Rogério, Gerson, Jairzinho, Roberto Miranda e Paulo Cesar Caju formaram uma das mais respeitáveis linhas de frente do Botafogo (RJ) no biênio 1967/68, culminando com a conquista do bicampeonato estadual. Desse quinteto, só Rogério não integrou o grupo do tricampeonato mundial pela Seleção Brasileira, na Copa do Mundo de 1970, no México. Dias antes, uma lesão muscular implicou no corte, e o então goleiro Emerson Leão ocupou a vaga.
De volta ao Botafogo, a torcida regozijou-se com o seu futebol hábil e veloz. O arranque era impressionante. Com passadas largas chegava facilmente ao fundo do campo, ou fechava em diagonal rumo ao gol adversário. O estilo era semelhante ao de Renato Gaúcho, que fez sucesso no Grêmio e principais clubes cariocas.
O apelido de Rogério Ventilador foi decorrente dos movimentos com o braço quando driblava. Propositalmente ou não, muitas vezes mantinha seus marcadores distantes. Naquela década de 60 torcedores, flamenguistas eram chamados de urubus pelos rivais. Motivo: a maioria era afrodescendente e pobre. Assim, um grupo de rubro-negros levou a ave escondida para o Estádio do Maracanã e, ao soltá-la, ela debandou para o setor dos torcedores botafoguenses, naquele confronto em 1969. Pronto. A partir daí o Flamengo adotou o símbolo do urubu.
O destino reservou passagem de Rogério também pelo Flamengo, clube escolhido para o encerramento da carreira em 12 de dezembro de 1973, na vitória sobre o Olaria por 2 a 1. E diferentemente dos companheiros que preferem prosseguir no futebol em outras funções, ele cursou Direito e foi advogar.
Depois enfrentou o duro golpe da perda do filho com cinco dias de vida, e só se reencontrou após ingresso na Igreja Messiânica, cuja doutrina é vida mais espiritualista. E de simples membro atingiu o posto de pastor, identificado como reverendo Rogério Hetmanek, que ensinava o conceito de Meishu-Same, que “quando alguém morre e tem muito apego a este mundo, se reencarna mais cedo, porque o mundo espiritual é mais rigoroso, e quanto mais tempo o espírito lá permanecer, mais será purificado”.
Se Rogério repetia nos microfones a obrigatória introdução 'ouvintes meus cumprimentos', agora, aos 77 anos de idade, tem um currículo de quem publicou o livro ‘O Patriarca’. Assim, seu vocabulário faz inveja aos mais cultos dos boleiros.
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