domingo, 21 de julho de 2024

Dodô, o artilheiro dos gols bonitos

No futebol, nunca se finalizou tanto de fora da área como atualmente. Logo, boleiro 'penar' a bola na direção de torcedores em cabeceiras de estádios passou a ser rotina que sequer exclui aqueles que integram clubes de elite, tal a falta de pontaria. E isso contrasta a décadas passadas, quando o atleta apenas decidia pelo arremate quando tinha convicção que a bola tomaria o rumo indicado.

Nos anos 60 do século passado, do quase imbatível Santos, dá pra contar nos dedos quantas vezes o saudoso centroavante Coutinho concluiu à meta adversária com a bola sobre o travessão. O chute, calculado, não tinha a potência da boleirada de hoje, porém era rasteiro e mirado nos cantos.

Nos anos 90 do século passado e primeira década após a virada, passou por grandes clubes brasileiros o paulistano Ricardo Lucas Figueiredo Montes Raso, o Dodô, batizado como 'artilheiro dos gols bonitos' pela frieza para enfrentar goleiros, fazê-los de bicicleta, voleio, de falta e arremates preciso de fora da área.

Foram 406 gols na carreira iniciada no Nacional, da capital paulista, em 1992. No São Paulo atingiu o auge, ao marcar 50 gols apenas em 1997, registro só alcançado 20 anos antes pelo então centroavante Serginho Chulapa. Aquela boa fase no clube resultou no título paulista de 1998 e convocação à Seleção Brasileira, com registro de dois gols em cinco partidas.

Antes do Tricolor paulista, passou por Paraná Clube, Santos, Fluminense, Botafogo (RJ), Palmeiras e girou no exterior pelo Ulsan Hyundai da Coreia do Sul, Oita Trinita do Japão e Al-Ain dos Emirados Árabes. Na volta ao Brasil, atuou no Goiás, outra vez Botafogo, quando, em 2007, foi flagrado em exame antidoping por apresentar, na urina, a substância femproporex, que constava cápsula de cafeína manipulada por uma farmácia indicada pelo departamento nutricional do clube.

Após suspensão de 120 dias, ingressou com recurso e acabou absolvido. Assim, seguiu trajetória no Vasco, até que em 2010, ao chegar na Portuguesa, desrespeitou o treinador Jorginho e foi desligado do clube. Aí, começou abrupta mudança na carreira, com vínculos em clubes de menor expressão como Guaratinguetá, Grêmio Osasco, Americana e Barra da Tijuca (RJ), onde se aposentou em 2013.

Atualmente ocupa a função de analista de futebol do Grupo Globo, após não prosperar na tentativa anterior como treinador. Também torce pelo sucesso de seu filho Pedro Lucas, centroavante vinculado ao Joinville (SC).


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