domingo, 1 de junho de 2025

Jurandir, zagueiro que assinava contratos em branco

Como apenas sexagenários recordam-se do saudoso zagueiro Jurandir de Freitas, que marcou época atuando pelo São Paulo, cabe citá-lo em diferentes situações, uma delas a raridade de um atleta com apenas quatro meses em um grande clube - como o tricolor paulista - chegar à Seleção Brasileira, levado pelo então treinador Aimoré Moreira. E foi em 1962, ano da conquista do bicampeonato mundial, na Copa disputada no Chile, embora na condição de reserva do saudoso Zózimo.

Pasmem! A recompensa à época em conquista de título de tamanha envergadura foi receber uma modesta geladeira, máquina de costura da marca Singer, 980 dólares e um modesto veículo Gordini - fora de linha -, época que, no São Paulo, fazia dupla de zaga com Belini, vindo do São Bento de Marília, com passagem intercalada pelo Corinthians em dois jogos amistosos.

Jurandir foi um zagueiro de 1,90 de estatura e, apesar dos 87 quilos, era ágil no combate direto a adversários, e por isso apelidado de 'muralha negra' pelo saudoso locutor esportivo Geraldo Jose de Almeida. Apesar disso, esse então atleta nascido na cidade de Marilia em 1940, nunca assinou bons contratos na carreira, pois topava que fossem em branco.

Assim, a permanência no São Paulo se estendeu por dez anos, com histórico de 418 partidas e conquista dos títulos paulistas de 1970/71, quando já formava dupla de zaga com o também falecido Roberto Dias, e se orgulhava de jamais ter faltado ou chegado atrasado a um treino, ocasião que sempre lembrava dos momentos difíceis do período da conclusão das obras do Estádio Cícero Pompeo de Toledo - o Morumbi - na década de 60.

Na sequência, voltou a terra natal para defender o Marilia, depois Comercial (MS), Amparo (SP) e o encerramento da carreira ocorreu em 1979 no Atlético de Mogi das Cruzes (SP), com infiltrações no joelho para entrar em campo.

Nas entrevistas lembrava da adolescência como engraxate e pedreiro, todavia não perdia a mania de provocar adversários, comportamento que o fazia bastante procurado pelos repórteres. Logo, foi estranho ter aceitado o convite para candidatura a deputado estadual no Estado de São Paulo em 1986, pelo PCB (Partido Comunista Brasileiro), o antigo Partidão de extrema-esquerda, voltado a política do proletariado.


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