de origem alemã, de costas para a sala de aula, escrevendo na lousa, o acusou sem prova, exigindo que se retirasse do local.

Neto sobrevivente de acidente aéreo

 Neto acidente aéreo

domingo, 9 de fevereiro de 2025

Adeus ao polivalente Lima, do Santos

Volante por vocação, o agora saudoso Lima - que fez história no Santos - tinha facilidade para se adaptar a outras posições. Na prática, apenas não atuou como zagueiro central, centroavante e ponteiro-esquerdo. Portanto, foi o típico 'coringa' batizado de 12º jogador nos anos 60 e 70 do século passado, que morreu no dia três de fevereiro, aos 83 anos de idade, vítima de problemas nos rins e coração.

Ele foi um coringa num processo de revezamento de posições. Machucava um lateral - quer direito, quer esquerdo - ele ocupava a vaga. E por ter sido um volante estilo técnico, que conciliava desarme à armação de jogadas, incontáveis vezes substituiu o meia Mengável naquele time santista, inclusive na retumbante goleada sobre o Benfica por 5 a 2, em Portugal, em 1962, na conquista do primeiro título mundial do clube, com essa formação: Gylmar; Olavo, Mauro, Calvet e Dalmo; Zito e Lima; Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe.

Ano seguinte, registro para a repetição do feito mundial, e por duas vezes conquista da Libertadores. E se inicialmente foi reserva do volante Zito, no encerramento da carreira dele, no final de 1967, passou a ocupar a vaga, deixando a lateral-direita e já sem a contínua dependência de improvisações em outras posições. Lima jogou no Santos por dez anos, com registro de 692 partidas, fato que o coloca estatisticamente como um dos jogadores que mais vezes vestiram a camisa do clube.

Depois, passou pelo Jalisco Gadalajara do México por três anos. Teve passagem pelo Fluminense em 1975 e voltou à América do Norte para defender o Tampa Bay Rowdies dos Estados Unidos. Por fim, a opção para encerrar a carreira foi na Portuguesa Santista em 1979, deixando uma história na Seleção Brasileira com participação em 19 jogos e quatro gols no perído de quatro anos. Ele disputou a Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra, quando atuou nas três partidas da fase classificatória, resultando em eliminação do País.

Ainda na adolescência, a família do mineiro Antônio Lima dos Santos, de São Sebastião do Paraíso, havia se mudado à capital paulista e, após dois anos de Juventus, ele foi jogar no Santos a partir de 1961, quando integrou o elenco nas seguidas conquistas do Paulistão. E, com carreira de atleta encerrada, voltou ao clube para desempenhar funções de coordenador e treinador das categorias de base, além de 'olheiro'.

domingo, 2 de fevereiro de 2025

João Leite, goleiro, evangélico e político

Haja história a ser contada sobre João Leite da Silva Neto! Uma trajetória como goleiro recordista de jogos pelo Atlético Mineiro - 684 vezes -, com conquista de 11 títulos estaduais e uma Conmebol. No biênio 1981/82, passou pela Seleção Brasileira, quando foi comandada por Cláudio Coutinho e Telê Santana. Também jogou em Portugal no Vitória de Guimarães, Guarani e América Mineiro, época em que já era um evangélico assumido, da Igreja Batista, e, junto com o ex-centroavante Baltazar, fundou o ministério 'Atletas de Cristo' em 1979, onde esportistas se reuniam e participavam de eventos que ligam religião e esporte.

João Leite foi marcado pelo hábito de fazer entrega de uma Bíblia a atleta de equipe adversária, o que lhe rendeu o apelido de 'goleiro de Deus'. Coincidentemente, a carreira de 16 anos - que se estendeu de 1976 a 1992 - foi iniciada e finalizada no Atlético Mineiro. No primeiro ano, viveu a frustração pela perda do título do Brasileirão para o São Paulo, na definição através de cobranças de pênaltis, ocasião que, defender dois deles, não foram suficientes para ajudar a sua agremiação, num período que havia assumido a titularidade devido à lesão do argentino Miguel Ángel Ortiz.

Na passagem da base ao profissional do Atlético Mineiro, João Leite teve que se dedicar bastante nos treinamentos, para correções de defeitos. Era inseguro nas saídas da meta e sem coordenação com as pernas. No decorrer dos jogos, as suas atuações foram elogiada pela apurada colocação, reflexo e determinação para interceptar cruzamentos, ao explorar a estatura de 1,87m.

Mineiro de Belo Horizonte, ele completou 69 anos de idade em outubro passado. E quando parou de jogar, soube fazer uso do prestígio pessoal para ingressar na vida política de Minas Gerais, os primeiros dois anos como vereador, para, na sequência, se eleger deputado estadual por seis mandatos consecutivos, alternando as legendas do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) e PSB (Partido Socialista Brasileiro), além de ter ocupado cargos em secretarias municipais.

Por três vezes disputou a Prefeitura de Belo Horizonte e, em duas delas, os eleitores o levaram ao segundo turno, porém perdeu as disputas para Célio de Castro e Alexandre Kalil, em 2000 e 2016, respectivamente. Em 2004, o candidato Fernando Pimentel ganhou a eleição no primeiro turno.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Zé Sérgio, ídolo como atleta e técnico com fracassos

Um dos enigmas do futebol é que jogadores talentosos do passado não necessariamente vingam como treinador. O ponteiro-esquerdo Zé Sérgio, ídolo de São Paulo e Santos, inserido entre os 20 melhores atletas da posição de todos os tempos no cenário brasileiro, é um deles. Como comandante de grupo foi demitido sumariamente das categorias de base do tricolor paulistano em 2012, após empate diante do Sergipe e derrota para o Barueri na Copa São Paulo. Depois, como treinador dos juniores da Ponte Preta, foi alvo de críticas por ter conquistado apenas um dos nove pontos em disputa na primeira fase da competição.

Em comum, nas duas situações, foi não assumir culpa pelo debacle, preferindo transferir responsabilidade aos seus jogadores. Logo, continuará lembrado como atleta pelo estilo semelhante ao seu ídolo Edu Jonas das décadas de 60 e 70, do grande Santos. Impressionava pela gingada e drible. E além de assistente de centroavantes, também concluía jogadas quando entrava por dentro.

José Sérgio Prestes, primo do ex-craque Roberto Rivelino, jogou no São Paulo de 1975 a 1983, período que colecionou três títulos: Campeonato Brasileiro de 1977 e Paulistão de 1980/81. Convocado à Seleção Brasileira à Copa do Mundo da Argentina de 1978, parte da imprensa cobrava do treinador Cláudio Coutinho (já falecido) que o fixasse como titular, mas a preferência recaiu sobre Dirceu (também falecido), que fazia o quarto homem de meio de campo e compensava pela combatividade.

Mais dois títulos estaduais estavam reservados na carreira dele: paulista pelo Santos em 1984, do saudoso treinador Castilho, e carioca no Vasco em 1987. Depois ainda brilhou no Nissan do Japão por pouco mais de dois anos. Aí,

joelhos extremamente comprometidos por duas cirurgias eram indicativos de que a carreira chegava ao final aos 33 anos de idade. Inadmissível, contudo, era ficar fora do meio. Por isso aceitou convite para ser coadjuvante de treinador daquele clube japonês e começou a aprender os macetes de comandante de grupo.

De volta ao Brasil aderiu ao grupo de Atletas de Cristo, a convite de seu ex-companheiro Muller. E testemunhou graças obtidas através da palavra de Deus, como a montagem de moderníssimo centro de treinamento para abrigar escolinha de futebol em Vinhedo (SP). Depois foi treinar equipes de juniores em clubes.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Mauro, ponteiro do Corinthians no título de 1990

Naquele Corinthians campeão brasileiro de 1990, o ponteiro-esquerdo era Mauro Aparecido da Silva, natural de Ipauçu (SP), que em agosto passado completou 62 anos de idade. Ele usava velocidade para chegar ao fundo de campo, sabia bater na bola para os cruzamentos, e o treinador Nelsinho Baptista soube usá-lo taticamente para recomposição, de forma que o meia Neto - destaque da equipe - tivesse liberdade para jogadas ofensivas.

O gol do título naquele 1 a 0 sobre o São Paulo foi do atacante Tupãzinho, no Estádio Morumbi, com público de 100.858 torcedores, quando a formação do Corinthians era essa: Ronaldo Giovanelli; Giba, Marcelo, Guinei e Jacenir; Márcio, Wilson Mano e Neto (Ezequiel): Tupãzinho, Fabinho e Mauro (Paulo Sérgio). Entretanto, no ano seguinte, ao sofrer devidas lesões, perdeu espaço para o novato Paulo Sérgio, foi jogar no Mogi Mirim, com fim precoce de carreira.

A identidade de Mauro com o Corinthians abriu-lhe espaço para desempenhar outras funções no clube, a principal delas como observador técnico, levado pelo próprio Nelsinho Baptista, no retorno ao clube ao final dos anos 90. E isso continuou com outros integrantes de comissão técnica como Mano Menezes e Tite, persistindo até 2018, quando acompanhou o treinador Fábio Carille no Al-Wehda, da Arábia Saudita.

Posteriormente, no regresso ao Brasil, reassumiu a mesma função no Corinthians, e tem história a partir do juvenil da Ponte Preta no final dos anos 70, firmando-se na equipe principal apenas em 1984, com continuidade por mais dois anos, ocasião em que atuou com os meias Dicá e Jorge Mendonça, assim como o centroavante Chicão.

Embora diferenciado para bater na bola no iníco de carreira, coube ao então treinador Dino Sani conscientizá-lo para que deixasse de ser preguiçoso. Ao flagrá-lo sentado no degrau do portão que dá acesso ao vestiário do Departamento Amador do clube, com ombro encostado na parede, traçou comparativo com o então zagueiro Juninho Fonseca, ao lado e de pé, e em posição praticamente de 'sentido'. “Enquanto um parece pronto à luta, o outro aguarda que o mundo acabe em barranco, pra morrer encostado” comentou.

Tiradas irônicas de Dino ajudaram Mauro a se despertar. E na transferência ao Palmeiras, ele atuou em jogo que marcou o rebaixamento de seu ex-clube à segunda divisão paulista. Depois, registro para a trajetória no Corinthians.

domingo, 12 de janeiro de 2025

Liedson fez histórias no Corinthians e Flamengo

Quão salutar é reverenciar ídolos do passado que nem passam mais pela sua memória da maioria! De certo aqueles que não são corintianos e flamenguistas sequer recordam da fisionomia do centroavante Liedson, cujo prenome raramente é registrado em cartórios de nascimento. Pois o personagem em questão foi um talentoso atleta daquele Corinthians do treinador Tite, campeão brasileiro em 2011, na segunda passagem pelo clube, quando herdou a camisa nove de Ronaldo Fenômeno, artilheiro da competição com 12 gols.

Na temporada seguinte, foi partícipe da conquista invicta da Libertadores, quando se destacava pela velocidade, agilidade, boa impulsão - apesar da estatura de 1,76m de altura -, e exímia capacidade de finalização, com carreira marcada como goleador por onde passou, mas não esteve presente nos dois jogos da finalíssima contra o Boca Junior, com empate por 1 a 1 na Argentina e vitória por 2 a 0 no Estádio do Pacaembu, dois gols de Emerson Sheik.

Quando descoberto no futebol amador de sua cidade natal Cairu, na Bahia, aos 21 anos de idade, Liedson da Silva Muniz era ajudante de pintor e pedreiro. No triênio a partir de 1997 atuou pelo Poções, e continuou a trajetória no Prudentópolis (PR) e Coritiba, até a chegada ao Flamengo em 2002, com marca com 14 gols em 24 jogos na campanha do Brasileirão.

Dali, registro para curta passagem pelo Corinthians e a primeira experiência internacional no Sporting (POR), onde ficou durante sete anos, conquistou títulos e, em 2009, após obter a cidadania portuguesa, foi convocado para defender o selecionado daquele país, com histórico de 15 partidas e quatro gols, um deles na goleada por 7 a 0 sobre a Coreia do Norte, na Copa do Mundo de 2010. Incontinente, no retorno ao Corinthians, continuou se destacando e assim atraiu interesse do Porto (POR), onde fez opção para encerramento da carreira em 2013, sendo que em dezembro passado ele completou 47 anos de idade.

Para não se desligar totalmente do futebol, a opção dele foi montar uma escolinha da modalidade na cidade de Valença, no litoral da Bahia, local que o deixou abalado em 2017, após ter se envolvido em um acidente que deixou uma mulher morta na BA-887, a condutora de um veículo Ford Ka, que colidiu na BMW dele, que não sofreu grandes danos, assim como ele e a esposa - que o acompanhava - sofreram ferimentos leves. 




domingo, 5 de janeiro de 2025

Joãozinho, zagueiro campeão pelo Santos

 Dos trinta alunos do segundo ano do curso colegial, da Escola Estadual José Vilagelin Neto, em Campinas, cinco deles estavam vinculados ao Guarani e Ponte Preta. Curioso que enquanto estudantes eram amigos e até trocavam gostosas gargalhadas, mas de vez em quando transformavam-se em adversários nos tradicionais dérbis campineiros.

Daquela turma, quem mais se destacou foi o zagueiro Oscar Bernardes, da Ponte Preta, que tinha um Fusquinha branco e dava carona ao goleiro Carlos Ganso e volante Carlos Magno, no regresso aos alojamentos do Estádio Moisés Lucarelli.

Desciam, sentido Estádio Brinco de Ouro, o zagueiro Joãozinho - irmão do então lateral-esquerdo Bezerra - e o volante Carlos Magno. O início da carreira dele, João Rosa de Souza Filho, natural de Altair (SP), que em março vai completar 69 anos de idade, foi no juvenil bugrino, após breve estágio no Atlético Altair. As virtudes, como na antecipação a adversários e no jogo aéreo, serviram para ganhar espaço na equipe principal, onde chegou à formar dupla de zaga com o saudoso Amaral.

Em evidência, despertou interesse do Santos, que veio buscá-lo em 1977, aos 21 anos de idade, com estreia diante do Palmeiras, no empate por 1 a 1, ocasião que formava dupla com Neto e saboreou o título paulista em 1978, no grupo batizado de 'Meninos da Vila'.

Ainda no clube, ganhou a 'Bola de Prata' em 1980, como o melhor zagueiro do Campeonato Brasileiro. E lá permaneceu até 1983, com despedida na derrota para o Flamengo por 3 a 0, na decisão do Brasileirão, no Estádio Maracanã, com público de 155.523 pagantes. Na ocasião, o time comandado pelo treinador Chico Formiga tinha essa formação: Marola; Toninho Oliveira, Joãozinho, Toninho Carlos e Gilberto Sorriso; Toninho Silva, Pita e Paulo Isidoro; Camargo (Batistote), Serginho Chulapa e João Paulo.

Depois foi jogar no Sport Recife, Grêmio Maringá e Paulista de Jundiaí, onde encerrou a carreira em 1986. Houve até tentativa de ingresso na carreira de treinador, inicialmente nas categorias de base do Santos, marcada por ter descoberto o então meia Giovanni.

Em 1994 chegou a ser auxiliar-técnico de Serginho Chulapa na equipe principal, e depois o substituiu, com histórico de 51 partidas. Ele ainda passou por Caxias (RS), Portuguesa Santista, Paysandu, Remo e Botafogo de Ribeirão Preto, em 2003.