domingo, 29 de dezembro de 2024

Paulinho, de atleta conceituado a executivo do futebol

Se antigamente os atletas penduravam as chuteiras e ficavam a 'Deus dará', hoje parte deles já projeta o futuro, como foi o caso do meio-campista Paulinho, que atingiu o auge da carreira no Corinthians, onde se desligou no dia 28 de maio de 2024, na goleada sobre o Racing do Uruguai por 3 a 0, pela Copa Sul-Americana.

Não é por acaso que recentemente Paulinho assumiu a função de executivo de futebol do Mirassol, e vai dividir a responsabilidade de dar sustentação ao clube no Brasileirão de 2025. Ele revelou que, enquanto atleta, já estava se preparando para a nova função que exige interligação entre departamentos do clube atrelados ao futebol. E confessou que teve participação ativa na contratação do treinador Eduardo Barroca, com justificativa que Mozart Santos - que se desligou recentemente do Mirassol para ingresso no Coritiba - havia sido auxiliar de Barroca e teria aprendido muito com ele.

Descoberto pelo treinador Parraga, com características de volante que avançava até a área adversária para completar jogadas, Paulinho começou a jogar em 2006 no Audax. Dois anos depois quase desistiu da carreira, quando estava na Polônia, após passagem pela Lituana. A justificativa foi não ter se adaptado ao inverno rigoroso. Ele ainda passou por Bragantino e Coimbra de Contagem (MG) antes da chegada ao Corinthians em 2010, clube marcado por idas e vindas, como em 2013 e o recente encerramento.

Em 2015, Paulinho passou pelo futebol chinês, atuando pelo Guangzhou, até que dois anos depois chegou ao Barcelona, da Espanha, e foi parceiro do meia Messi, que o indicou aos dirigentes do clube. Lá, ele diz ter jogado de ponteiro, fechando por dentro, e alegou ter se adaptado rápidamente à nova função, após aguardar dois meses na reserva. E deixou o clube em 2020, com histórico de 49 jogos e nove gols, visto que o Guangzhou foi buscá-lo novamente.

Registro, ainda, para rápida passagem pela Arábia Saudita antes do regresso ao Corinthians, ocasião que lamentou duas lesões consecutivas - uma delas com afastamento de nove meses -, que impediram que repetisse o seu real futebol.

A rigor, ele sequer pretendia cumprir o contrato com o Corinthians até o final. Em viagem com a família para fora do País, alegou ter recebido apoio da esposa para que completasse a etapa de tratamento e assim aguardasse até atingir plena recuperação.


domingo, 22 de dezembro de 2024

Dez anos sem o naturalizado espanhol Di Stéfano

Numa retrospectiva de fim de ano de 2014, o personagem neste espaço foi o naturalizado espanhol Alfredo Di Stéfano, que havia morrido no dia sete de junho de 2014, aos 88 anos de idade, em decorrência problemas cardíacos, às véspera da Copa do Mundo no Brasil.

Indiscutivelmente ele havia sido o melhor jogador de futebol do planeta antes da aparição do saudoso 'rei' Pelé. Quis o destino que paradoxalmente esse argentino sequer disputasse uma Copa do Mundo. Quando defendia o River Plate (ARG), a partir de 1945, participou do Sul-Americano de Clubes de 1948, ocasião em que marcou quatro gols.

Um ano depois, o futebol daquele país enfrentou uma greve de jogadores que reivindicavam melhores condições de trabalho, após a pauta de negociação ter sido negada. Disso se aproveitou o Milionários da Colômbia para levá-lo, acenando com boa proposta financeira e sem necessidade de pagamento do passe, visto que a liga colombiana era amadora, e não havia como a Fifa intervir.

Lá, Di Stéfano participou de 292 partidas e marcou 267 gols. Logo, chegou ao selecionado da Colômbia, onde ficou conhecido como ‘Flecha Loira’. Por isso despertou interesse dos rivais espanhóis Barcelona e Real Madrid, que se digladiaram para contratá-lo. E naquele impasse surgiu proposta alternativa para que ambos se revezassem na vinculação do jogador a cada ano, durante um quadriênio. Houve discordância do Barcelona e assim Di Stéfano se transferiu ao Real, a partir de 1953.

Velocidade, habilidade e gols aos montes consagraram este ponta-de-lança, que não se constrangia com a fama de ‘fominha’, com a justificativa de que “o goleador tem mesmo é que ser egoísta”. Só que a Espanha não se classificou à Copa do Mundo da Suécia de 1958, e assim ele aguardou quatro anos para a competição no Chile, jamais contando que fosse se lesionar às véspera do embarque, o que provocou o corte da delegação.

Assim, restou continuar brilhando no Real Madrid até 1966, quando pendurou as chuteiras, sem contudo sair do meio. Optou por morar na Espanha e lá foi treinador de clubes e até presidente honorário do Real.

Quando atuava pelo River Plate, Di Stéfano teve que serviu ao Exército argentino. O mesmo ocorreu com Pelé que, um ano após ter sido campeão mundial em 1958 pelo Brasil, foi soldado do Grupo Motorizado da Costa da Praia Grande.

Leivinha e Alfredo Mostarda estão com Alzheimer

Dia três de dezembro passado, publicação do portal https://revistaforum.com.br chamou atenção pela revolta do lendário meia Ademir da Guia contra a direção do Palmeiras, ao citar que havia abandonado ídolos do passado do clube. Ele revelou que o atacante Leivinha e zagueiro Alfredo Mostarda são vítimas da doença de Alzheimer, e, segundo ele, ambos estão desamparados.

Alzheimer não tem cura. O Ministério da Saúde informa que nada pode ser feito para barrar o avanço da doença, que ocorre de forma lenta. O quadro clínico do paciente é dividido em quatro estágios: começa com alterações na memória e personalidade; dificuldade para falar, coordenar movimentos e insônia; incontinência urinária e dificuldade para comer; e o estágio pré-terminal e de restrição ao leito, dor à deglutição e infecções intercorrentes.

Logo, a bronca de Ademir da Guia, de certo se restringe à falta de ajuda financeira do clube ao custo de caros medicamentos. Matéria publicada pelo jornal O Globo, de março de 2023, cita que jogadores de futebol têm mais chances de desenvolver Alzheimer, reproduzindo estudo sueco publicado na revista The Lancet Public Health.

João Leiva Campos Filho, o Leivinha, natural de Novo Horizonte, de 75 anos de idade, começou no Linense, passou pela Portuguesa e se transferiu ao Palmeiras em 1971. E quem sugere que valia-se basicamente dos gols de cabeça - por ter sido exímio cabeceador -, também tinha um drible desconcertante ao bater na bola de um pé para o outro. Foi para o Atlético de Madrid (ESP) em 1975, e quatro anos depois atuou pelo São Paulo. Na Seleção Brasileira, foi relacionado à Copa do Mundo de 1974, juntamente com o zagueiro Alfredo Mostarda, de 78 anos de idade.

Mostarda integrou a 'academia palmeirense' da década de 70 do século passado e, ao se profissionalizar, foi emprestado ao Cruzeiro, Marcílio Dias (SC) e Nacional (AM), até que, no retorno, foi reserva do quarto-zagueiro Nelson em 1971. Como foi jogador estilo técnico, ganhou lugar na equipe no ano seguinte, com títulos no Paulistão e Brasileirão.

Perdeu espaço com a chegada do treinador Dino Sani e foi emprestado ao Coritiba. Meses depois, quando Dino foi pra lá, ele forçou o empréstimo ao Santos. No Palmeiras novamente, em 1978, foi vice-campeão brasileiro. E ainda jogou no Taubaté e Jorge Wilstermann, da Bolívia.


Edu Dracena, do Guarani para grandes clubes do País

A singularidade do futebol possibilita associar o início de um nome de atleta à sua cidade natal. E o exemplo em questão é do ex-zagueiro Eduardo Luís Abonízio de Souza, conhecido no meio como Edu Dracena, formado nas categorias de base do Guarani, mas na sequência intercalou passagens em grandes clubes brasileiros e até na Europa.

Dracena é um município no interior paulista e integra a microrregião de Presidente Prudente, distante cerca de 650 quilômetros da capital de São Paulo. Ele chegou ao Guarani aos 13 anos de idade, mas a estreia no profissional deu-se apenas em 1999, ocasião que começou a se destacar e acabou emprestado ao Olympiacos da Grécia em 2002, mas por lá participou de apenas dez jogos, pois não se adaptou ao país, principalmente por causa do idioma.

Aí, indicado pelo treinador Vanderlei Luxemburgo, foi contratado pelo Cruzeiro na temporada seguinte, e ali conquistou títulos e foi até convocado para defender a Seleção Brasileira. Isso até que em 2007 arriscou sair do País mais uma vez, e para o Fenerbahçe, sem que se arrependesse, pois lá ficou durante três anos.

No retorno, outra vez indicado por Luxemburgo, foi jogar no Santos, e se destacou no titulo da Libertadores de 2011, na final diante do Penãrol, do Uruguai. E sempre com atuações regulares, até a permência no clube em 2015, quando rescindiu o contrato devido à atrasos de salários, com transferência ao Corinthians. Só que ali manifestou descontentamento por falta de espaço, e assim aceitou proposta para jogar no Palmeiras, onde sagrou-se campeão brasileiro em 2016. E permaneceu no clube por três anos, quando optou pelo encerramento da carreira na goleada sobre o Goiás por 5 a 1, pelo Campeonato Brasileiro.

Edu Dracena foi eleito seis vezes o melhor zagueiro dos estaduais - três no mineiro e três no paulista. Foram seis títulos estaduais, dois Brasileirões, duas Copas do Brasil, Libertadores e Recopa Sulamericana. E ainda no Palmeiras continuou na função de assessor técnico, em contato direto com atletas e membros da comissão técnica.

Dali, em 2021, assumiu a função de diretor executivo do Santos, foi analista do canal TNT para jogos do Campeonato Paulista 2024, e atualmente é diretor técnico do Cruzeiro, depois que o clube foi transformado em SAF (Sociedade Anônima de Futebol). Em maio passado ele completou 43 anos de idade.



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segunda-feira, 18 de novembro de 2024

São Marcos, o melhor goleiro da história do Palmeiras

 O paulista de Oriente Marcos Roberto Silveira Reis, identificado no futebol apenas pelo prenome, revelado na base do Lençoense (SP) em 1992, passou a ser rotulado de 'São Marcos' a partir dos milagres operados nas quartas-de-final da Libertadores de 1999 do Palmeiras, no duelo contra o Corinthians, na vitória por 2 a 0, em temporada que o seu clube conquistou o título, e ele foi eleito o melhor jogador da competição.

Para justificar que não havia sido 'santo' por apenas um dia, persistiram defesas milagrosas, incontáveis delas em cobranças de pênaltis, e assim ele entrou para a história como o maior goleiro do clube de todos os tempos, e ídolo ainda reverenciado pelos torcedores, até porque toda carreira dele, enquanto atleta profissional, foi no Palmeiras até 2011, aos 38 anos de idade, com histórico de 533 jogos e o sétimo atleta que mais vestiu a camisa do clube.

Curioso é que ainda na base do Lençoense foi cogitado pelo Corinthians, mas recusou a transferência. Diferente da boleirada assanhada por dinheiro, ele recusou proposta do Arsenal, da Inglaterra, mesmo após ter embarcado para Londres, em período que o Palmeiras contava com o dinheiro para eventual transferência. E isso se repetiu quando o Porto, de Portugal, acenou-lhe com contrato de três anos.

Marcos amargou bom tempo na reserva de Velloso, firmando-se como titular quando o companheiro se lesionou, naquela Libertadores de 1999. Aí, dois anos depois, com Luiz Felipe Scolari como treinador da Seleção Brasileira, passou a ser convocado e atuou em todas as partidas da Copa do Mundo de 2002, na Coréia do Sul e Japão, no pentacampeonato, mas paradoxalmente naquele ano o Palmeiras foi rebaixado à Série B do Brasileiro.

Dois anos depois, ficou afastado dos gramados por oito meses, devido à uma lesão no punho, e perdeu espaço na Seleção Brasileira para o goleiro Dida. Ainda no Palmeiras, foi vitimado por outras lesões que refletiram em oscilações na meta, até que em 11 de setembro, no Estádio do Pacaembu, na derrota por 3 a 0 para o Inter (RS), realizou a última partida pelo Palmeiras.

Incontinenti, abriu a Clínica São Marcos, centro de fisioterapia voltado para recuperação de atletas com dificuldades financeiras. Em 2017, ao lançar a Cerveja 12, também foi submetido a cirurgia cardíaca para corrigir o problema na válvula mitral, que provocava o inchaço do seu coração.


domingo, 10 de novembro de 2024

Geraldão, centroavante da era dos tombadores





Leivinha e Alfredo Mostarda estão com Alzheimer



Há 40 ou 50 anos, o requisito básico para exercer a função de centroavante era que o atleta empurrasse a bola pra dentro do gol, independentemente da técnica. Tinha que saber repartir aquele espaço dentro da área com zagueiros adversários e completar jogadas. E esse era o perfil do então adolescente e 'trombador' Geraldão aos domingos, nos campinhos de várzea da zona rural de Álvares Machado (SP), cidade próxima a Presidente Prudente, onde trabalhava em lavoura de cana e amendoim, no transcorrer da semana.

Se não conseguiu espaços nas tentativas feitas em juvenis de América de Rio Preto e Linense, a Prudentina deu-lhe a devida chance, e de lá remanejado para o São Bento de Marília em 1969, quando foi aprovado aquele estilo raçudo de atacante trombador, tanto que o Botafogo de Ribeirão Preto foi buscá-lo.

Naquele início de trajetória como profissional, ele jamais imaginou que fosse encontrar um parceiro por excelência para abastecê-lo em assistência de jogadas, caso do falecido doutor Sócrates, peça fundamental para que atingisse a artilharia do Campeonato Paulista de 1974, com 23 gols.

Foi o bastante para que o saudoso presidente do Corinthians, Vicente Matheus, em tempos de jejum de títulos de seu clube, contrariasse a objeção do então treinador Dino Sani e foi buscá-lo para reforçar a equipe em 1975, porém naquela temporada ele não repetiu performance de Botafogo. A titularidade foi recuperada já na temporada seguinte, e assim pôde comemorar o título estadual de 1977, sobre a Ponte Preta.

E no ano posterior ele voltou a formar dupla com Sócrates, contratado pelo Corinthians, mas a queda de rendimento implicou em empréstimo ao Juventus (SP), e posteriormente repassado ao Grêmio portoalegrense, onde novamente não repetiu aquilo que dele se esperava. Assim, paradoxalmente foi jogar no rival Inter, quando voltou a marcar gols e ganhar títulos.

Após aquela passagem, Geraldão entrou na rota de boleiros na estrada da volta, ao jogar no Colorado (PR), Mixto (MT), Corinthians de Presidente Prudente, União Valinhos e Garça, clube da despedida em 1989. Entretanto continuou no meio na base do Corinthians e em escolinhas de futebol da Prefeitura de São Paulo. Hoje, com 75 anos de idade, lamenta empresários dando as cartas em clubes, por entender que interferem negativamente na revelação de jogadores.

domingo, 3 de novembro de 2024

Adeus a Denílson, primeiro cabeça de área do futebol brasileiro

Como outubro foi mês marcado por registros de mortes de ex-atletas e do pugilista Adílson Rodrigues Maguila, passou despercebido que o ex-volante Denílson, o 'Rei Zulo”, de elogiada passagem no Fluminense nas décadas de 60/70, também faleceu, aos 81 anos de idade. Ele integrou a Seleção Brasileira que foi um fiasco na Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra, com participação em jogos contra Bulgária e Portugal. E por mais dois aos ainda vestiu a camisa amarela, com retrospecto de nove jogos e dois gols.

Com 1,80m de altura, Denílson Custódio Machado, natural de Campos dos Goytacazes (RJ), tinha característica de volante defensivo e sobressaía-se no desarme das jogadas. Por isso foi batizado como primeiro cabeça-de-área do futebol brasileiro em 1964, definição através de seu saudoso treinador Ébua de Pádua Lima, o Tim. Todavia, essa virtude não se estendia nos passes mais elaborados. Por isso, de posse de bola, visava rapidamente o parceiro de equipe mais próximo, para evitar o erro.

E naquele ano já comemorou o título carioca, fato que se repetiu em 1969, 1971 e 1973, quando o saudoso treinador Telê Santana o desafiou a treinar lançamentos, e inacreditavelmente passou a se destacar neste fundamento. Assim, disputou 435 partidas pelo clube, com opção de aceitar transferência ao Rio Negro (AM) por dois motivos: havia ganhado passe livre e se pronunciado abertamente que 'é melhor jogar num time pequeno do que ficar na reserva de um novato em time grande'.

Depois, ainda passou pelo Vitória (BA) em 1975, no reencontro com o treinador Tim. Assim, ao encerrar a carreira na temporada seguinte, foi incentivado à função de auxiliar técnico, e com a básica aprendizagem suceder o seu professor em 1977. Dali foi trabalhar em clube da Nigéria, ocasião que, apesar das diferenças culturais de países, alegou que foram três anos sem arrependimento.

Denílson começou a carreira no juvenil do Madureira (RJ), abandonou o clube por causa de salários atrasados e se ofereceu para teste no Fluminense. Inicialmente foi barrado pelo porteiro, mas insistiu para falar diretamente com o técnico do profissional, Zezé Moreira e conseguiu. "Seu Zezé, sou jogador de futebol e quero treinar aqui". Aí o treinador acreditou no garoto, colocou-o para treinar, o aprovou, e a carreira decolou.


Adeus ao raçudo zagueiro Tonhão do Palmeiras

Outrora, mês de outubro era referência para festejos de aniversários dos principais astros do futebol sul-americano. Pelé havia nascido no dia 23, Mané Garrincha 28 e Diego Maradona 30, com mortes aos 83, 50 e 60 anos de idade, respectivamente. Agora, outubro fica marcado por falecimentos de desportistas que foram manchetes no auge da carreira. O primeiro deles foi o ex-quarto-zagueiro Tonhão, do Palmeiras, aos 55 anos de idade, que estava internado para tratar de problemas no fígado e rins. Depois, o boxeador Adilson Rodrigues Maguila, aos 66, e completando a relação o lateral-direito Zé Carlos, que integrou a Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1998, que completaria 56 anos no dia 14 de novembro.

A história de Maguila é sobejamente conhecida, muitos sequer lembram-se de Zé Carlos, que após passagens por clubes sem a devida expressão se destacou no São Paulo, e o saudoso treinador Zagallo o convocou para ser reserva de Cafu no Mundial da França. Aí, cabe reportar um pouco sobre Tonhão do Palmeiras dos anos 90, quando não se escondiam apelidos de jogadores.

Duvida? Então, qual atleta dos principais campeonatos no País joga identificado pelo apelido de Tonhão? Ele formou dupla de zaga com Toninho, que acrescentava o sobrenome Cecílio. E Tonhão morreu vítima de desdobramento de enfermidade no fígado, enquanto crápulas da pior espécie continuam 'vivinhos' da Silva.

Longe de se imaginar um estilo técnico para Tonhão, mas compensava pela raça e força física de um Palmeiras na era multinacional Parmalat. Em mais de uma ocasião ele 'comprou' brigas provocadas pelo atacante Edmundo, uma delas quando o colega deu um soco na cara do lateral André Luiz, do São Paulo, resultando em briga generalizada, com Tonhão envolvido e fazendo companhia para Edmundo nas expulsões, em 1995.

Naquele mesmo ano, Tonhão também mostrou irreverência após derrota para a Portuguesa por 3 a 0, pois ao pegar camisa do clube adversário fez questão de cuspir nela e usá-la para limpar as chuteiras, revoltando a comunidade portuguesa.

Paulistano e registrado como Antônio Carlos da Costa Gonçalves, ele ainda passou por Athletico Paranaense, Internacional, Goiás, também atuou no futebol japonês e pendurou as chuteiras em 2003, no Guaratinguetá. Depois disso, chegou até a participar da categoria máster do Palmeiras.


sexta-feira, 11 de outubro de 2024

André, de astro a despedida no ostracismo

A modernidade do futebol exige que atleta se mantenha no explendor do condicionamento físico. Circunstancialmentes alguns se descuidam e isso reflete em brutal queda de rendimento técnico. Exemplo disso foi o centroavante André que apareceu 'voando' no Santos, na geração do também atacante Neymar, com invejável aproveitamento de oportunidades de gols, tanto que na primeira passagem pelo clube, até 2010, o hitórico de 51 partidas foi de 28 gols.

Aí, descuido do cumprimento das atividades implicaram em queda de rendimento físico, os gols rarearam, e aquele explendor inicial de carreira aos poucos começou a se derreter, mesmo com reiteradas oportunidades em grandes clubes brasileiros e do exterior.

André Felipe Ribeiro de Souza, natural do Rio de Janeiro, é o retrato deste perfil com precoce encerramento de carreira, aos 34 anos de idade, anunciado em setembro passado, na segunda passagem pelo Cabofriense (RJ), em derrota para o Olaria por 2 a 0. A primeira vez foi em 2008, ainda nas categorias de base.

O Santos apostou no futebol dele, foi buscá-lo a fim de que concluísse o estágio nos juniores, para rápido acesso ao profissional. À época, se juntou ao também 'promessa' Neymar e atuaram ao lado de atletas como Robinho, Edu Dracena e Paulo Henrique Ganso na conquista do Paulistão de 2010, ocasião que ele ficou na vice-artilharia com 13 gols. E, no apogeu da carreira, ganhou espaço na Seleção Brasileira e despertou interesse do Dínamo de Kiev, da Ucrânia, com venda dos direitos econômicos. Como não repetiu as performances, disputou apenas seis partidas, foi para a reserva, o que provocou transferência ao Bordeaux, da França, onde também não correspondeu. Assim, o Atlético Mineiro optou por repatriá-lo, ao arcar com 20% dos direitos econômicos, em torno de 2,2 milhões de euros.

Aprovado, o Galo mineiro comprou os 80% restantes, mas na sequência o atleta provocou irritação do então treinador Muricy Ramalho devido à precária condição física, o que implicou na transferência ao Vasco da Gama, com sequência de oscilações técnicas em clubes subsequentes, o que gerou o apelido de André 'Balada', por gostar de festas.

Nas andanças, André acusou passagens por Corinthians, Sporting de Portugal, Grêmio, Gaziantep da Turquia, Cuiabá, Torpedo de Moscou, Ponte Preta, America (RJ) e Cabofriense.


Cinquenta anos sem o lateral-esquerdo Everaldo

O lateral-esquerdo do tricampeonato mundial do Brasil, na Copa do Mundo do México de 1970, foi o gaúcho Everaldo, que quatro anos depois pendurou as chuteiras, ambicionando uma cadeira na Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. Como havia se engajado pra valer na campanha política, com até dois comícios por dia, na volta para casa, no dia 27 de setembro daquele ano, dirigindo o seu automóvel Dodge Dart, um acidente tirou a vida dele, da esposa Célia e filha.

À época, o carro dele colidiu com uma jamanta e ficou quase irreconhecível. Assim, ficou uma história de persistência e vitoriosa a partir do momento em que foi revelado pelo Grêmio, e se firmou como titular após ter sido emprestado ao Juventude, em 1965. Ele foi um lateral-esquerdo sem técnica, mas seguro na marcação. E mesmo raramente passando do meio de campo ganhou a posição do veloz e ofensivo Marco Antonio às vésperas daquela competição mundial, até que dois anos depois, no Mundialito realizado no Brasil, sequer fosse convocado, o único tricampeão esquecido pelo saudoso Zagallo.

Aquela decisão provocou revolta dos gaúchos, pois o Rio Grande do Sul tinha histórico de furar o bloqueio do eixo Rio-São Paulo em convocações de jogadores às Copas. Em 1950, na competição disputada no Brasil, Nena, do Grêmio, e Adãozinho, do Internacional, foram vice-campeões mundiais. E na decadente Seleção Brasileira de 1966, na Copa da Inglaterra, lá estava o atacante Alcindo Bugre, do Grêmio. E em Mundiais subseqüentes, o Estado quase sempre esteve representado por atletas, os principais deles o goleiro Taffarel e o volante Falcão.

Taffarel atravessou fase espetacular no Mundial dos Estados Unidos de 1994, quando foi decisivo em defesas de pênaltis. Já o volante Falcão, das Copas da Espanha de 1982 e do México em 1986, sabia defender e organizar o time com elegância.

Não fosse a tragédia há 50 anos, Everaldo teria completado 80 anos de idade no dia 11 de setembro passado e, de certo, recordaria as 30 partidas disputadas na Seleção Brasileira, a recepção calorosa no desembarque em Porto Alegre após a conquista do tri e a besteira cometida num jogo contra o Cruzeiro em 1972, no Estádio Olímpico, quando deu um soco no árbitro paulista José Faville Neto. Sorte que a suspensão de um ano foi reduzida para seis meses.



domingo, 29 de setembro de 2024

Mais de três anos sem o volante Gilmar Fubá

Você aí, 'vendendo' saúde, que 'chorominga' por causa de um tropecinho aqui e outro acolá, de certo deixa de refletir sobre os designos da vida. Então observe a história daquilo que foi formoso transformar-se em desafio à sobrevivência, por fim curvando-se à fatalidade.

Pois enquadra-se nesta história o saudoso volante Gilmar Fubá, que integrava o grupo de jogadores comandados pelo treinador Nelsinho Baptista no título paulista do Corinthians de 1997, assim como no elenco vitorioso na conquista do primeiro título mundial da agremiação em 2000.

Naquela decisão contra o Vasco, no Estádio Maracanã, diante de 73 mil pessoas, prevaleceu empate sem gols no tempo normal e prorrogação, ocasião que o Timão venceu nas disputas através das cobranças de pênalti, neste time: Dida; Índio, Adílson Batista, Fábio Luciano e Kléber; Vampeta, Rincón, Ricardinho e Marcelinho Carioca; Edílson e Luizão.

Tudo mudou na vida dele a partir de 2016, com o diagnóstico de um câncer na medula óssea, já em processo avançado. Um ano depois, tido como curado da enfermidade, a volta do 'pesadelo', caracterizado como duelo incrivelmente mais difícil daqueles enfrentados nos gramados. E assim a doença se estendeu até 2021, quando a miolema múltipla o derrotou naquela incrível batalha, levando-o a óbito.

Se aquela batalha para preservação da saúde foi vencida, a juventude abriu-lhe destaque no futebol, a partir do 'terrão' do Corinthians, quando mostrou vocação como volante e integrou o grupo de profissionais a partir de 1995.

No Corinthians ficou marcado durante cinco anos pela capacidade de desarme à adversários, ou então a opção de 'picotar' jogadas. Fora dos gramados, a caraterística extrovertida alegrava o ambiente. Dali seguiu para Fluminense, Portuguesa, Schalke 04 da Alemanha, Hundai da Coréia do Sul, Criciúma e Al-Ahli do Cotar, até passar por clubes de menor cotação técnica como Rio Branco de Americana, Noroeste de Bauru, Portuguesa Santista e Juventus na disputa da Série A3 do Paulista, porém alternando retorno a clubes do exterior.

Por que Fubá? Se faltava a devida explicação para o apelido, a pobreza na infância, no bairro São Matheus, da capital paulista, implicou na preparação da madeira preparada com fubá pela mãe, para substituir o leite, produto tido como caro pra uma família então carente, como a dele.

domingo, 22 de setembro de 2024

Chiquinho, lateral campeão no Santos em 1984

No passado, bastava a citação do prenome ou apelido do atleta para que fosse identificado, desde que a referência fosse procedida da posição. Foi assim com o lateral-direito Chiquinho quando chegou ao juvenil do Guarani em 1977, e persistiu no transcorrer da carreira, com passagens em grandes clubes.

Hoje, com o prevalecimento de nomes compostos ou apelidos com complementos, não caberia apenas a citação Chiquinho para Francisco da Silva Júnior, natural de Paulínia (SP), com aparição no profissional do Guarani em 1980, e prolongamento na carreira por mais 16 anos, encerrada justamente na rival Ponte Preta.

Ficou pouco tempo no Guarani e acabou emprestado ao América (RJ), até que o saudoso treinador Carlos Castilho apostou no estilo dele de forte marcação, velocidade no arranque com a bola ao ataque e chutes potentes para levá-lo ao Santos em 1983, pois ambos haviam trabalhado em Campinas.

No elenco santista, ele correspondeu plenamente. Participou da conquista do título paulista na temporada seguinte, naquela campanha liderada de começo ao final, culminando com a vitória sobre o Corinhians por 1 a 0, na decisão de título em dois de dezembro, no Estádio do Morumbi, com público de 111.345 pagantes, neste time: Rodolfo Rodrigues; Chiquinho, Márcio Rossini, Toninho Carlos e Toninho Oliveira (Gilberto Sorriso); Dema, Paulo Isidoro, Humberto e Lino; Sérginho Chulapa e Zé Sérgio (Mário Sérgio).

Dois anos depois, após rápida passagem pelo Juventus, retomou a trajetória em grandes clubes. Teve a incumbência de substituir Nelinho no Atlético Mineiro, ocasião que se tornou cobrador de pênaltis e sagrou-se campeão mineiro em 1988. E ainda jogou na Portuguesa antes de seguir para o futebol gaúcho, na pior fase da carreira. No Inter, além de performances aquém de suas possibilidades, participou de campanha em que o clube quase foi rebaixado do Brasileirão de 1989.

Apesar disso, o Grêmio apostou que ele ainda pudesse se redimir, o contratou, mas na prática ele se afundou junto com o clube na temporada de 1991, com término daquela competição nacional na lanterna. Aí, antes do encerramento da carreira, aos 35 anos de idade, rodou por clubes como Ituano, Noroeste e Remo (PA) e Ponte. Ele ainda tentou ser comerciante, mas a ligação ao futebol o levou à função de técnico nas categorias de base de clubes.


domingo, 15 de setembro de 2024

Após várias conquistas, na velhice Evaristo de Macedo sofre tombo

O saudoso comunicador Antônio Abujamra, que tinha um programa de entrevista na TVCultura (SP), terminava a conversa com a clássica pergunta ao interlocutor: o que é a vida? Para idosos que enfrentam desafios na saúde, como o ex-atleta e ex-treinador de futebol Evaristo de Macedo, a vida requer extremo cuidado para se evitar tombos, como aquele em que ele sofreu em julho passado, em sua residência, com vista à praia do Rio de Janeiro, que provocou fratura de fêmur e quadril.

O acidente doméstico exigiu procedimento cirúrgico e exercícios de fisioterapia. E haja paciência para reaprender a andar, ainda assim com auxílio do 'andador'. Segundo dados estatísticos divulgado em 2022 pelo Ministério da Saúde, 40% dos idosos com 80 anos de idade ou mais sofrem quedas, e por isso adverte para o uso de tapete antiderrapante em banheiros, locais com alta incidência dessas quedas.

O carioca Evaristo de Macedo, 91 anos de idade, entrou para a história da Seleção Brasileiro como o único atleta a marcar cinco gols em um único jogo. Foi na goleada por 9 a 0 sobre a Colômbia, em 23 de março de 1957, na disputa do Sul-Americano - equivalente à Copa América -, no Estádio Nacional de Lima, no Peru.

Aos 17 anos de idade iniciou a carreira de centroavante no Madureira, do Rio de Janeiro, já mostrando habilidade e faro de gols. Aí despertou interesse do Flamengo, que o contratou dois anos depois, com participação no tricampeonato do clube a partir de 1953. E por lá permaneceu até 1958, com histórico de 103 gols em 182 jogos. Na transferência ao futebol espanhol, atuou com sucesso nos rivais Barcelona e Real Madrid. Embora tivesse participado pela Seleção Brasileira às Eliminatórias da Copa do Mundo de 1958, o Barcelona não quis liberá-lo para a competição propriamente dita, na Suécia.

Em 1966 programou o encerramento da carreira de atleta, e fez questão de voltar ao Flamengo, já sondando, incontinenti, a carreira de treinador. E na volta ao Barcelona, como comandante, conquistou a Copa do Rei referente à temporada de 1982/83. Dois anos depois, teve rápida passagem pela Seleção Brasileira e ficou marcado em clubes brasileiros ao levar o Bahia à conquista do título do Brasileirão em 1988. Também passou pelo Grêmio e comandou o selecionado do Iraque, entre outros clubes, durante por mais de meio século atrelado ao futebol.


domingo, 8 de setembro de 2024

Ex-botinudo Domingos disputa vereança em Santos

Se o saudoso zagueiro Pinheirense, que atuou pela Ferroviária de Araraquara nos anos 80 do século passado, foi tido como recordista de receber cartões vermelhos, o também ex-zagueiro Domingos não ficava muito atrás, porque em boa parte da carreira batia sem dó em atacantes adversários, e acabava expulso de campo.

Baiano de Nazaré, Domingos Nascimento dos Santos Filho, que em dezembro vai completar 39 anos de idade, voltou a ser citado por dois motivos em menos de um ano. No final de 2023, indignado com o rebaixamento do Santos à Série B do Brasileiro, se ofereceu para voltar jogar no clube e gratuitamente, mas não encontrou eco, visto que havia encerrado a carreira em 2020, no São Caetano.

Agora, radicado em Santos, anunciou a sua candidatura a vereador, na cidade do clube que iniciou a carreira de atleta em 2004, marcada por quem sequer respeitava companheiros. Em 2008, durante treino coletivo, desentendeu-se com o atacante Kléber Pereira e desferiu-lhe cotovelada, que provocou quebra de um dente. Depois, quebrou a perna do goleiro Rafael Cabral, após acertar-lhe um carrinho, resultando em afastamento do elenco e empréstimo à Portuguesa por três anos, a partir de 2009.

Antes do retorno ao Santos, pelo empréstimo, teve curta passagem pelo São Caetano, a exemplo que havia ocorrido no início da carreira, quando passou pelo Grêmio (RS). Reintegrando ao Santos, conseguiu a 'façanha' de ser expulso de campo sem que tivesse tocado na bola. Como entrou no segundo tempo de um jogo contra o Palmeiras, se envolveu em confusão com o meia Diego Souza após desafiá-lo e aquilo resultou no cartão vermelho.

Apesar de seguidas situações tumultuadas, o saudoso treinador Oswaldo Alvares, que o havia comandado na Portuguesa, fez questão de bancar a ida dele para o Guarani em 2012, ocasião que Domingos quis refutar o rótulo de botinudo, apesar da desconfiança: “As pessoas não podem confundir vontade com maldade e violência. Eu sou uma pessoa vencedora”, disse.

De fato ele havia mudado de comportamento, tanto que o

Al-Kharaitiyat, do Catar, decidiu contratá-lo ainda em 2012, e lá ele ficou durante cinco anos. O seus últimos clubes na carreira profissional dele foram Santo André e retorno ao São Caetano. Depois foi jogar no futebol amador pelo Vila Izabel, time tradicional da cidade de Osasco.

sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Evolução de Mauro Silva no futebol foi estantosa

A expressão 'esse mundo dá volta' se aplicar bem ao atual vice-presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol) Mauro Silva que, quando atleta recém-saído dos juniores do Guarani, era 'zoado' até por parceiros de clube. Motivo: em alguns dias da semana, após términos de treinos vespertinos, vestia o seu terno - por vezes até com gravata -, e de Bíblia embaixo do braço seguia a igreja evangélica, para assistir aos cultos.

Com a simplicidade características, não perdia o bom humor quando o apelidaram de 'Pastor' e respondia: “Deixe eles falarem. Estou louvando o meu Deus”. Assim, inclinação religiosa à parte, desde àquela época já mostrava, em campo, 'pulmão de aço' típico de volante que grudava no organizador de jogadas da equipe adversária, com méritos no desarme e simplificação através de passes curtos àqueles que estivessem mais próximo.

No entanto, como a coletividade bugrina havia se habituado a volantes técnicos como Flamarion Nunes Tomazolli e José Carlos Bernardes - ambos falecidos -, Mauro Silva Gomes, natural de São Bernardo do Campo (SP), estava aquém do esperado e, por isso, foi pouco aproveitado na equipe principal durante o período de cinco anos de Guarani, desde às categorias de base em 1986, quando o seu passe foi negociado com o Bragantino pela 'bagatela,' à época, de cem mil cruzeiros, moeda corrente.

Na mudança de clube, o seu treinador Vanderlei Luxemburgo se dispôs ao trabalho para adicionar virtudes, e assim o transformou em condutor de bola e ousadia para passes mais logos, conforme a exigência a um discípulo obediente. Aquilo chamou atenção do então treinador da Seleção Brasileira à época, Paulo Roberto Falcão, que tratou de convocá-los experimentalmente para alguns jogos.

Ao se transferir para o La Coruña da Espanha, em 1992, contingências da carreira de atleta o beneficiaram, pois Carlos Alberto Parreira, que fora seu treinador em Bragança Paulista, havia substituído Falcão no selecionado, e apostou no seu futebol para a Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, que culminou com a conquista do pentacampeonato.

Mauro Silva, que em janeiro passado completou 56 anos de idade, foi atleta no La Coruña até 2005, tido como um dos mais recomendáveis que passaram por lá, migrando, à seguir, à função de coordenador de futebol na CBF. E ao assimilar as coisas do meio, chegou à FPF.

terça-feira, 27 de agosto de 2024

Heriberto, hábil meia que não 'vingou' como treinador

Quando fecham-se as cortinas e termina uma partida de futebol, por vezes começa um 'mundo' escondido. Reações intempestivas entre integrantes de elencos são acobertadas, assim como há casos de quem extrapola e ignora até membros de comissões técnicas, como o registrado em setembro de 2006, quando o atacante Júlio César, do América (RN), agrediu o treinador Heriberto Longuinho da Cunha, revoltado por ter sido substituído, e, em consequência, foi dispensado do clube.

Quatro anos antes havia ocorrido outro exemplo de comandante agredido, durante treino do La Coruña (ESP). Foi quando o então meia Djalminha reclamou da marcação de um pênalti, apitado pelo seu treinador Javier Irureta, que gerou áspera discussão, culminando com cabeçada do atleta no comandante. Na ocasião, o fato ganhou repercussão e Luiz Felipe Scolari, o Felipão, que comandava a Seleção Brasileira, decidiu vetar a convocação do atleta à Copa do Mundo de 2002.

Após aplaudida carreira de atleta nos anos 80 do século passado, o ex-meia-esquerda Heriberto decidiu transmitir a natural experiência adquirida ao longo do percurso como treinador. Logo, jamais imaginou que a insubordinação atingisse aquele nível, com atleta extrapolando.

Vida que segue. Hoje, 64 anos de idade, aposentado, esse mineiro de Santa Rita do Sapucaí viveu situação contrastante entre treinador e atleta. Quando jogava, principalmente nos seis anos de São Paulo, a partir de 1978, com histórico de 185 jogos, de fato não foi aquele meia-armador com estatística recomendável para assinalar gols. Todavia, compensava pela habilidade e privilegiada visão de jogo, que permitia frequentes assistências a companheiros de equipe, visando conclusões de jogadas.

Velha guarda são-paulina lembra de afinadas equipes montadas naquele período. Assim, Heriberto pode atuar ao lado de renomados jogadores como os zagueiros Oscar e Dario Pereyra, e centroavante Serginho Chulapa. Ao se desligar do São Paulo, ele ainda passou por Portuguesa, Cruzeiro, Santos, América (RJ), Athletico Paranaense, Kashima Antlers do Japão, Mogi Mirim e São Caetano em 1993, onde encerrou a carreira de atleta.

Como treinador, dirigiu os Américas de Rio Preto (SP), do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Norte. Rodou ainda em clubes como Náutico, Portuguesa, Fortaleza, Inter de Limeira (SP) e Vila Nova.

Sílvio Santos

 Silvio Santos

sábado, 10 de agosto de 2024

Adeus ao craque Adílio, do Flamengo

Ideal é quando o ídolo do passado acaba homenageado em vida. Assim, em abril do ano passado, foi reservado, neste espaço, a recapitulação da carreira do então meia Adílio de Oliveira Gonçalves, um dos maiores craques de todos os tempos do Flamengo, que havia caído no anonimato, tanto que sequer teve respaldo quando tentou disputou a cadeira de deputado estadual do Estado do Rio de Janeiro em 2010, e assim tocava a vida até adoecer e morrer neste cinco de agosto, aos 68 anos de idade, vítima de câncer de pâncreas.

A infância dele foi mais uma daquelas em que meninos órfãos de pai saem à luta para ajuda no sustento da família, com trabalho em feira livre. Como o talento dele aflorou no bate-bola em praias, foi levado às categorias de base do Flamengo. As primeiras oportunidades na equipe principal surgiram após o precoce falecimento do meia Geraldo, mas não havia como se fixar como titular com a chegada de Paulo César Carpeggiani, vindo do Inter (RS), fato que o contrariava, embora treinadores como os saudosos Cláudio Coutinho e Telê Santana queixavam-se que faltava-lhe aprimorar finalização e aptidão para o cabeceio, com 1,72m de altura.

A chance definitiva não tardou e foi gratificado ao participar do melhor Flamengo de todos os tempos, quando fez dupla de meio de campo com o volante Andrade e ponta-de-lança Zico, nos títulos da Libertadores e Mundial de Clubes em 1981, na goleada por 3 a 0 sobre o Liverpool, assim como conquistas do Campeonato Brasileiro nas temporadas de 1980, 1982 e 1983. Ele entrou para a história do clube com histórico de 128 gols em 615 partidas, sendo e terceiro jogador com maior número de jogos disputados.

Foi o período que colocava o seu parceiro Zico na cara do gol. Assim, a carreira no Flamengo se arrastou até 1987, após ter completado 30 anos de idade e ficou com os direitos do passe. Depois, foi jogar no Coritiba e houve repasse em clubes intermediários, até o encerramento no Barra Mansa do Rio de Janeiro, em 1997, ocasião em que lamentou apenas duas atuações pela Seleção Brasileira.

Antes de ingressar na discreta carreira de treinador, foi transformado em atleta de futsal, como ala-pivô. No comando de clubes, passou pelo Bahain da Arábia Saudita, Centro de Futebol Zico e divisão de base do Flamengo, clube que em 2019 o homenageou com busto em na sede, na Gávea.


domingo, 4 de agosto de 2024

Ivair, um 'malabarista' como Ronaldinho Gaúcho


Desportistas entre as faixas etárias de 70 a 80 anos de idade testemunharam o estilo malabarista com a bola do então centroavante Ivair Ferreira, nascido em Bauru (SP), em 1945. Uma reverência de parâmetro é o ex-meia-atacante Ronaldinho Gaúcho, pela capacidade de arranques com bola colada aos pés, e facilidade para fazer o zigue-zague e entortar marcadores.

E por encantar o público durante jogo que a Portuguesa dele venceu o Santos por 3 a 2, em 1962, quando marcou os três gols, a recompensa foi além do esperado. O saudoso 'rei' Pelé fez questão de presenteá-lo com a camisa, e carinhosamente o batizou de 'príncipe', numa alusão que havia surgido o suposto herdeiro de seu trono.

O apelido foi fartamente propagado pelos saudosos jornalistas da época Eli Coimbra e Orlando Duarte, e assim Ivair marcou época numa linha ofensiva da Lusa conhecida como 'iê iê iê', em referência ao movimento musical da Jovem Guarda, num quinteto formado por Ratinho, Leivinha, Ivair, Paes e Rodrigues.

Pelé não exagerou ao rotulá-lo de príncipe, pois um ano após aquela homenagem Ivair chegou à Seleção Brasileira. Todavia, prestes a estrear, sofreu distensão muscular, e só foi disputar uma partida pelo selecionado em maio de 1966, escalado na ponta-esquerda, com vitória sobre País de Gales por 1×0, no Estádio do Mineirão.

Naquele período, homens da mídia faziam questão de identificar goleiros alvos mais frequentes de atacantes. Aí, quando Ivair totalizou 15 gols em 11 partidas contra o palmeirense Valdir Joaquim de Moraes, o fato foi bastante propagado.

Na Portuguesa daquela época, era comum transferências de jogadores para rivais. Lateral Zé Maria, zagueiro Ditão, volante Nair e meia Basílio foram para o Corinthians. O Palmeiras contratou o zagueiro Marinho Peres e pontas-de-lança Servílio e Leivinha. Foi para o São Paulo o já falecido ponteiro-direito Ratinho.

Embora sempre requisitado por clubes paulistas, e com a Lusa hesitando negociar o passe, Ivair endureceu numa das renovações de contrato, e comprou mais um Fusca. Aí o Corinthians o contratou em 1969, ocasião que a Portuguesa usou o dinheiro para conclusão das obras do Estádio Canindé, clube que Ivair começou em 1962, totalizando 307 jogos e 106 gols.

Ele ainda passou por Fluminense, América (RJ), Paysandu, Toronto (CAN) e finalmente quatro temporadas no Estados Unidos, a partir de 1979.


sexta-feira, 26 de julho de 2024

Osvaldo, ex-Ponte Preta, ainda joga com a 'velharada'

Futebol é coisa prazerosa para atleta profissional na ativa. No encerramento da carreira, a maioria aproveita o tempo junto à família, embora alguns migrem às funções de treinador ou membros de comissões técnica. Também têm aqueles que participam de 'peladas' com amigos, de vez em quando.

O barbarense Osvaldo Luiz Vital, centroavante com afinidade para enfrentar goleiros nos tempos de Ponte Preta, Grêmio (RS), Santos e Coritiba, décadas passadas, vai bem além de meras 'peladas'. Como 'fominha por bola confesso', todo final de semana ainda pode ser visto em gramados de Santa Bárbara d'Oeste e região, vinculado em clube amador, através de liga que organiza campeonatos na faixa etária dos 'sessentões', visto que atingiu 65 anos de idade em janeiro passado.

Se a Ponte Preta foi o clube que o projetou para o cenário nacional, em meados da década de 80 do século passado, o auge da carreira foi atingido no Grêmio, a partir de 1982. Curioso é que um ano antes, na segunda partida válida pela fase semifinal do Brasileirão, no Estádio Olímpico, marcou o gol da vitória dos pontepretanos por 1 a 0, fato que despertou ainda mais interesse do clube gaúcho para contratá-lo.

Apesar da derrota, o Grêmio ainda foi finalista da competição, e o jogo marcou recorde de púbico no Estádio Olímpico, com 85.721 pagantes. Computando-se os não pagantes, o registro subiu para 98.499 pessoas, quando a Ponte Preta contou com essa formação: Carlos; Edson Abobrão, Juninho, Nenê Santana e Odirlei; Zé Mário, Humberto e Celso; Osvaldo, Lola e Serginho. Na ocasião, ela ficou sem o meia Dicá e o treinador Jair Picerni, que foi substituído pelo preparador físico Lino Fachini.

No Grêmio, Osvaldo mostrou o acerto da contratação, como típico atacante oportunista que enfrenta goleiros com incrível facilidade, diferentemente da 'boleirada' de hoje que se apavora na 'hora agá' da conclusão. Ele tinha convicção que a bola, ao ser chutada, muito provavelmente ofereceria situação de perigo contra a meta adversária. Isso explica ter sido artilheiro da Libertadores de 1983 com seis gols, em 12 jogos.

Quatro anos depois passou pelo Santos, ainda vestiu a camisa do Coritiba e reservou o encerramento da carreira na Ponte Preta, em 1992, onde tudo começou no final dos anos 70, após a comissão técnica do infantil do Guarani não tê-lo aproveitado.

domingo, 21 de julho de 2024

Dodô, o artilheiro dos gols bonitos

No futebol, nunca se finalizou tanto de fora da área como atualmente. Logo, boleiro 'penar' a bola na direção de torcedores em cabeceiras de estádios passou a ser rotina que sequer exclui aqueles que integram clubes de elite, tal a falta de pontaria. E isso contrasta a décadas passadas, quando o atleta apenas decidia pelo arremate quando tinha convicção que a bola tomaria o rumo indicado.

Nos anos 60 do século passado, do quase imbatível Santos, dá pra contar nos dedos quantas vezes o saudoso centroavante Coutinho concluiu à meta adversária com a bola sobre o travessão. O chute, calculado, não tinha a potência da boleirada de hoje, porém era rasteiro e mirado nos cantos.

Nos anos 90 do século passado e primeira década após a virada, passou por grandes clubes brasileiros o paulistano Ricardo Lucas Figueiredo Montes Raso, o Dodô, batizado como 'artilheiro dos gols bonitos' pela frieza para enfrentar goleiros, fazê-los de bicicleta, voleio, de falta e arremates preciso de fora da área.

Foram 406 gols na carreira iniciada no Nacional, da capital paulista, em 1992. No São Paulo atingiu o auge, ao marcar 50 gols apenas em 1997, registro só alcançado 20 anos antes pelo então centroavante Serginho Chulapa. Aquela boa fase no clube resultou no título paulista de 1998 e convocação à Seleção Brasileira, com registro de dois gols em cinco partidas.

Antes do Tricolor paulista, passou por Paraná Clube, Santos, Fluminense, Botafogo (RJ), Palmeiras e girou no exterior pelo Ulsan Hyundai da Coreia do Sul, Oita Trinita do Japão e Al-Ain dos Emirados Árabes. Na volta ao Brasil, atuou no Goiás, outra vez Botafogo, quando, em 2007, foi flagrado em exame antidoping por apresentar, na urina, a substância femproporex, que constava cápsula de cafeína manipulada por uma farmácia indicada pelo departamento nutricional do clube.

Após suspensão de 120 dias, ingressou com recurso e acabou absolvido. Assim, seguiu trajetória no Vasco, até que em 2010, ao chegar na Portuguesa, desrespeitou o treinador Jorginho e foi desligado do clube. Aí, começou abrupta mudança na carreira, com vínculos em clubes de menor expressão como Guaratinguetá, Grêmio Osasco, Americana e Barra da Tijuca (RJ), onde se aposentou em 2013.

Atualmente ocupa a função de analista de futebol do Grupo Globo, após não prosperar na tentativa anterior como treinador. Também torce pelo sucesso de seu filho Pedro Lucas, centroavante vinculado ao Joinville (SC).


segunda-feira, 15 de julho de 2024

 

Adeus ao ex-goleiro Tobias



É gratificante homenagear ídolos do futebol em vida e lúcidos. Por duas vezes, nesse espaço, foram reservadas publicações do então goleiro Tobias, ídolo do Corinthians na década de 70, que morreu neste 13 de julho, aos 75 anos de idade, vítima de complicações respiratórias e cremado no dia posterior em Agudos (SP), a cidade natal dele. Na primeira publicação, foram mencionadas mudanças de hábitos de pais que já não ousam registrar filhos em cartórios com o prenome Benedito, como antigamente.

Faz sentido, pois os inevitáveis apelidos de Dito ou Ditão não soam bem. O nome Benedito homenageava o santo intercessor de milagres na Itália, séculos passados, e nem a expressão ‘será o Benedito’, criada em Minas Gerais em 1930, havia desestimulado casais da época no repasse do nome ao filho. ‘Será o Benedito’ era expressão que significava intolerância ou impaciência com alguma coisa.

No caso de Tobias prevaleceu o sobrenome do registro em cartório como José Benedito Tobias, goleiro com carreira iniciada no Noroeste de Bauru (SP) em 1968, para posterior transferência ao Guarani. Na última publicação de 2018, foi feita referência a anúncios comerciais da marca Bozzano, veiculadas em rádios, quando se ouvia o vozeirão do saudoso radialista Oliveira Neto com essa mensagem: ‘Lembram-se de minha voz? Ela continua a mesma. Mas os meus cabelos! É que para eles tem o creme rinse colorama. Um produto: Bozzano’.

Pois o goleiro Tobias, de cabelos compridos e encaracolados, viu eles rarearam a partir do encerramento da carreira em 1986, no Bangu, até que a calvície ficasse bem acentuada. O ápice da carreira foi no Corinthians, de 1975 a 1980, respaldado pela característica de goleiro de elasticidade, com destaque para 1976, na fase semifinal do Campeonato Brasileiro contra o Fluminense, na invasão de torcedores corintianos ao Estádio do Maracanã, quando praticou duas defesas na definição através dos pênaltis, após empate por 1 a 1 no tempo normal. Todavia, na finalíssima, deu Inter (RS).

O desjejum de título ocorreu no ano seguinte, na decisão do Campeonato Paulista contra a Ponte Preta, em 13 de outubro. À época, Tobias já não era absoluto da meta, na final do Campeonato Paulista, pois o treinador Oswaldo Brandão havia programado revezamento com o goleiro Jairo, mas por sorte ele foi titular nas vitórias da primeira e terceira partida.


domingo, 7 de julho de 2024

Dos ex-atletas famosos, Michel Bastos anda esquecido

Que tal um teste para a sua memória futebolística? Pressupõe-se que atletas com passagens pela Seleção Brasileira em Copa do Mundo, nas últimas três décadas, sejam inesquecível, correto? Nem tanto. Ronaldo Fenômeno, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho são sempre lembrados, mas e o lateral-esquerdo Michel Bastos, titular da lateral-esquerda de 2010, na África do Sul, comandada pelo treinador Dunga?

O reserva dele, Gilberto, ex-São Paulo, de certo muitos também não se lembram, em competição com eliminação nas quartas de final. Na vitória sobre a Coréia do Norte por 2 a 1, a formação foi essa: Júlio César, Maicon, Lúcio, Juan e Michel Bastos; Gilberto Silva, Felipe Melo (Ramires), Elano (Daniel Alves) e Kaká (Nilmar); Robinho e Luís Fabiano. Depois, Bastos não foi mais chamado no selecionado, totalizando dez partidas e um gol.

É intrigante essa história de atleta com passagens em grandes clubes brasileiros e até do exterior cair no esquecimento. Pois saibam que após se despedir do futebol profissional em 2019, Michel Bastos não conseguiu se desligar dos gramados. Em janeiro passado, aos 40 anos de idade, estava inscrito como reforço do Taboão da Serra (SP), para disputar o Campeonato Amador.

Revelado pelo Pelotas (RS), cidade que nasceu em 1983, Michel Fernandes Bastos disputou o Brasileiro da Série C de 2001 para, na temporada seguinte, vestir a camisa do Grêmio, onde ganhou visibilidade e trajetória internacional naquela década, em países como Alemanha, Holanda, Itália e França, onde atuava como meia e se caracterizava por chutes potentes, mas Dunga o convocou em 2009 para assumir a titularidade da lateral-esquerda, pois cumpria a exigência de quem atua na posição, de estilo técnico, capacidade de dribles para conduzir a bola limpa de trás, e ajudar na organização ofensiva, sem que isso provocasse descomprometimento no plano defensivo.

Na segunda década do século, teve saída conturbada na passagem pelo São Paulo em 2016, quando chegou a ser agredido por torcedores, tido por alguns como atleta descompromissado ou que fazia mal ao ambiente. Ele jogou ainda no Figueirense (SC), Athletico Paranaense, Palmeiras, Sport Recife, até que em 2019, após apenas três meses de contrato com o América Mineiro, e um jogo disputado, optou pela rescisão de contrato e encerramento da carreira.

domingo, 30 de junho de 2024



Adeus ao ex-volante e ex-treinador Dudu



Observem que quando da morte de ex-atletas, desavisados da comunicação esportiva se apressam a rotulá-los como craque, apenas pelo histórico em grandes clubes e Seleção Brasileira. Quem não viu o agora saudoso volante Dudu jogar, no século passado, saiba que ele tinha a características de desarme nas jogadas, sem que recorresse às faltas na maioria das vezes. Daí a craque, a distância é longa.

Meia de armação Ademir da Guia, parceiro dele no meio de campo palmeirense, nas décadas de 60 e 70 do século passado, pautado pelo respeito em relação a parceiros de equipe, até poderia recomendar para Dudu que apenas corresse, enquanto ele pensasse o jogo, como faziam meias do passado em relação a volantes.

O também saudoso meia Bazzani, da Ferroviária, dos anos 60, sem constrangimento, assim se referia ao seu parceiro de clube Bebeto Oliveira, igualmente volante, que teve a incumbência de substituir Dudu quando da transferência dele ao Palmeiras, em 1964.

Na Ferroviária, Dudu foi identificado como 'jogador carrapato'. E lá chegando teve que respeitar a titularidade de Zequinha, reserva de Zito na conquista do bicampeonato da Seleção Brasileira em 1962, na Copa do Mundo do Chile. Logo, viu aquela situação se arrastar até meados de 1966, quando começou a ganhar vaga na equipe, e isso se estendeu até 1975, com histórico de 612 jogos e 29 gols. A carreira foi encerrada no Confiança (SE), recheada com passagens pela Seleção e 13 jogos, de 1965 a 1968.

No retorno à capital paulista, foi chamado pelo Palmeiras para assumir a função de treinador da equipe principal em 1976, quando conquistou o título paulista daquela temporada, juntado a outros oito pelo clube. E ele ainda treinou Ferroviária (SP), América (RJ), Desportiva Ferroviária (ES) e Sãocarlense (SP) até 1994, intercalando entre esses clubes volta ao Palmeiras.

Vitimado por infecção abdominal, Dudu morreu no dia 28 de junho passado, aos 84 anos de idade. Registrado como Olegário Tolói de Oliveira, era natural de Araraquara (SP), e foi tio do ex-jogador e atualmente treinador Dorival Júnior, da Seleção Brasileira.

A carreira de respeito no Palmeiras sugeriu que alterassem o estatuto do clube em 2015, para permitir que fosse homenageado com um busto, visto que até então havia impedimento a atletas que enfrentaram o clube, como foi o caso na passagem dele pela Ferroviária.


 


segunda-feira, 24 de junho de 2024

Grafite, história de grande centroavante e destaque como analista

 Dos ex-atletas de futebol, hoje comentaristas de televisão, o então centroavante Grafite, vinculado aos canais SporTV e Premiere, é caracterizado pela pronta leitura de jogo, e nem por isso é um esnobador, como alguns arrogantes colegas do meio, que elucubram sobre mexidas em 'peças do tabuleiro', e tentam persuadir incautos.

Discretamente, Grafite cita aquilo que precisa ser falado, assim como foi a trajetória dele enquanto atacante com frieza para enfrentar goleiros com quaisquer dos pés. Além disso, também convencia no jogo aéreo, ao explorar a estatura de 1,89 m de altura, aliava à privilegiada impulsão para cabeceio na bola em direção do gol.

Foi assim por onde passou, fruto da consciência do tempo exato de bola quer para o arremate de primeira, quer pela paciência para ajeitá-la, visando a melhor definição do chute. Além disso, pautava a sua atuação com arranques, dribles e sabia fazer a chamada 'parede' para ajeitar bola, visando finalizações de companheiros.

Nascido em Jundiaí (SP), em 1979, Edinaldo Batista Libânio foi apelidado como Grafite pelo treinador Estevam Soares, com justificativa de semelhanças físicas de Edinaldo, ex-jogador do Independente Futebol Clube. A carreira de Grafite foi iniciada na Matonense em 1988, com prosseguimento por 19 anos na Ferroviária, Santa Cruz, Grêmio, Seoul da Coréia do Sul, Goiás, até que em 2004 o futebol dele se consolidou no São Paulo, ao lado do também atacante Luís Fabiano, tornando-se o artilheiro naquela temporada com 26 gols.

No jogo pela Libertadores contra o Quilmes, da Argentina, foi expulso após dividida com o zagueiro Leandro Desábato, com desdobramento de ofensa do adversário, que usou expressão de cunho racista. E ao deixar o Tricolor, foi-lhe aberto o mercado internacional, com passagens por Le Mans da França, Wolfsburg da Alemanha - com conquista do inédito título nacional em 2009, quando marcou 28 gols. Depois ainda jogou durante sete anos no Al-Ahli da Arábia Saudita.

No retorno ao Brasil, ainda passou por Santa Cruz (PE), Athetico Paranaense e Matonense. E por duas vezes esteve convocado à Seleção Brasileira, participando da Copa do Mundo da África do Sul em 2010, quando ingenuamente revelou ter se surpreendido pelo chamado, citando que o correto seria o centroavante Adriano ter sido chamado.

segunda-feira, 17 de junho de 2024

Dez anos sem o lendário goleiro Oberdan

Palmeiras sempre foi clube marcado por goleiros de qualidade, três deles com marcantes passagens pela Seleção Brasileiro: Emerson Leão na década de 70; Marcos, nos anos 90 e início da primeira década do século; e o lendário Oberdan Cattani, lembrado neste 20 de junho como data que marca o décimo ano da morte dele, quando tinha 95 anos de idade, e registrou passagem pelo clube como absoluto na meta no período de 1941 a 1954, quando o distintivo era caracterizado apenas pelo P maiúsculo.

Se a regularidade levou Emerson Leão à Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1970, foi titular absoluto nas edições de 1974 e 1978. Marcos Roberto Silveira Reis, o ovacionado Marcos, vindo da Lençoense, foi vinculado ao no clube a partir de 1992, e dez anos depois foi pentacampeão do selecionado em competição dividida entre Japão e Coréia do Sul.

Em 1942, Oberdan viu o então presidente da República do Brasil, Getúlio Vargas, exigir que o antigo Palestra trocasse de nome para Palmeiras, porque nosso país e Itália estiveram em lados opostos por ocasião da Segunda Guerra Mundial. À época ele já era reconhecido pela elasticidade e boa colocação, virtudes que o conduziram à Seleção Brasileira, no vice-campeonato Sul-Americano de 1945 - atrás da Argentina -, ao lado de renomados jogadores como os meias Zizinho e Jair da Rosa Pinto, o zagueiro Domingos da Guia e o centroavante Ademir de Menezes, o Queixada.

Oberdan foi reverência no Palmeiras, embora antigos conselheiros tenham torcido o nariz pelo fato dele ter optado pelo encerramento da carreira no Juventus. A justificativa pela troca foram críticas recebidas por torcedores do clube que o consideraram velho para se manter absoluto na posição.

Ele abriu a história de quatro inesquecíveis goleiros do Palmeiras. Em 1958 chegou ao clube o gaúcho Valdir Joaquim de Moraes, igualmente com virtudes de boa colocação e elasticidade. Não fosse isso jamais sobreviria no futebol com apenas 1,70m de altura, estatura jamais permitida para a posição na atualidade. Valdir, que jogou no Palmeiras até 1969, participou da era ‘Academia do Futebol’ entre 1964 e 1966, numa defesa formada por Valdir; Djalma Santos, Djalma Dias, Valdemar Carabina e Ferrari. E quando encerrou a carreira de jogador criou a função de preparador de goleiros no próprio Palmeiras, nos anos 70.

domingo, 9 de junho de 2024

Aílton Lira, história de um exímio cobrador de faltas

Sabe aquele lance de falta nas proximidades da área adversária, quando locutores de futebol diziam que 'dali é meio gol'? Alguns o repetem hoje ignorando que o bordão tinha validade décadas passadas, marcadas por exímios cobradores. Hoje, esses lances foram banalizados, pois o atleta sequer se constrange em colocar a bola bem longe do alvo, ou bloqueada pela barreira.

Três motivos explicam o desperdício dos tais lances: já não se tem cobradores com a especialidade do ex-meia Ailton Lira; atletas já não se interessam para estender o período normal de treinamentos, a fim de se especializarem no quesito; e paradoxalmente os tais fisiologistas proíbem terminantemente esse exercício de aperfeiçoamento que, outrora, se estendia até o anoitecer.

Há quem cite o discutível argumento dos fisiologistas de o atleta forçar a musculatura com a repetição das cobranças, e isso provocar lesões. Ainda bem que nos tempos de atleta de Aílton Lira havia incentivo de treinadores para o aprimoramento das cobranças de faltas, que faziam uso das barreiras móveis de madeira, na busca da perfeição em cobrança.

Com isso, Ailton Lira juntava à dádiva natural de bater na bola à persistência nos exercícios, para marcar a carreira com gols mais em cobranças de faltas do que situações naturais. E a história dele no futebol começou quando o saudoso treinador Zé Duarte o descobriu no futebol amador de Araras e o trouxe ao juvenil da Ponte Preta em 1966. Todavia, após a profissionalização, o espaço foi encurtado na equipe principal, porque a concorrência era com ninguém menos que o mestre Dicá. Assim, só pôde ser fixado com a saída do titular na metade de 1972, transferido em definitivo à Portuguesa, após rápido empréstimo ao Santos.

Quis o destino que o mesmo Zé Duarte, o ingressar no Santos em 1976, o levasse ao clube num time formado por Wilson Quiqueto; Tuca, Vicente, Bianchi e Fernando; Carlos Roberto e Ailton Lira; Manoel Maria, Tata e Toizinho e Edu. Daí, transferiu-se ao São Paulo em 1980, onde ficou por dois anos, transferindo-se ao Al Nasser, da Arábia Saudita.

No regresso ao Brasil em 1982, passou por Guarani, União São João de Araras, Comercial (SP), Portuguesa Santista e Itumbiara (GO). Depois, ainda tentou ser treinador em categorias de base e, em seguida, algumas passagens em equipes profissionais, porém sem prosperar. 




domingo, 2 de junho de 2024

Adeus ao ex-zagueiro Amaral

A morte do extraordinário zagueiro Amaral, titular da Seleção Brasileira da Copa do Mundo de 1978, na Argentina, remete à discussão da brutal mudança de postura de quem atua na posição, atualmente. Se ele tinha a dávida de desarmar adversários raramente recorrendo às faltas, parte significativa da nova geração não consegue ter o tempo de bola para a precisa antecipação, e abusa do chutão para o lado que o nariz está virado.

O campineiro João Justino Amaral dos Santos, vitimado por um câncer no pulmão, morreu no último 31 de maio, na capital paulista, aos 69 anos de idade. Com o apelido de Feijão, chegou para treinar no juvenil do Guarani em 1970, e já no ano seguinte integrava a equipe principal, aos 16 anos de idade, em equipe comandada pelo saudoso treinador Armando Renganeschi com essa formação: Tobias; Oswaldo Cunha, Amaral, Alemão e Wilson Campos; Chico Cagnani e Zé Ito; Jorge, Ladeira (Washington), Eli Carlos e Caravetti.

A história dele no Guarani se prolongou por oito anos, com registro de fato curioso em 1972, durante excursão do clube por França, Turquia, Romênia, Grécia, Kuwait e finalmente Irã, quando o saudoso treinador Zé Duarte não titubeou em improvisá-lo de centroavante, na ausência do lesionado Clayton - titular da posição -, no jogo contra o Ice Palace do Irã, em goleada bugrina por 4 a 1, quando ele marcou dois gols.

Em 1978 Amaral se transferiu ao Corinthians e participou da conquista do título paulista de 1979, em compartimento defensivo com Jairo; Zé Maria, Mauro, Amaral e Vladimir. Lesões no joelho, que exigiram cirurgia de menisco, o deixaram longo período fora da equipe. Recuperado, havia pedido espaço e foi negociado com o Santos. Ele ainda atuou no futebol mexicano pelo Club América e Leones Negros até 1986. No retorno ao Brasil, ainda atuou no Blumenau (SC) e Caldense (MG). Depois, ajudou no intercâmbio de jogadores brasileiros ao México.

Quis o destino que o falecimento de Amaral ocorresse justamente no aniversário de 71 anos do Estádio Brinco de Ouro, palco da conquista do título do Guarani na final do Brasileirão de 1978 contra o Palmeiras, vice-campeonato da mesma competição na finalíssima diante do São Paulo em 1986, semifinal contra o Flamengo quatro anos antes, com recorde de público no estádio, de 52.002 pagantes, e vice-campeonato paulista de 1988, contra o Corinthians.

domingo, 26 de maio de 2024

Custou para avaliarem a eficiência do zagueiro Paulo André





De repente, olhos de homens que integram infantis e juvenis de clubes falham e eles deixam escapar atletas que posteriormente fazem sucesso em outras agremiações. Exemplo de equivoco foi nas categorias de base do São Paulo, pois durante os três anos do zagueiros Paulo André pelo clube, a partir de 1998, não detectaram que o atleta iria vingar no futebol.

Aí, após passar pelo Vasco e retornar a Campinas - sua cidade natal -, o Guarani o acolheu no biênio 2003/04, ocasião que mostrou o quão enganados estavam aqueles que o avaliaram, pois o Athletico Paranaense tratou de contratá-lo e foi compensado, pois, de imediato, foi cotado como um dos cinco melhores zagueiros do País, com o prêmio Bola de Prata da Revista Placar.

O Furacão foi favorecido pela capacidade dele no desarme, estilo clássico e fazer uns golzinhos. Logo, o repassou ao Le Mans da França, onde ele ficou durante o triênio a partir de 2006, em período marcado por grave lesão no tendão, o que o limitou atuar apenas 43 vezes, com histórico de cinco gols.

No Corinthians de 2009 a 2014, ele conquistou Libertadores e Mundial de Clubes de 2012, sendo que no ano anterior voltou a receber o troféu Bola de Prata da Revista Placar. E assim a carreira prosseguiu até 2019, com passagens pelo Shanghaï Shenhua da China, Cruzeiro, e reservou os três últimos anos novamente no Athletico Paranaense. Foi quando, em 2018, ficou marcado por posicionamento político alinhado contra o segmento de direita e principalmente o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ele também criou o instituto que leva o seu nome, com atuação nas áreas de esporte e cultura, para contemplar crianças e jovens, com sede em Campinas, cidade que defende daqueles que fazem piada contra ela. Adepto de leitura e culto, lançou o livro 'O Jogo da Minha Vida', que conta histórias e reflexões de um atleta.

Após o encerramento da carreira, Paulo André Cren Benini, 40 anos de idade, foi diretor de clubes como Athletico Paranaense, Real Valladolid da Espanha e Cruzeiro. Ele confessou que na adolescência praticou tênis, foi terceiro do ranking paulista e treinou até com nomes como Flávio Saretta e Ricardo Mello. Também confessou que poderia ser mais bem-sucedido na modalidade comparativamente ao futebol, mas reclamou da falta de incentivo financeiro para continuar na modalidade.


domingo, 19 de maio de 2024

Adeus ao melhor narrador esportivo de televisão

A morte do narrador de futebol Sílvio Luiz, que integrava a equipe de transmissão da TV Record, por canal digital, no último 16 de maio, ganhou grande repercussão, o que mostra o prestígio mantido após décadas de atuação em veículos de comunicação. Ele tinha 89 anos e havia sofrido mal-estar quando narrava a final do Paulistão entre Palmeiras e Santos.

O grande legado dele foi desconsiderado pelas gerações que narradores que passaram a atuar no meio: não brigar com as imagens e jamais subestimar aquilo que o telespectador vê quando a bola rola. Se o lance terminava com tiro de meta, pra que fazer uso da fala sobre aquilo que todos viram?

Se o futebol é divertimento, Sílvio Luiz usava o bom humor caracterizado em seus incontáveis bordões. Como recomenda o figurino, caracterizava as narrações identificando o atleta de posse de bola, colocava empolgação em lances fatais, sem que fosse necessário o característico grito de gol de narradores. Por ter atuado como árbitro, na década de 60, destrinchava como poucos dúvidas em lances das regras e interpretativos.

Nos anos 80, Sílvio Luiz estava no auge como locutor esportivo de televisão, mas a TV Record estava excluída das transmissões dos jogos da Copa do Mundo na Espanha, em 1982, porque a TV Globo havia comprado com exclusividade os direitos da transmissão do evento. Foi aí que o criativo Sílvio Luiz desafiou a concorrente direta e, juntamente com a direção do grupo Record, idealizou usar o rádio da emissora para transmissão dos jogos no mesmo formato da televisão, porém propagando ao público desportista que usasse imagens da TV e som da Rádio Record.

Foi o período que ele criou o programa 'Clube dos Artistas' na TV Record, exibido às terças-feiras, com duas horas de duração. À época, cada integrante da equipe esportiva da emissora só participava da programação desde que trouxesse um convidado, independentemente que fosse dos meios do futebol. E ali as entrevistas transcorriam em clima de descontração, com posse transitória do troféu cavalinho ao membro da equipe que fizesse pergunta desconexa ou falasse alguma bobagem. E o repasse do troféu era feito sintomaticamente quando alguém 'pisava na bola'.

Sílvio Luiz parte para outro planeta e deixa um histórico, além de narrador, de ator, produtor, diretor e árbitro de futebol.


 


domingo, 12 de maio de 2024

Adeus ao argentino Cesar Luis Menotti

A morte do ex-atleta e treinador argentino Cesar Luis Menotti, dia cinco de maio passado, remete à polêmica frase citada por ele entre os anos 70 e 80 do século passado, quando se referia que 'o drible é dispensável enquanto o atleta não atinge a linha intermediária do campo adversário'.

Uma frase com esse teor, se proferida hoje, teria lógica, até porque o futebol já não produz em quantidade zagueiros capazes de se desvencilharem de adversários sem risco de perda da bola, diferentemente de décadas passadas quando defensores tinham habilidade, destemor e exibiam categoria, como os saudosos Djalma Dias, Mauro Ramos de Oliveira e Luiz Pereira, entre outros.

Nos tempos de atleta, nos anos 60, Menotti passou pelo futebol brasileiro por Santos e Juventus, além de clubes argentinos como Rosário, Racing, Boca Juniors e o extinto New York Generals. Após experiência como auxiliar técnico do Newell's Old Boys, em 1970, decolou como comandante no Huracán, ao conquistar o título do Torneio Metropolitano. Logo, as portas se abrilharam para ingresso na seleção Argentina em 1974.

Aí, na Copa do Mundo de 1978, sediada em seu país, e sem contar com um selecionado tão qualificado como Holanda e Alemanha Ocidental, Menotti conseguiu levá-lo à conquista do primeiro título daquela competição, ocasião que o goleiro Ubaldo Fillol, zagueiro Daniel Passarella, meia Osvaldo Ardiles e o artilheiro Mario Kempes ficaram em evidência, em período que prevalecia no país a ditadura militar.

Aquele selecionado argentino ganhou visibilidade por praticar futebol essencialmente ofensivo, e aquela ousadia de Menotti gerou recompensa, com contratos assinados em clubes europeus como Barcelona, Atlético de Madrid e Sampdoria.

Todavia, ainda no comando da seleção Argentina em 1982, na Copa da Espanha, o seu grupo de jogadores foi eliminado na segunda fase. E ele também ficou marcado por publicações, com em 1978, ao lançar 'Cómo gané el mundial', explicando os métodos utilizados para separar os jogadores da euforia do país de receber uma Copa. Dois anos depois, publicou o livro 'Fútbol - Juego, deporte y profesión', repetindo o que havia feito.

Em março passado, diagnosticado com anemia, foi internado, participou dos devidos tratamentos, e havia sido liberado em abril, mas, devido à recaída, não resistiu, aos 85 anos de idade.

domingo, 5 de maio de 2024

Macedo, exemplo de atleta que joga fora a fortuna recebida

São incontáveis os casos de ex-atletas de futebol que juntaram fortunas, mas sem controle nos gastos perderam quase tudo. O personagem Macedo, ex-atacante veloz e homem gol, é um exemplo confesso de como o desperdício do dinheiro com maus negócios e gastança com carrões, bebidas, baladas e com mulherada resulta.

Após o encerramento da carreira no União de Mogi em 2009, na volta à cidade natal de Americana (SP), local onde iniciou a carreira profissional no Rio Branco, a conta bancária estava quase zerada, e precisou até contar com a 'graninha' proposta por clubes amadores - que girava entre R$ 100 a R$ 300 -, na disputa de jogos varzeanos, para ajudar no sustento.

Nos tempos dourados de São Paulo, no biênio a partir de 1991, conquistou o Paulistão, Libertadores, Mundial de Clubes e Brasileirão. Por sinal, na partida de volta da final da Libertadores de 1992, contra o Newell's Old Boys, entrou no segundo tempo e sofreu pênalti convertido por Raí. O resultado de 1 a 0 levou a decisão aos pênaltis, e o São Paulo conquistou o título.

À época, eis o time são-paulino: Zetti; Cafu, Antonio Carlos, Ronaldão e Ivan; Adílson, Pintado e Raí; Muller, Palhinha e Elivelton. Foi o período que chegou à Seleção Brasileira e ignorou conselhos do saudoso treinador Telê Santana para investir em imóveis e projetar o futuro. Incontinenti, ao ser emprestado ao Cádiz, da Espanha, não se adaptou ao país e forçou o retorno ao Brasil, com consequente repasse ao Cruzeiro, ocasião que vivenciou caso inesquecível e de imprudência, ao emprestar o seu carro para então juvenil Ronaldo Fenômeno, que o colidiu com outro veículo e sem dinheiro para ressarci-lo do prejuízo.

De Belo Horizonte e foi jogar no Santos, com participação na campanha do vice-campeonato Brasileiro de 1995. E trocas de clubes foram se sucedendo, como Grêmio, onde conquistou o Gauchão e Copa Sul em 1999. Depois passou por Ponte Preta, outra vez Rio Branco, Fortaleza e Joinville, até enfileirar agremiações de menor expressão como Taubaté, Atlético Sorocaba, Comercial de Ribeirão Preto, Itabaiana, Operário e União Mogi em 2009.

Das inúmeras histórias curiosas ao longo da carreira, Natanael dos Santos Macedo, 54 anos de idade, conta que ao chegar a treino do São Paulo, com apliques no cabelo, no estilo rastafári, Telê exigiu que desfizesse o penteado.





domingo, 28 de abril de 2024

Goleiro Edinho, filho do saudoso 'rei' Pelé

Filho de peixe peixinho é? Nem sempre! E filho de rei é príncipe? Não necessariamente. Principalmente quando se transporta a monarquia para o futebol. Exemplo cristalino foi o saudoso 'rei' Pelé, que incentivou o filho Edinho a seguir os caminhos dourados da bola, mas o rapaz não aprendeu a lição de casa e arrumou um jeito de se enfiar no meio como goleiro.

Aí, a estatura em torno de 1,80m de altura já contrariava a exigência fundamental para posição, acima de 1,85m. Além disso, foi daqueles goleiros que os torcedores de seu clube rezavam para que o adversário não chutasse bola ao gol, assim como se assustavam quando alçada contra a área dele. Logo, apesar de se manter como titular do Santos, no início de carreira, só resistiu na carreira por cerca de sete a oito anos, nas passagens por Portuguesa Santista, São Caetano e Ponte Preta em 1998, quando torcedores esfregavam as mãos nas tais bolas defensáveis que entravam.

Se Edinho não prosperou como goleiro, no 'blá-blá-blá' driblava com facilidade o pai. Se foi difícil notar diferença nas vozes de ambos, Edson Cholds Nascimento provou mais desembaraço para se expressar. Enquanto Pelé não se denvinculava do trissílabo 'entende', o filho discursava com palavras bem encaixadas e recurso a vocábulos. Vê-se, logo, que tem cultura geral.

E quem imaginou Edinho como adolescente 'pidão', que fazia estravagância com a grana do 'velho', ele confessou que desde os 16 anos de idade já garantia o auto-sustento, embora nos tempos de Ponte Preta estacionava seu Jeep importado no pátio do Estádio Moisés Lucarelli, num contraste do luxo com a simplicidade, pois era notado, logo em seguida, de chinelo havaianas, camiseta de treino para fora do calção e carregando cones para o bagageiro do ônibus que conduzia os atletas para treinar em gramados na região de Campinas.

 Aos 28 anos de idade decidiu encerrar a carreira de atleta e administrar empresas da família, mas por pouco tempo. É que, ao se envolver com pessoas ligadas ao tráfico de drogas, acabou na prisão. Todavia, na sequência o futebol lhe deu nova chance, desta feita como treinador do Água Santa, Mogi Mirim e coordenador das categorias de base do Santos.

No litoral paulista participa de peladas com amigos e mata a vontade de jogar no ataque, como fazia nos rachões, nos tempos de atleta profissional.





 


segunda-feira, 22 de abril de 2024

Dez anos sem o brilhante narrador Luciano do Valle

 Neste espaço destinado ao enfoque de bem-sucedidos ex-jogadores de futebol, o saudoso narrador Luciano do Valle é uma justa exceção neste bojo. Não bastasse ter sido o 'Pelé' da narração esportiva, deu incrementos a várias outras modalidades esportivas, foi empreendedor em projetos ambiciosos, e subitamente morreu no dia 19 de abril de 2014, aos 66 anos de idade, quando passou mal em viagem aérea para Uberlândia (MG), para transmitir o jogo entre Atlético Mineiro e Corinthians. Ele ainda foi socorrido após o pouso da aeronave.

O campineiro Luciano do Valle, de voz forte e marcante, foi locutor da antiga Rádio Educadora de Campinas em 1963. Aí, sem o devido espaço para se deslanchar, optou pela mudança à Rádio Brasil-Campinas, para narrar futebol. Anos depois, o laureado e saudoso narrador Pedro Luiz Paoliello flagrou que ele poderia incorporar a linha de seus discípulos, levando-o à Rádio Gazeta de São Paulo.

Foi a Rádio Nacional, da capital paulista, a partir de 1968, o último estágio dele nesse tipo de veículo, com migração à TV Globo, do mesmo grupo, quando se transformou no principal narrador da emissora em eventos esportivos além do futebol, a partir de 1974, devido à saída do titular Geraldo José de Almeida.

Ambicioso, em 1983 ele trocou o confortável posto ocupado na emissora para projetos pessoais de empresário e promotor esportivo, montando as empresas Promoção e Luqui, para parceria com a TV Record. E começou organizando jogo entre as seleções masculinas de vôlei do Brasil e União Soviética, no Estádio do Maracanã, com público de 95 mil pessoas.

Aquele foi o primeiro passo para 'abraçar' outras modalidades esportivas, em projeto na TV Bandeirantes, que lhe abriu espaço de dez horas, aos domingos, para transmissão ao vivo do Show do Esportes, em que até o jogo de sinuca ganhou proporção inimaginável.

Como não havia freio para as iniciativas dele, juntou-se à Empresa de Marketing Esportivo Traffic, de J.Hawilla, ocasião que acreditou alavancar o futebol feminino, 'ressuscitar' o boxe com o surgimento de Adílson 'Maguila' Rodrigues, e ainda brincou de ser técnico da Seleção Brasileira de Master, criada por ele.

Em 2012, um AVC provocou falha em sua fala. E, após a recuperação, reduziu as atividades empresariais, se mudou para Porto de Galinhas (PE), e optou por menos aparições em transmissões esportivas.

domingo, 14 de abril de 2024

21 de abril, data da morte de Telê Santana

Na fase preparatória da Seleção Brasileira à Copa do Mundo de 2002, no Japão e Coreia do Sul, o técnico Luiz Felipe Scolari reclamava da falta de malícia do jogador brasileiro para catimbar, fazer cera e enervar o adversário, contrastando com os tempos do treinador Telê Santana, na década de 80, que orientava os seus atletas para jogar limpo e no ataque, em busca de gols.

Certa ocasião, instigado a criticar retrancas adversárias, Telê surpreendeu na resposta: “Se o adversário fica lá atrás, meu time tem o domínio do jogo, cria mais chances e basta ter competência para marcar e ganhar o jogo”.

Telê, morto no feriado de 21 de abril de 2006, era mestre em atacar. A Seleção Brasileira só precisava de um empate diante da Itália, naquele fatídico jogo pela Copa de 1982, da Espanha, mas Telê jamais abandonou a busca do gol, mesmo que o preço de uma defesa aberta tenha custado a eliminação de seu selecionado. E esses conceitos ofensivos resultaram no bicampeonato mundial como treinador do São Paulo, na década de 90.

Depois de cinco magníficos anos no comando técnico são-paulino, Telê teve de abandonar aquilo que era mais sagrado na sua vida: trabalhar no futebol. Complicações cardíacas o deixaram debilitado desde 1995. E isso lhe provocou angústia, porque só se sentia completamente realizado se estivesse envolvido no esporte.

Ele ainda tentou se distrair com atividades agropecuárias de seu sítio em Belo Horizonte, ou colado na televisão acompanhando futebol, novelas e programa de auditório, mas ficava deprimido facilmente. Não aceitava a distância dos gramados, de gritar com seus jogadores e resmungar com árbitros. Ali sentia a emoção típica do futebol.

Telê teve ótimos professores. Nos tempos de atleta do Fluminense, com a camisa sete, o saudoso técnico Zezé Moreira ensinou-lhe a importância do ponteiro ter duplicidade de função: de posse de bola fazer jogadas de fundo de campo, mas sem ela recuar no meio de campo para fechar os espaços do adversário.

Foi Zezé Moreira quem implantou o esquema 4-3-3. E, no final de carreira de jogador, no final da década de 50, Telê aportou em Campinas e jogou no Guarani já sem a versatilidade de outrora, e justificando o apelido de ‘mão de vaca’ quando morava na casa do saudoso treinador Élba de Pádua Lima, o Tim, pois comia e bebia sem desembolsar um tostão sequer.