Há 40 ou 50 anos, o requisito básico para exercer a função de centroavante era que o atleta empurrasse a bola pra dentro do gol, independentemente da técnica. Tinha que saber repartir aquele espaço dentro da área com zagueiros adversários e completar jogadas. E esse era o perfil do então adolescente e 'trombador' Geraldão aos domingos, nos campinhos de várzea da zona rural de Álvares Machado (SP), cidade próxima a Presidente Prudente, onde trabalhava em lavoura de cana e amendoim, no transcorrer da semana.
Se não conseguiu espaços nas tentativas feitas em juvenis de América de Rio Preto e Linense, a Prudentina deu-lhe a devida chance, e de lá remanejado para o São Bento de Marília em 1969, quando foi aprovado aquele estilo raçudo de atacante trombador, tanto que o Botafogo de Ribeirão Preto foi buscá-lo.
Naquele início de trajetória como profissional, ele jamais imaginou que fosse encontrar um parceiro por excelência para abastecê-lo em assistência de jogadas, caso do falecido doutor Sócrates, peça fundamental para que atingisse a artilharia do Campeonato Paulista de 1974, com 23 gols.
Foi o bastante para que o saudoso presidente do Corinthians, Vicente Matheus, em tempos de jejum de títulos de seu clube, contrariasse a objeção do então treinador Dino Sani e foi buscá-lo para reforçar a equipe em 1975, porém naquela temporada ele não repetiu performance de Botafogo. A titularidade foi recuperada já na temporada seguinte, e assim pôde comemorar o título estadual de 1977, sobre a Ponte Preta.
E no ano posterior ele voltou a formar dupla com Sócrates, contratado pelo Corinthians, mas a queda de rendimento implicou em empréstimo ao Juventus (SP), e posteriormente repassado ao Grêmio portoalegrense, onde novamente não repetiu aquilo que dele se esperava. Assim, paradoxalmente foi jogar no rival Inter, quando voltou a marcar gols e ganhar títulos.
Após aquela passagem, Geraldão entrou na rota de boleiros na estrada da volta, ao jogar no Colorado (PR), Mixto (MT), Corinthians de Presidente Prudente, União Valinhos e Garça, clube da despedida em 1989. Entretanto continuou no meio na base do Corinthians e em escolinhas de futebol da Prefeitura de São Paulo. Hoje, com 75 anos de idade, lamenta empresários dando as cartas em clubes, por entender que interferem negativamente na revelação de jogadores.
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